Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sábado, 25 de setembro de 2010


NÃO MAIS, NÃO MAIS

Não mais, não mais, é tudo
o que se me oferece dizer,
depois de uma grande luta,
em, que, com muita labuta,
deixei o passado para trás…

Não mais, não mais, é toda
esta minha voz reclamando
o nome por sua ascensão…
e na morte, por assunção,
não mais, tornei a revê-la.

Jorge Humberto
16/09/10

SONHO-TE ACORDADO

Meu sonho és tu, minha consciência
és tu, minha lembrança de ti é
recorrente
e nunca está longe de mim.

Por mais que te veja ou não veja,
estás sempre presente em meu
pensamento,
que desenrolo como a um novelo de lã.

Teu sorriso de menina me cativa,
faz de ti menina e moça,
que me tem pelo beiço,
tal é o amor com que te venero.

Não sei viver sem tua presença e nem
importa o tempo que estejamos
juntos, o que conta
é a intensidade de nossa comunhão.

Ofereço-te as mais lindas flores, que
tu vais pôr no cabelo,
para embelezar e realçar os teus olhos,
que, da cor do mel, tanto me encantam.

Conheço cada traço de teu rosto,
embora a ausência nos afaste cruelmente,
mas é mais duradoira cada palavra,
cada gesto, que emprestamos, um ao outro,

nesta lonjura, que nos cumpre.
Ah, meu amor, o nosso dia, chegará,
e seremos o casal mais bonito das redondezas,
em que todos cantarão hossanas por nosso nome.

Não te deixarei só – é uma promessa que faço
questão de cumprir,
porque o dia se aproxima a largos passos,
e, eu, não olvidarei, o caminho, até ti.

Oh, meu amor, de hoje e de sempre,
saber esperar é uma virtude,
amarmo-nos na lonjura, como tem sido nosso
apanágio, só está à altura dos amantes virtuosos.

Jorge Humberto
24/09/10

INDO AO TEU ENCONTRO

Sinto no ar a imensa alegria, quando
tu chegas vinda da rua,
com cheiros a alfazema e nardos,
perfumes que me seduzem.

Tua sombra aproxima-se e
nos abraçamos,
coração com coração, peito com
peito, como cavalos na orla da praia.

Borboletas poisam nos nossos lábios,
ao nos beijarmos,
e, ao darmos as mãos,
sentimos os pelos de nossos braços, eriçados.

Sorrimos abertamente, um para o outro,
e passeamos pelos muitos jardins,
que elegeram o nosso caminho,
como o de sua predilecção.

Teus olhos cor de mel cintilam ao sol,
pássaros esvoaçam,
de cá para lá, dando-nos as boas-vindas,
pressentindo-nos no dobrar da esquina.

Já se avista a nossa casa, toda ela
de branco pintada,
com bambinelas às janelas,
de correr as portas, todas de madeira.

E como duas crianças nos emocionamos,
enquanto eu colho uma rosa branca,
que ponho no teu cabelo,
com mãos de artesão.

Jorge Humberto
23/09/10

DE VOLTA AO PASSADO

O dinheiro é o causador de todos os problemas, a riqueza a todo o custo, a ganância são os seus seguidores e adoradores. Há gente que faz de tudo para enriquecer, não tem mal algum querer-se mais para a nossa vida, o pior é quando se esquecem todos os valores, para enriquecer, não olhando a quem nem ao «como», para lá se chegar. Existe quem venda a alma ao Diabo, literalmente, para alcançar tais anseios. Pelo dinheiro se estigmatiza pessoas, se destroem florestas, se maltrata a Mãe Terra. O hábito faz o monge e o ladrão. Pessoas perdem personalidade para ter dinheiro, aos montões, nas suas mãos, tornando-se avarentas.

Era muito melhor os tempos em que se trocavam cereais, por roupas, comercializando o que se possuía, pelo que se não tinha. Não havia privação ou carência, nem ausência de coisa precisa e útil. Cada um tinha o seu trabalho e era através dele que conseguia o seu sustento e o sustento dos seus. Havia pão, leite, roupa, dos mais variados tecidos (tudo feito à mão), animais, vegetais, fruta e ovos, nada faltava, para se trocar e fazer negócio. Todos conseguiam comercializar, os seus excedentes, até que apareceram as primeiras moedas e tudo se passou a comprar, com preço estabelecido, e de difícil alcance, para todas as bolsas.

Começaram a surgir os pobres, pois o que cultivavam ou maneavam (os seus animais), não tinha mais saída. Embora pudessem vender algo do seu expediente, nunca se levava para casa o que era realmente necessário, pois os produtos em venda, disparavam consoante a sua procura, e os preços iam subindo, no que era de mais-valia e preciso. Então o preço de um quilo de batatas, não dava para comprar um vestido e assim por diante. Surgiram os artesãos com peças riquíssimas, que vendiam a bom preço, e as terras de cultivo foram sendo abandonadas, ficando apenas para os pobres o seu pedacinho de terra cultivável.
E era com o que ela lhes dava que tinham de sobreviver.

Trocar os seus excedentes, por aquilo que não possuíam era política a manter-se,
ainda nos dias de hoje, pois há terra bastante para todos cultivarem, os seus géneros. Queijo, vinho, sal, peixe, tudo isto tem saída, cada qual com o seu trabalho, sem avarezas nem dinheiro, a troca simples e pura dos meios alimentícios ou artesanais. O dinheiro ao contrário do que se pensa, não juntou as pessoas, arredou-as de um modo de vida primário mas sustentável, onde todos interagiam e faziam parte de um sistema pluralista e flexível. O dinheiro não é rentável, apenas para os ricos, e não há dinheiro suficiente, nos bolsos dos menos abastados, para terem tudo o que necessitam.

