Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

domingo, 12 de dezembro de 2010


APENAS UNS VERSOS


Compulsivamente o sol venceu o gris,
das ondas e do céu mostra-se ameno,
em toda a sua generosidade rarefeita,
lembrando a sua génese contrafeita.

Continua a brilhar na noite insalubre,
com fogachos de luzes intermitentes,
e lá dentro nas casas as luzes brilham,
enquanto à mesa as pessoas se animam.

E guerreiam as estrelas, pela posição,
que julgam de direito no espaço sideral,
caem, levantam-se se metarmofeiam,
e do brandíssimo Universo se alheaião.

E uma criança com bola joga a rodapé,
esquecendo a chuva e o frio lá fora,
bola para cá, bola para lá, num ritmo
preciso, que o sono, brando, é íntimo.

Jorge Humberto
11/12/10

DE MUSA SE FEZ SILÊNCIO


De musa escolhida,
a musa descabida,
foi um passo
a rememorar,
levando o poeta
a se atentar,
que estava só sem
palavra da escolhida,
com seus versos
falhos de palavra amiga.

Assim sem musa,
que o poeta usa,
na entrega total,
com setas nos braços
e músculos,
astuto chacal,
devorei géneses,
que do poeta foi um dia,
os poemas cantados,
em firme sincronia.

Tudo isso acabou,
tudo isto findou,
meus versos
vão sozinhos,
na noite sem par,
mais os reversos,
do poema difuso;
não me importa,
nem quero saber,
se há alguma porta.

Jorge Humberto
10/12/10

TRISTE LUAR

Cai a noite no cinzento cru do rio,
vem branda mas trás tanto frio,
que eu sou obrigado a lembrar,
que é o inverno lá fora, a regelar.

A tudo colhe o seu braço esguio,
muros, casas, de negrume tingiu
a mão que a cobre, sobre o luar,
sem estrelas no céu a enamorar.

E as pessoas que de longe cingiu
perguntam-se se alguém partiu,
ou se é assim, a tristeza a chegar,
de mansinho, parecendo chorar.

Jorge Humberto
09/12/10

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


MEDO



No dia em que me esquecer de ti,
de mim me olvidarei para sempre…
como vagabundo andarei por aí,
sem passado, futuro ou presente.


Desleixado em meu caminho serei,
entre esquinas, dormindo escadas…
e tudo que alcançar é aquilo que não sei,
nem quantas serão aqui as estradas.


Meu nome deixarei ao esquecimento,
com janelas fechadas para o prazer…
e viverei num eterno entorpecimento,
de todo perdido, sem saber o que fazer.


E quando, enfim, a omissão se formar,
apoderando-se de mim sem remissão,
num golpe de asa, hei-de me lembrar,
que um dia, já foi teu, o meu coração…


Jorge Humberto
08/12/10

MAGNÓLIA

No meu peito aberto, magnólias
e nardos; mais as rosas
esquecidas, no teu regaço aberto,
não por acaso as deixei lá devidas,
comigo aqui por perto.

De pétalas cubro o teu sono,
que eu desvendo, brincando
com os teus sonhos, de cá para lá,
e de lá para acolá,
como que levitando.

E acordado em mim, ciente de
minha postura, teu corpo desvendo,
pelo toque suave de minha mão,
que tem cheiro a terra e desfolhada,
e é um rito qualquer, de antemão.

Acordas; sorris; e voltas a adormecer,
na quietude da noite branda.
Fecho as janelas e, deitando-me,
a teu lado, sopro-te um beijo,
de roupa te cobrindo, ajeitando-me.

Jorge Humberto
06/12/10


AH, DÊEM-ME ROSAS!



Quis Deus que eu fosse esta fraca figura,
Que não tivesse nem terras nem empresas,
E deu-me por espinhos excessiva ternura
Com que visto as minhas muitas incertezas.

E o sono vem sempre tarde por esta altura,
Quando a partilha é solidão e reais certezas...
E o vetusto caminho, de minha candura,
É uma paisagem vazia de mãos ilesas.

Assim sou dois, o que quer e o que rejeita.
E revolta-se-me o coração, a toda a hora porvir,
A vida e com ela o amor que me enjeita.

Ah, dêem-me rosas, e um mar de calma!
Brancos braços de mulher onde dormir,
O meu desassossego, a minha alma!


Jorge Humberto
(07/08/2003)

domingo, 5 de dezembro de 2010


CANTIGA DE AMOR

Com flores te recebo e calo
porque no silêncio
está a tua voz de quebranto
e de amor eterno,
como este céu que te canto

Céu de estrelas e de um pranto
que é mais ausência
que dor no peito, chora baixinho
a guitarra em meu leito,
cai a noite segura devagarinho

E o beijo recebido com carinho
adormece nos braços
de uma canção,
que na areia das praias e das conchas
é toda esta minha emoção

Jorge Humberto
05/12/10

SOBRE O NATAL

De bambinelas e de cobertas coloridas,
se enfeitam as janelas;
e as casas enchem-se de luzes, parecidas com elas.

Na cozinha vai um grande rodopio,
de volta das refeições;
escutam as crianças histórias, cheias de emoções.

Todos saem para comprarem os presentes;
as lojas estão cheias;
e as prendas ficam dependuradas, dentro das meias.

O bom velhinho virá de trenó, com seu
gorro vermelho;
trará brinquedos aos molhos e até um espelho.

E de manhã há uma grande alegria e uma enorme
emoção;
que palpitando vai e vem dentro de cada coração.

É que todos querem ver o que lhes calhou em sorte,
no meio de tanto papel;
e a criança segura na mão, ora o brinquedo ora o cordel.

E no chão da casa, ergue-se uma distinta cidade,
com peões e passadeiras;
sirenes de brincar, desenrolando mangueiras.

Todos estão felizes, menos um menino, que espreita
pela vidraça;
vendo lá fora um mendigo enregelando na praça.

Lembremo-nos, que o Natal é para todos, não só para
alguns quantos;
quem dera um sorriso… se os mendigos não fossem tantos.

