Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sábado, 30 de janeiro de 2010


TUDO É ASSIM TÃO TRISTE


Tudo é tão triste e dilacerante
que eu julgo não haver dor que
caiba aqui, onde as noites vivem
por viver sem qualquer alento.

Ergui meu jardim das mais belas
rosas brancas, hoje sina ou fado
definham por completo
assim a minha sorte deste viver

que não tem querer nem justiça.
Escuridão tenebrosa paira por
sobre a minha cabeça, e eu não
entendo porque não me posso

levantar desta inércia que me causa
medos e angustias mil, cegando-me
a vontade e os maus augúrios
que não me descansam a momentos.

Se um pouco de felicidade empresta
sorriso ao meu rosto este logo se
esbate de encontro ao peito da porta
enquanto eu vivo de sevícias tamanhas

sem que as entenda ou perceba seus
segundos sentidos, sou qual verme
rastejando por debaixo da terra
entregue a uma depressão sem fim.

Jorge Humberto
30/01/10

FRAGRÂNCIAS SOLTAS AO VENTO


Fragrâncias soltas ao vento
embebedam meus sentidos
de puro prazer que só a mãe
natureza consegue reproduzir.

Ébrio pelos olores tamanhos
caminho em direcção ao mar
e nele me perscruto atentamente
no vai e vem das ondas.

Há um forte cheiro a maresia
que se desprega da espuma
que corre como galgos livres
no peito hirto das águas.

E as gaivotas descendo das nuvens
mergulham no mar, como que
para comemorar esta imensa ode
à natureza em todo seu esplendor.

Absorto raso meus olhos na água
sinais de bom despertar
e me embeveço de delícias tais
que a paisagem tem pra me oferecer.

Jorge Humberto
29/01/10

A GAIVOTA E O TIMONEIRO



Lá onde o horizonte nasce
de braços abertos para o mar
uma gaivota inicia seu voar
para onde lhe leva o vento.

Rasando vai no azul das ondas
tentando o peixe adivinhar
nas águas pardacentas a nadar
o vislumbre esguio que promete.

Molhada pelas águas a gaivota
uma a uma as penas põe-se a alisar
como um timoneiro de bem navegar
oleando o motor do barco ensejado.

Secas as penas alça voo no céu
enquanto o timoneiro se põe a olhar
granjeando um bom despertar
com o qual bem cedo se fez às águas.

Nisto a nossa gaivota não esmorece
lés a lés desenhando-se no ar
e no preparo único para mergulhar
recolhe as asas coladas ao corpo.

Gaivota e timoneiro no horizonte
buscam ao sol o que é de bom buscar
aquilo porque aquilo foram pescar
ainda mal nascia o dia lá mais em baixo.

Bem alimentada a nossa gaivota
mas cansada de bom esvoaçar
acerca-se do barco para roubar
as redes repletas de peixe amiúde.

Um escarcéu tremendo cerca as redes
são gaivotas que se vão alimentar
do mesmo que a nossa soube esmiuçar
quando do céu se fez ao mar e ao pitéu.

Com a barcaça cheia regressam ao porto
os pescadores com olhos de cansar
quem os seus neles poise o olhar
e logo ali repartem o seu quinhão.

Como uma figura emblemática
a nossa gaivota depois de fasear
as idas e voltas que a souberam levar
à comida, alça voo para não mais se ver.

Jorge Humberto

28/01/10

SILENTE


Qual andorinha no ar
assim sou eu por te ver
um sono de bem despertar
mil fogueiras de sóis a arder.

E no mais silente de teu ser
sou eu quem me reconheço
nesse teu bom viver
que de mim não esqueço.

Assim a ave pela manhã
abundante de passados
fica-me uma estrela por irmã
a contar-me coisas de fados.

E o sol raia reluzente
mostrando-me o que é teu
uma pequena semente
que é tudo o que é meu.

Reclama o mar a tua presença
reclama o ar a tua esperança
não há aqui qualquer desavença
quando é tua a imensa herança.

E eu observo os teus olhos de mel
no mais fundo de nossos seres
e tu és uma folha colorida de papel
apenas e só por me veres.

E o teu rosto de bem-querer
traz a fina brisa de tua alma
que eu sou aquele que te vai ver
quando ascendo à minha calma.

Sou uma corda lançada
até onde tu és horizonte
no teu cabelo ela é enfeitada
no cimo do pequeno monte.

Como anjo desces até mim
procuras-me com extremo afã
e o que eu sei sei-o bem de ti
e nasce o dia e um novo amanhã.

Homem e mulher não olvidam
seu ser enorme e extremoso
amigos e amigas de si convidam
para ver este amor grandioso.

Jorge Humberto
27/01/10

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


A GLÓRIA PERSISTIRÁ


Amanhece detrás do rio. Meus olhos
rasgados pela luz matinal,
procuram ir um pouco mais além,
dentro do horizonte, buscando as cores
múltiplas, que vão urdindo meu corpo,
em pequenas nuances, deixando
as sombras fúnebres para trás.

Por fim, irradiando luzes e cores, um
sorriso invade por completo o meu rosto,
e, subindo as calças, numa ânsia de
outrora, caminho seguro, para dentro das
águas, abordando as margens do rio, com
uma vontade louca, de me unir à sua
essência líquida, mãe de tudo que existe.

Passam alguns barcos de pesca, e, num
aceno recíproco, cumprimentamo-nos, uns
aos outros, embora consiga vislumbrar, em
seus rostos, queimados pelo tempo, um
certo espanto, pela cena insólita, agora que
me despi por completo e nado, a bom grado,
para cá e para lá, encorajando as ondinhas.

Pena que as águas já não estejam tão
límpidas, como noutros tempos, embora
também não tão poluídas, como se possa julgar.
É o meu rio Tejo, partida para o Mundo,
e, eu, como seu filho, presto-lhe tributo, mais
do que merecido, minha vista madrugadora,
que sempre me recorda, glórias duradouras.

Jorge Humberto
06/11/08

A JANELA DA VIDA


Da janela aberta pr’o mundo,
Lá onde as cores
São as mais belas e luzidias,
Onde há sabores
A fruta fresca e romarias,
Todos os dias são dias de festa:

Correm-se as portas de par em par,
Postas as mesas a circular.

E ao de redor das casas,
Gentes e chalaças,
Bambinela à janela
E foguetes p’lo ar.

Da janela aberta pr’a vida,
Corrida de mão em mão,
Sempre tem a justa repartida,
Por uma e a mesma condição.


