segunda-feira, 29 de agosto de 2011
OLHOS PARA NADA
Quem procuras tu,
Nas gotículas, que a chuva deixa,
Esquecidas
No erotismo das janelas molhadas?
Quem procuras tu,
Quando a noite impõe a solidão
Ao azul imenso,
E o coração é queixa
E silêncio?
Quem procuras tu,
Na feminilidade das águas sabidas,
Ali deitadas – corpo inteiro,
E aqui sentidas – suposto rio?
Quem procuras tu,
Quando das estrelas,
O sorriso fulgente se apaga,
E anuncia o minuto primeiro
Da madrugada?
Ninguém!
Pois que pode
Procurar alguém,
Tendo sempre janelas fechadas?!
Janelas fechadas
É como ter olhos para nada.
Jorge Humberto
(In Saiu a Fera de mim)
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