quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
À VIDA ME DEI
Tudo o que a sorte me negou,
aos caminhos que escolhi,
num passado distante lá ficou,
no presente, eis… me vivi.
Longe joguei as recriminações,
todas as palavras malditas,
das vis e insensatas insinuações,
das estradas então proscritas.
Tijolo a tijolo, ergui o meu ser,
que no espelho se via;
e a cada ditoso amanhecer,
de mim, o que prevalecia.
Quais vermes rastejando no chão,
intentaram demover-me,
porém, apelando ao meu coração,
de deter, não deixei deter-me.
Então dei-me ao sol, e à pureza,
com toda a sagacidade,
caminhando com mui destreza,
meu ser feito humildade.
Jorge Humberto
21/12/01
DE LUTAR FICOU-ME A LIBERDADE
Não mais, não mais esta inconstância,
que durante anos e anos,
deu-me à sorte e ao fado, este mundo,
de mãos vazias, entregando-me ao
vil sortilégio, de acasos e promessas,
que não se podiam cumprir,
por ser a metade do homem, que já
fora, sem grilhetas nem algozes.
Assim, sozinho, me rebelei e cuspi
bem longe, a vil mordaça,
que muitos se apraziam e insistiam,
negando-me a vontade,
que de punhos cerrados, alto os ergui,
contra a difamação
e o desprezo, com que me cobriam,
espezinhando meus olhos,
que já eram dados ao resplandecer,
de um outro sol em mim,
apresentando-me a caminhos lúcidos,
de onde, enfim, fui liberto.
Jorge Humberto
19/12/11
A ALEGRIA DE NOS LIBERTARMOS
Quem dera a palavra certeira
e que fosse nos outros
o eco mais ansiado e duradoiro
para com suas dores e solidão.
E que meus versos fossem quais
asas de mil pássaros
para com os indecisos desta vida
que ainda não se libertaram
de recriminações e auto piedade.
E eu fosse só o sublime
jardim enfeitado de cores tantas
trazendo em minhas mãos
o sorriso das pétalas dadas ao sol.
E daí partissem indómitos
enfrentando os caminhos por mais
árduos que se mostrassem.
Como um rio perene cheio de força
seriam os seus dias
conscientes de seu valor humano
e de sua importância no mundo.
Jorge Humberto
18/12/11
INVERNO
Murcharam as flores, que, pelo frio,
jazem, em agonia, nos jardins.
E aquele encanto, que de minha janela,
eu absorvia, foi-se com as borboletas,
e os pássaros, que cobriam, de asas,
o céu, no seu azul mais intenso.
Rareia o sol, que se mostra timidamente,
a espaços, por entre o negro das nuvens.
E a chuva forma poças no chão, em círculos
sinuosos, respingando gotas, no
cair das águas. Enquanto o Tejo, extravasa
seus limites, invadindo as terras.
Dúcteis versos, escorrem de meus dedos,
como as águas nas vidraças,
assemelhando-se a pequenos rios, que
ziguezagueiam, no plano translúcido.
E há uma saudade, de qualquer coisa aqui,
que às flores traz vida e colore
os jardins, de lindos matizes, que soltando
vão, suas doces e finas fragrâncias.
Jorge Humberto
17/12/11
ESTE POVO QUE A SI SE PERMITE
Temo, que meus gritos lancinantes,
mais uma vez não sejam ouvidos,
pelo despotismo dos governantes,
que a voz não escutam, dos ofendidos.
Esses que vão na vida acreditando,
que a liberdade e equidade prevalece,
sem guerras, fome nem mando…
mas é lutando, que o povo se enobrece.
De sangue, carne e nervos, os versos
que sempre deixo, em prol do meu povo;
todo ele igual mas também diverso,
na procura constante, de um mundo novo.
Assim escrevo; de mim mesmo me atrevo;
ser no povo, o que não cala ou omite;
dessa voz perene, que é todo o enlevo,
de quem, ante as agruras, a si se permite.
Jorge Humberto
16/12/11
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
SOLIDARIEDADE E NOBREZA
Ainda falta muita sinceridade,
no gesto, que aos outros,
levamos, que se quer sem favor,
e sem avaliações egoístas.
Devemos dar, sem pedir nada
em troca, que não,
o sentirmos, que o que damos,
é realização pessoal.
A solidariedade, não deve ser
palavra meramente
vã, mas sim a nossa real vontade,
em ajudar os demais.
Que, no mundo, não somos sós,
mas um todo, inequívoco,
sem pudores nem vis estigmas,
que levem à rejeição,
daqueles, que, de alguma forma,
a vida se lhes injustiçou,
presos a xenofobismos e demais
prisões e omissões.
Jorge Humberto
15/12/11
EIS-ME ASSIM
Meu pensamento me diz
pela emoção sou nos outros
sou tal qual um chafariz
de águas límpidas e sedosas.
Sou tantos que me confundo
(passo errante no caminho)
e habita em mim o mais profundo
dos sentimentos a porvir.
E é pela poesia que me entrego
despido de vis pudores
a nada nem a ninguém renego
o amor que me conduz.
Trago pela mão uma criança
e mil flores coloridas
pois é delas a minha esperança
de um mundo a se sorrir.
Cabe ao poeta a generosidade
de a cada verso seu
levar a mais discreta humildade
que nos olhos se faz certeza.
