Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sexta-feira, 29 de outubro de 2010


É PRECISO BOM SENSO


Depois da imensa chuva e da trovoada,
que inundou carros e estabelecimentos,
o sol perpassa, por entre as nuvens,
esgarçadas e rasgadas, pelo tormento,
vindo do céu, ameaçando mais chuva.

O rio está triste e acinzentado, nas suas
águas, que vão correndo fogosamente,
para a sua foz, aonde os pescadores,
não se fizeram ao mar, neste dia de bulício,
sem condições propícias, para se navegar.

Para lá do horizonte, o azul, como que
escurecendo, apregoa mais chuva, na tez
fatídica do céu, e, nisto, as flores, vão-se
fechando, preparando-se para receber
as águas, que teimam em cair, de novo.

Sibila o vento com força, golpeando
os telhados de zinco, arrancando árvores
e despindo jardins, levando as finas flores,
a quebrarem-se pela haste, numa tristeza
sem fim nem glória, jazendo inertes no chão.

As águas correm livremente, com o lixo
amontoado em bueiros, que sempre ficam
sem limpeza, apesar das muitas promessas dos
Municípios, que vêm de há muito tempo
e que não cumprem, com o pré estabelecido.

Em tempos de muita chuva a capital Lisboa,
é uma das cidades que mais sofrem, porque
o rio Tejo fica ao nível das estradas e sempre
que a chuva burila nos telhados e o vento é
mais arrojado o rio galga suas margens sem pudor.

Jorge Humberto
29/10/10

JANELA ABERTA À PAISAGEM

Ciprestes beiram a orla do rio,
como sentinelas
que guardassem um rico tesouro.

À volta o mato não está cuidado
e floresce
incomensuravelmente, no campo.

Do outro lado do rio tem uma língua
de água,
com alguns casarões e animais à solta.

Do lado de cá, distantes das árvores,
fábricas
expelem fumo, com gente lá dentro.

Passam carros de um a outro lado, nas
novas auto estradas,
ladeando o campo agreste e solitário.

As salinas estão tapadas, tirando-nos
a beleza,
de suas piscinas naturais e envolventes.

Alguns barcos estão ancorados,
num vai e vem
constante, produzido pelas ondas.

Entre as fábricas e o campo, passeiam-se
comboios,
de norte para sul e de sul para norte.

Aviões desenham estranhas sombras,
no telhado das fábricas,
preenchendo o nosso campo de visão.

A tarde está sombria, com nevoeiro,
além-mar,
e tudo parece tão mais triste e rude.

Volto para dentro; o quarto está vazio
e silencioso,
já que hoje não há pássaros a trinar.

E assim nasceu este poema, feito de
pequenas
filigranas, que compõem a paisagem.

Jorge Humberto
28/10/10

A DEPRESSÃO TEM CURA

A depressão cura-se com as palavras,
de ânimo e de enlevo,
de quem amamos e de nossos amigos.

Tem dias que ela toca na nossa sensibilidade
emocional
e nos deixa sem forças para reagir.

Outros dias, estamos mais fortes e a poesia,
surge naturalmente,
enriquecendo nosso bem-estar e da dos leitores.

O simples facto de estar sol lá fora e de ouvir,
o canto excelso,
de meu passarito, traz-me alegria ao rosto sisudo.

Quando em depressão, não nos devemos entregar
em seus braços,
e arranjar uma ou mais ocupações, que nos ocupe o dia.

Se for necessário procure o seu médico e conte-lhe
como se sente,
ele o ajudará com seus muitos conhecimentos.

Procure uma razão para viver, não fique na cama
(eu sei que dói),
ao usufruto da velhaca depressão.

O ficar em casa não o ajuda em nada, porque é um acto
desequilibrado,
que nos faz ter maus hábitos, emocionais e físicos.

Ler, ver um CD, ouvir uma rádio, com música alegre,
também nos ajuda,
em sair desse estado vegetativo e omissivo.

Vá até à rua e contemple, em toda a sua beleza,
a natureza,
buscando a horizonte onde juntamo-nos às águas.

A depressão é um método degenerativo, que espreita
as nossas fragilidades,
para nos atingir como um murro em nosso estômago.

A depressão tem cura, só é preciso que não nos entreguemos,
aos seus vil desígnios,
que nos toma por loucos e restos de gentes.

Jorge Humberto
27/10/10

REFULGENTE QUADRO

De algodão vestidas, nuvens
esparzam-se,
no suave toque do azul do céu.

Apesar do sol e do azuláceo,
uma tímida brisa,
agita-se nas folhas das árvores.

As flores estão abertas, expondo
suas corolas,
que lançam finos olores para o ar.

