terça-feira, 25 de janeiro de 2011
É ALZHEIMER PAI
Caiu sobre nós a desgraça,
vil, atroz, assentou praça –
roubando-nos o descanso,
e o gesto, sereno e manso.
Alzheimer é, em seu início:
disse-o a médica plo orifício
dos óculos, de lente larga,
comigo e a mãe, à ilharga.
Aceitamos como evidência,
e às mãos da douta ciência,
entregamos o querido pai,
que por ora de casa não sai.
A medicina traz-lhe epilepsia
junto com tremuras dia a dia,
desfalecimentos abruptos,
que os veios estão corruptos.
O melhor será ida ao hospital,
para que tratem do pai afinal –
por mais cuidados que hajam
melhor que nós outros reajam.
Difícil vê-lo, pai, aí, tão doído,
sem reacção, demais sofrido,
e deixo vaguear a imaginação,
vendo-te passear qual alazão.
Volta, para nós, pai, peço-te!
Eu sei que és forte, conheço-te!
E nada te vencerá – o destino,
se nosso fado, só o é em menino.
Jorge Humberto
17/01/11
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