terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
CIDADE EM ESCOMBROS
Peculiares estrelas reluzem no céu,
espelham-se nas águas,
mais abaixo,
no tremeluzir cintilante das árvores,
no rio de sempre;
e os meus punhos de carmim são
como gumes de facas,
direccionados à lua,
que continua parada no seu cinzentismo
de silhuetas informes, em paredes
indivisíveis, de ilusões de outrora.
Janelas com olhos de mosca, acendem
escritórios,
com manequins no lugar de pessoas;
e guindastes abrem suas temíveis
mandíbulas,
que nos muros se desenham e os gatos
ignoram,
como sem vontade de ter vontade,
senão o que os move por estimulação
siamesa, dando caça ao alimento, que
lhes exige de felina criatura audácia.
Estátuas cheias de verdete, engalanam
as ruas e avenidas,
sem carros nem transeuntes,
apenas e só vagabundos, dobrados em
quatro,
na agonia das sirenes, que se calaram,
sem aviso prévio, enquanto todos
continuam escondidos em subterrâneos,
fugindo das bombas, da Terceira Guerra
Mundial, que principiou
com um irreflectido gesto tirânico.
Só escombros na cidade, a este momento
avançado da minha escrita, enquanto
as pessoas se estreitam,
nos esconderijos e ouvem os
queixumes,
das crianças e dos idosos,
implorando por um pouco de água, mas
sair à rua é suicídio, e entre choros,
espeto meus braços com setas e vou
à luta infame, que se trava lá fora,
num mundo, que agora desconheço.
Jorge Humberto
13/02/11
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