Leve, levemente, vai o rio no seu
lento caminhar,
rumando vagarosamente para a foz.

Ouve-se o gorjeio dos pássaros,
que encantam,
com seu canto, as pessoas que se passeiam.

Passam carros e aviões,
no dia-a-dia
das gentes, aglutinadas em fábricas.

Espirais, de fumo branco,
espargem
das chaminés e das taças de café.

Vindas de um pequeno bar,
onde se saboreiam
líquidos mediterrânicos e suas comidas.

Cá fora gatos tentam alcançar
borboletas,
que esvoaçam sua graça rodopiando no ar.

Risos de crianças, jogando seus
jogos,
espalham-se no éter, adormecido.

E assim criei um quadro, desenhando
versos,
nas ampolas de meus dedos.

Jorge Humberto
26/10/10

POR TEU NOME

Desperto para a manhã grávida
de flores,
o sol reluz e repica nas ondas,
do murmuro silvando em ascensão.

Desço a montanha – precisamos
ouvir a natureza –,
e subo nas falésias de mármore, junto
ao precipício, donde alcanço as aves.

Pássaros migram para outros lugares,
procurando
o alimento e o acasalamento,
para que sua prol persista em nos enaltecer.

Continuando a descer, meu pensamento,
centra-se
noutras conquistas, a serem alcançadas,
até que chego ao areal, na orla do mar.

Aí me banho em plenitude, e vou nas asas,
das ondas cavalo,
com galgos de espuma, a dirigirem-se
para a praia, onde me concentro a horizonte.

No meu passeio, à beira-mar, vou colhendo
conchinhas,
mais os búzios, que têm dentro de si o sopro
destas águas vivas e inquietas.

Ao longe vejo um ponto negro, provavelmente
de um navio,
que navega destinos e traz momentos ímpares,
àqueles que vão de viagem.

A tudo isto observo solenemente, com um sorriso
nos lábios,
que vai abrangendo o areal até às dunas,
repletas de pequenos seres vivos.

Ah, natureza, de meus miles encantos,
és tu a liberdade,
que busco a todo o instante; trazes-me
o rosto de minha amada, em gorjeios de andorinhas.

Jorge Humberto
25/10/10

VIÇO PERDIDO


Tudo se desvaneceu, tudo isto
é triste, o verbo amor silenciou-se,
nas poucas palavras, que ainda
teimam em ser proferidas.

Respeitamos o bem-querer de cada
um, enquanto o surdo silêncio se
instala nas janelas fechadas, para a
vida, de nossos dias, desfalecendo.

E eu que contigo sonho, vejo meus
sonhos sendo adulterados e mal
precavidos, não há palavras como que
amanhecidas, na corola das flores.

Longe vão os dias, de encanto e
procura, em que nos denunciávamos,
no momento aguardado com alegria
e tudo em que tocávamos virava oiro.

Construímos jardins, de nardos, avencas,
sândalos, orquídeas e jasmim, com as
nossas pequenas mão, repletas de afecto
e ternura, hoje jazem flores, a nossos pés.

O que nós fizemos? Porventura nada é
tão gravoso, que não se possa renunciar
a egos e pontos de vista, diferenciados,
para retomar o amor envelhecido pela aurora.

Ele só espera um sinal nosso, para voltar
a florir dentro de nossos peitos,
vamos, avante, agigantando este amor,
que tem tudo para vencer eternamente.

Jorge Humberto
23/10/10

MEUS AMIGOS DE VENTURA

Esses, que vivem dobrados em quatro,
numa esquina qualquer,
é meu o seu tímido relato,
a força que eu suponho ter.

Pobres; de desdita ventura,
o que comer, onde aprouver,
torna-se em vil aventura,
lado a lado com o que eu tiver.

Na roda da vida são esquecidos,
escorraçados pelo mau querer;
vou com eles envolvidos,
nos versos que eu costumo dizer.

E todos juntos, bonitas memórias,
escutam eles, de olhos tristes;
são grandes e inúmeras vitórias,
Se a seu lado ainda persistes.

E vão em união pelas ruas a dentro,
invocando os seus direitos
e deveres; a questão está no centro,
destes seres, por Deuses eleitos.

Que nós não soubemos cuidar,
nem prezar a sua privacidade;
por isso nos entregamos ao olvidar,
e no olvido à falta de liberdade.

Ergamos o nosso punho ao ar,
sejamos solidários por quem nada tem,
que aqui o que é preciso é ousar,
para que os omitidos sejam alguém.

Estarei sempre ao lado dos mendigos,
dando o que tenho e o que não tenho;
mas uma coisa é certa, eles são parecidos
connosco, de encanto tamanho.

