terça-feira, 6 de julho de 2010
DÓI-ME A DOR DE QUEM SOFRE
Dói-me as crianças sem futuro
dói-me as mães que não têm
leite para seus bebés
dói-me os maltratos cometidos
contra a macia infância das
crianças
dói-me a exploração desses
meninos e meninas obrigadas
a trabalhar de sol a sol
dói-me seu choro calado
para não se denunciarem dói-me.
Dói-me que espanquem mulheres
para mostrar um machismo irracional
dói-me que não sejam protegidas
e que sejam acossadas como
animais
dói-me as dores que elas suportam
e se calam num silêncio de medo
dói-me que vão à polícia e
que estes ainda as culpem como
oferecidas e provocadoras
quando o que querem é serem cuidadas.
Dói-me os animais abandonados
sem terem voz para pedir ajuda
dói-me que os vilipendiem
e que os assassinem em sacos
jogados ao rio mal acabam de nascer
dói-me que passem fome e que
andem na rua cheios de cicatrizes
de maus tratos impostos
por quem não tem condições
para ter um animal consigo
tal a brutalidade de seu ser ordinário.
Dói-me esta dor que é mais dor
no coração que no peito
dói-me não poder fazer nada
e sentir-me desleal para quem precisa
de carinho quando eu não posso doar
dói-me a carência e a droga
mais o álcool que se propaga
dói-me os políticos omissos
que querem o poder a todo custo
e não pensam no povo que sofre
as agruras do mau génio desta raça.
Dói-me tudo e sofro por antecipação.
Jorge Humberto
05/0710
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