segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
DESPEDIDA DO VERÃO
Um cheiro agradável a terra molhada,
cheiro esse deixado pela mais recente
chuvada,
invadindo e encharcando jardins e
enchendo de ar puro o ar que respiro,
entra por mim a dentro, por todos os
meus poros de pele eriçada.
Fecho atrás de mim a janela de meu
quarto, e, virando-me, pequenos rios,
correm pelo vidro, tomando-o por
inteiro, nas suas mais incríveis linhas
naturais, ao que pela natureza prevaleceu.
O trovão que se aproxima, ribombando
deixa adivinhar,
nas ondas sobressaltadas do rio,
acompanhadas de fortes relâmpagos,
nova e bem mais encarniçada chuva.
Um louva-a-deus imóvel no jardim, junto
às fartas rosas e unidas umas às outras,
suporta os pingos de água que as mesmas
largam, libertando-se do excesso líquido.
E o cheiro a hortelã é cada vez mais nítido,
quando a chuva recomeça a cair em grande
força, libertando olores mais e mais fortes,
o que me causa uma certa irritação,
sensível às fragrâncias que se mostrem
mais acentuadas.
De capa e capuz me cobrindo deixo-me fustigar
pela água e reparo enaltecido, no movimento
circulatório, que o nosso louva-a-deus
executa lentamente, até alcançar a segurança
de uma grande folha, de uma não menos grande
rosa, tentando fugir à raiva do vento e
à fúria da chuva, que cairá o resto do dia
e da noite, sem intervalos pelo meio.
Regresso a casa todo molhado mas satisfeito
pelas maravilhas da natureza.
Jorge Humberto
18/09/09
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