Jorge Humberto
23/10/10

sábado, 23 de outubro de 2010


POEMA EM LINHA

Urdo versos como quem tece
filigranas.

Levanto meu punho ao ar em
favor dos injustiçados.

Choro se vejo uma criança sofrer
na sua macia infância.

Rio-me de mim próprio nos espelhos
da vaidade.

Sou este e o outro e as demais
pessoas.

A liberdade é aquilo porque luto
em cada estrofe minha.

Colho dos amigos o fruto generoso
e altruísta.

Dou sem esperar nada em troca
basta-me um sorriso.

O passado ficou lá atrás e vivo o
presente como quem respira.

Não tenho saudades nem recordações
vivo no agora.

Amo as coisas até que doa e fique
gravado na memória.

Sou o verso do meu reverso que
conservo em silêncio.

As flores e os animais também são os
meus olhos limpos de impurezas.

Tenho de minha senhora amada
a genuidade de seu amor.

E assim vou na vida esperando o
meu voo.

Jorge Humberto
22/10/10

O SOL VEIO-ME VISITAR

Um sol aconchegante, livre e abrangente,
recolhe-me em seus braços,
trazendo consigo carícias mil,
deixando-me relaxado de todo.

Vou até à janela e tenho o grato prazer
em absorver os raios do astro-rei,
que brilha intensamente nos azuis,
com as nuvens desenhando sonhos.

As andorinhas já se foram para outras
terras, ficaram os pardais, que
buscam migalhas, junto de meu
canário, cantando hossanas a este dia.

Embora o Outono já te tenha achegado,
ainda é o verão que perdura lá fora,
abrindo as pétalas das rosas, expondo
sua corola, que as abelhas procuram.

Borboletas rasam meus olhos encantados,
e a felicidade toma conta de mim,
numa utopia de miles de cores,
que enfeitiçam o meu prazeroso olhar.

Um pouco mais abaixo corre o rio vagaroso,
buscando a sua foz, juntando-se ao
mar andarilho, de meia maré,
construindo lindas praias para os apaixonados.

Jorge Humberto
21/10/10

POETA, ESSE SER MAIOR QUE OS HOMENS

Ah, poeta, que sofres as dores, dos outros e de todos,
como se tuas e vês tanta desgraça no mundo, impuro e vil,
preenchem-te as noites de solidariedade, e de preocupação,
para com os que não têm voz nem justiça, na sua estrada.

És um ser solitário, que vai na vida a sonhar, sonhos de encantar,
pura ilusão de belos prados, jardins suspensos, um viver melhor
para todos; e choras a devastação das guerras irracionais e destras,
que tu, no teu amor, não compreendes, tanto o desatino aqui.

Comendador da paz, andas de mãos dadas com os mais pobres,
que nada têm para oferecer, na sua parca e incomensurável
miséria, mas sempre uma côdea de pão é servida à mesa despida,
onde te sentas com os mais desgraçados e perdidos, deste mundo.

Estás na Terra para cantar odes e revolucionar os velhos
valores, que se perderam, com o tempo e a pressa de chegar;
não, tu és maior, que o Homem, e mesmo cansado sorris,
se vês as pessoas felizes, tendo à tua volta os animais da criação.

Quem és tu poeta, que sempre uma dor carpes e que não
sossegas teu coração apertado, pela omissão dos homens e mulheres?
És aquele que leva a palavra verdade, para quem vive com a mentira,
nunca recriminando, apenas ensinando com seu aprendizado.

Eterno sonhador tentas reinventar um novo modo de vida,
onde a justeza prevaleça e faça ninho, nos olhos das pessoas
desgarradas, que mais não sabem o que fazer, de sua pouca sorte,
do que andar neste mundo a pedir carinho, à presença do poeta.

Sempre pronto a entregar-se aos outros, como um pai ou uma mãe,
proteges os filhos da rua, que não sabem o que é amar,
pois o destino os estigmatizou, e carregam a cruz de seu calvário,
habituados a dias sem sol, dando como quem não dá, altivos.

És poeta que se magoa, pela enfermidade, de alguém, que nem
sequer conheces, mas já viste muita dor, e ela, só precisa de um
ombro amigo e compreensivo e que o poeta lhe narre histórias de
encantar, àquele que sofre com coragem sem se queixar.

Agora sei quem és, poeta, és aquele que não dorme, procurando
a salvação dos mais ignóbeis para a Sociedade, madrasta e cruel;
viver as dores dos outros, suas renúncias, é o teu exposto caminho,
com que caminhando, levas as boas novas, aos mais tristes dos tristes.

Jorge Humberto
21/10/10

ROSA BRANCA

Um vento de nortada
passeia-se pelos meus cabelos.
Caminho sem rumo certo,
levando os amigos no meu
pensamento esvoaçante.

