domingo, 15 de agosto de 2010
O LIVRO E A NATUREZA
Sento-me nas falésias de mármore
contemplando o mar e os
rochedos pontiagudos, emergindo
das águas,
salpicadas de verdes e de corais.
Abro o livro no ponto exacto onde
o deixei, na madrugada de ontem
e ponho-me a folhear,
conforme vou lendo com avidez,
a história que ele me narra.
É um folhetim policial e conta-nos
a história de um detective
solitário, que tem poucos a quem
chamar de amigo e faz da sua
profissão, o seu modo de vida.
Uma brisa fresca sobe pelas falésias
vinda directamente do mar,
mas abaixo, refrescando-me e
dando-me alento para pôr o livro
de lado, contemplando a natureza.
É majestosa, no seu estado natural,
e consigo descortinar à distância
um ponto negro, a horizonte,
tratando-se provavelmente de
um navio, indo para parte incerta.
Certo é o caminho, que farei de
regresso à cidade, agora que satisfiz
a minha curiosidade junto à costa,
donde as ondas são como cavalos
de encontro aos rochedos.
Antes de me ir pego no livro com
cuidado e tacteio com volúpia, numa
satisfação íntima, o manuscrito,
que deixei para ler com entusiasmo mais tarde,
quando a noite se anunciar, de novo.
Jorge Humberto
12/08/10
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