Jorge Humberto
14/12/11
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
FADO… QUEM TE ESCUTAR
Canto o fado com a alma na mão
me transcendo pela entrega
que faz vibrar este meu coração
soma exposta pela refrega
No cantar todo eu sou emoção
saudade e terna harmonia
que pela luz de um castiço lampião
leva adiante real melodia
Nas mesas o vinho bem refinado
andando de boca em boca
eis que traz à tona o fascínio do fado
se cantado com voz rouca
Que de preto me visto a preceito
para nele me enlear
pois todo eu sou o mui fatal trejeito
que à pele traz arrepiar
E de olhos fechados e à comunhão
deixo-me abandonar
por esta sempre eterna sedução
que é o fado a se cantar
Jorge Humberto
13/12/11
A CADA NOVA MANHÃ
De mãos nos bolsos, sereno
contemplo a natureza,
em toda a sua infinita beleza,
que, nos olhos, eu irei
guardar. O rio é um lençol
de linho, bordado
com o azul do céu, cravejado
de filigranas, prateadas.
No vai e vem das águas livres,
as ondas cavalo,
não sofrem qualquer abalo,
procurando sua foz.
E leve, levemente, são os
barcos, singrando
o Tejo, que vão almejando,
no deslizar da proa.
Ao longe, bem resguardadas,
as aves migratórias,
trazem mil e uma histórias,
da estranja, mátria.
E o cândido sol, traz-me, aos
passos, o caminho,
no qual, divagando sozinho,
sonho prenhes futuros.
Qual o colorido destes jardins,
nas flores, a esperança,
de um sorriso de uma criança,
a cada nova manhã.
Jorge Humberto
12/12/11
domingo, 11 de dezembro de 2011
MALHAS DESTA VIDA
Palavra a palavra, ergo meus versos,
alicerçados pela emoção,
que do pensamento, se diz presente,
a tudo quanto sou nos outros.
(Flamejante sol, vindo de lá do horizonte,
debruando os meus dedos,
de finas filigranas, e que mais não são,
do que poesias, por nascer).
Malhas desta vida (que são tudo, o que
o meu olhar alcança),
construindo cidades e excelsos poetas,
nascidos de meu coração.
Jorge Humberto
11/12/11
GRITAREI ATÉ QUE A VOZ ME DOA
Minha voz, que não se deixa castrar,
deixo que o vento a leve,
até que poise, nas estames das flores,
ou no acre colo da solidão.
Pela brisa sempre se faz acompanhar,
levando um pouco de sua
solidez, aos que são mais necessitados,
e se deixam vencer pelo cansaço.
Ao mundo ela pertence e se agiganta,
quando se depara com a
iniquidade, que fere e mata, a dignidade
e toda a humanidade, que
é pertença devida, de todo o ser humano.
E eis não se cala, no propósito
de levar, a todos quantos se atemorizam,
a verdade, que lhes cabe.
E até que esta minha voz me doa, omissa
não será nem passiva,
pois que de peito aberto, bem alto há-de
gritar, por um mundo mais justo.
Jorge Humberto
10/12/11
DA LUTA QUE TRAVEI
Estendo uma corda de músculos
cravo meus braços com setas
dou-me à luta que não renega a sorte
de um fado marinheiro.
Nas esquinas e cantos mal-afamados
arremessei lanças certeiras
contra o focinho inquisidor da palavra
ao alto ergui meu pendão.
Ressurgido dos corpos amontoados
que jaziam inertes e pálidos
do ferro pungente travado nas veias
carne e nervos rasguei.
E expulsas as correntes e os algozes
libertos os braços e pernas
eis que me maquio em um novo sangue
meu propósito que se completa.
Jorge Humberto
09/12/11
BREVE POEMA
Raso meus olhos na água; dou-me à vida
e a todo o seu imenso esplendor;
meus versos são a força viva, com que me
doo, sem quaisquer desfalecimentos.
Neste caminho, que me percorro e narro,
sou o espelho, feito reciprocidade,
de tudo o que me rodeia em simplicidade,
na grandeza, das coisas pequenas.
Só o despir-me, da roupa humana, que me
veste, faz com que tudo se
transcenda e imortalize, nas minhas mãos,
plenas de candura e de espanto.
Jorge Humberto
08/12/01
ESTE AMOR QUE NÃO ESQUECE
A beleza, de teu rosto, me enternece…
me descubro, a cada traço teu:
como algo, que aos olhos, nunca esquece,
deste amor, que também é meu.
Nele me perco… para logo me achar…
entre silêncios e muito carinho…
e então, sou como um imensíssimo mar,
achando, na lonjura, seu caminho.
São minhas mãos, o toque a desvendar…
umas às outras, em sã harmonia…
e é tudo nosso, o que soubermos guardar,
no nosso coração, como na alegria.
Ah, musa e mulher amada, de ti sou cativo…
que não me negues o encantamento…
de, pela manhãzinha, ver-te em porte altivo…
em plena magia e deslumbramento.
E assim, um no outro, seremos esplendor…
eterno fascínio, a se perpetuar…
sangue… carne… devoção e muito amor,
que nos azuis do céu… irá reinar.
Jorge Humberto
07/12/11
CONTEMPLAÇÃO
Meus versos, de plena contemplação,
são como um desabrochar
de flores, em todas as suas colorações,
repletas de mil fragrâncias.
Ou como Jardins imensos, nos parapeitos
das janelas, dando graça
às casas, debruadas de dúcteis filigranas;
que se desenham nos
meus olhos, como asas de pássaros, alçando
voo, num incomensurável
céu, indo nos azuis dos azuis, até desmaiarem
nas águas, de um belo rio.
Na imensidão do mar, são como ondas
cavalo, dando-se às
praias, em toda a sua terna mansidão,
arrepanhando caminhos,
na areia. E são ainda, uma chuva caindo, no
plano frio, das vidraças,
que de lágrimas, são só uma intensa ilusão,
de alguém, a entristecer.
E na ampola, de meus dedos, tacteio o
rosto, de uma criança –
minha deferência, em alta comoção,
pela alegria, de sua inocência.
Jorge Humberto
06/12/11
AGRADECIDO À VIDA
Liberto de algozes e de vis correntes,
ao caminho, chamado vida,
me entreguei, com toda a força, de
quem, à vida, se quer dar.