Jorge Humberto
01/12/10

TIPO ASSIM II

Nada me move de encontro a nada, exceptuando o arcaico estático e fundamentalista, que, de vistas curtas e temeroso, arroga-se a não reconhecer mais do que vá além de seu mundo, restrito e predisposto, na ideia de que algo, a existir, não se concebe para ser mas para manter-se.
Acredito que falta, hoje em dia, um sentido pleno da Moral, do que é a Moral e
de sua importância para o Homem, para o seu dia a dia, no contacto directo com os demais.
De facto ela (Moral) nem precisaria de existir, como algo que devesse seguir-se, a fim de evitar a total anarquia entre os homens, se cada um de nós, soubesse esta verdade:
“a liberdade de um acaba sempre onde a do outro começa”.
Que temos nós hoje, neste nosso Mundo, se não uma mescla imensa de tribos, cada uma dizendo mal da outra, por as últimas não seguirem as suas ideias, o seu ideal, do que deve ser o bem viver e consequente felicidade, donde terá de sair forçosamente a inevitabilidade que as mantenha e à sua crença defensáveis?
Como disse, nada me move de encontro a nada, excepto o que não medra, por acomodatício e parco alimento, fechado que está em vitral kantiano e nada pluralista, a modos que fosse como que um portador exclusivo de um qualquer gnoma, imune ao membro de outras espécies, possivelmente causadoras de danos irreparáveis, de seu coto incestuoso e fratricida.
Do mesmo modo é aplicável, isto que digo, ao que tem medo de perder pé, tomando desde cedo
por afronta tudo o que é traço diferente e ousado, deixando-o de sobreaviso e renitente, sempre que se lhe pede passo a dar.
Eis aqui, o cacógrafo e o mal, instalados nas cercanias dos muitos quintais que estão proliferando por esse Mundo afora.

Jorge Humberto
(21/07/2004)

TU ÉS O AMOR


Meus pensamentos, de pura
adrenalina,
são contigo e mais ninguém.

Sinto-me extasiado quando
chegas, lá
de longe, trazendo uma flor.

Segura-la na mão, em suave
toque,
eu bem saberei, cuidar dela.

Entregas-ma em mãos, frágil
flor, que eu vou
pôr num vaso, pra ela crescer.

Assim o sol a sustente, o amor
a proteja,
das agruras do vento da chuva

Orlada de flores enfeitando-te
o cabelo,
sobressai o sorriso encantador.

E eu como se a vida fosse nossa
levo-te a passear,
ilustres árvores e belos jardins.

Jorge Humberto
22/11/10

AMAR EM SILÊNCIO

Amo em segredo uma senhora,
despojo-me de todos os meus
bens, alcançá-la é o destino,
com que a sorte me prometeu.

Ante meus abraços ensejados,
teus braços esperam os meus,
assim sonho e até me convenço,
que o que é teu também é meu.

Raia o sol e o desejo que é meu,
na prematura manhã, olvidada,
quem dera que o beijo teu fosse

meu, realizando-se na madrugada.
Ah, senhora, de meus encantos,
não digas nada, e, amando, cala.

Jorge Humberto
21/11/10

FLOR QUEIMADA

Minha voz teima em não se calar,
rodopia, gira, contorna,
não se enfeita de flores
nem se adorna de roupa colorida.

É feita de nervos e de sangue, setas
nos braços, relembrando a dor,
dos que se passeiam sem nada,
nem pão nem água nem cor nem som.

Boca de escárnio, rasgando o rosto,
o estupro da mente cansada,
ser igual a tantos outros, os demais,
como alimento para as esconjurações.

Morte lenta ainda em vida, jazem no
chão as flores queimadas, pelo toque
da mão absurda, a carne, o cheiro,
mais o quanto nos é possível aguentar.

Olhos abertos à evidência nocturna,
sombras de gatos, amaciando os muros,
e eu que vou nesta vida a cantarolar,
sou excepção à verdade oculta, dissimulada.

E calo e respeito, a dor que vos dói…

Jorge Humberto
04/12/10

CEGAMOS TODOS

Caminho por entre escombros e paredes
e arranco aos olhos a ferida, para que possa ver alguma beleza aqui.

Mendigos intransigentes, estendem a mão etérea,
no vazio de nossas consciências e de nossos problemas caseiros.

Muralhas caem, desfazendo castelos antigos,
só nós, que somos pomposos demais, mantemo-nos de pé, ante a peleja.

É que o «coto» é precioso demais e é preciso
procriar e ter descendentes, que sigam nossos passos nos lustrosos vitrais.

Homens sem membros, percorrem a cidade,
com esforço, dirigindo-se para os escritórios, como olhos de mosca.

Estatuetas e quadros, nos pregos das paredes,
exibem, para que todos vejam, a sua glória mumificada e poeirenta.

Aqui só entram os familiares e os filhos incestuosos –
é impossível haver misturas de sangue, só a congeminação é possível.

Estes são os novos patrões, que dão lugar ao imiscível,
e o lápis azul funciona de novo, para rasurar o que não lhes interessa.

É a inquisição no seu mais alto expoente, que
controla os jornais, televisões e rádios, num retrocesso a Salazar.

Jorge Humberto
03/12/10

AMAR A QUEM


É indiscutível que eu amo.
Mas amo a quem?
Aos outros, como a mim
mesmo. Jazeria no chão,
sem importância, se assim
não fosse. Cabe-me a mim
amar para ser amado.
Amar é dar importância é
elogiar a outra pessoa e é
reconhecer-lhe valor para
singrar na vida. Vida dura
penosa que nos calha em
«sorte».
Para amar é necessário
desprendermo-nos de
nós mesmos, caminhar-
mos solitários, até que
venha a sede de estar em
sã comunhão e vivência,
com os demais.
Ninguém perdura sem o
amor, que perpassa do
outro e a meio caminho,
nos alcança.
Amo as coisas como elas
são, sem lhes querer
alterar o sentido nem o
preceito original.