Sabermos o que sabemos hoje, mas não precisar de dinheiro para nada. Assim havia trabalho e empregos para todos, pois tudo servia como «moeda» de troca. Então as empresas evoluíam e cresciam, e, a base de sustento, para o ser humano, estava assegurada. O dinheiro fez o mundo crescer: era perfeitamente
natural, que o modo de vida, quem preconizo, também o conseguisse, a necessidade faz o engenho. Troca por troca, dura e crua, num desenvolvimento sustentável e rentável, para os que investiam seriamente no seu trabalho. Dava para ter todas as regalias que se tem hoje, agindo-se pela «troca», de serviços e serventia, sem abusar de ninguém, não havendo ricos nem pobres, mas sustentados.

Jorge Humberto
23/09/10

O FUNDAMENTALISMO DAS VÁRIAS RELIGIÕES

O fundamentalismo é a perda gradual ou radical da realidade, por uma intransigência na obediência de princípios e regras. Quem assim age perde toda a noção de valores, e torna-se fanático, na defesa dos seus ritos. Religiosamente é a doutrina que defende a fidelidade «absoluta» à interpretação literal dos textos religiosos. Uma pessoa ao tornar-se fundamentalista perde todo o sentido da razoabilidade, e, se acaso, alguma razão lhe assiste (?), perde-a por completo com este seu comportamento exacerbado. O fundamentalismo traz consigo a discórdia e as más interpretações, ficando a pessoa, que exerce esse modo de ser, surda e muda, a toda a existência de facto.

É ainda o fundamentalismo o causador de todas as guerras, entre religiões e seus sequazes. Passa-se a agir de uma forma desgovernada e condicionada, ao que se tem por certo. Deixa-se de pensar e de se raciocinar, para pegar em armas, e, a palavra, é uma das armas, que os fundamentalistas usam, para convencer as pessoas, dos seus actos irracionais e terroristas. A religião, nas suas variantes, sempre foi o elo mais próximo do fundamentalismo, senão veja-se a inquisição, ou as guerras santas. Nicho de serpentes o fundamentalista com o tempo foge de tudo o que é real, para passar a alimentar a sua doença, de uma forma rígida e destituída de valores morais.

As religiões são para se contemplar, para nos tornarmos melhores pessoas, mas elas próprias – as religiões – não convivem umas com as outras, e sempre andaram de costas voltadas, cada qual com o seu brasão e forma de doutrinar. É bom que haja diversas «igrejas», deixa-o de o ser quando barram o caminho, umas às outras, com o fundamentalismo a tomar posse e o absolutismo a ser a fé que rege os seus passos e costumes. De um modo mais «light», do fundamentalismo, há as «beatas», que professam uma coisa e fazem outra contrária aos princípios, que lhes são ensinados, quando saem das «igrejas», na outra extremidade está o terrorismo nu e cru.

E o terrorismo religioso vem de milhares de anos atrás, desde Cristo e suas profecias, veja-se o que os Romanos fizeram aos Cristãos, nas arenas ou pendurados em cruzes, junto com ladrões e assassinos: a humilhação levada aos extremos no desvalorizar da vida humana, só porque se professava diferenciadamente, do povo romano e de seus loucos Imperadores. Agora há os «homens bomba», muitos são jovens, e cada vez mais, na procura de agradar ao seu rabino, estes se oferecem ao sacrifício, que os levará ao «paraíso», que crêem piamente. Não haja dúvida de que são os rabinos a fomentar o terrorismo psicológico, junto de seus aprendizes, e que dão ordens para o suicídio de massas.

Os padres cristãos fazem outro género de terrorismo, o despotismo e a divisão entre o seu «rebanho». Dizem que devem defender a sua causa e a sua casa (a igreja) e que os outros religiosos são pecadores, não merecedores da simpatia de Deus, que tudo vê e levará para o inferno, os que não seguem o caminho traçado pelos padres católicos, sobre o jugo do Vaticano, em nome de bispos e de Papas, teólogos e afins. É o corte radical, onde as pessoas são estigmatizadas, carregando uma pesada cruz: «a do preconceito». Se Deus é só um porque estas afrontas, partindo do princípio de que somos todos iguais à nascença e pela morte? A uniformidade dos vários conceitos, tem de se sentar à mesa e entrar em acordo, essa é a divida e o que Deus escolheu para os Homens.

Jorge Humberto
22/09/10

ESTE AMOR DE BEM-QUERER

Nada justifica a tristeza que me assola,
sou um ser solitário,
com amigos rodeando-me aqui e ali…
mas esta vontade de chorar,
deixa-me quedo e mudo, por sobre a mesa.

Sinto a tua falta e a tua graça de menina,
saltando de um lado para
o outro, comigo de mãos dadas…
e, o teu sorriso, que tanto me encanta,
tem andado arredio, de minha pessoa.

Vivo de lembranças e de palavras de amor,
que foram ditas no flamejar,
de nossos corações apaixonados…
mas a distância e o tempo são algozes,
que nos prendem as motivações.

E eu só quero este amor tão só meu, tão
só teu, como nosso…
no despertar da manhã…
que rivaliza com o dia solarengo
e acorda as flores cativas.

Não há um segundo que não deixe de
pensar em ti, em nós…
e como é belo este sonho,
que se mantém vivo ao longo dos anos,
sempre fresco como as águas de uma fonte.

