quarta-feira, 9 de março de 2011
NUMA MANHÃ DE AMOR
Nas pálpebras assentidas de teus
olhos, por sobre a leve brisa do vento,
desviando o cabelo de teu rosto,
breve beijo deixo nos teus lábios,
segurando em teu colo tuas mãos
em cruz, na suavidade de tua pele.
Deixas fugir um sorriso de menina
e gesticulas pacientemente um jogo
de mãos e de braços, que eu calo
num abraço profundo, como se fora
o mar aqui e nossos corpos em
movimento, procurassem o seu porto.
Nos quatro cantos do quarto aberto
aos sonhos de anil e de marfim e de seda
despojamo-nos de resquícios de
roupa, que ainda insiste em tapar-nos,
como se houvesse pudor entre dois
amantes, que cobiçam a nudez purificada.
Entre lençóis de linho da cor do carmim
elevamo-nos ao prazer explícito,
que o amor proporciona, a quem ama,
sem preconceitos nem estigmas,
e o delírio toma conta de nós – assim –
até ao êxtase final, na ponta do cigarro.
É manhã lá fora; refulge o sol a horizonte;
e enquanto as pessoas deambulam,
de lá para cá, no caminho do trabalho,
nos tecidos amontoados de nossa cama,
agarrados um ao outro, acabamos
por adormecer, ouvindo longe o Rouxinol.
Jorge Humberto
09/03/11
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