Então construi jardins, de bem dizer,
onde pus as flores mais
belas, para que assim, só me vissem;
e onde era eu, a sós comigo,
deixei as ervas daninhas, enfim crescer.
Resquícios, do vil passado,
atreveram-se, mas cerces, pela raiz, os
cortei, para que não voltassem
a nascer. Então abri todas as portas e
janelas, fiz-me poeta,
e no me escrever, sou nos outros, o que
os outros, em mim deixam.
Jorge Humberto
05/12/11
FIZ-ME POESIA
Esta minha vida, que à má sorte, foi
dada, encontrou na poesia,
o ânimo e a libertação, de tal desígnio,
que no olvido, inerme se quedou.
Liberto, enfim, sou de toda a gente e
de todo o mundo, aqui, onde
sou mais eu, inteiro: e que ao narrar-se,
máxima expressão, encontrou.
Então, conto-me em versos, que, à verdade,
nada devem nem temem,
pois que meu caminho, tem janelas abertas,
a todos quantos, me lêem.
Da inócua solidão, me aparto, pois que, no
escrever-me, sou nos outros,
no que lhes dou e recebo, como gratidão,
de quem se revê, na minha
poesia. Maior satisfação, jamais eu teria,
se meus versos, não fossem
eles, feitos de humildade, carinho e cuidados,
àqueles, que tanto me prezam.
E eis que assim, me descubro poeta, de todo um
povo, que, ao mundo, pertence –
e enquanto, a mi me venço, sou também eu,
quem na vida se excedeu.
Jorge Humberto
04/12/11
VERSOS DE BEM-DIZER
Meu ser triste, confunde-se com esta
minha vontade de viver e de
levar a alegria aos amigos, em cada
poema que deito, no meu
peito, que aconchega um coração, de
todo pleno de mil emoções,
que eu deixo nos outros, como pequenas
filigranas, luzindo em seus olhos.
Alvas manhãs, despertam em minhas
mãos, escorrendo rios de luz,
que se escapam, pelas ampolas de meus
dedos, como areia de uma praia.
Imensos oceanos de amor e de carinho,
levo-os numa simples balsa,
atravessando e aportando, mundos fora,
levando a beleza, que construo,
peça a peça, como lindos bordados, que
vou estendo, na minha janela,
aberta a todas as pessoas, de boa vontade,
que preenchem os meus dias.
E são jardins, o que dentro de mim nasce,
ou a poesia, dizendo flores,
desabrochando ao sol ou no sorriso das
crianças, tão nossas e inocentes.
E em asas de pássaros, vão meus anseios,
de uma preocupação constante,
para com meus amigos e para com aquela,
que, em mim, cala fundo.
De anos tormentosos, fechado em vitrais,
derrubei correntes e algozes,
e na felicidade, dos que me são queridos,
me revejo, o que em versos fica.
Jorge Humberto
03/12/11
SIM… SEREI POETA
Perscruto, com meus olhos cansados,
de industrias e escombros,
a beleza, que nos céus eu desenho,
em lindas asas de pássaros.
Habituado à crueza, das coisas simples,
deixo-me envolver, como
num rio, que corre sereno, para a sua
foz, indo a barlavento.
No toque suave da brisa, nas árvores,
absorvo o subtil reverso das
folhas, como se as tacteasse, ao de
leve, sentindo-as nos dedos.
Crescem os jardins, em todo o seu vigor,
e as pétalas das flores,
são, em si, lustrosas asas, de borboletas,
pousando nos estames.
E crianças, na sua macia infância, brincam
alheias a tudo, sorrindo
aos amigos, que com elas partilham,
a sua mui ruidosa alegria.
E os velhos, sentados à sombra, das árvores,
recordam velhos tempos,
olhando demoradamente, para suas mãos,
lembrando-lhes caminhos tidos.
Não posso fugir, a este meu desígnio, de
poeta, em contemplação,
ao muito que lhe cabe, e que aos outros
deixa, em total harmonia.
Jorge Humberto
02/12/11
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
SE ME PENSO SOU NOS OUTROS
Se me penso, e quando mais me
penso, mais intenso é o
compromisso, que tenho para
comigo, e para com os demais.
Assim, neste pensar, pensar-me,
sou a contemplação,
com que me narro, ordinariamente,
e nos outros deixo.
Meu ser duplo é deveras complexo,
e tem muitas realidades,
com que meus olhos perscrutam,
na busca das coisas simples.
Pois minha poesia é todo o mundo
e toda a gente, que em
mim se revê e entende meus «eus»,
na tristeza ou na felicidade.
Jorge Humberto
01/12/01
MINHA POESIA É TODO O MUNDO
Quando escrevo, sou todo este mundo,
e as pessoas, que nele habitam;
neles sou o povo, que torno fecundo,
como labaredas, que crepitam,
em nossos punhos cerrados, gritando,
a plenos pulmões, pela liberdade –
que os novos ditadores, nos vão roubando,
impávidos e serenos, nossa vontade.
E a minha voz é uma corda de músculos,
abrindo portas e consciências.
Para que a todos, cheguem os crepúsculos,
em todas as suas fulgências.
E em cada verso, de um saturado caminho,
uma palavra se me agiganta,
chamando a mim, quem caminha sozinho,
fazendo uso de minha garganta.
Ao povo, sofrido, deixo-lhe o ensinamento,
para que não se deixe usurpar;
que pelo entendimento, vem o pensamento,
que não se olvida, de lutar.
Pois que o povo esclarecido, não tem algoz,
nem correntes, que a todos ofende;
seremos pois como um rio, que corre para a foz,
defendendo-se do mar, que o prende.
Jorge Humberto
30/11/11
MOMENTOS DE CARÍCIAS
Nas pálpebras, de teus olhos,
é lá que deixo meu beijo:
refulgente, carinhoso, cheio
de amor, para te dar.
