terça-feira, 26 de janeiro de 2010
À BANALIZAÇÃO DA POESIA
Ando cá e lá…
Sou tanto de desdenho
Como sou de incongruência,
De minhas múltiplas vontades,
Dos meus desejos mais carnais,
E já me questiono
No supremo abandono,
A que votei estes meus passos,
Que se eu fora um pouco mais,
Do que o que aqui se mutila,
Certamente veriam da luz o sobrolho,
E do olho a vasta pupila,
Que não cabe na vulgaridade,
Ou na banalização do facilmente
Dedutível.
Mas, por outro lado, se sou quem
Se omite e representa,
Quem é o que se ostenta
E vem até mim, de palavra vã,
Como num fulgor dado à manhã,
Sabendo eu que lá fora,
Ainda vai a noite
Segura e irreversível?
Sim… há aqui muita banalidade,
Mais de acomodatício,
Veja-se o quanto de falsidade,
Em prol de um ambidestrismo!
Antes então o que não cala
E é frontalmente isento,
De qualquer dualidade
Ou segundos critérios,
Que o sorriso como unguento,
Servido em frascos de arsénio.
Jorge Humberto
(13/01/2004)
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