terça-feira, 25 de janeiro de 2011
ALDEIA PERDIDA
Desce do monte, mais e mais,
um frio a baixar e à sua Razão.
Entorpece pessoas e animais,
perdendo os corpos sensação.
No baixo vale, aí ele perdura,
e, as gentes, acostumaram-se,
co o frio, que é de muita dura,
por isso bem alimentaram-se.
É tal a rudeza, que gela os rios,
circundando as inertes aldeias.
Só às crianças não vêem os frios,
preocupadas com umas asneias.
Ainda assim a populaça é forte,
e nisto os homens talham lenho,
e, as mulheres, de lavar, no pote,
levam as roupas, alto tamanho.
Um nevoeiro forma grande bola,
lá bem no profundo, do monte.
Parece desaparecida vã aldeola,
que, não sei, se no verso, conte.
Mas a Natureza é mui generosa,
e com o avançar do ritual do dia,
o sol teima em romper a nebulosa,
dando aos aldeões, rara alegria.
Na teima insistiu e ganhou o Rei,
nosso Astro; dizimando a nébula,
de fio a pavio; assim dita a Lei,
quando a mão é fraca e trémula.
Agora já se vê o nevoeiro a subir,
por onde antes desceu temerário:
o que cai, também tem seu porvir,
que o que nos cuida não é ordinário.
Pois que a Mãe de toda a Essência,
vela por nós, homens e mulheres,
crianças e velhos, na sua sã anuência:
vede bem: sede aqui o que quiseres.
Jorge Humberto
17/01/11
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