Jorge Humberto
(04/04/2004)

A LIBERDADE DE UM POVO


Deambulo pelos meus pensamentos,
ciente de mim e das pessoas, irmanadas
comigo, num mesmo sentido único: que
a força do pensamento, alce novos voos,
e, que, a democracia, jamais seja vã.

Meu quarto é pequeno, para conter tais
forças, por isso escrevo, ao sabor da pena,
sem pena alguma, de dizer o que me vai
na alma, ao sabor de meus ideais, sempre
prontos a serem testados ou ignorados.

Aqui se lutou, contra o jugo de cinquenta
anos, de um ditador, que tudo fez, para
manter o povo iletrado, de forma a assim
melhor o controlar, mantendo-o na vil
ignorância, fechado em seu próprio país.

Até que um dia os soldados revoltaram-se,
juntando-se ao povo, recusando ordens de
seus superiores, e, as gentes, saíram à rua,
gritando palavras de ordem, não calando,
o que, a meio a torturas, silenciar quiseram.

Porém não sossego, e, no meu pensamento,
sem nunca ter descanso, toda esta supérflua
realidade, depois do acto heróico, não cabe
nem olvido nem afrontação, que hoje fazem,
ao não saberem guardar em mãos, a liberdade.

Por isso continuo deambulando, em carne e
sangue, jogando-me de encontra as paredes,
parecendo, que, a qualquer instante, eis irei
enlouquecer, de doído pensamento, ante
tanta futilidade e omissão, do Homem de hoje.

Jorge Humberto
16/10/08

A MORTE É O FIM DE TUDO



Nascemos, morremos e depois nada.
Há quem julgue sua vida reencarnada,
Por um dá cá aquela coisa, hábitos
De séculos, que nos torna estrábicos.

A morte tira e não devolve, é inteiriça.
E se acaso fogo ou enxofre nos atiça,
Nos últimos suspiros, é para que não
Esqueçamos que a vida é uma suposição.

Nada nos salva aqui, em chegando
A hora, e, até mesmo prevaricando,
Todos são iguais em chegando a hora,
E a morte acenando, nunca demora.

A morte é definitiva, não somos nem luz
Nem reencarnação, e se isto bem seduz,
É porque eles não sabem nem pensam,
Que a vida é um estado em que adensam

A curiosidade e o misticismo romanesco,
Proliferando a fantasia e o incesto,
Fazendo de nós bonecos de lama,
E nem temos direito à nossa própria cama.

Jesus disse: ergue-te e caminha! como,
Se a morte já foi certeza; não há tomo
Que valha, para justificar tal disparate,
Mais parecendo revista de escaparate.

Jorge Humberto
19/08/07

.

A MÚSICA DA POESIA



A música da poesia
É quando as letras
São borboletas,
Agitamento de asas,
Cores...
Sons e melodias.

A música da poesia,
É uma simples borboleta,
Espoleta...
Desenhando no ar,
Os sabores
E as rimas mais perfeitas.


Jorge Humberto
(22:29/Maio/10/03)

A NOITE DE NOSSO AMOR


Boca com boca, sentindo a respiração um do outro,
enquanto as mãos, ganhando liberdade, solicitam
corpos, já meio despidos de roupas, seu incómodo,
promessas ecoam por todo o quarto entre sussurros.

E, aproveitando a meia-luz, do recinto, cheio de uma
sensualidade, que nos rouba os instintos, peça a peça,
tecidos vão caindo a nossos pés, entre beijos e aromas,
aumentando a respiração e sua cadência, subtilmente.

Porém, alguma da roupa, mantém-se, aprofundando
sentimentos e desejos, deixando que, a sensualidade,
reine entre o par, que, sem pressas, vão-se acariciando,
em toques de pele, deixando, que o momento se faça.

E, eis, que, assim, nos observamos, em perfeito deleite,
esculpindo a nudez, até agora visível a nossos olhos, e,
entrando em jogos, que nos fazem rir, descontraímos
um pouco, da entrega sexual, absorvendo-nos de facto.

Por fim, já sem roupas, entregamo-nos ao tão inevitável,
desejo carnal e sentimental, e, beijando-te, com avidez,
trago-te suavemente, até ao descanso, dos alvos lençóis,
bebendo ambos, do fruto escolhido, qual só a nós respeita.

Jorge Humberto
23/ 1 1/08

A NOITE É TUA TESTEMUNHA


Tua silhueta sinuosa, percorrendo
toda a casa sem um único passo
audível, em absoluto silêncio, noite
dentro, apenas deixa escapar,
algumas sombras, nas paredes, se
acaso se achega um pouco mais de perto,
das janelas, aonde uma ténue luz,
atrevendo-se, penetra,
nos bastidores, da grande sala.

Como que exercendo, sobre ti, um
enorme encanto, tal luz, emanada pela
lua, leva-te a puxar as cortinas, por
completo, da grande casa, e, ali ficas,
por instantes, observando a estrela.

Nisto lá fora um gato pardo, parece olhar
para ti, a momentos, para de seguida,
retomar o seu curso, de todos
desconhecido,
desaparecendo, por entre esquinas,
até o perderes de vista.

Impelida por toda esta magia, que só a
noite revela, com seu pragmatismo,
decides-te por ser a acção, indo buscar
seu próprio propósito, e, como que
experimentando, tal conceito, num
repente, deixas-te levar pela dança,
que, vinda dentro de ti, faz-te mulher
por inteiro, de sorriso nos lábios.

Então como que num encolher de ombros
e abertos os braços no etéreo, cabeça
ligeiramente caída para trás, sais de ti,
em perfeita harmonia, com a noite.

Jorge Humberto
10/02/09

A NOITE FAZ MUITO QUE DESCEU



A noite faz muito que desceu,
E há uma auréola de mistério lá fora…
Que segredos os gatos caminham,
Não sei, mas esta Lua que tanto me comoveu
E me prediz instante, tem agora
Miríades de subtis licores,
Quando me serve à mesa iguarias de reis
E outros distintíssimos sabores.


Jorge Humberto
(00:41/Maio/05/03)

A NÓS DISTANTE


Como dizer
Que te quero,
A palavra
Enquanto espero,
Que o medo
Se esbata,
A insegurança
Se abra,
E a vida assome
E te deixe
Farta,
Ante o que te consome?

Como dizer
Que te preciso,
E seja verdade
Em ti?
O que em mim,
Embora
Necessidade,
Sempre
É saudade,
Se longe de ti.

