segunda-feira, 12 de abril de 2010
CAVALO À SOLTA NO MEU PEITO
Chove, porque assim tem de ser,
E eu paro para te ver,
Cavalo à solta no meu peito.
É uma chuva que só eu consigo vislumbrar
E dou por mim a cantar
Um belo soneto a seu jeito.
Não à cigarra que cante,
Não à chuva que molhe tanto,
Como esta
Em que te levo o meu pranto.
É uma chuva medonha
Que cai na terra enlameando-a,
Pobres dos narcisos e da cegonha
Encharcados de tanta água,
Que em mim fica a mágoa
De não te ter junto a mim.
Sou um néscio
Um alecrim,
Que não entende a procura de deus
Neste mundo sem fim.
A nós nos justificamos,
Essa procura incessante,
De algo insignificante.
Palavra castrada,
Espoleta de uma granada
Que nos decapita braços e pernas.
As minhas palavras não pretendem ser ternas,
Só sei que chove lá fora, porque assim tem de ser
E eu dou por mim a tremer
Por não te ter junto a mim.
E este poema só terá fim
Quando parar de chover
Dentro de mim.
Chove,
E assim está certo
E assim tem de ser.
Jorge Humberto
29/01/07
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