Asas de pássaros enchem os céus,
pendurados em árvores frondosas.
Tomo em minhas mãos uma
rosa branca e beijando suas pétalas
a brisa traz-me à tua presença.

Folhas cedem à força do vento,
pessoas passam apressadas.
E eu virando meu rosto a barlavento,
vejo ao longe o fulgor do azul do mar,
para lá das falésias de mármore.

Continuo meu passo incerto,
sou coisa sem princípio nem fim.

Jorge Humberto
20/10/10

ESTA DEPRESSÃO HÁ-DE MATAR-ME

Esta depressão há-de matar-me.
Tenho meus olhos tolhidos de lágrimas
e nem um encanto sequer,
para me animar e trazer-me de volta à vida.

Meu corpo inerte sofre de dores
incomensuráveis, sou um boneco de pano,
rasgado em mil pedaços,
de outros tantos bocados, que me deixa quedo.

Tento ir buscar forças ao mais profundo de mim,
caem folhas lá fora,
e eu que não me encontro vou com elas
desenhando o chão de terror vermelho.

São de sangue os meus dias e eu tremo só de sentir-me,
coisa inútil e sem valor,
totalmente à disposição desta doença,
que me vence já vencido.

Bem digo os amigos e minha amada,
que, com amor, tudo fazem para trazer um pouco
de alegria ao meu ser cansado e triste.
Até quando resistirei… não sei?

Jorge Humberto
19/10/10

domingo, 3 de outubro de 2010


A SÓS COM MEUS VERSOS

Tarde de chuva e de vento,
lá fora. Um frio imenso,
invade a minha alma, estou
só, com meus versos.

Zurze o vento, nas folhas
das árvores, e os pássaros,
recolhem a seus ninhos,
procurando protecção.

Poças de água salpicam o
chão e as estradas,
passam carros e pessoas,
na pressa de chegar.

O rio mostra-se agitado,
com ondas escarpadas
e galgos de espuma,
correndo para as orlas.

O céu é de um cinzento
anilado, e uma nébula
tristonha cai, por sobre
os telhados das casas.

A horizonte alguns fios de
sol, irrompem da camada
densa, do nevoeiro,
amainando nas janelas.

Tracejados de luz riscam
os cortinados e as paredes,
mesmo ao canto,
e ali fazem poiso decorativo.

Abranda a chuva e o céu
está mais limpo, ouvem-se
os primeiros cantos das
aves, escondidas na folhagem.

Laivos de primavera,
parecem querer chegar-se à
frente, salvando
a tardezinha, mais amena.

Jorge Humberto
03/10/10

sábado, 2 de outubro de 2010


NOSSO SER ENAMORADO

Hoje, como ontem, o amor
reclama o seu espaço,
por entre as vicissitudes da
vida. Hoje, como ontem,
permanecemos juntos, desde
a hora primeira de nosso
encontro, sobrenatural e
subtilmente extraordinário.

Desde o longínquo dia em
que nos vimos – sem nos ver –,
(tomando o meu partido),
que não mais, em momento
algum, deixei de te amar.
Eras a tal que eu dizia
prometida e tu a primeira
a saber, de minha assunção.

Um pouco introvertido e
receoso, pedi-te em namoro,
sem ainda saber, que eu era
um homem de sorte,
por tua reciprocidade,
a meu pedido tão repentino,
não deixando
intervalo para dúvidas.

Anos passados em harmonia,
mantemo-nos jovens,
oh, minha musa, de toda a hora!
oh, meu amor, declarado!
Saibamos perdurar,
pelo tempo afora,
este amor, tão desejado.

Jorge Humberto
02/10/10

AMOR DE UMA VIDA

Doiram sóis nos teus olhos
como novelos são os teus
cabelos
espelham-se mares no teu
rosto
fragrâncias mil na tua pele

Teus lábios são de carmesim
as bochechas
rosáceas
de seda são as tuas mãos
braços esguios no abraço
nariz arrebitado senhor de si

Teu queixo abóbadas celestes
na nuca residem os meus
beijos
cútis branca como as neves
alindados seios como colinas

No corpo feminino nardos
e sândalos
as pernas bem torneadas
cinge-te
a cintura lindo umbigo
teus pés bem delineados

Não há olvido no teu ser
que me faça
esquecer
o dia em que te conheci
e para ti meu amor vivi.