Como dizer
Que te desejo,
Sem que fira
Sentimentos,
Ou à lembrança
Maus momentos,
Exultem
Outros comportamentos,
Quiçá herança,
De tantos lamentos?

Como dizer,
Enfim,
Que gosto de ti,
Que és importante
Para mim,
E que
Doravante,
Se estradas
Houverem a percorrer,
Pois que em uno
As façamos,
E um só caminho,
Agora,
Aqui a nós distante,
Mais que o prever,
Seja já
O que vamos querer?



Jorge Humberto
(19:20/Junho/29/03)

A NOSSA DANÇA


Quando te vi, na ribalta, das luzes,
tímido deixei escapar um sorriso,
que percorreu toda a sala, na vã
tentativa, de vir a depositar-se, na
beleza de teus olhos, cor de mel.

Notando, que havias reparado em
mim, em silêncio pedi, em nada haver
ter-te ofendido, quando ousei fixar
teus olhos nos meus, libertando assim,
as asas de teu olhar e o meu fascínio.

Tomando o medo, que me assaltava,
enfrentei multidão e o desconhecido,
e, percorrendo o salão, dirigi-me a ti,
apresentando-me, em sagrado espaço,
e, tremendo, ousei pedir-te pra dançar.

Fremi de alegria, quando me disseste,
majestáticamente, que sim, que terias
todo o prazer, em dançar comigo, pois
que te parecera uma pessoa correcta,
e, dando-te o braço, fomos até à pista.

Lembro-me de teu cheiro até aos dias
de hoje, de como caminhavas suave e
sem pressas, senhora de si, comoção
dando vez, a meus tilintantes passos,
que ia disfarçando, acompanhando-te.

Não podia desiludir-te, ao fim deste
tempo todo, assim fui-me libertando, e,
tomando para mim, toda a tua graça,
depressa invadimos a sala, numa dança,
a ninguém indiferente, e, eu, fui feliz.

Até que tive de partir, deixando este
belo sonho, por momentos. E apenas
um pedido te fiz, que jamais olvidasses,
meus olhos nos teus, pois, meu amor,
nessa noite, fomos um do outro.

Jorge Humberto
17/11/08

terça-feira, 26 de janeiro de 2010


JANELA DISCRETA

Dia singular em nós foi presença
para toda e qualquer eternidade
E um homem e uma mulher se
cumpriam, até aos dias de hoje.

Qual ave no céu que não esmorece
suas asas desenham a orla
do Tejo e teus seios são os montes
que a paisagem guarda a bem guardar.

Havia muito que éramos dois e não o
sabíamos ainda de cor
prenúncio a uma única só voz
que nos fez únicos para todo o sempre.

E tudo à nossa volta era tão lindo
que bonitos nos julgamos doravante.
E um casal unido se realizou como o
bem melhor que havia para se cumprir.

Jorge Humberto
25/01/10

Poeta Jorge Humberto



Quando se lê poeta, não se vê país,
um poeta nasce para a humanidade,
e um poeta é aquele que assim se diz,
o que seu coração quer como verdade!

Minha homenagem a ti poeta português,
que espalha réus versos em tantos corações,
sua presença justifica o que fez,
poetas não são senão, fruto de suas visões!

Que andem pelo mundo as palavras tuas,
embelezando os dias e espalhando o amor,
que cantem as noites, o mar e as ruas,
a vida até na boca de um fuzil, a flor!

Tudo que as letras puderem dedicar,
que o reconhecimento faça chegar a teu torrão,
e nunca esqueça que só a poesia pode falar,
o que o poeta garimpa de seu coração!

Recolho-me singelo poeta, ao meu coração,
mas deixo meu viver e a poesia em aberto,
e jamais se dirá tudo em breve expressão,
quando se falar do amigo Jorge Humberto!


Malgaxe

(Irati/Paraná)

Publicado no Recanto das Letras
em 10/11/09
Código do Texto
T19196222

A ALDEIA MAIS BONITA DE TODAS


Não tem aldeia como a minha, asseada e
de jardins sempre limpos e bem cuidados,
onde ainda hoje todos se conhecem e
cumprimentam, com afectividade e muito
respeito, pela vida de cada um, o seu
bem-estar permanente, mantendo as raízes,
que uniram estas pessoas, desde suas
infâncias, até hoje em dia, cada uma usufruindo
da sua idade mais bonita, a da sabedoria.

Em qualquer lado que se entre, sempre um
sorriso vem ao nosso encontro, e, entre uma
conversa e outra, as recordações não se
limitam ao passado, pois que o presente
também se faz útil. Na minha aldeia ninguém
é indiferente a ninguém, e, em caso de ajuda,
todos se prontificam, em logo mostrar-se
disponíveis, para o que der e vier e sua mão
estendem, em sinal de lauto compromisso.

Embora nada falte, na minha aldeia, de tudo
que gere e deve servir bem uma comunidade,
ainda há pequenos lugares, para hortas e
pomares, como para fazer criação de animais.
Aqui são as pessoas mais velhas, que regem
tais espaços, uma maneira inteligente e útil,
de ocupar seus dias, onde para pouco mais
são chamados, e, assim, mantém seu dia-a-dia
preenchido, fazendo uso de sua criatividade.

Depois a minha aldeia, é a única com o rio mais
bonito, sempre com barcos deslizando, pra
cima e para baixo, sendo observado por aqueles
que passam, em qualquer sentido, por onde
este seja contemplado. Mas belo de se ver é ao
nascer do dia, quando do horizonte, mil cores
descem sobre as águas, e, para quem acredita,
dirá que é ali o paraíso terreno, em toda a sua
beleza, anunciada, desde logo, pelo cantar do galo.

Jorge Humberto
03/10/08

À BANALIZAÇÃO DA POESIA


Ando cá e lá…
Sou tanto de desdenho
Como sou de incongruência,
De minhas múltiplas vontades,
Dos meus desejos mais carnais,
E já me questiono
No supremo abandono,
A que votei estes meus passos,
Que se eu fora um pouco mais,
Do que o que aqui se mutila,
Certamente veriam da luz o sobrolho,
E do olho a vasta pupila,
Que não cabe na vulgaridade,
Ou na banalização do facilmente
Dedutível.
Mas, por outro lado, se sou quem
Se omite e representa,
Quem é o que se ostenta
E vem até mim, de palavra vã,
Como num fulgor dado à manhã,
Sabendo eu que lá fora,
Ainda vai a noite
Segura e irreversível?
Sim… há aqui muita banalidade,
Mais de acomodatício,
Veja-se o quanto de falsidade,
Em prol de um ambidestrismo!
Antes então o que não cala
E é frontalmente isento,
De qualquer dualidade
Ou segundos critérios,
Que o sorriso como unguento,
Servido em frascos de arsénio.