Vem, para mim, amor, que eu irei a correr,
para junto de ti,
com tecidos de carmesim,
para vestir os nossos sonhos,
de um dia sermos um só, em comunhão.

Jorge Humberto
21/09/10

CONTRA A MORTE DE MULHERES AO DAREM À LUZ

Continuam a morrer mulheres, depois do parto, por não haver centros hospitalares, com os recursos devidos. Médicos credenciados não há, é tudo feito naturalmente, por vizinhos e familiares, e muitas mulheres esvaiam-se em sangue e seus bebés morrem, juntamente com a elas, porque a ajuda não chega à África
profunda, às aldeias perdidas, das grandes metrópoles, às Américas Latinas. É preciso avançar, com os países ricos e desenvolvidos a investirem na medicina, nos países pobres. É preciso pessoal abalizado e insigne, que viaje para esses centros desterrados, para porem o conhecimento ao serviço do povo, salvando mães e filhos. A despesa não é assim tão grande quando se fala de vida humanas.

Há alguns centros de campanha, mas é pouca coisa, para o que se pede e urge tratar, e milhões de meninas e de meninos, em África, e noutros países pobres e ricos, com uma pobreza envergonhada, morrem com menos de cinco anos. Precisa-se de pessoal conhecedor da causa, para fazer passar a informação, aos jovens casais. O Planeta está a ficar envelhecido, pois há uma grande falta de crianças. Em Portugal, um país supostamente desenvolvido debate-se com os recursos médicos, que cheguem às aldeias mais isoladas, e deu-se o caso de em oito anos não ter nascido nenhuma bebé, numa aldeola portuguesa, até há uma semana atrás, para felicidade de seus pais e da mãe que foi tratada de cuidados.

Divulgue-se esta catástrofe, este homicídio, nos jornais e nas televisões, não só num dia, para fazer de conta que se importam, os políticos e as suas campanhas eleitorais. São nove milhões de crianças que morrem todos os anos, isso é de envergonhar qualquer governante de boa fé. Eles têm os meios e os favores, só precisam levantar a sua voz, em prol desta enorme necessidade social e humanitária. Quem não cuida das mães e dos recém nascidos, ou crianças inermes, não pode ser uma boa sociedade. Mas há muitos países que precisam de mil cuidados, pois por eles próprios não conseguem vencer a batalha. É preciso mais médicos e hospitais e saneamentos básicos, para que as mulheres não morram, ao dar à luz.

Vamos nos unir, como fez a insigne e excelsa poetisa, Silvia Mendonça, e repassar emails, com informação bem clarificada. E votemos, para que as nossas preocupações não justifiquem, na retina de cada poeta, a morte, por falta de condições, de mulheres ao darem à luz, o que seria uma nova vida, com mãe e bebé a salvos, em centros hospitalares, que precisam ser erguidos. Um hospital fica por vezes a 80 quilómetros da casa dos pais, sendo eles pobres não têm condições para viajar de tão longe, não há dinheiro, então têm os filhos em casa, com toda a agravante que isso traz, é demais atroz e revoltante. Façamos a nossa
parte como mulheres e homens da cultura, para levar este barco a bom porto.

Jorge Humberto
21/09/10


VALSANDO CONTIGO

Ao som da valsa conduzo os
teus passos, qual mariposas
bailando nos pontinhos de uma flor,
deixando-se levar pela brisa.

Teus olhos cintilam de uma alegria
feminina e a roda de tua saia
mostra uns tornozelos bem
definidos e graciosos, de se ver.

De branco vestida és como uma
pluma, no correr de meus braços,
enquanto a melodia se passeia,
levando nossos pés ao cume do sonho.

A música não pára e acelera
os movimentos de nossos corpos,
como garças levantando voo,
em direcção ao pôr-do-sol.

E nós sorrimos e deitamos a cabeça
para trás, em cadências ritmadas,
navegando nas ondas dos sons
primaveris, que a dança realça.

Jorge Humberto
20/09/10

O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!

Devemos ser mais solidários uns com os outros, remar no mesmo sentido, correr na mesma direcção. Caminhar caminhos só do Homem conhecidos, que a estranheza fica à porta. Conhecermo-nos interiormente, assim a nossa companheira de luta, que cerra o punho contra a opressão, dos que nos querem ver calados e amarrados, no silêncio da palavra. Novos corvos da inquisição, que nos querem privar da liberdade de expressão, tanto a nível social como cultural. Mas o povo não baixa os braços e exige respeito e consideração, com o artista lutando a nosso lado, por uma mesma causa.

O povo unido, jamais será vencido, contra as paredes mudas e silenciosas, que parem fetos, nado mortos, da sua congénita mal nascida. O patrão não vingará, nos seus excessos cobardes, com que tentam achincalhar a populaça. Uni-vos todos, armai-vos de desmandos, contra o coto enfermo, do novo-riquismo, a viver em palacetes de cristal, dentro de suas redomas, onde paira a moléstia da pústula que progride, envolta em pus. Não passarão os novos tiranos, que escravizam quem se quer livre e liberto de amarras, pois nenhum algoz ou grades nos vencerá ou derrubará, de nossos intentos justos e justificados.