Jorge Humberto
02/12/10

DE TARDE LEMBRANDO

De gris se veste o céu, em dia
de desassossego;
murmurejar de ondas, além-mar,
que chega até mim, cobrindo-me os olhos,
de esperanças e de bonanças.
Os caniçais estão podres e já não aninham,
os migrantes pássaros,
que viajaram toda a noite, em uníssono,
para reclamarem seu pouso de asas flectidas,
abertas às marés.
Tudo está materializado pela mão do Homem,
e sobejam
uns poucos verdes, para cantar
a natureza, que vai-se subtraindo, para
dar lugar às imensas fábricas.
Escritórios com olhos de mosca estão
fechados;
e os comboios passam, levando e trazendo
gente, no suor despertino,
de seus corpos desfigurados.
Jorge Humberto
29/11/10

SE TE SOUBESSES QUE TE AMO

Se te soubesses o quanto te amo,
saberias quantas primaveras,
nascem em teus olhos.

Que o vento é brisa suave,
tocando teus lábios,
poisando suas mãos no teu cabelo.

Se te soubesses o quanto te amo,
não perderias tempo com esperas,
e correrias para meus braços, cheia de graça.

Virias com mãos de ternura,
colhendo as minhas,
aconchegando-as em teu regaço.

Aprazíveis se tornariam as noites,
em que o temor é grito
e os gatos se perdem nas sombras.

Se tu soubesses o quanto te amo,
dirias do tempo o tempo,
em que não estamos abraçados.

No meu peito se rasgariam rios,
e florestas encantadas,
se abririam, aos teus mais secretos segredos.

E no mais discreto alvor,
deitarias teu rosto no meu colo,
para que te disse-se baixinho, que te amo.

Jorge Humberto
26/11/10


O BEIJO QUE TE DEIXO


Leva o vento o meu beijo,
por entre mares e marés,
que livre seja o ensejo,
derramado a meus pés.

Por entre mares e marés,
norteando meus passos,
vai comigo quem tu és,
enlaçada em teus laços.

Enlaçada em teus laços,
de carmesim o vestido,
trazes flores nos braços,
em teu rosto contido.

De carmesim o vestido,
noites acesas no cabelo,
vens de coração despido,
para que eu possa vê-lo.

Para que eu possa vê-lo
e levar-te o beijo meu,
guarda-lo na mão, tê-lo,
como tudo que é só teu.

Jorge Humberto
24/11/10

VERSOS NA NOITE


Cai a noite, de negrume é a
imensidão,
e as flores, inda abertas,
despertam meu coração.

Olho, como que pousada,
a lua emergente,
e o céu, indefinível clarão,
ilumina toda a gente.

Caem as estrelas sobre as
águas caladas,
e o rio acolhe, sem risco,
as pedrinhas estreladas.

Tudo isto a horizonte, que
a orla já calou,
misto de fantasia ou ilusão,
pedra que luzindo medrou.

Tudo o mais são sombras,
como que escoriando
as paredes, e à luz da lua,
castelos vão lembrando.

Adormecem as pessoas,
que a lua vai nua,
dormem bichos e pobres,
ao calhas na rua.

Jorge Humberto
23/11/10

sábado, 20 de novembro de 2010


O PIANISTA


Bambinelas nas janelas,
chão com tapetes a adornar,
claustros acessos na noite,
pianos elevados, destro mar.

Cálice de vinho no plano;
do marfim a acentuação,
a solidez com que extravia,
a música saída do coração.

Flores posadas nas teclas,
alecrim e rosas coradas,
o artista que se enobrece,
nas pétalas desfolhadas.

Música a contraponto,
vozes que se enaltecem
e no ar se multiplicam,
raízes que não esquecem.

Vibra o piano, noite fora,
soltando notas, variações,
dedos amestrados,
libertando emoções.

Metamorfose consequente,
sublimando os tons,
representativos da tónica,
com que se recriam os sons.

Jorge Humberto
20/11/10

MEUS OLHOS NOS TEUS OLHOS


Passa por mim, teu semblante,
cor de marfim,
e eu fico fascinado, vendo-te descer a rua.

Levas flores no cabelo, solto na cidade,
ao arrepio do vento,
que é mais uma brisa sedutora e aprazível.

Meu olhar, até te perder de vista, deixa de
te ver, no cortar
das esquinas, dos prédios aglomerados.

Inactivo mas com um sorriso nos lábios,
antecipo
a tua chegada, vinda de lá do fim da rua.

Enquanto isso vou sonhando contigo,
nos teus olhos
melífluos, no teu rosto, de nardos e jasmim.

Guardo o sol nas minhas mãos e seu brilho,
escapa-se-me
por entre os meus dedos, ansiando o teu toque.

Maravilhado vejo ao longe um pontinho, que
sobe a rua
tranquilamente, e minha ânsia se desnuda.

Vou ao seu encontro, de passo largo e segredos
nos bolsos,
que só a ela direi, dos meus ensejos e desejos.

Dou-lhe um beijo, apertado, e luzem seus olhos
de alegria,
e de mãos dadas caminhamos, de volta a casa.

Jorge Humberto
19/11/10

NORTEIA-ME O AMOR


Norteia-me o amor, pura beleza,
que me traz encanto à vida,
vem como que de surpresa,
que da palavra, contida, é a lida.

Como a chama mantém-se acesa,
esta paixão que quer guarida,
pois caminha em total certeza,
assim a vida, que me é querida.

Logro alcançar, a meu respeito,
a consideração que te é devida,
liberdade que assoma teu peito.

Amar-te, como a mais ninguém,
é o meu ensejo, mister da vida,
que procura o amor de alguém.

Jorge Humberto
18/11/10

SEGREGAÇÃO E AFIRMAÇÃO


Dentro deste mundo, incontido,
singular, das vezes, pervertido,
procuramos o que nos é devido,
em cada degrau, soando a olvido.

Caminham sem norte e à omissão,
os pobres desta vida, aquém da mão,
que, estendida, espera a excepção,
que lhe sirva, saudosa, redenção.