Jorge Humberto
(13/01/2004)

A BESTA VERSUS HOMEM



Hoje a besta desceu sobre mim
Arrepiando caminho pelo senso
Comum, e nas escadas sem fim
Só ficou o olor do contra-senso.

Fez-me fazer coisas impensáveis
Ao comum dos homens, foi então
Que perdi, das cenas inenarráveis
O controle do meu servil coração.

Foi então que o maldito demónio,
Se apoderou de minha vida sem
Pedir licença, ficou-me, do gónio,
A mestria de quem vive sem além.

Roubei o melhor que havia em mim
Não medi prejuízos ou armadilhas,
Por tudo isso, posso dizer-te assim,
Mereci todas as ilustradas quilhas,

Além mar singrando nas altas ondas.
Agora sou refém de mim ou de outro.
Dime, para onde pendem as sondas?
Alguém viu ilustre e desejado porto…

Os braços se distenderam além poço
As pernas se encolheram ao mínimo,
E eu, que jamais serei de novo moço,
Contento-me com o meu real intimo…

Que posso eu fazer do ilustre passado,
Viver o dia a dia é o que me resta aqui,
Não quero que o futuro me seja negado
Porque antes de tudo não soube de mim.

Jorge Humberto
30/07/07

domingo, 24 de janeiro de 2010


A CADA NASCER ESPERANÇA


Aquele pedacinho de gente,
acabadinho de nascer, como
tantos outros, mundo afora,
sossega agora, junto à mãe.

A mãe não esconde alegria,
soletrando delicados beijos,
junto com o nome do bebé,
e, dá-lhe o peito, com leite.

Nisto bebendo são os olhos
da mãe, que ele memoriza,
que jamais, há-de esquecer,
seu cheiro, aí incomparável.

Roupas brancas acercam-se,
pegam no bebé e pesam-no
e fazem todos os conformes
mas sem um único e só ruído.

Compulsivamente chorando,
apenas quer regressar à mãe,
para seu colo, tão quentinho,
e, enfim, dormir, devido sono.

Eis então, os dois adormecem,
descansando, da vera batalha,
e como é feliz, ver mãe e bebé
num abraço que será uma vida.

E em crescendo, minha criança,
hoje ainda bebé o que colheres
a partir de agora foi co o nascer
que gravado ficou, na memória.

Pois serás tu futuro do Homem,
sabendo discernir, bem do mal,
não deixando de ser humildade
cuidando então, todos por igual.

Jorge Humberto
12/10/08

A CADA UM SEU ESPAÇO


A cobiça é um dos piores sentimentos,
traz consigo desdém, pelo que os outros
têm, fruto de seu bom gosto, coadjuvado
por um poder económico, que os deixa
almejar e ter essas coisas, insuportável
aos olhos dos invejosos.

Porém, infelizmente, hoje julgam-se as
pessoas, pelo que aos outros podem
mostrar, como luxos próprios, quantas
das vezes, à custa de certas privações,
nas suas próprias casas, para poderem
suportar tais relíquias, mortas à nascença.

Mas tal é mais forte do que elas; podem
até passar fome, andar com as mesmas
roupas, semanas a fio, para terem móveis
iguais aos dos vizinhos, comprar os mesmos
carros, arrendar casas, nas zonas mais caras,
e assim, imbuídos em falsidade, sair de casa.

Seu sorriso em nada tem de natural, pois que
as dividas são imensas e as prestações, essas,
sobem todos os dias, deitando-os a fazer
contas atrás de contas, tirando daqui, para
porem ali, e, assim, manterem as aparências,
pela manhã, saindo directos para o trabalho.

A cada um suas coisas; não há que levar a mal
terem uns mais do que outros, que aqui só se
exige o respeito mútuo e o crédito, pelo
trabalho de cada um. Sendo sério, em sua
família virado o pensamento, nada mais se lhes
pede, que sejam humildes e se dêem valor.

Jorge Humberto
20/09/08

A DANÇA DAS ANDORINHAS



De mil sinfonias e acordes
Distintos,
São as tardes de Primavera,
Conheço-lhes as asas,
Como as pétalas em seu fechar,
Pois, eis que é vinda a noite,
Eis que são as flores a descansar.

E já o azul se inebria de cinzas,
E os gatos são estas sombras,
Como restos diurnos a procurar,
O olho altivo dos candeeiros.

Mas, ó pena minha,
No ir da tarde, que se fez noite,
Como se fora nuances,
De outras tantas corzinhas,
É que me fica a tristeza destes bueiros,
Pelo súbito calar das andorinhas.


Jorge Humberto
(25/08/2003)

A DISFASIA E JUDAS


Rogai, por mim, ó pecadores,
Eu sou a vossa consciência!
E quando couberem as dores,
E quando perderem a ciência,
Sou eu, quem vai lá estar,
E inda serei eu, a vos admirar.

Jorge Humberto
(20/11/04)

A DISTÂNCIA APROXIMA O AMOR


Caminhando, ao sabor da brisa nocturna,
com minhas roupas, emitindo um estranho
bailado, pés descalços,
percorrem serenamente, uma velha ponte
de madeira, entrando rio adentro.

Amarrado à ponte, há um pequeno barco,
para não mais, de duas pessoas.

E conforme, a ondulação, vai e vem, assim
ele se comporta, indo bater, de
quando em vez, num dos postes,
de há muito refúgio, para crustáceos.

Indiferente, ao som surdo, que tal impacto,
provoca na madeira,
propagando-se pela noite, sem qualquer
hesitação, continuas teu caminho.

Até onde a ponte se encontra, com as águas
do rio, em destino.

Aí chegando, sentindo o ranger, da madeira
antiga, pelo facto, de nela te teres sentado,
deslizas teus pés,
mergulhando-os suavemente, nas águas.

Uma figura, atrás de ti, parece observar-te,
de longe.
E teu coração, sabe bem quem é, e que, não
são só recordações nem ilusões, o que a
lua te traz, na sua meia luz.

Resistindo à tentação, de espreitares, por
cima de teu ombro, chamas seu nome
baixinho, enquanto vais aguardando, que,
nova manhã, se faça.

E nos braços, um do outro, se voltem
a amar.

Jorge Humberto
19/02/09

A FORÇA DO TRABALHO



De força e de nervos, se faz esta canção,
Do arado que lavra a terra o seu apogeu,
Do agricultor vai o meu verso de emoção,
Do metalúrgico, o meu fonema tão seu.