Dizei não aos rótulos, que nos querem estigmatizar e minimizar-nos, tratando-nos como iletrados e animais de carga, que chicoteiam nossos olhos, para que não possamos ver a sua verdadeira face, corroída pela demência. Vinde, meus amigos, e minhas amigas, vinde lutar pela vossa afirmação, a autodeterminação, que a todos pertence, por igual modo. Todos nunca somos demais, contra o pré estabelecido e dado como certo, acabando, sistematicamente, em sistemas fundamentalistas e terroristas – o xenofobismo no seu auge. Dizei não, aos repatriamentos, do povo cigano, em França e noutros países.

E o povo saiu à rua. Éramos muitos a uma só voz, dizendo não ao peculato dos vários políticos, que nos exploram, até ao tutano, como carne para canhão. E as pracetas e os passeios e as estradas, se encheram de gente, gritando em uníssono: nós somos o povo e é nosso tudo o que vedes! Suor de nossos braços, erigindo indústrias, trabalhando a terra, sendo irmanados, para com os repatriados, pela tirania de um governo absolutista e Neo Nazi. E o patrão se atemorizou com os miles de gente, que não paravam de gritar: a liberdade para todos os povos, sacrificados à custa do patronato.

E quando o grito cessou e as reivindicações foram proferidas, com o tom da alma,
a população foi-se desmobilizando e regressando a casa ou aos cafés, para falar da luta, que tinham acabado de travar, contra o focinho da palavra e dos senhores todos poderosos. Isto não é utopia, meus senhores, isto é o que é preciso ser feito, porque assim nos dita a consciência, de homens livres e imparciais, preocupados consigo mesmo e com os seus e os demais povos, ainda vivendo em guerras fratricidas, com todo o descaso para os trabalhadores, que ganham misérias e vergonha em ser gente. Mas, um dia, todos serão libertados.

Jorge Humberto
19/09/10

DESASTRE ECOLÓGICO

A natureza está ferida de morte e não sei se tem salvação, a ver-se pelas subidas das temperaturas, dos icebergs a derreterem gradualmente, da desflorestação de nossas matas e florestas, e do assoreamento das praias e do mar, que faz com que este esteja a ganhar espaço à terra. Nem todos empregam o sistema de reflorestação, por casa árvore abatida, para os «senhores da madeira», que só visam o lucro desenfreado, não dando tempo de recuperação às florestas, muitas delas virgens, com animais e plantas só aí existentes. O assoreamento leva a areia do mar para as beira praias e o mar vai subindo.

Tudo para os trabalhos das obras públicas, construção de arranha-céus, e outros elefantes brancos. Precisam de matéria-prima e vão de assorear os rios e os mares, estes não tendo defesas para os seus avanços, ganham metros, todos os dias, à Terra. A camada de ozono está frágil e já não nos protege, a cem por cento, dos raios do sol, e as temperaturas subiram três graus, o que é muito. Como consequência os icebergs derretem e suas águas fazem subir os níveis do mar e dos rios. O pulmão do Mundo, a floresta Amazónica, está de rastos, de joelhos no chão, são milhares e milhares de hectares destituídos de sua floresta, dia após dia.

As ONGS como o Green Peace, lutam e morrem por um mundo melhor, e por prestar esclarecimentos, aos madeireiros, para que estes reflorestem, a cada árvore abatida; à construção civil, para que utilizem outras matérias-primas, que não o assoreamento dos mares e dos rios; para os gazes venenosos, que fragilizam a camada de ozono. Os mares estão saturados, com a poluição e a pesca excessiva, apesar de haver um controle no tamanho dos espaços das redes, que cada vez mais apanham o peixe miúdo, não dando tempo às novas descendências de crescerem e procriarem, por sua vez.

Já para não falar que tudo se joga para o mar, como plásticos, que não são Bio degradáveis, e que levam séculos até se consumirem, e que tantas mortes têm causado por afogamento, confundindo os animais o plástico com medusas, alimento para várias espécies marinhas. Derramamentos de petróleo, pelas exploradoras instaladas em alto mar, que tanta tragédia têm trazido. Estamos a destruir o nosso Planeta um pouco mais todos os dias, em todas as áreas, para não falar na falta de civismo das pessoas que tudo jogam para os rios e mares, dando-se depois catástrofes quando a chuva cai em dilúvio e não tem para onde ir.

Precisamos parar para reflectir, mas vemos que as coisas vão de mal a pior, quando o Jete Sete, dos sete países mais ricos do Mundo, recusam-se a baixar os seus níveis de poluição. São os países mais pobres a dar o exemplo, a esta raça de gente, que só vê riqueza à sua frente, e não se preocupa com os habitantes do nosso Planeta Terra. Há que vir para a rua, para os mares, para as florestas protestar, trazendo novas soluções mais saudáveis, que existem, só precisando da boa vontade e coerência de nossos governantes, principalmente as dos países mais ricos, que têm de dar o exemplo aos outros.

Jorge Humberto
18/09/10

DIVAGANDO NA FALTA DE INSPIRAÇÃO

Fazer o bem sem olhar a quem, é o maior dom do ser humano. Ajudar quem precisa de ajuda, dando-lhe todos os recursos para se levantar do chão, é um bem precioso e efectivo. Devemos olhar para o outro sem preconceitos pré estabelecidos nem fugas para a frente. Temos de nos irmanar e crer no outro, como em nós mesmos. Todos precisam de carinho e de atenção, sermos os primeiros a dar o primeiro passo, sem ficar há espera do outro, é o gesto a ter e a levar em conta. Ninguém é de somenos, todos somos importantes, para levar a vida avante, com alegria e sabedoria.