Homens, como eles, desviam o olhar,
na sempre difícil arte de recriar,
a irresponsabilidade, que querem negar;

o que os olhos bem vêem, sem emoção,
nem cuidados sagrados, secreto coração,
que da segregação, sói aqui a emancipação.

Jorge Humberto
17/11/10

QUER ISTO QUER AQUILO


Quer chore, quer ri,
quer sofra ou não sofra,
todo eu sou versos
incontidos,
que trago na palma da mão,
aos leitores versos devidos.

Quer ame ou não ame,
quer sonhe ou não sonhe,
sou só o reverso
do poema,
que ponho no teu cabelo,
verdades e teorema.

Não me dou por infeliz,
do pouco que tenho,
que o que mereço,
a mim me pertence,
quer doa ou não doa,
a quem não se convence.

À vida dou ilusão,
que ela de há muito castiga,
fere, mata,
da culpa soa verdadeira,
por isso eu sou sonho,
sonhando-a de outra maneira.

Quer isto, quer aquilo,
a pena não consinto,
que inda vencido pelo cansaço,
sou puro idealismo,
que se fez caminho,
na palavra pluralismo.

Jorge Humberto
16/11/10

EM SONHOS TE RECRIEI

Passeio meu olhar vagamente pela paisagem,
as árvores estão vergadas por força do vento,
percorre o rio embriagado até às comportas,
imagino-te a meu lado sorrindo e ganho alento.

Damos as mãos vendo o desfolhar das flores,
hortênsias adormecidas no teu cabelo ao ar,
águas límpidas caem serenas dos teus olhos,
olhamos o céu vagarosamente a se recriar.

O vento passa para uma suave brisa acolhedora,
em ascensão o sol vai-se libertando das nuvens,
e embevecidos vemos casais de pardais, num
vai e vem constante, e, dos pintos, as penugens.

Permitimo-nos um beijo sem constrangimentos,
vento brando corando os nossos rostos febris,
passa o tempo sem demora, perde-se o olhar
na tarde que cai, ajeitando teu vestido cor de anis.

O sonho se desfaz por entre os campos vermelhos
e amarelos; partimos etéreos para a vacuidade,
levando na palma de nossas mãos de ambos o calor,
serão estes versos dispersos a nossa única verdade?

Jorge Humberto
15/11/10

domingo, 14 de novembro de 2010


ESPERANÇA DE UM DIA

Olhos nos olhos, dizem de mim e de ti,
são límpidos vidros,
onde é narrada a nossa história de amor.

Refulge o sol vibrando no azul do céu,
e teu sorriso
voa desgarrado, até aos meus lábios.

O rio corre segredos de marinheiros,
enquanto
o teu cabelo, toca suavemente meu rosto.

Brisa da manhã que se levantou no ar,
trazendo-nos
a paixão, na palma das nossas mãos.

Dois corações em um só coração verás,
quando a noite
chegar e nos abraçarmos comovidamente.

Saudades eternizam o momento, pois que
um oceano,
teima em nos separar, perdurando o sentimento.

As flores hão-de crescer, os jardins florir,
anunciando
o nosso encontro, festejando a chegada.

Jorge Humberto
14/11/10

ÁFRICA PARA TODOS
(resposta a Ana Cruz)


...É verdade é ainda muito difícil conciliar as diversas tribos e quando Nelson Mandela morrer, a África do Sul vai entrar em colapso total, com guerras e prisioneiros políticos. Irão depender da ajuda dos países ricos e têm-se de mobilizar as pessoas e de mandar tropas para lá, para manter a ordem, para que o país progrida, e, se volte a sentar no Senado, um indivíduo, que lute pela paz e por uma África desenvolvida. As tropas, lá estacionadas, com mais ou menos acordos, terão de falar com as tribos e dizer-lhes que eles são cidadãos de direito, e, que, a mãe África, também é deles, devendo trabalhar, para a economia do país.
O cultivo do país está meio desprezado (senão muito), há pois que incentivar e dialogar, e que os chefes das tribos, assinem um princípio de acordo e juntem as suas forças com a dos outros, em nome da nação, honrando a sua importância, no crescimento do Planeta, e também em tudo o que Nelson Mandela representou e ainda representa. O meu medo maior, é o que acontecerá quando ele se for, pois prevê-se que vai haver muito fratricídio e terríveis acontecimentos, com as tribos a guerrear, em nome dos senhores da guerra. Espero que o chamado Jete 7 e demais organismos poderosos, sejam a ponte de passagem, para as linguagens e costumes diferentes, das diversas tribos. E possam erguer uma África para todos.


Jorge Humberto
13/11/10

ENAMORAMENTO

Teus olhos encontram os meus,
de afectos eles se recortam,
e em silêncio o olhar não desdiz.

Poisada em tua mão uma rosa,
acabada de colher, abre-se ao sol,
enquanto descobres suas pétalas.

De carmesim são as tuas vestes,
chinelo no pé e flores no cabelo;
és a beleza e o encanto da aldeia.

E quando passo pela tua janela –
bambinelas a enfeitar-te –,
sou estes versos que tu escutas.

Jorge Humberto
13/11/10

JANELAS ACESAS NA NOITE

No sol, amanhecido nos teus olhos,
crescem flores, na orla do mar.

Ondas cavalos deslizam em direcção
à liberdade, da praia ansiada.

Juntos passeamos à beira-mar, e o
silêncio das águas, não desdiz de nós.

Pequenas conchas, em nossas mãos,
são cantos do mar, murmurejando.

Cai o sol nas dunas desenhadas no céu,
revelando segredos, na brisa marítima.

E nossos passos são deixados para trás,
no espectro de uma nova lua renascida.

Enquanto incide sobre os nossos rostos,
a luz tíbia das janelas, acesas na noite.

Jorge Humberto
12/11/10

CRESCE O SOL


Madrugada.
Cresce o sol,
detrás da linha
do horizonte.

As flores
abrem-se,
expondo
sua corola.

Insectos e
borboletas,
esvoaçam
na claridade.

Gorjeios de
pássaros,
encimam as
árvores.