Das vinhas fica-me o leve sabor a mosto,
Dos trabalhadores a inenarrável condição,
Digna presença, que não esconde o rosto,
Ante o trabalho e a desenvolta produção.

Do homem que trabalha, criando bela arte,
Quer seja no vidro, no barro ou na oficina,
Deixo o meu mais lisonjeiro elogio à parte,
Por desenvolverem rude técnica tão digna.

E, daqueles, que, com cimento, alicerçam
As casas do amanhã, feitas de sangue e suor,
Fica-me o sincero agradecimento, cessam
As palavras, para lhes dizer do meu amor.

E assim cantando hossanas a quem trabalha,
Quero erguer o meu pendão, rumo ao futuro,
Pois só quem sabe dar valor a esta batalha,
Sabe do quanto ela é prestigiante, elo maduro.

Jorge Humberto
25/08/07

SOMOS MUITO MAIS



Pobre pais de tristeza e de fado
cada um está por sua conta
é um destino malfadado
dedo em riste nos aponta.

E morrem às centenas
os humanos desconhecidos
são mais que muitos, raras penas
de rosários aqui esquecidos.

Não custa ser solidário
olharmos uns pelos demais
não fora tudo tão ordinário
diria que somos muitos mais.

A cada um seu gesto a carpir
as dores que lhe vai na alma
se ao menos soubéssemos dividir
a tormenta que nos acalma.

Então seriamos imortais
olhos nos olhos a mostrar
e não seriam em vão os ais
nem teríamos cruz a nos pesar.

Jorge Humberto
24/01/10

POR NOSSO NOME


Diz só mais uma vez baixinho o meu
nome para que eu não esqueça o som
de tua voz, pela aurora dos tempos,
em que o silêncio é feito de nardos
a enfeitar o teu ser.

Pronuncia teu nome Mulher com um
sacudir de ombros enquanto danças na praia
à luz da lua pardacenta, que rasa seus olhos
no mar mais em baixo,
junto às ondas de outrora.

Diz-me quem és e eu dir-te-ei de meu amor
que sobe por mim acima até ao mais
alto de mim, substância de meu ser apaixonado
que por ti se põe engalanado, das mais
finas texturas.

Raia o sol na manhã tão nossa e nós vamos
beber o néctar dos deuses, até nos darmos
por satisfeitos, ante a primazia dos corpos
desnudos pela natureza, que nos canta odes
de encantar, a este amor tão puro e bonito.

Sei de teu rosto mais do que de mim, sei…
sei dos teus silêncios e de teus segredos de
mulher, sei…
E eu lanço uma corda de músculos
que de malmequeres te enfeitei.

E quando o ocaso chega para nos levar,
zurze um vento bem ao de leve, que erradia
nas nossas faces mil histórias por contar
e que só nós conhecemos, como se fechássemos
os olhos para um sono repentino.

Jorge Humberto
23/01/10

CANÇÃO DE EMBALAR

Onda vem onda vai
traz-me o meu amor
sem reticências
nem muitas ciências.

Onda vem onda vai
em ondas de espuma
galgos a saltitar
pelo teu bom despertar.

Onda vem onda vai
de cá para lá
trazendo-me o desvelo
de meu amor por vê-lo.

Onda vai onda vem
mostrar-me o querer
do meu subtil almejo
o meu forte desejo.

Onda vai onda vem
duas ondinhas a navegar
no mar a escudar-se
de um vento que o levasse.

Onda vai onda vem
não o digas a ninguém.

Jorge Humberto
22/01/10

MENINA DE MEUS SONHOS


Como passarinho saltando de raminho
em raminho assim é teu sono
a brincar no meu sonho.

Viras este do avesso, aquele outro pões
de pernas para o ar, e assim passas a noite
a fingir ser muita coisa ao mesmo tempo.

E eu sorrio e vou de mãos dadas contigo
escorregando pelas cores do arco-íris
até onde sonhar é um desafio.

E quanto mais vestes meus sonhos, mais
eu me entrego aos teus caprichos
de menina, que corre e salta de lá para cá.

E quando acordamos por fim, visto-te
de linho e de folhos, para
depois caminharmos juntos caminho.

Sonhos de esta vivência sem par
aonde nosso ser acordado é um sorrir
pela manhã aberta de nossas janelas.

Jorge Humberto
19/01/10

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Menino Triste

Jorge Humberto



Escrevo o que sinto e o que sinto não sei se escrevo

Se sou só este que escuta as flores e os seus olores

Se aquele que vê janelas fechadas para todo o romantismo



Onde antes havia janelas abertas só vejo horrores

De pessoas que passam sem se cumprimentarem

Já não há o espírito de solidariedade e de frontalidade

E eu ceguei para não ver estas coisas que me doem por dentro



Menino triste que passas de bola na mão

Vem brincar comigo só um instante

Não queiras ser como os outros só razão

Ou algo parecido como uma mão vazia de instante algum.



A este poeta

que mostram o absurdo

e ele faz questão de esquecer!

A este poeta

que alguns acham difícil de acessar,

e deixam para lá, nao querem saber,

não sabem o amigo que estão a perder!

Amigo, neste dia

aproveito para dizer que admiro

e tenho um carinho muito grande por você!



QUE ESTE ANO SEJA DE GANHOS!

GANHOS DE ENTENDIMENTOS,

GANHOS DE MOMENTOS BONITOS,

GANHOS DE ALEGRIAS E FELICIDADE!



Beijo meu,

Rivkah

20.01.2.010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


DE AMOR ESTA PRESENÇA

É teu ser encantador que me
diz presença e me faz entender
o amor em toda a sua plenitude.

Teu ser sereno qual avezinha
chilreando no cimo de uma árvore
é toda esta tranquilidade que
transporto comigo pela mão.

E mais que isso és toda esta fragrância
que a brisa impele dentro de
meu peito e que o faz inchar de pureza
como num bem despertar pela manhã.

E eu sei que te amo eu sei e quis
que todos os nossos silêncios
fossem pétalas de fogo a abrirem-se
no profundo de teus olhos.

E assim te amo perpetuamente
até me perder de mim
por encontrar-te.

Jorge Humberto
18/01/10

sábado, 16 de janeiro de 2010


POBRES DE ESPÍRITO


Há pessoas pobres de espírito, onde
sua única razão de ser é vilipendiar,
mesmo que usando da mentira,
quem tudo faz para com responsabilidade
assumida ajudar a dar voz a quem não a tem,
ensinando-lhe que é um ser
humano de direito, e, que, deve lutar por isso.