E as minhas mãos, nos teus
cabelos, são o sonho,
de fantasias, que se revelam,
através do gesto, que em
ti ficou, como uma doce carícia.
Sorris-me enlevada;
e em silêncio, achegaste a mim,
desenhando meu rostro,
pelo tactear de teus dedos:
como um imenso mar,
enrolando-se na areia, de uma
praia, tão só nossa.
Dá-nos a natureza, versos de
amor, e, a felicidade,
está em sermos nós mesmos,
no darmos e recebermos.
Jorge Humberto
29/11/11
POEMA AOS BAIRROS DE LISBOA
Lindos bordados, engalanam janelas…
doura o sol, nas vidraças;
e vasos de flores (quais as mais belas!),
assemelham-se a belas taças.
Nos varais de cordas, roupas estendidas,
corando à luz, do astro-rei;
e nas janelas, eis, conversam entretidas,
vizinhas, coisas que não sei.
Nos parapeitos, deitam-se as lindas mantas,
colorindo as casas, a preceito;
orgulho de quem as expõe: tantas mas tantas,
que nos bairros, levam jeito.
Nas ruas empedradas, belos os desenhos,
que os artífices, lá deixaram…
em tons negros, são de todos os tamanhos,
que nos passeios, se elevaram.
Velhos espreitam a paisagem, em bancos
feitos, de tosca madeira,
escutando, ao longe, das crianças, os prantos,
numa tremenda zoeira.
E assim passam os dias, sonhando com o passado,
e com a juventude, amiúde;
e neles revemos, o que nos deixaram como legado,
mostrando ainda imensa saúde.
Jorge Humberto
28/11/11
ESTA ANSIEDADE, SEM RAZÃO
Esta ansiedade, sem razão aparente,
é o meu fado e triste sorte,
que me acompanha, escrupulosamente,
desde a nascença, até á morte.
Sempre um desassossego, se apresta
(neste meu ilusório, dia-a-dia),
lembrar-me, o bem pouco, que me resta,
o que da vida, tenho por companhia.
Espelhos oblíquos, em todo o seu desdém,
trazem-me o ridículo, de meu ser,
e eu, que sempre tento chegar, mais além,
nada alcanço, neste meu sofrer.
Em sublimes poemas, a exaltação do amor,
é para mim o oxigénio e a emoção;
e cantando-o, sinto um imenso estertor,
só não sei, de meu coração!
Ao povo elevo a minha voz, meu pendão!
E aí, sou a solidariedade,
àqueles, que, incrédulos, escutam o vil «não»,
de quem lhes nega, a liberdade.
Porém triste sou, sem quaisquer nostalgias,
que, a saudade, é carrasca,
de quem, sem ter nem porquê ou alegrias,
vai na vida, que o arrasta.
Jorge Humberto
27/11/11
DOCE DESPERTAR
Doces fragrâncias, chegam até mim…
pelo simples desabrochar,
das primeiras flores, da manhã chegada;
ainda o róscido, se mostra,
nas imensas árvores, reféns do fulgor do sol.
E a horizonte, a luz vai surgindo,
em miríades de lindas cores, que se desenham
nos meus olhos, embevecidos.
De janela bem aberta, para o fora, o cheiro a
terra é intenso, e eu aspiro,
o ordinário odor, como se eu próprio, fosse
parte da Mãe Natureza.
Crianças saem à rua, naquela sua desenvoltura,
a nós, tão característica;
e passam gatos, por cima dos extensos muros,
em movimentos felinos.
A manhã, é agora, finalmente, desperta,
cobrindo toda a paisagem,
com a sua alva luz, infiltrando-se nos lances
das escadas e das esquinas.
Mais abaixo, o rio corre em todo o seu esplendor,
trazendo em seu peito,
barcos, que se vão perdendo, no encontro com
o mar, de azuis profundos.
E da linha de água, uma imensa massa escura,
dirige-se para os campos,
adjacentes aos prédios, da enorme cidade;
e em asas de pássaros,
poisa no imenso descampado, em busca de
comida e de confraternização;
enquanto o céu, se enche de estranhos bailados,
e de melodias, graciosas.
Jorge Humberto
26/11/11
FALANDO DE BELEZA
Entrego-me à beleza, da Mãe Natureza,
ao natural sorriso, das crianças,
que nos anciães, é lembrança e saudade,
por nos seus olhos, se espelhar,
o que foram um dia, quando ainda tinham
o leal vigor, da juventude,
e o pronto galanteio, às lindas meninas,
que por eles passavam,
em toda a sua esbelta e forte feminilidade[…]
E pela douta emoção,
eis que me deslumbro e entrego-me às pessoas,
em toda a minha candura.
E são os jardins, grávidos de belíssimas flores,
o meu acerto final,
que é esta minha entrega, sem precedentes,
ao que é belo, a meus olhos.
Jorge Humberto
25/11/11
AS FRIAS MADRUGADAS
Nas manhãs frias, resguardo-me,
de meus pensamentos mais
sombrios, e busco, pelo douto
amor, as manhãs, de meus dias.
Doura o sol, de azuis imensos;
florescem as flores, nos
jardins, bem cuidados; enquanto
meus olhos, se dão ao
horizonte, paralelo ao grande rio,
que eu vejo de minha
janela, aberta, para o fora. Luz o
astro rei, em todo seu fulgor;
fazendo, com que uma esperança,
tardia, venha para ficar,
no cume, das árvores frondosas,
no bico dos pássaros.
Em busca de uma realidade, que
me seja plausível, deixo o
meu desassossego, a um canto,
e pelo cansaço, me venço.
Então cravo meus braços com setas,
e lanço uma corda de
músculos, de encontro ao focinho
da palavra, libertando-a,
de lápis inquisidores, restringindo-a.