Estigmatizar uma pessoa, pelo que é, pelo que veste, pelo que professa, só porque difere de nós, não é crível nem abonatório para quem estigmatiza. O preconceito é uma insegurança nossa e um egoísmo elevado aos extremos, a que nunca devemos recorrer. Levar a amizade pela mão um do outro, estabilizá-la e divulgá-la, ensinando os seus preceitos, é o que está a fazer falta neste nosso mundo. Todos não somos demais para exercer o bem-estar das pessoas, atendendo os seus suplícios e pedidos de socorro, como nossos. O gesto deve ser particularizado e generalizado, ao mesmo tempo, pois somos uma comunidade.

Uma comunidade de entre muitas, com as suas raízes, o seu folclore, os seus costumes, que devemos valorizar e expandir, para além de nós. Os artistas são muito importantes para o bem do outro, pois revelam-nos a sua visão periscópica, do mundo ao nosso redor, em pequenos fragmentos de arte, que nos farão regalar os olhos de beleza. A beleza está nos olhos de quem ama, e bonito lhe parece, quem ama o feio. O feio não existe (lá está outra vez o preconceito), o que existe são pessoas das tezes mais variadas e de rosto e corpo peculiar. Amar a toda a gente, sorrir para cada um e cada qual, anuindo, é o que está correcto.

Eu tive um sonho, de que os poetas viriam para mudar o mundo, através da internet, mas depressa vi que muitos são mesquinhos e de má índole, pior do que se vive lá fora, na chamada «realidade». Nós, escritores e poetas, temos uma obrigação redobrada, para com aqueles que não têm posses para comprar livros e para os que infelizmente, não têm voz. Somos nós o arauto da liberdade de expressão e do bem-querer de muita gente, que assim se sente menos sozinha. Não andemos aqui a guerrear para saber quem é o poeta ou o escritor em destaque, devemos unir-nos por uma causa maior: o bem-estar das pessoas.

Deixemos o nosso egocentrismo de lado, de prima donas, com pés de barro, e cuidemos bem dos nossos leitores, não andando sempre a nos criticar abusivamente e de forma gratuita. É que nem todos puderam estudar as regras da poesia, e embora as conheça, não faço uso delas, pois só lhes sei o nome. Não deve ser por isso que sou menos que outro alguém, pelo contrário respeito a todos por igual e enalteço os mestres. Mas quantos mestres não há em cada um de nós – poetas livres, que só querem o bem, sem olhar a quem? Vamos fazer da vida uma confraternização, entre todos os povos, conhecidos e desconhecidos.

Façamos uma grande convocatória e apelemos ao encontro de todos os poetas, escritores e artistas, nas variadas cidades, aonde estão estabelecidas as sedes dos “Poetas del Mundo”. Está nas nossas mãos mudar o mundo e fazer dele um bom lugar para os nossos filhos e netos. A natureza já está muito arruinada, para que não pensemos nela em nossas palestras. É atroz o que lhe fazemos continuadamente e ininterruptamente sem qualquer rancor, ou reflorestação. É isso… o «bem» acima de tudo, para todos, sem recusas ou assobiar para o alto, como se não fossemos todos portadores do «genes» do Universo.

Jorge Humberto
18/09/10

MEIAS VERDADES E INVERDADES OU A OMISSÃO DO HOMEM PELA MENTIRA


Há muitas verdades, a verdade de cada um, meias verdades (para poupar os amigos ou familiares de aborrecimentos ou desgostos), mas há só uma verdade universal, que é não mentir. Quanto às meias verdades, é a omissão da verdade que mais tarde ou mais cedo, se vem a saber, e, creiam-me, sofre-se demais quando se sabe mais tarde, o que se devia ter dito logo à partida, do que optar por contar a verdade, logo de princípio. A mentira tem perna curta e depressa se enreda em si mesma, acabando por se trair. Foi por não se falar verdade, que a mentira (ou a omissão da verdade, com as meias verdades), alcançou êxito.

A mentira é uma bola de neve, que vai acumulando inverdades atrás de inverdades, até se tornar numa falsidade ou numa ilusão, que a todos engana.
Por isso a verdade deve ser sempre dita, com a inexistência de meias verdades,
porque a bola cresce e vira omissão e daí passa a mentira, gradualmente. Se queres poupar alguém que te é querido de desgostos, conta-lhe a verdade com o coração nas mãos e fica a seu lado chorando com ele, não lhe contes meias verdades, que mais à frente podem ser entendidas como mentiras deliberadas, por isso, mesmo que doa, fala sempre a verdade.

Não há sim nem não, existe só a verdade ou a falta desta, e chama-se mentira. Que direito tenho eu em contar uma meia verdade, que se vem a saber mais tarde ser uma mentira, só porque não contei a verdade? Assim as meias verdades, são inverdades, logo mentiras, nuas e cruas. Eu não entendo as meias verdades, como as que para evitar sofrimentos, « poupar» o outro da dor, é não privar este de se lhe dizer a verdade, por mais que doa ou constranja. Se se vai pelo caminho das meias verdades, rapidamente se torna um vício e passa-se a ser um mentiroso
por opção, que virará doença, perdendo-se a capacidade e a noção da «verdade».

Há a verdade e a mentira, meias verdades não existem, para a compreensão, pois
tarde ou cedo se saberá, quem é quem, ou quê é o quê. A verdade acima de tudo, acima de nós, como princípio básico e valor moral, a levar em conta para as nossas vidas. Nunca falo uma meia verdade, só a verdade, a minha verdade é certo, mas a verdade sem nada de premeio. No meu passado já fui falso, menti e omiti, mas esse não era eu, estava dominado por uma doença, um vício, e tornei a mentira, as inverdades, as meias verdades, noutro dominador comum, noutro vício. Mas deixei de ser tendencioso e imoral, para passar a dizer a verdade.