Lutando a seu lado não me nego em
mostrar-lhe novos caminhos, no orgulho
de cada dia,
mesmo que o mundo lhe tenha virado costas.

Sou contigo, quando te estigmatizam, quando
te viram o rosto de repúdio, levantam falsos
perjúrios, para se sentirem eles próprios (os
prevaricadores), ilusoriamente vivos, um pouco
mais que nada que o nada que lhes resta.

Ah, tenho pena desta gente, que se alvitra ao que
não é, não foi nem nunca será, mas tu meu
humilde amigo, assim gostes de ti, vencerás,
contra todas as patranhas que te queiram impingir.

Jorge Humberto
24/09/09

SEMPRE CONTIGO AMOR



Coração desassossegado, se teu pequeno
coração se mostra preocupado,
tem como primeiro intento, fazer-te sorrir,
para que dessa forma, de ti, não tendas a fugir.

Não resultando, o que achei, por melhor,
disse-te, que na vida, tem coisas bem pior,
mas vendo-te frágil, em silêncio, busquei a solução,
que atormenta, esse teu peito, qual maldição.

Concordando comigo, falas-me abertamente,
enquanto eu te escuto, de todo, secretamente,
que, o que vai em nós, só aos mesmos diz respeito,
e de palavra em palavra, jamais um único defeito.

Mas um amor permanente, um cuidado a ter,
para com quem, a todo o instante, é dever,
e, mais do que isso, no coração, toda a obrigação,
de estar sempre atento, portas fechadas à desilusão.

E por fim, quando vem a paz, tranquilo o meu amor,
nada há em mim, que me faça crer, qualquer favor,
porque em ti, meu anjo, basta-me um só sorriso
dos teus, para ser um homem feliz, e, nada mais preciso.

Jorge Humberto
21/05/09

SINA OU FADO O ESTAR SOZINHO


Resolvi aceitar que minha vida é um
pouco mais que estar sozinho,
e como contra factos não há argumentos,
há muito depositei a flor que um dia
plantei, com estas mesmas mãos que
julgaram de si a eterna felicidade.

Sou como aquele sol de pouca dura,
que traz atrás de si a neblina, onde perco
todo e qualquer senso de realidade,
porque tudo que faça ou diga não altera o
conceito primário de meu ser dedicado
e delicado, de minha pessoa apaixonada.

E aqui me encontro só sem ter a quem
amar, porque amar não é o mesmo que
mudar de camisa, veste-se outra e tudo
volta à sua parca normalidade, amar
é muito mais que isso é uma entrega, que
só os de alma fiel conhecem seu fim.

E eu que pensei conhecer seu fim, quando
a eternizei dentro de mim, ledo engano,
que o que não é de durar, por mais que te
expliques, não tem ouvidos que te
escutem e as tuas angústias e teus pedidos
de perdão são meras figuras decorativas.

Continuarei a amar a única pessoa que sei
amar, seu julgamento a si pertence como
o gesto de cada um de nós e nada interfere
com este coração, cavalo louco correndo na
orla de meu peito, que soletra seu nome
baixinho, pois ao casal a solene discrição.

Jorge Humberto
03/10/09

SÚBITA TRISTEZA


Ah, a falta, de tua presença, meu amor,
é como que, um não estar em mim,
solidão sem igual,
maior, muito maior, de que todos os
céus ou, ao longe, os mares,
deste pequeno mundo,
que não foi feito, para estarmos sós.

E, buscando-te, em cada silêncio ou
esquiva sombra, na esperança, de te ver
chegar, a qualquer momento,
passado é o tempo, e, sem que te veja,
sobressalta-se-me o coração, e,
como aquele pobre louco, que ri, para não
chorar, assim eu, por te imaginar.

São leves olores, acercando-se de mim,
de mil cores, se vestindo. E, levantando-me,
vou de jardim em jardim, colhendo,
as mais belas flores, aconchegando-as,
a meu peito, ainda mal refeito, pela tua
ausência. Porém, por cada flor, ou novo
botão, sei que perto estás, ó grata devoção.

Jorge Humberto
04/07/09

TER-TE A MEU LADO


Desces o véu branco de teu rosto
expondo a natureza de tua tez
morena, e olhando-me de frente
deixas cair um de teus sorrisos
que em minhas mãos amparando
vou como um sopro divino.

Teus olhos cor de mel num riso
que embeleza toda a tua face
penetram nos meus fazendo de mim
o homem mais feliz que te irá contar
os segredos mais escondidos de
nosso verdadeiro amor sem reservas.

Uma brisa vinda do norte cria asas
no teu imenso cabelo cor de cereja
e tu com tuas mãos finas tentas
apanhá-lo e prende-lo enquanto eu
desço um xaile de linhas equidistantes
pôr sobre a tua lindíssima cabeça.

Mostraste-te agradecida e a meio o
vento beijamo-nos, enquanto as pessoas
exclamam: que par mais bonito! Que
casal mais perfeito! estão um para o outro.
Sorrimos perante o lisonjeio e um nó na
garganta toma conta de nossas emoções.

E enquanto saímos desta fogueira de mil
sóis, deixo que me tomes a dianteira para
que eu possa ver toda a beleza do teu simples
caminhar, até que, comigo, me pergunto:
como ser este que se supõe se não fosse
ter-te a meu lado amor, amando-me.

Jorge Humberto
23/12/09

TEU NOME MULHER


No mais alto de mim
te concebo Mulher.
E em cada jardim,
pequenos raminhos
de jasmim,
falam-me
de teu ser diferente,
de outra coisa qualquer,
porque teu nome
tem nome de Mulher.

Jorge Humberto
19/08/09

TODOS NÓS SOMOS VIDA E PELA VIDA


Com minhas mãos, em forma de ninho,
é nelas que acolho um passarinho. Pois
estas são mãos de terra, que, pela vida,
aprenderam, a respeitar, aqueles, que,

apesar da diferença, iguais se fazem, à
minha humilde pessoa. E em certo dia,
à natureza, foi que, mi alma e coração,
à terra baixasse, a flor que lá nasceria.

E o pequeno passarinho, nestas suaves
mãos, onde baixou e encontrou, o seu
descanso devido, logo, o seu primeiro,
cantar, volveu, a quem ouvir quisesse.

Vez ou outra, batia suas pequenas asas,
enquanto eu, pressentindo, sua partida,
de imensa felicidade enchia-me, que das
mãos, suporte de vida, nova vida se faria.

