segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
A MENINA E OS CAMPOS DE TRIGO
Entre bambinelas e o vento norte
debruço-me à janela
para ver os vastos campos de trigo
a perderem-se de vista, e quanto mais
eu afiro meus olhos para lá das
planícies , mais o sol impede minha
visão de ir mais além.
Vastos campos de cevada , em seus
terrenos cultivados pela mão da mulher
e do homem, lançando cordas de
músculos e de nervos, são paraíso para
inúmeras aves que ali fazem seu poiso,
para comer as sementes caídas
de arrastão no milagroso chão.
E pela manhãzinha, a menina de seus pais,
põe-se a caminho, atravessando o longo
trigal, por entre trilhos e folhas mais altas do
que ela, para ir levar a merenda aos seus
progenitores num cesto com muita água
e enchidos de carnes, mais a fruta fresca,
dando-lhes assim o merecido repouso.
Como é emocionante ver estes campos a
perderem-se na linha do horizonte. Em seu
tom harmonioso, quais ondas suaves de
um mar terreno, recheado de vida, que nos
leva a cogitar sobre a importância de bem
viver, na importância de quem trabalha a terra,
de sol a sol com um cantiga de intervenção.
A menina de seus pais caminha agora em
direcção à escola, e eu vejo-a passar todos os dias
nos umbrais de minha janela. De ordem
e de esperança são os versos que todos dias ela
enfatiza, trazidos por todos aqueles que nunca se
vergaram a um só patrão. Que a terra é de quem a
trabalha em todo seu esforço e dedicação.
Jorge Humberto
12/11/09
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