Muitos não entendem isto, porque se vive numa sociedade de libertinagem, depravação e de hábitos inveterados. A meia verdade é um hábito inveterado, que depressa vira mentira e costume. Por vezes dói dizer ou ouvir a verdade, mas ela é necessária, para se viver em sociedade e comunidade, com todo o altruísmo possível e alcançável, ao Homem. Precisamos acreditar em nós como seres imortais, que vão de descendência em descendência, criando uma árvore genealógica, que se quer credível e de valores acrescentados. Diz não às inverdades, à mentira, às meias verdades, e alcança a «verdade».

Jorge Humberto
17/09/10

O ESCRITOR, O POETA E O DOCENTE


Escrever é um acto solitário, onde escritor e sua pluma se encontram a sós com as palavras, que vão correndo na folha, conforme a inspiração do momento. Inspiração que nem sempre aparece ou fica cortada pela metade, se se tem de fazer algum esforço sintético e mecanizado para que a escrita surja. Aí deixa de ser um acto natural para ser algo feito com custo, onde o escritor emprega vacuidades e recorre a mecanismos (que fazem parte de sua profissão), para conseguir escrever algo de palpável e de compreensível. Quando a inspiração está com o escritor, escrever é algo de sublime – a sustentável leveza do ser.

Todo o escritor ou poeta tem o seu «momento» de escrita, onde tudo é bem planificado e o pensamento discorre sem correntes nem afrontamentos, e o autor se sente como que realizado, pelo trabalho desenvolvido ou em desenvolvimento. Tenho uma grande estima e orgulho por todos os que escrevem, de mãos dadas com a sua musa, para esclarecer e ensinar o povo, menos elucidado e sem voz. Quando se solta a voz do escritor (a que a pluma dá vazão) pode-se contar com a sobriedade e a solidariedade do autor, em nome de seus leitores, pois essa é a sua função – escrever para esclarecer.

Aqui o olhar do escritor é astuto e perspicaz, conseguindo ver para além do visível a olho nu, todas as nuances porque passam as metáforas, para alcançar o seu público, ávido de leitura. No entanto preocupa-me, como escritor e poeta, o excessivo número inaceitável de iletrados, por esse mundo fora, que assim não adquirem a informação necessária, para empregar no seu dia-a-dia e na sua vida pacata. A raiz do problema está nos “docentes”, que bem pelejam por melhorias, para um bom ensinamento, de seus alunos, mas que não são atendidos. Os livros escolares não professam os melhores escritores, e, o que ensinam, é esforço de professores e de poetas, que

dão de si para ajudar o docente, escandalizado com a falta de atenção, por parte do Ministério da Cultura. Particularizo o povo português onde o ensino está de rastos, devido a adiamentos sistemáticos dos vários partidos políticos, que passaram pelos Governos, prometendo que a sua «paixão» é o «ensino» e depois nada fazem, retardando o inevitável. Os docentes também são escritores de boa «cepa» e há que se lhes dar o mérito pela acção educacional, à sua custa. O escritor está atento a tudo isto, e, em suas crónicas, vão ao cerne da questão, doa a quem doer. São eles os cavaleiros de uma nova estrutura, a levar em conta já.

O literato de profissão (por mais que tentem rasurar e adulterar seus textos), tem dentro de si os bons valores, que regem uma sociedade, e nunca foge às suas responsabilidades, que aceita de bom grado, contra tudo e contra todos, sendo por vezes enxovalhado e menosprezado, numa nova contra cultura vergonhosa. Sim, o escritor, o poeta e o docente, sabem bem que existem os novos corvos da «inquisição», riscando o que não é aceitável, para os senhores dos magistérios públicos, que hoje por hoje se vendem e vivem da omissão (claro que nem todos agem assim, como aqui deixei escrito e bem explicito).

Jorge Humberto
15/09/10

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


SINTO-TE EM MIM

Sinto uma dor no peito quando
tu não vens ao meu encontro…
é uma dor que vem de dentro,
e que me atormenta noite fora.

E, insone caminho, pelo quarto.
A tua ausência traz-me a noite,
pendurada nas estrelas, na lua,
e eu sou qual animal territorial,

velando-te na distância. O olor
das flores no jardim vem pelas
paredes acima, incentivando o
meu olfacto a seduzir-me pela

tua lembrança. Logo surges tu
diante de mim e enfim, sorriu.
Então já juntos em comunhão
nos entregamos, um ao outro.

Jorge Humberto
14/09/10

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


DEVEMOS AGRADECER A TODO O INSTANTE

Pessoas agradecidas à vida, mesmo que tenham poucas posses ou riquezas, são pessoas felizes. A felicidade advêm-lhes de um estado de alma puro e de uma sobriedade sem precedentes. Conquanto reina a alegria, maior é o encantamento
pela vida e pelos amigos e familiares, vizinhos e conhecidos, fazendo todos parte de uma grande família. Saber agradecer o que se tem, com a verdade no coração, é sinónimo de satisfação pessoal e as pessoas vão na vida de braço dado com a solidariedade e o regaste nas mãos, de todos os valores morais, que devem reinar numa sociedade, que preza os seus fundamentos.

