sexta-feira, 16 de julho de 2010
TRAVO AMARGO
Cigarro após cigarro travo o
fundo amargo do tabaco.
Cinzeiro cheio diz de minha
ânsia sem precedentes.
E o sabor do café morre
maduro no meu palato.
Por certo procuro algum
bem estar, que não vem.
Na rua as pessoas passam
indiferentes a tudo isto
e eu me conformo diante
do espelho obtuso.
Não é o que eu queria mas
é o que tenho e vejo-me
limitado ao sonho precoce
que nunca é como eu desejo.
Acendo outro cigarro e bebo
um gole de café frio entretanto.
Tento fazer um poema mas
as palavras fogem-me
e eu não consigo seguir seu
raciocínio lógico e prudente.
É certo que este calor que
resolveu aparecer
não veio fora de horas e eu
que detesto o cheiro do suor.
Sou prepotente quando
penso que isto só acontece a mim.
Mas eu não queria nem um único
cigarro, que me mata lentamente.
Sou sobrevivente e não deixo
meu destino por mãos alheias.
Vou-me embora a poesia já
disse o que queria.
Só eu não sei se disse o que
gostaria de ter dito.
Enfim eu não sou perfeito
terão de se haver com o que escrevi.
Jorge Humberto
08/07/10
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