sábado, 25 de setembro de 2010
O ESCRITOR, O POETA E O DOCENTE
Escrever é um acto solitário, onde escritor e sua pluma se encontram a sós com as palavras, que vão correndo na folha, conforme a inspiração do momento. Inspiração que nem sempre aparece ou fica cortada pela metade, se se tem de fazer algum esforço sintético e mecanizado para que a escrita surja. Aí deixa de ser um acto natural para ser algo feito com custo, onde o escritor emprega vacuidades e recorre a mecanismos (que fazem parte de sua profissão), para conseguir escrever algo de palpável e de compreensível. Quando a inspiração está com o escritor, escrever é algo de sublime – a sustentável leveza do ser.
Todo o escritor ou poeta tem o seu «momento» de escrita, onde tudo é bem planificado e o pensamento discorre sem correntes nem afrontamentos, e o autor se sente como que realizado, pelo trabalho desenvolvido ou em desenvolvimento. Tenho uma grande estima e orgulho por todos os que escrevem, de mãos dadas com a sua musa, para esclarecer e ensinar o povo, menos elucidado e sem voz. Quando se solta a voz do escritor (a que a pluma dá vazão) pode-se contar com a sobriedade e a solidariedade do autor, em nome de seus leitores, pois essa é a sua função – escrever para esclarecer.
Aqui o olhar do escritor é astuto e perspicaz, conseguindo ver para além do visível a olho nu, todas as nuances porque passam as metáforas, para alcançar o seu público, ávido de leitura. No entanto preocupa-me, como escritor e poeta, o excessivo número inaceitável de iletrados, por esse mundo fora, que assim não adquirem a informação necessária, para empregar no seu dia-a-dia e na sua vida pacata. A raiz do problema está nos “docentes”, que bem pelejam por melhorias, para um bom ensinamento, de seus alunos, mas que não são atendidos. Os livros escolares não professam os melhores escritores, e, o que ensinam, é esforço de professores e de poetas, que
dão de si para ajudar o docente, escandalizado com a falta de atenção, por parte do Ministério da Cultura. Particularizo o povo português onde o ensino está de rastos, devido a adiamentos sistemáticos dos vários partidos políticos, que passaram pelos Governos, prometendo que a sua «paixão» é o «ensino» e depois nada fazem, retardando o inevitável. Os docentes também são escritores de boa «cepa» e há que se lhes dar o mérito pela acção educacional, à sua custa. O escritor está atento a tudo isto, e, em suas crónicas, vão ao cerne da questão, doa a quem doer. São eles os cavaleiros de uma nova estrutura, a levar em conta já.
O literato de profissão (por mais que tentem rasurar e adulterar seus textos), tem dentro de si os bons valores, que regem uma sociedade, e nunca foge às suas responsabilidades, que aceita de bom grado, contra tudo e contra todos, sendo por vezes enxovalhado e menosprezado, numa nova contra cultura vergonhosa. Sim, o escritor, o poeta e o docente, sabem bem que existem os novos corvos da «inquisição», riscando o que não é aceitável, para os senhores dos magistérios públicos, que hoje por hoje se vendem e vivem da omissão (claro que nem todos agem assim, como aqui deixei escrito e bem explicito).
Jorge Humberto
15/09/10
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