Agradecer sempre é estar em sintonia com a natureza, pois é ela que rege as nossas vidas, de uma maneira muito peculiar e única. Só agradece quem sabe viver em comunidade, dentro de uma sociedade pluralista, onde crenças e raças se misturam, como um bem maior, onde não cabem o estigma, o fundamentalismo e o sentimento impróprio e racista, do xenofobismo. Ninguém está acima de ninguém, somos todos filhos das estrelas, que cintilam à noite no grandioso Universo, que somos nós, com as nossas condutas e gestos tidos. Saber ser generoso é um acto de gratidão, num elevado grau de consciência humana.

O agradecimento deve ser espontâneo, só assim surte o efeito desejável, na vida de todos nós, com as pessoas a viverem em comunhão fraternal e «parental». Assim não haverá lugar aqui para repatriações, como todos sabemos estar a acontecer em França e noutros países, que estão a seguir a mesma linha do procedimento xenófobo, dos franceses. Estes países não são de forma alguma agradecidos, à riqueza que esses emigrantes geram. O que se está a passar é uma limpeza étnica, em pleno século XXI, com os países ricos a assistirem e a nada fazerem, sentindo-se apenas incomodados diplomaticamente.

Mas continuemos a agradecer a boa vontade das pessoas, pois só dessa forma podemos combater actos vergonhosos como estes, para com os povos mais carenciados e em minoria, num país que passou a ser o seu por direito. O agradecimento deve vir lá bem do fundo de nossa lucidez e esclarecimento. Ensinar a agradecer é o que faz falta. Agradecer pelo que temos e não temos, essa é a magnificência de cada um, ricos ou pobres. Devemos combater a segregação
inserindo os povos alienígenas num agradecimento global, fazendo-os parte de nós, por inteiro, não só como propaganda fascista.

Somos pequenos demais neste imenso Universo, para agirmos com egoísmo. Agradecer deve ser um acto de «fé» e de responsabilidade animosa, jogando para trás das costas a omissão, agradecendo à vida o que esta nos dá. Só agradecendo nos tornamos mais felizes e capazes de singrar na vida e de fazer a diferença, de entre os outros, também eles iguais a nós e agradecidos à vida que levam. Acabemos com a mal querença e demos todos as mãos, sem segregações ou notas de infâmia, perante a diferença de cada um, pois é lá que está a igualdade de todos, pessoas como nós. Agradeçamos pois e sejamos solidários.

Jorge Humberto
12/09/10

A TODOS OS ARTISTAS DA MÃE POESIA




Queria aqui agradecer humildemente
a todos os meus leitores, passadores,
de meus textos, sem esquecer nunca
os que trabalham as imagens, que vão
com os versos dos quais comungamos.




Todos juntos trabalhamos em prol da
poesia, cada um com a sua arte sues,
dando o melhor de si para encantar os
que vêem e lêem a poesia que lhes
chega em mãos, formatada e tomada.



A todos sem excepção o meu obrigado
sem vocês minha arte era sim efémera
e o seu brilho seria menor como um sol
a desfalecer, se não tivesse imagens e
quem a lesse, e a divulgasse ao mundo.



Jorge Humberto
10/09/10

POETA AMARGURADO

Era uma criança como outra qualquer
sonhava um dia em ser adulta, para
ser como seu pai, que ela tanto admirava
e imitava com graça todos os seus gestos
de boa ventura e trejeitos graciosos.

E ela cresceu e foi trabalhar para junto dele
uma fábrica de vidro para carros e montras
bem juntinho de casa onde morava sua mãe
esposa de seu pai, que se amavam muito
desde que ela se lembra de si como pessoa.

Era muito novinha quando foi pela primeira
vez, de mala na mão, trabalhar, mas logo se
apaixonou pelo seu emprego e era vê-la a
cantar e a assobiar canções de musicais bem
conhecidos de todos e assim passava o dia.

Cresceu e se enamorou de uma bela menina
e começaram a conversar e a ir ao cinema
felizes da vida com o seu namoro. Para onde
ia um o outro ia com ela, sempre de mãos
dadas, para onde quer que caminhassem.

Até que, num dia de azar, ao atravessarem a
estrada para o outro lado da berma, a menina
foi colhida por um automóvel e faleceu de
pronto, com o jovem a toma-la no colo e a
chamar pelo seu nome, querendo acordá-la.

Não mais abriu seus lindos olhos azuis e a
partir desse dia, o jovem adulto, não mais
sorriu ou assobiou e deixou de ter gosto pela
vida, que nem o trabalho o animava, a ponto
de o fazer chorar sempre que se lembrava do

acontecido. Culpava-se do ocorrido naquele
dia fatídico, pois podia puxá-la para ele, se o
carro não viesse com tanta velocidade, numa
loucura embriagada. Hoje senta-se à mesa e
escreve poemas que a tragam de volta à vida.

Jorge Humberto
09/09/10

ENTRE CARÍCIAS

Raia o sol lá fora na aurora da manhã
luz dentro de mim com o teu beijo
a claridade fulgente de meu espírito
a sagacidade do pássaro que encanta.

Vejo-te despertar com um sorriso nos
lábios e dou-te os bons-dias com a
aurora na voz; e minhas mãos no teu
cabelo passeiam-se sem se cansarem.

Refulge o amor cá dentro no peito
e assimilamos os gestos dum e doutro
como duas crianças imitando a vida.

Aquece o coração a cada novo toque
abre-se o silêncio para a palavra amor
e nos amamos ao som de nossas vozes.

Jorge Humberto
09/09/10

CARTÃO DE POSTAL

Fito com meus olhos embargados
de alegria
o espanto do azul celeste.