Devolvendo meu corpo à terra, baixinho
(antes de tudo), fiz com que caminhasse
no peito do chão. E compreendendo sua
nova liberdade, o passarinho olhou-me…

e, entregando-se, aos céus… enfim, voou.

Jorge Humberto
13/06/09

VIDA DE SEMENTE


Como uma pequena semente
ao acaso do vento
de espigas abertas
prontas a deixar o embrião
num estado de vida latente
procuro apenas a mansidão
do brando tempo
que lenta
lentamente
me traz até ao chão
e das raízes cobertas
novas sementes germinarão.

Certas vezes sou uma semente
enorme
e como não tendo forças o vento
para me impor no ar divagação
vou pelas areias vagarosamente
meus passos na vastidão
e como quem não dorme
continuo minha viagem
por entre o deserto silente
de animais e sua variação
onde um dia a seu tempo
encontrarei meu chão.

Jorge Humberto
03/08/09

VIVER A VIDA


A morte há-de levar-me um dia, mas
apenas porque foi chegada a hora,
nunca por uma conquista sua
sobre a minha vida – que isso lhe nego.

Nego e renego ser seu subserviente,
que medo algum lhe guardo, por isso lhe
deixo toda a indiferença e o
desprezo que o meu existir lhe reserva.

E nas raias da vida escolhi meu caminho
que apenas consente os de alma pura e
os que prezam a existência qual a beleza
que o Universo lhes concedeu
[à nascença.

Jorge Humberto
13/10/09

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


QUANDO QUASE MORRI


Neste país que é o meu
a mim muito entristeceu
de mim não quisessem saber
vendo-me mal e a adoecer

Ajudas mil eu procurei
em lado algum eu achei
carinho ou preocupação
com meu sofrido coração

De uns para os outros desviando
assim minhas dores ia fiando
sem que socorro viesse
e de mim enfim soubesse

o que melhor aprouvera
para o que me acontecera
de mil espasmos carpindo
só mesmo sorrir anuindo

Ajuda não veio de parte
alguma e eu senti-me aparte
da sociedade dos ricos
entre os aflitos dos aflitos

Entretanto o dia passou
e a mim ninguém se achegou
a não ser a extremosa mãe
que me não deixou a ninguém

Pois neste país fizeram pouco
de um pobre e senil louco
que apenas pedia ajuda
para sua saúde futura

De boa sorte e ternura
de quem me mostrou candura
o perigo enfim passou
e da morte por fado escapou

Mas não esqueço a revolta
de não ter à minha porta
quem se preocupasse
com todo este desenlace

Pois se da morte bem perto
a falta de sorte por certo
que ninguém se mexeu
preocupado com o que era meu

Jorge Humberto
15/01/10

PELO DESEJO SE ALCANÇA A REALIDADE



Chegado o entardecer, trazendo como sempre,
atrás de si, uma bela lua, toda ela branca, que
nas águas do lago se espelha, e, pousa suas mãos,
nas árvores mais próximas, dormem as flores,

largando seus cheiros, que mais lembram jardins,
em toda a imensidão, de cores e de infinita beleza.
E na casa de pedra, com seu telhado e varandim,
revestidos de colmo e de alguma madeira, fogueia

uma lareira, e, a chaminé, também ela, de pedra,
bruxuleia no ar, os excessos do fumo, enquanto,
uma janela se acende lá dentro, aconchegando e
dando vida, a quem, no seu interior, ali fez seu lar.

Neste lugar afrodisíaco, um pouco à distância, da
luz da lua, se socorrendo, uma cascata, mostra-se,
em todo o seu encanto, e tudo parece, tão perto,
entre a natureza e a casa, que se diria um quadro.

No céu rareando ainda perdura uma réstia de azul,
e, nesta cabana, que escolhemos, para acolher, o
nosso destino, sentados, de frente, para as águas,
do límpido lago, mil promessas de amor, fizemos.

Jorge Humberto
08/06/09

PERFEITO CORAÇÃO



Perfeito é o bater, de cada coração.
E se a manhã, não se diz ausente,
deposita, em cada uma das mãos,
ambos os corações,
que em nós reluzem, apaixonadamente.

Como um pássaro no céu, que vai
no azul de todos os azuis, do rio a corrente,
entrego-te o meu coração,
na concha aberta, de tua mão,
que no peito o pões, como a uma semente.

Perfeitos corações, que em liberdade,
não param de bater,
nasça o sol ou ponha-se o dia,
constantemente em harmonia,
como o que cada um, tem para nos oferecer.

E por entre as colinas, de Lisboa,
mulher menina, à varanda,
de cuidados tratas as flores,
sonhando com todos os amores,
entre os cheiros, do jasmim e da lavanda.

Oh, perfeito coração, não pares nunca de bater,
ouve bem pois o que te digo,
nas planícies, de nossa paixão,
na palma de nossa mão,
que nós seremos sempre contigo.

Jorge Humberto
10/04/09

POETA QUE CALA… NÃO!


Das bigornas, do maço e do
martelo, do aço, do metal e do
ferro fundido, do esquadro e do
compasso nasce uma nova
dialéctica, rumo ao futuro.

Do soldador ao vidreiro, do pintor
ao sapateiro, do taxista ao talhante,
do camionista ao comerciante,
da cabeleireira ao vigilante
nasce assim um novo proletariado.

Das ceifeiras a ceifa, na terra o arado,
do pastor o pastoreio, do peixeiro
a pesca, dos guardas florestais
a redobrada atenção, contra as mãos
assassinas, na eira a desfolhada.

Dos emigrantes aos que cá ficaram,
da noiva chorando seu noivo,
dos que sem medo aqui ousaram
dos que elegeram seu país,
contra sucessivos governos sem presto.

Dos que pelo frio saem aos campos,
dos varredores aos engraxadores,
das novas tecnologias em progresso
contínuo, dos ricos aos pobres,
este é o nosso país e digníssima voz.

Dos que observam e preservam a
natureza, dos jardineiros aos que
lutam por um trabalho digno às suas
competências, contra os circos e tudo
que polui nosso Planeta Azul.

Podem chamar-me tudo o que
quiserem: drogado, ladrão,
assassino, demagogo, prostituto,
sem Deus… poeta que cala: NÃO!

Jorge Humberto
06/09/09

PRAIA DE CANELAS


Junto a um vulcão em extinção
está a praia de Canelas.
Pela manhã suas águas são frias e
o fundo não se deixa ver,
coberto que está por uma densa
camada de nevoeiro,
vestindo toda a praia de um branco
a perder-se de vista,
sem qualquer movimento quer
de ondas, quer de pessoas,
àquela hora matinal.