Jorge Humberto
02/10/10

O PASSEIO DO POETA


Com a brisa no rosto acariciando-me
os sentidos, percorro a cidade velha.
Suas ruas são estreitas e nas janelas,
vasos com flores, lembram tempos
passados.
Cordas dependuradas secam ao vento
a roupa branca, de linho e de algodão.
E detrás das vidraças senhoras idosas,
costuram velhas mantas de agasalhos,
para o Outono, acabado de chegar.
Os telhados têm musgo e as paredes,
assimétricas, são de pedra sobre pedra,
caiadas de brancos e de azuis.
Numa gaiola, um canário solitário canta
efusivamente, deliciando-me com as
suas melodias. Alguns pombos picam
o chão, procurando o que comer, nas
falhas da calçada, por entre ninhos de
formigas.
Aqui e ali, uma ou outra criança brinca
à sombra de uma árvore, enquanto os
avós conversam ou jogam ao dominó.
Rareiam os carros e uma carroça passa
guiada por um jovem petiz, trazendo o
alimento da terra cultivada nos baixios.
O sol encontra-se agora no seu zénite e
precavidas senhoras baixam os estores.
A esta hora, meio-dia, a cidade parece
adormecida e todos regressam a casa,
para almoçar e dormir a sesta.
Em um velho banco o poeta senta-se e
põe-se a escrever…

Jorge Humberto
01/10/10

COISAS MINHAS

Nasce a manhã com o sol
dependurado na janela
corre o rio leve, levemente
cantam os pássaros no
cimo de frondosas árvores
passeiam-se homens na
candura do dia solarengo.

Idosos instigam a sombra
crianças sustentam jogos
animais saltam de cá para lá
e as sombras deslizam pelas
paredes, indo ao encontro
das flores adormecidas
fechadas ao sopro do Outono.

A horizonte nuvens aziagas
casas vestindo-se de cinzas
fecham-se as portas à chuva
que ameaça corromper-se
quando a tardezinha se
aproxima do seu entardecer
atrapalhando o dia das gentes.

Faço versos ao que me é dado
ver, filigranas que eu teço
na folha alva ao meu dispor
ninguém é indiferente às águas
que caem em direcção aos
bueiros sopram ventos de nortada
cai a noite num repente.

Jorge Humberto
30/09/10

A «MÚSICA ALTERNATIVA»


A chamada «Música Alternativa», é uma opção à música convencional, como o Rock e o Pop. Os seus sons urbanos e crus, falam-nos da realidade do dia-a-dia. Guitarras e baterias e outros instrumentos vanguardistas, dão-nos a sensação de fazermos parte de alguma coisa, do tipo revolucionário e reivindicativo. Não nos sujeita à mesmice dos clássicos e dá-nos toda a liberdade de escolha. As letras são realistas e duras, onde a sociedade é explanada até ao seu mais ínfimo pormenor.Ao contrário das músicas convencionais, presas a logótipos, a «Música Alternativa», dá-nos o livre prazer de escolha, entre as suas variáveis.

Descobrimos novos sons a cada instante, e, uma música, não tem só um conjunto de oportunidades limitadas, é ilimitado o desdobramento e o pluralismo, o experimentalismo de suas músicas. Cientes de nós e de nossos sentimentos, a variabilidade da chamada «Música Alternativa», leva-nos ao âmago de nossas pessoas, enquanto seres sociáveis, com os mais diversos estímulos. É uma lufada de ar fresco, que nos renova e nos questiona, a todo o momento. A «Música Alternativa», apela à nossa consciência mais radical e mais atenta, sem entrar em anarquismos, mais próprios do Punk.

Seu som nada estereotipado, não sofre rotulagens nem é ufano, características do velho Rock, que se mantém inalterável, desde que apareceu, salvo raras excepções, vindas do Rock Progressivo. A experiência de escutar «Música Alternativa», é impagável e mexe com o nosso íntimo, faz-nos pensar e repensar na nossa comicidade, enquanto seres humanos, que lidam com o seu próprio ridículo. Apela às vicissitudes da vida, é andrajosa ou veste smoking, não tem estigmas nem preconceitos e é sempre eclética e aberta a novas propostas. Pega nos vários estilos de música e retira os seus excedentes, variando-lhes as formas

tradicionais. É uma mescla de sons, que nos deixa extasiados e aptos ao acto de criar, trazendo-nos muita inspiração e paz de alma. Só escutando os seus acordes, que percorrem os mais variados instrumentos, se pode entrar neste mundo mágico, da «Música Alternativa». Enquanto os outros tipos de música, são elitistas, e pró riquismo, a «Alternativa» é aberta ao diálogo, entre as várias correntes musicais. Vários são os artistas, de outras áreas, que experimentam a «Música Alternativa», saindo apaixonados dessa invulgar experiência. Muitos são,
os que entrando nos seus meandros, de lá mais não saem, enriquecendo-nos.