E assim nascem meus versos,
já mais conscientes de mim e do que
me rodeia, sem pedir favores.
E erguendo meu punho (alto o
pendão), chamo a mim,
a responsabilidade, de meu saber,
que nos outros ponho.
Jorge Humberto
24/11/11
ASSIM O NOSSO AMOR
Doces emoções; rituais precisos;
assim é, quando estou contigo,
encostando o meu peito ao teu,
sabendo-me tu, teu fiel amigo.
Deitando-me no teu colo, todo
o meu desassossego, se esvai;
por entre respirações amenas,
deste nosso amor, que não cai.
No silêncio, que cala, em nossos
olhos, não há janelas, por abrir,
nem fúteis segredos escondidos;
somos uma alma só, a se fundir.
Deu-me a sorte e o fado, ter-te
por minha musa e companheira;
unidos lutámos, contra a inveja,
e juntos fomos na vida, por inteira.
Teus cabelos ao vento, lembram
asas de pássaros, no céu, a voar;
e sorrindo, encetámos um caminho,
sem ter regresso, nem olvidar.
Jorge Humberto
23/11/11
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
MEU POVO, QUE SOFRES… LEVANTA-TE
De sangue, de nervos e de músculos,
assim sou eu, nesta luta
constante, pelos direitos de meu povo,
a quem querem sonegar,
sua autodeterminação e soberania.
Não sei, se o que escrevo,
chegará, algum dia, aos governantes,
mas antes fazê-lo, do que
me omitir, ao que é a minha eterna
responsabilidade, enquanto
poeta e escritor, que não se deixa
castrar, pelo menosprezo,
dos vis ditadores, que, mais não são,
do que masturbadores
passivos, rendendo-se ao seu coto
incestuoso, que vai de
geração, para geração, entre vitrais
oblíquos, onde a luz do sol,
não entra, fechados em si mesmos -
indiferentes à voz da população,
e às suas imensíssimas dificuldades.
Então, lutemos, meus irmãos,
derrubando muros, que nos oprimem,
e nos tiram toda a dignidade.
Jorge Humberto
22/11/11
NADA DERRUBARÁ O MEU POVO
De punho cerrado, sairemos,
gritando bem alto, nossa
indignação, contra aqueles, que
nos roubam a dignidade.
Querem-nos calados e omissos,
como a qualquer coisa, a
vegetar; mas o povo não se
calará nem se deixará cair,
na fácil demagogia, tentando
confundir-nos, com suas
palavras de retórica - a mentira,
que o povo já não tolera.
Aos novos corvos da inquisição,
iremos mostrar, que não
nos deixaremos conduzir, nem
temeremos sevícias.
E como uma corda de músculos,
mãos dadas, caminharemos,
ao ar as bandeiras, reivindicando
nossos direitos indivisíveis.
E se a revolução vier, que ela vingue,
no coração e na mente,
de cada um de nós, que ás balas,
daremos o nosso peito.
Será um Portugal unido, honrando
a sua ilustre história,
que, pelo povo, se engrandecerá,
contra tudo e contra todos.
Jorge Humberto
21/11/1
PAISAGEM
Pela orla do rio passeio meus olhos,
que se enchem dum terno azul
e de uma verdejante paisagem, que
o delimita, num fulgor intenso.
Raso meus olhos na água celeste,
e recebo de encontro ao peito,
o frescor das ondas cavalo, salpicando
meu ser, de pura essência.
Pássaros, voando, daqui para ali,
fazem estranhos bailados,
por sobre a transparente superfície,
que vai para além da vista… a nós.
Na orla do rio, o cheiro à ditosa terra,
inebria os meus sentidos,
e eu julgo ver, dado ao horizonte,
barcos a se esmaecerem,
para lá do circulo, onde nascem
os arco-íris e vivem as
pessoas, que ainda não conheço,
e que canto em meus versos.
Bem-dito, meu querido rio Tejo,
que me fazes ser toda a
gente e todo o mundo, e tens
janelas abertas, além do infinito.
Jorge Humberto
20/11/11
sábado, 19 de novembro de 2011
DE E PELA LIBERDADE DOS POVOS
Meu ser consciente, que a nada se nega,
há muito se encontra ao lado deste
meu povo; mil desafios me foram então
impostos, enfrentando-os frontalmente,
com a força de meus braços e da palavra
coerente e sempre incentivadora.
Muitos serão, os que caminham a meu
lado, lutando pela sua autodeterminação,
punhos cerrados, na absoluta certeza, de
que, um dia, os seus direitos, serão
salvaguardados e postos, finalmente, em uso,
na concretização de suas liberdades.
E mais… o povo unido, jamais será vencido! E
esta realidade, não pode nunca, ser
posta em causa, se não se quer, que se
abra um procedente, sonegando a verdade.
Então, deixemos mãos na terra e façamos,
dos novos frutos, a luz que nos
alumia, alimenta e honra, pela progressiva
acção, de nossa luta, em prol da liberdade.
Jorge Humberto
17/11/11
ATENTEMOS AO ORGULHO DOS POBRES
Nesta tarde fria e cinzenta, penso
em todos aqueles, quem nem
de uma casa dispõe, que lhes sirva
de abrigo, ante a crua escuridão.
Não vivem, somente sobrevivem,
tentando, que, de algumas
pessoas, venha a compreensão e
o alento, que, nas ruas, esmolam.
Seus farrapos, de imensas estradas,
calcorreadas, não escondem o
orgulho, pelo qual se pautam,
de uma miséria, que tentam esconder.
Pois como toda a gente, são providos
de consciência e personalidade,
e, embora, não sejam mal agradecidos,
mantém o brio, enquanto pessoas,
com os seus sentimentos e emoções.
Tratemos pois, de a estes seres
humanos, não os deixarmos constrangidos,
que bem basta sua desgraça.
