quarta-feira, 5 de maio de 2010
ECCE HOMO
Querem-me pertença, prisão,
Renúncia, coisa,
Sustento de fragilidades,
Unguento para futuras saudades,
Algo de mim, que seja outro,
Que não este que vos escreve,
Que chora, grita, revolta,
Propõem, alimenta e diz não,
À alma mais desatenta;
Querem-me sobretudo,
Se digo veludo,
Como se o mundo lá fora,
Fosse só isso,
Um ponto preciso,
Um auto flagelo,
Em nome de uma preponderância
Implícita e irreversível;
Mas não vedes vós que,
Prostituta
Ou
Indigente,
Anjo
Ou
Demónio,
Opinável
Ou
Desaconselhável,
Opróbrio
Ou
Altruísta,
Eu sou muito mais
Do que isso,
Pois que sou todo o mundo
E toda a gente?
Querem-me poeta,
E ainda me trazem uma gaveta?
Jorge Humberto
(15/11/2003)
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