De um modo mais pessoal e interferindo na minha narrativa, não deixo de dizer que é através da «Música Alternativa», que eu crio a minha arte de poesia e de escrita, aconselhando a todos a escutarem e a darem-lhe uma oportunidade. Como foge às rotulagens, ao princípio pode ser meio confuso, estes sons urbanos,
mas aprendendo a sua linguagem, acessível a todos, logo nos tornamos seus simpatizantes aguerridos. É a própria vida que perpassa por nós, recebendo sangue novo e se maquilhando em um outro sangue. A «Música Alternativa» é um objecto de culto, para os seus seguidores.

Jorge Humberto
29/09/10

JOVENS UNIVERSITÁRIOS… QUE FUTURO

É demais confrangedor e angustiante, para quem passa por essas situações, vermos os nossos jovens universitários, sem emprego e sem colocação nas suas áreas. Andando de estágio em estágio, mal renumerados, que nem dá para os seus sustentos, muito menos para pagar propinas, para exercer outro curso, fora do seu ambiente, porque estudaram. Muitos têm trabalhos precários, outros nem isso têm, e só o bom humor e a raça, fá-los seguir em frente, economizando para o estudo de outras cadeiras, fora de sua área de emprego.

Os sucessivos governos, que têm como pendão e preocupação, a educação, prometem muito e não fazem nada, agravando a vida dos estudantes, que deviam ter trabalho, senão para a sua área, para outra complementar, mal acabassem os seus estudos universitários. Trabalham seis meses num lado e logo são descartados, isto é uma desonra para o país, que vê seus filhos estudarem uma vida, para nada. Alguns conseguem colocações, mas têm de fazer trabalhos por fora, como professores, tendo assim o acumular de duas profissões.

Por mais que queiram isto é uma vida de desgaste e de stress, não espanta tantos estudantes a tomarem comprimidos, para se manterem activos e de boa memória. Logo que o estudante universitário acaba o seu curso devia de haver uma lei que lhes desse primazia no mercado de trabalho, na sua área de estudos.
Mas não se vê nada disso, penam a bem penar, para arranjarem mil euros para pagar as propinas de um novo curso, isso não ganham eles nem metade, num mês de trabalho, à condição.

Os estudantes, são a geração do presente e do futuro, e se ficam felizes por serem admitidos numa universidade e terminam os seus estudos, depara-se-lhes as portas fechadas, do mercado de trabalho. Tantos anos de sacrifícios para nada, é uma grande decepção. Precisam de muita fibra e de dar passos atrás, para conseguirem trabalhar. As áreas que tiraram é quase uma utopia, um lugar nesses centros de trabalho, por isso têm de se resignar, a varrer as ruas e a irem para fábricas, fazendo qualquer coisa, que lhes traga o ordenado ao fim do mês.

Por tudo isto muitos vêem-se na contingência de pensar numa vida de emigrante e a procurarem a realização pessoal, noutro país. Isto é um total desaproveitamento dos nossos intelectuais, aqueles que podiam dar garantias de sucesso, para o país e para o povo, a médio, longo prazo. Os governos nada fazem e só aparecem nas eleições, com a sua demagogia, como queijo numa ratoeira. Tem-se de rever o sistema de ensino e de trabalho, dar emprego aos mestrados, mantendo-os em Portugal, a qualquer custo para desempenhar as funções, porque tiraram na sua licenciatura.

Mas isto vai de mal a pior, o desemprego reina e não é preciso grande sabedoria, para sabermos, enquanto população, que devemos eleger novos governantes, que cumpram as promessas feitas, caso contrário os nossos jovens com formação, nas mais variadas áreas, vão enriquecer outros países, que não o seu. Tem de se fazer um trabalho de fundo e fazê-lo singrar aos poucos, com muita determinação justiça e empenho, da parte dos todos os sectores sociais e laborais. Temos grandes intelectuais, há que zelar por eles e dar-lhes primazia no mercado laboral.

Jorge Humberto
28/09/10

CATIVO


Mulher, que me tens cativo,
desse teu amor desmedido,
não há instante, tão vivido,
como quando estou contigo.

Se não te vejo me vejo sofrido,
pássaro que no chão está caído,
e, meu olhar, assim perdido,
sonha-te, pelo sonho havido.

E a manhã, sem ter nascido,
guarda no seu olhar enobrecido,
este amor assim enaltecido,
do silêncio, quando adormecido.

Ah, mulher, que me tens cativo,
é por ti, que tenho aqui vivido,
e no tempo, que é tempo ido,
nascem as flores e o nosso sentido.