Jorge Humberto
18/11/11
MINHA POESIA, QUE ÉS LIBERDADE
Lá fora faz frio; e há uma ausência de mim,
que procura o conforto, da poesia.
Por isso escrevo, sem rimas, que a liberdade,
assim o exige, e a palavra mais discreta.
Entre espelhos oblíquos, vou-me narrando,
e todo eu sou sangue, carne e nervos,
uma corda de músculos, que vai daqui para
ali, como uma ponte, paralela a mim.
Como heras, galgando as paredes, assim me
encontro, e alto ergo o meu pendão,
estilhaçando todas as correntes e algozes, que
teimam em castrar, meus poemas.
Contudo não me deixarei abater, pelos novos
corvos da inquisição, e de lutas farei
meus dias, até alcançar, o que é de meu almejo,
de encontro o focinho da palavra.
Tudo o que faço ou não faço, a mim a pertença,
e a responsabilidade, enquanto poeta,
de levar até ao povo, a nobre língua portuguesa,
tendo na alma a verdade, que me rege.
E assim sou eu, em pedra trabalhada, esculpido,
pela generosidade de minhas mãos;
essas mãos, que a escrever, jamais se negaram,
à lealdade do verso, que não desmerece.
Jorge Humberto
16/11/11
A ESSÊNCIA DA VIDA
No meu caminho, ladeado por árvores,
que mostram, todo o esplendor do
Outono, acabado de chegar, para nos
surpreender, com a beleza, que lhes
cinge os troncos milenares e fecundos,
silenciosamente e de mãos nos
bolsos, sigo os meus passos, pensativo,
no reencontro com a Mãe Natureza.
Há, em cada folha caída, uma nostalgia,
invadindo os meus sentidos, que
procuram, nos matizes acastanhados,
qual o significado, de serem dessa cor
e não, de uma outra qualquer, a haver.
A cada coisa sua génese e essência,
e dessa realidade, não posso fugir, apenas
desfrutar, do que existe, para ser.
Tudo tem seu sentido e característica bem
definida, assim como o céu ser azul,
e o imenso mar, que ao longe se encontra,
realizando aquilo, pelo qual foi vontade,
de um Universo em ebulição, criando, passo
a passo, tudo o que meu olhar alcança.
E é esse haver uma realidade, totalmente
concreta, que me diz, do porquê das coisas.
E então compreendo, que a vida, a Natureza,
agem por inteira sinceridade, com seus
predicados e originalidades, que a mim, me
encantam, como parte, de um todo.
Jorge Humberto
15/11/11
RETRATO DE UMA NOBRE SENHORA
Dá-lhe, o rosto, a doce transparência,
num trato fino e bem cordial.
E quando gesticula, rasgos de inocência,
fazem dela, mulher sem igual.
E no seu caminhar, tem a aparência,
das suaves brisas, nas espigas.
Que nas mãos de seda, é a apetência,
da destinta vénia, sem intrigas.
Seus olhos, que da cor, são puro mel,
têm a discrição, da sã nobreza.
E esculpida, pela aturada certeza do cinzel,
és hoje senhora de gran beleza.
Menina-mulher, rege-te a decência
e a humildade, que não te deixa envaidecer.
Toda tu és feita de coerência,
e em teu sorriso, há um sol a nascer.
Jorge Humberto
19/11/11
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
MEU SER MAIS EMOCIONAL
Minha emoção, sempre ávida de novas
comoções, deixa em mim, a leveza
das coisas, vivenciado, a cada novo verso,
rios transparentes e lindas pessoas.
Na largueza de meu olhar, comovo-me,
com tudo, o que me é dado ver,
no sentimento que transborda meu peito,
e, em excelsa poesia, se me preenche.
Assim, desenho jardins e árvores frondosas,
sorrisos de mil crianças, na sua macia
infância, que vão, pela mão de seus queridos
pais, até mundos, a elas nunca vistos.
E todo eu, sou por dentro (ilustre coração),
e ponto por ponto, dos sonhos
faço realidades, ora tristes ora em tudo alegres,
dependendo de meu estado emocional.
Desabrocham flores virtuosas, em minhas mãos;
pássaros encetam voos, rompendo
o azul dos céus; e meu ânimo, é uma bela pintura,
suavemente exposta, no mais alto de mim.
E assim sou feliz, dando-me ao que há e ao que
se pressupõe, que, minha emoção,
deslinda, em terno versejar, o que só eu posso
pressagiar e vaticinar: da palavra… a voz.
Jorge Humberto
14/11/11
DE NOSSO AMOR E DOS AMIGOS… A VIDA
Nas encruzilhas da vida, onde nos perdemos,
temos de nos agarrar, àquilo que temos,
e fazer das forças, coração, que pela coragem,
caminho faremos, na mais correcta abordagem.
Viver é fácil, difícil é vivê-la; então há que saber,
o que é melhor para nós, e juntos aprender,
a gerir os nossos sentimentos, doando esse amor,
que nos rege, com honroso e solene, pundonor.
E se nos estenderem a mão, co toda a afinidade,
no bem-querer, que aufere, verdadeira amizade,
aceitar devemos, o que não tem pretensões:
não mais do que se chegar, aos nossos corações.
E aí, a estrada, será muito mais fácil, de percorrer,
pois que teremos dos amigos, a quem recorrer,
se em aflição nos encontramos ou vil desgraça:
que deles recairá em nós, o apoio e a distinta graça.
E já sem correntes, e no peito, toda a humildade,
gratos seremos, pela sublime humanidade;
que dos escombros saindo, eis, iremos agradecer,
ao amor e aos amigos, que nos ajudaram a vencer.
Jorge Humberto
12/11/11
ALMA GÉMEA DE MEU AMOR
Teu amor, sem precedentes, me contagia,
e sou mais eu, no caminho a ser percorrido;
ter-te assim comigo, é uma imensa alegria,
que, pla vida, vou descobrindo seu sentido.