Em baixo o
rio brilha,
bordado a
azuis suaves.

Passeiam-se
gatos e cães,
correndo
alegrias.

E as crianças,
no caminho
da escola,
dizem adeus.

Namorados
unem-se,
no beijo
prometido.

E nasce o
dia, repleto
de cores
e fragrâncias.

Jorge Humberto
11/11/10

BRISA ENTERNECEDORA
(para Nanci no seu aniversário)

Uma leve brisa, acaricia meu rosto
sofrido,
leva-me pelo caminho da liberdade,
em direcção ao rio, pleno de azuis.

Na orla é que me sento, observando
suas águas,
tão ou mais brilhantes do que as estrelas
refulgindo, quando é chegada a noite.


A lâmina da lua brilha no assentir dos espelhos,
fecho meus olhos
e retenho, dentro de mim, as cores
desgarradas, que o entardecer sói oferecer-me.

Sorriu para mim mesmo e acalmo as
distâncias,
que me levarão até ti, vendo-te dormir,
qual menina em paz, com sua infância.

Cai bruscamente a noite, detrás do horizonte
enternecedor,
e, a ilusão, traz-me de volta à realidade,
não sem antes te aconchegar e dar-te as boas-noites.

Soergo-me do entorpecimento e as águas
beijam meus pés
descalços, para assim sentir melhor a terra
e acolher teu corpo adormecido, que a brisa me trouxe.

Jorge Humberto
09/11/10

ENFIM CHEGOU A PAZ

Este desassossego deu lugar à
tranquilidade,
sou novamente asa que voa nos azuis.


Estou consciente de mim e isso nota-se
em cada segundo,
de minha vida, que alcançou o Kilimanjaro.


Sinto-me calmo e de boa memória,
gentil
cumprimento as pessoas, que passam na rua.


Sorriu, como criança, na sua macia infância,
não me importa
a chuva que cai, em silêncio me reconheço.


Os espelhos, onde me miro, dizem a verdade
insofismável,
meu rosto está em paz, olhos abertos à novidade.


Sei que meu organismo vai rejeitar este estado
de espírito,
serei pois braços na terra, desfolhando o milho.


Tenho de viver os momentos, em que me sinto
feliz e interactivo,
tentando prolongar meu ser, brilhando ao sol.


Jorge Humberto
08/11/10

PARAÍSO, A QUE PREÇO

De cruzes o homem adorna
sua presença,
unge seu corpo na magia das águas,
não há limite para a fé agregada,
só o retorno traz felicidade aos fiéis.

A humildade, quando verdadeira,
fá-los singrar,
pelo cosmos e se reitera a força,
com que se entrega a palavra e se
escuta, etérea, a voz de Deus.

A igreja é o seu porto de passagem,
lá deixam
suas sinas e sortes alheias, fervoroso
silêncio, chamando a si o omnipotente,
no balaústre das figuras pintadas.

Não sendo crente, emociona-me a
fidelidade,
com quanto o fundamentalismo não
tenha origem na cristandade, nem
em outras religiões, aqui debruadas.

Se assim não é vil se torna a crença,
aparecem
as beatas e as flores armadilhadas,
no corpo de jovens, entregando-se
ao derradeiro sinal, mistificando o paraíso.

Jorge Humberto
07/11/10

UMA MANHÃ COMO TANTAS OUTRAS


Abrem-se as janelas ao clarear
do dia,
rosas em botão vingam ao sol.

Os pássaros escolhem um ramito,
com poucas folhas,
e assim atrair as fêmeas, com seu canto.

Debruçam-se pessoas no parapeito,
para respirar
o ar puro, antes do café da manhã.

Sentam-se à mesa, na hora própria,
com um repasto,
de encher a barriga, só de se olhar.

Café e doces e pães, fazem parte desta
iguaria,
e uma excelsa fragrância, invade a casa.

Acabando o pequeno-almoço, todos se
aprontam,
para fazer as camas, desfeitas durante o sono.

Tudo no seu lugar, cada um se apruma,
ora para a escola,
ora para o trabalho, que espera lá fora.

O dia está lindo e o céu refulge seus azuis,
alcançando
as pessoas, que se mostram alegres e activas.

Carros escolares vêm buscar as crianças,
que não param
de gritar, umas e outras falando de suas aventuras.

Quando o autocarro parte, sempre há uma
preocupação,
no coração dos pais, dirigindo-se para as fábricas.

Na erva verde e alta, cães e esquilos, andam numa
tropelia,
enquanto uns brincam, outros armazenam comida.

E assim começa mais uma manhã solarenga,
que convida
ao passeio, com bebés aninhados no colo de seus avós.

Jorge Humberto
06/11/10

RECONHECE-ME EM TI AMOR


Não me deixo abater pela tristeza,
mesmo que vergado pela súbita dor,
em que as desconfianças fincam pé,
e as minhas palavras soem a vazio.

Nada escondo, sou céu clareando,
fiel é meu testemunho perante ti,
escuta minhas súplicas advindas do
mais profundo de minha abnegação.

Todo eu sou verdade, todo eu assim
me reconheço, então porque não
vingam as flores, no jardim colorido,
se amar-te é sentir-me pássaro no ar?

Corre vagarosamente para a foz o rio,
pombas brancas pousam na minha
janela, e, olhando as nuvens, tua tez,
adquire a simplicidade dos amantes.

Jorge Humberto
06/11/10

ILHAS DO PARAÍSO

Águas suaves e verdes abraçam os
rochedos,
num toque sensual emitido pelas marés.

Galgos de espuma desembocam nas
praias,
formando desenhos, apagando letras na areia.

O sol está radioso e refulge nas águas, da
cor do jade,
um imenso paraíso com árvores à beira-mar.

Dunas a perder de vista, ilhotas maneirinhas,
povoam
os corais, de envergaduras tamanhas.

Os peixes são coloridos, como tudo à sua
volta,
com estrelas-do-mar, parecendo paradas.

Há vida em abundância, aqui não reina o
Homem,
por isso a natureza segue o seu curso natural.