Rochas vulcanizadas caem aqui e
acolá, mais ou menos perto do vulcão
adormecido, pedaços que a natureza
em tempos ali deixou, criando novos
motivos de distracção, para os
veraneantes, principalmente as
crianças ávidas de novas aventuras.

No entanto é necessário muito cuidado
pois estas rochas cortam como o vidro
e há mexilhão cobrindo todo o espaço,
camuflado entre a negridão, da
própria pedra rochosa.

A montanha é íngreme e por todo o lado
pedras soltas não são o mais apropriado,
para ali se deitar uma toalha de praia.
O mais correcto é andar sempre calçado e
quando chegar a vontade de um banho no
mar, descer até ao fundo mais plano da falésia,
e aí, em cima de qualquer coisa, para não
magoar os pés, despirmo-nos para de
seguida entrar nas águas já mais apetecíveis.

De ilhotas se distribui o mapa desta zona
onde poderemos observar uma aldeia,
um tanto na distância… enquanto a meio
da manhã, o vulcão praia, se enche de
pessoas de todas as idades, abundando
as crianças.

Jorge Humberto
22/08/09

QUAL FLOR NASCIDA


Qual flor nascida, na manhã,
de todas as manhãs, que guardando vou,
junto à orla de meu peito;

Pássaro, que ao longe, no cimo de uma
árvore escolhida, a seu belo prazer, de amor,
as canções, cantando, meu coração acaricia;

Fonte de águas claras, onde sacio a minha
sede, e, nelas, me perco,
por entre lembranças, de tua presença aqui;

Meus pés descalços, por sobre a erva molhada,
para assim te sentir melhor,
em perfeito contacto, com a natureza;

Meus olhos, buscando olhos, por entre as ondas
do mar, assim os teus olhos,
desenhando sorrisos, nas areias da praia;

Criança desejada e amada, brincando de coração
e de escorrega,
quando da liberdade, a querem privar;

Ah, assim és tu, Mulher, quem me traz encantado,
numa multiplicidade, que faz de ti,
aquela, por quem sempre mas sempre busquei.

Jorge Humberto
07/05/09

QUEM DERA SER UM PÁSSARO


Quem dera ser um pássaro…. E ter por
casa, o imenso céu, com o sol a influir, directamente,
no meu peito.

E a cada novo nascer, de um novo dia, de entre
o horizonte, lá surgia, rasando o mar e suas ondas,
meu ser pássaro, de asas abertas ao vento.

Já em terra, anunciando minha presença,
dos mais velhos, impacientes, suas muitas recordações…
belos olhos, de crianças, brilhando ao sol.

Caminhando então, de cá, para lá, entre jardins e mármores,
repouso e convívio, das pessoas, uma força, fez-me levantar
voo, firmando poiso, no fresco, das águas, do mar.

E todo o meu ser branco, símbolo da paz, ao longe se
podia observar, subindo e descendo, ondas…
e as gentes, diziam… vejam… adiante… nosso amiguinho.
Ah, quem dera, ser um pássaro… com seu ramo, de
oliveira, no bico… tranquilo e confiante, num novo mundo,
no Homem, do amanhã!

Jorge Humberto
09/07/09

REVISITANDO MEUS VERSOS


Por mais desertos onde me perder,
por mais jardins que ostente,
até hoje não houve semente,
que fizesse jus a todo este meu saber.

Como se uma bela flor a encontrasse
de seu jeito envergonhada,
vendo a luz ser-lhe negada,
por não ter enfim quem nela reparasse.
Pois só a indiferença lhe traz o vil algoz.
Ser quem é em si é e satisfaz.
E nada há que seja aqui capaz
de a um sentimento seu torná-lo atroz.

Muitos desejam a esta flor irresistível,
não julgando sua fragilidade.
Mais lhes importa a vaidade,
a cumprir agora e já com o exequível.

Na solidão extra de minha extensa vida,
mergulhado em meu pensar,
imenso de dor e tenso penar
são meus dias por esta gente mal vivida.

Jorge Humberto
04/09/09

SE NEM A ENTREGA NEM O AMOR….


Se te acusam, de algo que não fazes,
fortalece-te, que a verdade é contigo,
por mais que tentem confundir-te,
por entre palavras rebuscadas e sem nexo.

Se de uma conversa normal, querem
fazer transparecer, que estás a discutir,
como se fosses alguém, de mau carácter,
não fiques com a ignorância, do outro.

Se, para alguém, és incómodo, quando,
de ti, apenas, um amor imenso, revelas;
se uma pergunta tua, te é devolvida, com
a força de uma pedra, foge da agressão.

Se, àquela, a quem deste tua vida, apenas
defeitos, te acha, sê ciente, de que a haver
defeitos, esses ficam sempre, com quem
mal te julga, e nunca, por nunca, contigo.

Se ofensas, te dirigem, como a algo de vulgar,
somente, porque és tu, a pessoa escolhida,
para vir, a ser, a atingida, não aceites o mau
gesto, nem volvas tu, pelo mesmo caminho.

E se acaso, de teu sofrimento, todo o valor,
lhe seja retirado, não importando, quanto
te doa a alma, reconhece-te estrangeiro,
e, que, a dor, te vá por dentro, em silêncio.

Nem mesmo o amor tudo vence, quando
te sentes um subalterno, alguém marcado
pelo passado, que, em toda a sua força,
voltou, para dar crédito, a que te magoem.

Jorge Humberto
13/07/09

SE PRECISO FOR

Meu sorriso é tão bem mais bonito
quando te tenho junto a mim,
sorrindo comigo as nossas alegrias
ouvindo-nos em silêncio se preciso for.
Meu sorriso assim alcança campos
pejados de espaços verdes e de grandes
planícies, para onde dirigimos nosso
sonho encharcado no róscido da manhã.

Meu sorriso é como que respirar
a tua própria respiração matinal,
com Cânticos de pássaros e sons
de ondas que fluem lá em baixo no Tejo.

Só tu me fazes sorrir qual menino que
brinca alegremente com seus amigos
e procura na mão de um adulto a
protecção devida para à sua inocência.
Contigo enfim posso adormecer com um
sorriso nos lábios, que o entardecer e a noite
são dos namorados e a lua espreita e vela pelo
nosso sono, tão tranquilo e cheio de amor.

Jorge Humberto
27/12/09