Cativa, que me tens cativo, traze-me feliz,
de um amor sem receios nem preconceito;
caia a noite ou nasça o dia, serei o aprendiz,
de tuas emoções, guardadas em teu peito.
Mulher de meus sonhos, de todas a mais bela,
ensina-me a amar, quando é chegada a noite;
e o vento, assaz, rigoroso, bate na bambinela,
trazendo-me o frio mais cruel, como num açoite.
Olhos nos olhos… mãos mas mãos, a acalentar,
é de meu desejo o mais premente e ansiado;
que ter-te em minha presença, a me acompanhar,
tem-me do ensejo, o teu sorriso, mais esperado.
E quando te achegas a mim, com todo o carinho,
e no teu colo, predilecto, deito a minha cabeça,
sei que jamais, em tempo algum, serei sozinho,
que amarmo-nos, é nesta vida, a nossa sentença.
Jorge Humberto
13/11/11
VELHOS E NOVOS… VENCEREMOS
Ainda que as flores estejam despidas,
de todo o seu encanto e beleza,
não é esta a hora, amigo, para despedidas,
que o mar é calmo e nos traz a certeza,
de que unidos, a uma só e única voz,
aliados alcançaremos o sol, em tudo relevante –
e que reivindicando, nunca estaremos sós,
e levaremos nossa palavra avante.
E forçando músculos, sangue, nervos e coração,
à rua sairemos, em pleno desagravo,
erguendo bem alto, o distinto pendão,
tendo em nossas mãos cerradas, o histórico cravo.
E diremos “não”, aos políticos incompetentes,
que roubam ao povo, a sua pertença.
Mas mais uma vez, unidos, seremos presentes,
velhos e novos, unificados, pela mesma crença.
Jorge Humberto
11/11/11
DOS AMIGOS O AMOR, QUE EM MIM NUNCA ESQUECEU
Dos meus amigos, o aprendizado, que me fica,
por sua generosidade e humildade,
que, em gestos altruístas, comportam
todo este meu ser, ávido de amor e de amizade.
Eis, senão, que eu sou apenas, o cúmplice reflexo,
daqueles que me rodeiam, e encarecem;
janela totalmente aberta, àquilo que hoje
eu sou, na modéstia, que me foi deveras ensinada.
Nos escombros, de minha vivência, onde um dia me
perdi, foram dos amigos e da mulher
que eu amo, as mãos, que se me estenderam,
narrando-me novos caminhos, que desde então percorri.
Não trouxe inimizade nem estigmas, da cidade escura.
O sofrimento ficou comigo, e não me
manietou, ao que sempre foi a minha personalidade;
esse amor, que me regia, mesmo na dor, que me sofria.
E quando o distinto sol, se embrenhou nas minhas retinas,
e o desassossego, trouxe-me ao descanso,
livre, pude enfim desbravar, toda a minha verdade:
doar-me, sem algozes, a quem meu amor, sempre apreendeu.
Jorge Humberto
10/11/11
A BELEZA DE MINHA POESIA
Uma chuva persistente, cai no meu peito,
apenas por imaginar, que assim é;
alagando meu “eu” interior e seus jardins,
ao fundo as planícies mais verdejantes.
E em sua distinta orla, o rio galga, afora de si,
cingindo meu coração de cruas ondas,
que se esbatem de encontro ao mármore das
pedras, que ladeiam as águas, lado a lado.
Cavalos de espuma, com suas crinas ao vento,
vão pelos meus olhos, em debandada,
numa representação mental, onde a realidade,
são as praias, ao longe, numa suposição.
A chuva continua a cair, e eu, dentro de mim;
e meus braços estendidos, são asas de
pássaros, delineando voos, por entre o cinzento,
e as diferentes gradações, de meu ser.
Que os meus dedos, como se ampolas de sangue,
narram, apelando à natureza, as metáforas
com que me teço, entre as malhas da chuva oblíqua,
que cai por sobre as linhas, desta minha poesia.
Jorge Humberto
09/11/11
terça-feira, 8 de novembro de 2011
UNIDOS TEREMOS UM MUNDO MELHOR
Sou todo o mundo e toda a gente,
que comigo faz tenção de caminhar,
pra uma sociedade mais abrangente,
onde a amizade é confraternizar.
Da nova geração devemos bem cuidar,
filhos da esperança, feita realidade;
eis que nada lhes falte, e saibam amar
o próximo, sem distinção nem idade.
Aos petizes, o melhor aprendizado,
que os faça olhar, para os nossos anciões,
com todo esse respeito acumulado,
que a escola lhes deu, em suas lições.
Dos amigos e vizinhos, só o sorriso na face,
e a palavra solícita, a cada o instante.
E que a todo e qualquer distinto impasse,
venha a compreensão, nunca distante,
a quem apregoa o bem-estar e o cuidado,
de seu semelhante, à face da Terra.
Pois que ninguém, neste quadro adornado,
faça de seu dia-a-dia, uma inócua guerra.
Então iremos no azul, dos azuis, a lembrar,
o quanto somos privilegiados, amiúde,
sem nunca mas nunca, nos transtornar,
que o mais importante, é termos saúde.
E gira que gira o mundo, em eterna beleza,
erguendo jardins, de bem querença;
porque em tudo, nos sobra a certeza,
de que se formos unidos, a todos a pertença.
Jorge Humberto
06/11/11
O DE SERMOS AGRADECIDOS
Há pessoas, por pensar, em todo o seu
egocentrismo, que nada devem a ninguém,
que isoladas ficarão, em suas redomas
de cristal, alimentando o coto, já amputado.
São pessoas essas, que não têm um
agradecimento sequer, àquele que tanto
lhes dá, por generosidade e terno amor,
o que de melhor têm em si, como agente
da amizade e da harmonia entre o ser humano.