Gaivotas e outras aves, esvoaçam livremente,
de asas abertas,
saudando o mar, de estrelas o brilhantismo.

As árvores são silvestres mas também têm
coqueiros
e outras plantas de frutos deliciosos.

Animais bípedes fazem seu repasto no chão,
enquanto
os pássaros e as abelhas, comem o mel da fruta.

Aqui tudo é belo e age em conformidade,
expondo
suas delicadezas, aos raios de sol – meigo.

Sonolentas tartarugas dormitam ao calor solar,
para depois
se fazerem ao mar, quando a tarde vier.

Por agora reina a calmaria, e, ao longe, ponto
negro, indicia
um barco, com turistas lá dentro

E assim fiz um poema, relatando o que meus olhos
viram,
emocionados, por estas ilhas e praias, delicadas.

Jorge Humberto
05/11/10

ROUBASTE-ME O CORAÇÃO

Roubaste-me o coração,
guardaste-o na tua mão,
e eu fiquei preso a ti,
agora e sempre, até ao fim.

Nunca eu supus um amor
tão grande, cheio de calor,
atenção e tanto carinho,
que eu não seja sozinho.

Teu sorriso a mim me seduz,
e és a estrela de maior luz,
que vai no firmamento afora,
eternamente, aqui e agora.

Bem-dito o dia em que te vi,
e falamos de mim e de ti,
como se fossemos dois amigos,
lembrando-nos de tempos idos.

Sensação estranha, comovente,
a de há muito sermos gente,
dois amantes que se quiseram,
levantando a sina que trouxeram.

Somos filhos, da reencarnação,
vi vendo o amor de antemão,
cuidando-nos, ouvindo a sorte,
agindo juntos, por nosso dote.

Jorge Humberto
04/11/10

MINHA FLOR DE ALEGRIA

Meu amor, meu amor,
minha flor de alegria,
quando me trazes calor,
é quando desponta o dia.

Meu amor, meu amor,
minha semente silvestre,
tamanho é teu esplendor,
aquele que a ti te veste.

Trazes carmesim vestido,
laço apertado no cabelo,
tudo em ti faz sentido,
como alinhavado novelo.

Lenço escarlate no cetim,
mãos brancas como a neve,
quem me dera ter-te assim,
como quem nada deve.

Meu amor, meu amor,
passarinha assustada,
aqui estou, não por favor,
em mim és e sempre amada.

Jorge Humberto
03/11/10

PORTUGAL À CHUVA

Portugal à chuva
com o vento a
acicatar
de nortada as
janelas
abertas
semi cerradas
ao voltejar
do vento
esfarrapado
esgarçadas
nuvens
que plangem
no chão
suas lágrimas
formando
semi círculos
gota a gota
nas estradas…

Passo apressado
um lugar
para o carro
molhando
pessoas
até ao cerne
sobretudo
os sobretudos
com que se
vestem
protegendo-se
das saraivadas
do vento
trazendo
para dentro
as águas
ordinárias
e selvagens
que nos faz
pensar duas
vezes no
clima
de má
incumbência
pelo Homem.

Jorge Humberto
02/11/10

AMOR COMO O NOSSO NÃO HÁ


Amor, que te quero bem,
só por ti eu me consinto,
se não és tu não é ninguém,
não há amor como o que sinto.





Amor que sempre me enleva
ao mais alto de minha pessoa –
faz-me feliz como tudo que ceva,
bailando no grito que ressoa.





Tomar-te em meus braços digo,
sussurrando bem baixinho,
que o que quero é estar contigo,
para te poder dar meu carinho.





Roubar-te um beijo pertinaz,
em tuas mãos o hei-de deixar,
como tudo que é e tudo satisfaz,
como tudo o que nasceu para amar.





Oh, amor, porque foges de mim,
porque não consentes a madrugada,
de braços dados sou bem assim,
aquele que não busca a porta fechada.





Eu sou em ti e tu me pertences,
somos como um sonho que cativa,
em tua presença a mim me vences,
mi mais que tudo, ó jovem rapariga.





Deixemos nosso amor numa flor,
para que ele vingue solenemente,
quando soltares o teu esplendor,
solta-se-me o corpo divinamente.





Jorge Humberto
02/11/10

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


CRESCE A SEMENTE

Desenha-se o riso, no teu rosto,
passeias
teu cheiro, pelo meu corpo.

Na noite parda, grilos roçam suas
asas,
produzindo um ruído característico.

E nós jogamos as roupas pelo chão,
inertes
tecidos, que têm o calor de nosso amor.

Numa dança sensual, insectos
voltejam,
nos candeeiros, lá fora na rua.

Beijamo-nos até o calor cobrir nossos
rostos rosáceos,
deixando-nos ofegantes, deitados na cama.

Ouve-se ao longe, um canto de pássaro,
chamando
pela sua companheira, que se vai achegando.

Enquanto nós rebolamos e nos entregamos
à chama
enternecedora, de uma noite de paixão.

Faz-se silêncio e nada mais existe,
apenas nós dois,
felizes e agraciados, pelo toque das estrelas.

Abraçamo-nos e assim adormecemos,
nos braços de Morfeu,
rosto com rosto, pele com pele.

Jorge Humberto
01/11/10

ORA CHOVE ORA FAZ SOL

Hoje acordei com o sol despontando,
nos meus olhos,
e eu voltei a adormecer, no jugo dos raios solares.

Não chovia estava com se em linda primavera,
pendurando sua luz,
nas janelas das casas e nas árvores, podadas.

Acordando de vez, triste me foi ver que o sol,
tinha desaparecido,
e o que o céu estava escuro como breu.

Domingo por si já é triste, mais ficou com os cinzentos
pardacentos,
a varrerem a imensidão, do que foi sol, outrora.

Lá em baixo o rio está inquieto, indo ao sabor do vento,
que zurze revoltado,
assobiando sua força, que despoletou com a chuva.

A chuva já galga passeios, indo de encontro às casas
e estabelecimentos,
deixando tudo revolvido e as gentes sem saberem o que fazer.

