sábado, 28 de maio de 2011
GATO NO MURO
Dia cinzento lá fora, a chuva apossou-se
do tempo incerto, que se faz sentir,
e as pessoas caminham apressadas
para a rotina diária, que os faz tristes.
Mulheres à janela secam as roupas,
numa incerteza de trapos molhados,
enquanto os gatos se passeiam
com olhos de criança, na sua macia infância.
No entanto a chuva não demove os pardais,
de procurarem a sua comida, andando
em duo, como todos os casais o fazem,
pintando um quadro lindo e quotidiano.
A esta hora as flores estão abertas
para receber a água bem-vinda e desejada,
contrariando o clima quente e de verão
que se faz sentir, numa primavera irregular.
Namorados enleados uns nos outros,
percorrem as ruas de sorriso nos lábios,
parecendo contar segredos que só eles sabem
e conhecem, como as palavras de uma bíblia.
No mais nuvens esgarçadas, são farrapos
de panos velhos, que sujam o céu e os olhos
de quem olha para elas, tentando adivinhar,
que roupa hão-de vestir antes de sair à rua.
Para espanto do gato, que se equilibra
no cimo do muro, uma matilha de cães passa
indiferente ao felino, pelo encharcado,
pela chuva miúda que teima em cair.
Jorge Humberto
26/05/11
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