Sabermos reconhecer nos outros, suas
virtudes, é engrandecermo-nos a nós próprios,
preservando nossa personalidade e humanidade.
Quem anda no mundo, deixando os demais
de lado, por julgar, que a si se bastam,
cometem o erro crasso, de nada terem aprendido
na vida, e a ter de viver com seus espinhos.
Não há coisa melhor do que doarmo-nos,
sermos agradecidos e generosos, perante aqueles,
que nos estimam, e soltam seu coração ao alto,
para chegar aos corações solitários.
Mas como um belo jardim, apresentando seu
colorido, há pessoas que preferem viver nas trevas,
do que apreciar as flores, abrindo-se ao sol,
em todo o seu imenso esplendor e sinceridade.
É preciso resgatar do limbo, os valores morais,
sermos nos outros, como se fora em nós mesmos,
assim, o caminho, será bem mais facilitado,
e todos nós poderemos sorrir, por termos amigos.
Jorge Humberto
08/11/11
EIS-ME A QUEM SOU
E dão-me azul, aos olhos, as águas,
que no rio vão; brancos, os cabelos,
das espumosas ondas, que no mar
se espraiam; pele suave, das dunas
o acerto, esbatidas pelo brando sol.
E são de sal, estas minhas mãos,
que já correram oceanos, a se perder
de vista: o sangue que delas emana.
E meu caminhar silente, como a uma
brisa, é das árvores, sua essência;
meus braços, uma corda de músculos,
na firmeza das heras, mais antigas.
Na alma invicta, ora o sol, ora a lua;
do pensamento a destreza, sem fim;
e se pela emoção me dou, amor
irrestrito, que vai de mim, para os outros.
E na orla de meu peito, coração em
debandada, como crinas de cavalos,
estendendo-se nas verdejantes
planícies, que são todo este meu ser.
Jorge Humberto
05/11/11
AMAR SEM LIMITES
Só o amor ama por debaixo da vaga.
Não há aqui outro sentimento igual,
que nos traga, em mãos, a ternura
e o encanto, de uma alegria consensual.
Desde petiz, que me rodeei de amor,
entregando-me a ele e à sua sorte.
De avanços e de recuos se fez o caminho;
do que só se extingue, pela morte.
Amor é uma dádiva, que é de bem guardar,
no coração e na mente, o cuidado a ter.
Compreensão, que requer reciprocidade,
de uma união, alicerçada no bem-querer.
De simplicidade e humildade, se faz o gesto,
de entre pessoas, que amam de verdade.
E a felicidade assume total preponderância,
buscando sua essência, pela fidelidade.
Meus versos de amor, não têm correntes,
livres, no correr, são pura emoção.
Amar, ama quem pode, sem restrições
nem altivez, num estado de contemplação.
Por isso eu amo, até ao mais infindo de mim,
sem retrocessos nem desmandos infelizes,
que ao amor roubem a mais linda esperança,
deste amar sem algemas nem cicatrizes.
Jorge Humberto
04/11/11
sábado, 5 de novembro de 2011
O SEM SENSO DA POLUIÇÃO
Absorto, em meus pensamentos,
numa letargia, sem precedentes,
olho a janela, aberta para o fora,
e o que vejo é uma realidade crua,
de ferros retorcidos e máquinas,
sem ter mais uso, encostadas a um
canto poeirento, desvirtuando
o campo, que ainda assim persiste.
Fábricas vomitam vidro, junto com
outros excedentários, poluindo a
parca natureza, com a sua fuligem,
que vai tingindo as poucas árvores.
E o velho rio, de sempre, apresenta
tons lamacentos, que meus olhos
detectam, com uma extrema tristeza,
relembrando, o quanto azuis, eram
suas águas, em tempos, que já lá vão.
E os pássaros, em debandada, procuram
poisos certos, no aço dos guindastes,
que pululam, sem vida, ferindo a paisagem.
Jorge Humberto
03/11/11
NUM DIA DE CHUVA INTENSA
As nuvens, em mau presságio,
anunciaram-se pela manhã,
lá onde o horizonte é dado ao
rio, e de negrume era a sua
ostentação, que nos céus se
refletiu e lá permaneceram.
Quando as nuvens convergiram,
umas nas outras, uma chuva
Intensa, cobriu montes e casas,
impedindo, ao olhar, mais
atento, que este descortina-se,
o que estava para além de si,
no seu cair desenfreadamente.
Pessoas e animais, correram a
abrigar-se, entre as árvores
próximas e os beirais dos prédios.
E nas vidraças, como se intensas
lágrimas, a chuva foi deixando
seu rastro, que no chão, foi
criando poças, para onde quer
que se passasse, na pressa de
chegar. E o rio, tornou-se, de fio a
pavio, caudaloso, com ondas
saindo de suas margens, inteiriças.
E agora, que é chegada, a distinta
noite, a chuva persiste, no seu
cair água, atapetando os jardins,
com os seus riachos artificiais.
E um som harmonioso, como cordas
de um piano, conduziram meus
dedos, através dos mais ilustres
versos, que, pela chuva, nasceram.
Jorge Humberto
02/11/11
ME CONCEBO PELA POESIA
Meus poemas, que me dizem e me
expõe à realidade, de quem
sou, ou me presumo, por minha
consciência, são como às
águas de um rio, que entre escolhos
busca o melhor caminho,
para chegar ao seu ansiado destino,
no correr das margens.
De olhos limpos, sem que fira a paisagem,
ergo jardins, grávidos
de flores, e todo eu sou fragrâncias distintas,
pois é neles que me cumpro.
E como um pássaro, estendendo suas asas,
enceto voos sem fim,
percorrendo os altos céus, que me cingem,
e que dos algozes me libertam.
Jorge Humberto
01/11/11
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