Nisto, de vez, a chuva resolveu, que já era tempo de parar
e de dar descanso às pessoas,
que varriam as águas de suas casas, tirando toda a lama.

Mas como é quase Inverno, temos de estar preparados,
para com o que a natureza nos apronta,
e, de novo, a chuva tomou conta do clima, por cima dos prédios.

Telhas musgosas, precipitam-se em escoar, suas águas
em excesso,
na direcção do chão, formando perfeitos círculos.

Não se vê ninguém na rua, porque o frio também fez lugar,
no tristonho dia,
que ora chove e enegrece as nuvens, ora pára para nos alegrar.

Que nostalgia, das borboletas e dos pássaros, chamando seus
parceiros,
emigrantes, voando excelsos, para outras terras, mais quentes.

Jorge Humberto
31/10/10

MOMENTO CONTIGO


Nas horas dependuradas na parede,
ouço o baque
de meu coração, pensando em ti.

Correm as águas do imenso mar, e eu,
julgando-te ver,
corro minutos, para te abraçar.

São segundos, até te beijar emocionado,
os que levam
nosso encontro, corpo contra corpo.

A lembrança faz acontecer o desejado,
nas palmas
de minhas mãos, como ramalhete de flores.

E abraçamo-nos demoradamente,
dançando
ao sol alegre do dia, que há-de ser realidade.

Jorge Humberto
31/10/10

A VIDA É BELA

A manhã desperta nos gorjeios
dos pássaros,
que se aninham nos braços do sol,
que já desponta a horizonte,
por detrás de onde nasce a luz do dia.

Abro minha janela ao sabor
das flores,
que abrem suas pétalas ao amanhecer,
expondo a corola às borboletas,
pousando suas asas nos pequenos pontinhos.

Há um cheiro intenso a terra,
depois de mais uma noite de chuva,
e, as poças de água, desenham
círculos no chão, atapetados de folhas,
vermelhas, amarelas e castanhas.

Depois da chuva veio a bonança e o
dia azuláceo,
brilha com esplendor no espelho do
rio, que corre brandamente para a sua
foz, onde se encontra com a raia do mar.

Pessoas alegres saem à rua, com roupas
de primavera,
que peleja com o Outono, permanecendo
nos azuis dos céus, a perder de vista,
deixando-nos maravilhados com a natureza.

Fecho a porta de rompante e vou para o
meio da estrada,
abrindo meus braços ao quente dos raios
solares, que me animam e trazem-me
um largo sorriso a meu rosto, alvo de neve.

Como é bom sentir a vida e que estamos vivos,
tal qual as coisas,
que olhamos embevecidos e felizes,
só pelo facto de elas existirem,
assim como nós, em agradecimento ao Universo.

Jorge Humberto
24/10/10

sexta-feira, 29 de outubro de 2010


É PRECISO BOM SENSO


Depois da imensa chuva e da trovoada,
que inundou carros e estabelecimentos,
o sol perpassa, por entre as nuvens,
esgarçadas e rasgadas, pelo tormento,
vindo do céu, ameaçando mais chuva.

O rio está triste e acinzentado, nas suas
águas, que vão correndo fogosamente,
para a sua foz, aonde os pescadores,
não se fizeram ao mar, neste dia de bulício,
sem condições propícias, para se navegar.

Para lá do horizonte, o azul, como que
escurecendo, apregoa mais chuva, na tez
fatídica do céu, e, nisto, as flores, vão-se
fechando, preparando-se para receber
as águas, que teimam em cair, de novo.

Sibila o vento com força, golpeando
os telhados de zinco, arrancando árvores
e despindo jardins, levando as finas flores,
a quebrarem-se pela haste, numa tristeza
sem fim nem glória, jazendo inertes no chão.

As águas correm livremente, com o lixo
amontoado em bueiros, que sempre ficam
sem limpeza, apesar das muitas promessas dos
Municípios, que vêm de há muito tempo
e que não cumprem, com o pré estabelecido.

Em tempos de muita chuva a capital Lisboa,
é uma das cidades que mais sofrem, porque
o rio Tejo fica ao nível das estradas e sempre
que a chuva burila nos telhados e o vento é
mais arrojado o rio galga suas margens sem pudor.

Jorge Humberto
29/10/10

JANELA ABERTA À PAISAGEM

Ciprestes beiram a orla do rio,
como sentinelas
que guardassem um rico tesouro.

À volta o mato não está cuidado
e floresce
incomensuravelmente, no campo.

Do outro lado do rio tem uma língua
de água,
com alguns casarões e animais à solta.

Do lado de cá, distantes das árvores,
fábricas
expelem fumo, com gente lá dentro.

Passam carros de um a outro lado, nas
novas auto estradas,
ladeando o campo agreste e solitário.

As salinas estão tapadas, tirando-nos
a beleza,
de suas piscinas naturais e envolventes.

Alguns barcos estão ancorados,
num vai e vem
constante, produzido pelas ondas.

Entre as fábricas e o campo, passeiam-se
comboios,
de norte para sul e de sul para norte.

Aviões desenham estranhas sombras,
no telhado das fábricas,
preenchendo o nosso campo de visão.

A tarde está sombria, com nevoeiro,
além-mar,
e tudo parece tão mais triste e rude.

Volto para dentro; o quarto está vazio
e silencioso,
já que hoje não há pássaros a trinar.

E assim nasceu este poema, feito de
pequenas
filigranas, que compõem a paisagem.

Jorge Humberto
28/10/10

A DEPRESSÃO TEM CURA

A depressão cura-se com as palavras,
de ânimo e de enlevo,
de quem amamos e de nossos amigos.

Tem dias que ela toca na nossa sensibilidade
emocional
e nos deixa sem forças para reagir.

Outros dias, estamos mais fortes e a poesia,
surge naturalmente,
enriquecendo nosso bem-estar e da dos leitores.

O simples facto de estar sol lá fora e de ouvir,
o canto excelso,
de meu passarito, traz-me alegria ao rosto sisudo.