Jorge Humberto
28/09/10

PORTUGAL


O que distingue um país de outro, para além da sua geografia, é as suas raízes, folclore, artesanato e cultura. Quem não preze e sustente estas variantes, dando-lhes a devida distinção, em casa e fora do país, não é bom cidadão e não tem direito a chamar nação, ao país onde vive. O folclore dá-nos os trajes e as músicas, das diversas cidades e aldeias; o artesanato traz-nos a riqueza das mãos que o trabalham e a tez dos diversos povoados, e, a cultura, grava em livros, quadros, cinema e fotografia, escultura e gastronomia, a história de uma civilização.

Cada povoado é diversificado e isso vê-se pelos seus costumes e tradições, onde está bem patente a cultura, divulgada de boca em boca e através da leitura. Outra das distinções é o linguajar das diversas aldeias, cada quais bem distintas umas das outras. A fertilidade dos diversos habitantes, de cada lugarejo, é-nos dada pelas histórias que nos contam, através do saber acumulado e preservado, ao longo dos séculos. Cada aldeia tem nas casas a sua marca indelével, umas mais castiças que outras mas todas diferentes das suas congéneres.

É isso que diferencia os lugares, pois cada casa, com a sua estética e formato, fala-nos da história, de uma povoação, em relação a outra. A gastronomia é diferente de aldeia para aldeia, e através dela podemos ter a noção das várias raízes, que formam um povo. Pois há o Interior e o Litoral, o Norte, o Centro, o Sul, o Este e o Oeste. Se no Interior do país temos o cultivo da terra, no Litoral temos a costa e os pescadores. O Norte é invicto e luta para não ficar afastado das grandezas da Capital, mantendo os seus costumes bem arraigados, com muito orgulho.

Já o Centro é onde está e reside a indústria e a metalúrgica, situando-se também aí o Governo do Estado. O Sul tem as praias e os veraneantes e os turistas, enquanto a Este temos o levante e a Oeste é onde estão as mais ricas frutas e legumes, e onde se encontram as grandes planícies. Tudo isto é característico de um país, chamado Portugal, que o distingue dos outros países, distintivo de um povo com mais de mil anos, mas a história cristã começa ainda em 868 quando se formou o Condado de Portucale fundado por um cavaleiro galego chamado Vimara Peres.

Jorge Humberto
27/09/10

A CANÇÃO QUE TE FIZ

E vinhas de tão longe, tão
longe, grinaldas no cabelo,
nardos e sândalos,
enfeitando o teu rosto.

E estavas tão perto, tão
perto, que eu senti o olor
de teu perfume,
fragrâncias do teu ser.

E o sol era uma bola de
fogo, iluminando-te à
distância, que meu coração
tinha tão certo, tão certo.

Alfazema e jasmim,
nas árvores os passarinhos,
meus olhos velando por ti,
e vieste por mim, por mim.

Jorge Humberto
27/09/10

AO POVO MAPUCHE

O povo Mapuche, com raízes no profundo Chile, onde seus aborígenes, faz muito, que ali têm a sua comunidade, estão a ser obrigados, a abandonar os seus costumes ancestrais, para forçosamente fazerem parte da sociedade industrializada do Chile, desenraizados de todos os seus rituais. Nenhum governo
tem o direito de exercer pressão, sobre suas tribos, para que estas larguem todos
os seus ritos, e se transformem em algo de patético, enxovalhados os seus deuses. É das raízes dos povos aborígenes dos vários países, que uma nação se engrandece, preservando seus usos e dos seus descendentes.

A história escreve-se, desses povos, pois foi deles que nasceram as civilizações, e, é deles, povo Mapuche, que agora se alicerça a nação chilena. Que direito temos nós em interferir em algo tão antigo, e de raízes semeadas pelo povo Mapuche? O governo chileno tem de repensar o que significa a história e as memórias, de seus povos indígenas, na história ancestral do Chile, porque eles são o Chile. Temos de nos inteirar sobre o que se passa e não deixar que o governo chileno, subverta o seu procedimento, que vem de seus antepassados, e seu modo de viver – livres.
Libertem o povo Mapuche e deixem-nos viver em paz com as suas raízes.

Nação que não respeita seus costumes ancestrais, suas tribos, é uma nação sem futuro, e torna-se em algo de sintético e absurdo. Ao povo Mapuche estão a ser retiradas suas «terras», sem livre arbítrio e usando do poder do governo, para que estes façam parte da sociedade comercial e industrial, do país chileno. Eles já são o Chile, o Chile ancestral, e deve-se deixá-los viver com os seus usos e ritos. Eles tem a sabedoria de sua nação, são chilenos, como os outros, mas vivem à parte, na terra dos seus antepassados. Têm esse direito, como povo sábio, que fez a história do Chile. Lutemos contra a colonização do povo Mapuche e que este viva livre.

