domingo, 18 de julho de 2010
NOS BRAÇOS DO RIO
Roubei-te um beijo com leve sabor a maresia. Meus lábios salgados
encontraram os teus e eu não resisti à irresistível sede de te beijar
cabelos
esvoaçantes ao vento da tarde solarenga com o rio a emitir seus traços
de prata nas ondas cavalo com espuma feita de galgos esbeltos feitos
de platina.
O sol encontra-se no seu zénite e o calor é sufocante: caminhamos em
direcção ao rio e arregaçando o teu vestido descalçaste as chinelas
e mergulhaste os teus pés na frescura da água reflectindo o astro-rei
no cós de minhas calças, que logo despi para juntos encontrarmos a água.
Brincamos
como dois adolescentes no vigor das águas frescas e demos as mãos para
que o compromisso e a alegria fosse mais coesa e em conjunto nadássemos.
Por um acaso no nosso deslumbramento engolimos água à medida
que sorriamos e o sorriso com algum atrapalhamento pelos goles desmedidos
fez-nos engasgar e tossir para alívio de nossas gargantas.
Retirando o cabelo dos olhos pudemo-nos ver com clareza e o silêncio pairou
no ar por instantes, olhos brilhantes e pestanas como se com com rímel
nadamos um até ao outro e beijamo-nos longamente.
Subindo o pontão de madeira velha que logo rangeu ao nosso caminhar
demo-nos conta que o melhor seria apanhar um pouco de sol, para dar uma
corzinha à brancura de nossa pele. Deitamos uma toalha no chão e
espalhamos um pouco de bronzeador e assim ficamos juntos e em comunhão.
Jorge Humberto
17/05/10
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