Quando em depressão, não nos devemos entregar
em seus braços,
e arranjar uma ou mais ocupações, que nos ocupe o dia.

Se for necessário procure o seu médico e conte-lhe
como se sente,
ele o ajudará com seus muitos conhecimentos.

Procure uma razão para viver, não fique na cama
(eu sei que dói),
ao usufruto da velhaca depressão.

O ficar em casa não o ajuda em nada, porque é um acto
desequilibrado,
que nos faz ter maus hábitos, emocionais e físicos.

Ler, ver um CD, ouvir uma rádio, com música alegre,
também nos ajuda,
em sair desse estado vegetativo e omissivo.

Vá até à rua e contemple, em toda a sua beleza,
a natureza,
buscando a horizonte onde juntamo-nos às águas.

A depressão é um método degenerativo, que espreita
as nossas fragilidades,
para nos atingir como um murro em nosso estômago.

A depressão tem cura, só é preciso que não nos entreguemos,
aos seus vil desígnios,
que nos toma por loucos e restos de gentes.

Jorge Humberto
27/10/10

REFULGENTE QUADRO

De algodão vestidas, nuvens
esparzam-se,
no suave toque do azul do céu.

Apesar do sol e do azuláceo,
uma tímida brisa,
agita-se nas folhas das árvores.

As flores estão abertas, expondo
suas corolas,
que lançam finos olores para o ar.

Leve, levemente, vai o rio no seu
lento caminhar,
rumando vagarosamente para a foz.

Ouve-se o gorjeio dos pássaros,
que encantam,
com seu canto, as pessoas que se passeiam.

Passam carros e aviões,
no dia-a-dia
das gentes, aglutinadas em fábricas.

Espirais, de fumo branco,
espargem
das chaminés e das taças de café.

Vindas de um pequeno bar,
onde se saboreiam
líquidos mediterrânicos e suas comidas.

Cá fora gatos tentam alcançar
borboletas,
que esvoaçam sua graça rodopiando no ar.

Risos de crianças, jogando seus
jogos,
espalham-se no éter, adormecido.

E assim criei um quadro, desenhando
versos,
nas ampolas de meus dedos.

Jorge Humberto
26/10/10

POR TEU NOME

Desperto para a manhã grávida
de flores,
o sol reluz e repica nas ondas,
do murmuro silvando em ascensão.

Desço a montanha – precisamos
ouvir a natureza –,
e subo nas falésias de mármore, junto
ao precipício, donde alcanço as aves.

Pássaros migram para outros lugares,
procurando
o alimento e o acasalamento,
para que sua prol persista em nos enaltecer.

Continuando a descer, meu pensamento,
centra-se
noutras conquistas, a serem alcançadas,
até que chego ao areal, na orla do mar.

Aí me banho em plenitude, e vou nas asas,
das ondas cavalo,
com galgos de espuma, a dirigirem-se
para a praia, onde me concentro a horizonte.

No meu passeio, à beira-mar, vou colhendo
conchinhas,
mais os búzios, que têm dentro de si o sopro
destas águas vivas e inquietas.

Ao longe vejo um ponto negro, provavelmente
de um navio,
que navega destinos e traz momentos ímpares,
àqueles que vão de viagem.

A tudo isto observo solenemente, com um sorriso
nos lábios,
que vai abrangendo o areal até às dunas,
repletas de pequenos seres vivos.

Ah, natureza, de meus miles encantos,
és tu a liberdade,
que busco a todo o instante; trazes-me
o rosto de minha amada, em gorjeios de andorinhas.

Jorge Humberto
25/10/10

VIÇO PERDIDO


Tudo se desvaneceu, tudo isto
é triste, o verbo amor silenciou-se,
nas poucas palavras, que ainda
teimam em ser proferidas.

Respeitamos o bem-querer de cada
um, enquanto o surdo silêncio se
instala nas janelas fechadas, para a
vida, de nossos dias, desfalecendo.

E eu que contigo sonho, vejo meus
sonhos sendo adulterados e mal
precavidos, não há palavras como que
amanhecidas, na corola das flores.

Longe vão os dias, de encanto e
procura, em que nos denunciávamos,
no momento aguardado com alegria
e tudo em que tocávamos virava oiro.

Construímos jardins, de nardos, avencas,
sândalos, orquídeas e jasmim, com as
nossas pequenas mão, repletas de afecto
e ternura, hoje jazem flores, a nossos pés.

O que nós fizemos? Porventura nada é
tão gravoso, que não se possa renunciar
a egos e pontos de vista, diferenciados,
para retomar o amor envelhecido pela aurora.

Ele só espera um sinal nosso, para voltar
a florir dentro de nossos peitos,
vamos, avante, agigantando este amor,
que tem tudo para vencer eternamente.

Jorge Humberto
23/10/10

MEUS AMIGOS DE VENTURA

Esses, que vivem dobrados em quatro,
numa esquina qualquer,
é meu o seu tímido relato,
a força que eu suponho ter.

Pobres; de desdita ventura,
o que comer, onde aprouver,
torna-se em vil aventura,
lado a lado com o que eu tiver.

Na roda da vida são esquecidos,
escorraçados pelo mau querer;
vou com eles envolvidos,
nos versos que eu costumo dizer.

E todos juntos, bonitas memórias,
escutam eles, de olhos tristes;
são grandes e inúmeras vitórias,
Se a seu lado ainda persistes.

E vão em união pelas ruas a dentro,
invocando os seus direitos
e deveres; a questão está no centro,
destes seres, por Deuses eleitos.

Que nós não soubemos cuidar,
nem prezar a sua privacidade;
por isso nos entregamos ao olvidar,
e no olvido à falta de liberdade.

Ergamos o nosso punho ao ar,
sejamos solidários por quem nada tem,
que aqui o que é preciso é ousar,
para que os omitidos sejam alguém.

Estarei sempre ao lado dos mendigos,
dando o que tenho e o que não tenho;
mas uma coisa é certa, eles são parecidos
connosco, de encanto tamanho.

Jorge Humberto
23/10/10