Jorge Humberto
26/09/10

SOLSTÍCIO

Caminhos atapetados
de folhas vermelhas e
amarelas, descobrem
a luz do Outono,
vestindo a cidade de
perfumes inebriantes
e quadros coloridos.

Passeiam-se pessoas
e animais, por entre
as árvores despidas,
e o sol espreita detrás
das nuvens pardas,
ameaçando as chuvas
primeiras da estação.

Como gumes de facas
a invernia rasga os
meus olhos, deitados
num repouso calmo e
aconchegante, nas
águas do rio agitado,
pelas crinas da espuma.

Cavalos loucos lançam-se,
desenfreadamente, no
correr das colinas, nuas
de flores e de ervas rasas,
proporcionando algum
calor aos equídeos, que
aqui nasceram livres.

E, crianças, acariciam o
couro aveludado, dos
pequenitos potros, por
desmamar, sentindo-se
parte integrante da
paisagem recorrente
e inevitável desafogo.

Pétala a pétala as rosas
deixam a nu as suas
corolas, e, as flores,
fecham-se para o frio,
deixando para trás,
jardins abandonados
e recordações afins.

Jorge Humberto
26/09/10

LIBERTEM OS PRISIONEIROS

Quando o prisioneiro se prostra no chão, à humilhação do carrasco, sabe que está a perder toda a dignidade, como ser humano. Mas que outra coisa pode ele fazer, quando está sobre o jugo do tirano, que o escraviza e o trata com desdém? Há muitos inocentes presos e há os que não sendo reconhecem o seu erro e tornam-se em pessoas de bem. Que direito temos nós em estigmatizar um prisioneiro, quando este cumpre sua pena se arrepende e ganha a liberdade, por muitos há muito esperada? Em nossa vida passamos por situações que nos superam, e tomam-se atitudes, de todo impensáveis, até para quem comete o delito, mas naquele momento, naquela hora, não se vislumbra luz a horizonte.

Depois do acto cometido, contra outrem, o delinquente deve ser preso, mas defendido dos seus direitos e deveres, por um juiz imparcial, ajudado por um advogado, que lhe acuda e oriente, a ser humilde e a reconhecer o seu erro, perante a sociedade. Depois de ser encarcerado o prisioneiro deve ser tratado como um ser humano, e não vexado pelas autoridades, que o têm em mãos. Deve ter o direito ao trabalho e aos estudos e deve-se ajudá-lo no seu reencaminhamento, para quando a liberdade vier, viver a sua vida honrosamente. Mas não é isso que se vê, mas sim preconceitos, para com o prisioneiro, negando-lhe todos os direitos humanos e próprios de um ser humano.

Vive sem condições sanitárias, alimenta-se de expedientes e não tem roupa que o cubra do frio, nas noites invernosas. É enviado para o «buraco», quando levanta a voz, indignado pelos maus tratos, e sofre de sevícias tais sendo submetido à escuridão e sendo alimentado a pão e água. É-lhe retirado o direito ao recreio e ao convívio com os outros prisioneiros. Dentro de grades não se pode revoltar contra as injustiças, que sobre ele recaem, se não quer ficar marcado como indisciplinado, quando o que quer é ser respeitado e estar num cárcere, longe de assassinos e corruptos, que não têm emenda. (Estou a falar de um prisioneiro, que cometeu um prejuízo, para alimentar o vício, e não de um homicida).

Os próprios guardas corrompem-se e deixam entrar droga na prisão, para ter os prisioneiros sobre controlo. Mistura-se simples delinquentes com assassinos em série, e sujeitam o prisioneiro àquilo que ele tentava fugir, na sua desgraça. O que acontece, é que esse simples prisioneiro, vai aprender e apreender todos esses recursos, que um ladrão assassino têm em mangas, e quando sai para a rua sai uma pior pessoa, se não tiver muita personalidade para enfrentar a cadeia e não se deixar influenciar, ocupando os seus dias a trabalhar e a estudar. Porque da parte dos guardas, ele não significa nada para eles. É um simples número, com roupa listrada, sujeito ao cativeiro, junto das piores personalidades.

O que eu reclamo é diferenciação para os certos tipos de delinquência. Não se pode submeter, quem foi apanhado com duas doses de heroína, para o seu consumo, à sujeição de ter de viver numa prisão, junto com os piores criminosos. Deve-se dar a hipótese a uma nova vida, dentro do cárcere, juntando jovens viciados, com outros jovens viciados, afastando-os dos que fazem do crime o seu modo de vida. Deve-se dar trabalho e estudos e acarinha-los, perante as suas boas acções, na prisão, fazendo por terem uma melhor vida e um aprendizado, para quando saírem em liberdade. Libertem os prisioneiros, do seu vício, tratando-os com dignidade e igualdade.

Jorge Humberto
25/09/10