As nuvens brancas como algodão
assemelham-se
a coisas indistintas e efémeras.

E o rio corre sereno para a sua foz
trazendo
barcos de recreio e de lazer.

Está um dia lindo de sol radiante
e as crianças
jogam ao peão e à cabra cega.

Apregoa-se o peixe na voz das varinas
chinelas nos pés
e roupa costumeira do dia-a-dia.

O mercado está lotado de pessoas
às compras
regateando o melhor preço.

E os pescadores fumando o seu cigarro
cosem as malhas
desgarradas e rotas das redes de pesca.

Turistas passeiam-se pelas montras
enquanto
apreciam o artesanato da aldeola.

Sorrisos nas faces rosadas das pessoas
dão um colorido
todo especial a este cartão de postal.

Mais uma manhã se passou afinal e eu
regresso
a casa feliz da vida pela beleza das coisas.

Basta um pouco de sol e de sonho
para realizar
mais um poema quotidiano e real.

Jorge Humberto
08/09/10

DIZ NÃO ÀS DROGAS E AO ÁLCOOL

Sabe-se que há gente muito acomodada e sem escrúpulos, que não quer trabalhar, indo para os meandros do tráfico de drogas, a fim de enriquecer depressa e à custa da desgraça dos jovens, que têm de aprender a dizer «não», às ofertas desses abjectos, para poderem ter uma juventude saudável e enriquecedora. Hoje em dia há muita e basta informação, acerca dos prejuízos das drogas e do álcool, para que se caia nesses mundos imundos, poder-se-á dizer que só cai quem quiser, mas não é bem assim. A oferta é muita e de fácil aquisição, e o jovem que não quer ficar atrás do amigo vai na tentação e experimenta: é o fim da inocência.

Ao princípio a droga e o álcool inebriam e fazem os usuários sentirem-se felizes e realizados, possuidores da chave do sucesso. Até que estes precisam de tomar a toda a hora a sua dose, para conseguirem sequer sair da cama. Começa a haver o desmazelo: barba por fazer, banho por tomar, roupas sujas e uma desobrigação para com tudo e para com todos. Começam as desavenças em casa, filhos agridem pais, para que estes lhes dêem dinheiro e deixam de ir à escola, indo trabalhar, para ganhar para o seu sustento, num processo diário e gradual, quando deixam de ter forças para trabalhar vão para o tráfico ou para o roubo.

Já estão tão inseridos e possuídos pelas drogas, que nada os assusta e fazem coisas impensáveis e dramáticas para conseguirem o dinheiro para o “cavalo” (heroína) e para a “coca” (cocaína). Muitas vezes ficam endividados e o traficante exige-lhes o dinheiro ou a vida, assim mesmo, sem tirar nem pôr. Está-se a viver no submundo, com as suas regras bem precisas e implacáveis, aonde só sobrevive o mais esperto e o mais forte, porque ali não há lugar para desfalecimentos. Não admira portanto as mortes por revanche e/ou por overdose. Não há nenhuma dignidade nestas mortes, e mais difícil fica de entender, quando se trata de um jovem.

Então, a fim de sair da droga, começa-se por usar as «Geográficas», que consiste em sair de onde se vive para se ir viver para lugares e terras isoladas, acompanhados os jovens de medicamentos, que o psiquiatra recomendou. Mas o pior é que a droga e o álcool grassam por todo o lado, e então ou se diz «não», com convicção, ou apenas se muda o espaço geográfico da “toma” da droga e já se está no submundo outra vez. Há muitas casas que propõe «curas», mas ou são muito caras ou pouco dignificantes, para se viver, contudo também as há acessíveis aos bolsos de todos e com longo historial de sucesso, basta «querer».

Sei do que falo pois passei os meus últimos trinta anos a tentar deixar o “cavalo” e a “coca”, indo até parar ao estrangeiro para intentar a cura milagrosa. Mas essa cura está em mim, em «querer deixar», sem portas abertas para o álcool (lícito), que me levará mais tarde ou mais cedo à droga de novo, pois é mais forte a sua «pedra» (flash) e muito mais apelativa. Assim eu tenho de fazer a minha vida onde sempre a fiz, trabalhando e dizendo «não», um dia de cada vez, pois a droga tomou conta da minha vida e eu deixei de lhe ter «resistência», sou um toxicómano em recuperação, vai para cinco anos e sei que desta vez fui eu que venci, pois disse «não» convictamente. Se és jovem, diz não às «drogas» e ao «álcool».

Jorge Humberto
07/09/10

A MUSA E O POETA

Esta constância em cantar-te
nos versos que te faço a poente
é de orvalho e róscido as palavras
com que feliz a ode se consente.

No mar azul verde de água
cavalos de espuma lançam suas crinas
de encontro os nossos ensejos ansiados
que no areal desenhado o acerbo das minas.

Ah, mas aqui, onde cabe a tua beleza
de flores e organdi o teu cabelo
cerejeiras em flor e borboletas
pomo de terra, de lãs e desvelo.

Rogando aos deuses a inspiração
de ambarina são as tuas vestes
para não ofender a vista do poeta
se as imagens são mais agrestes.

Canto nardos desenhando azuis celestes
da flor a semente que se avivou
raiz profunda do meu poema
que ao sol se expõe e se arrimou.

Ao néctar da vida são as minhas rimas
que da natureza vem a leveza do ser
bate breve, leve, levemente a brisa
até mostrar todo o seu parecer.

E tal como começou esta poesia
versificando a poente o teu conceito
é de mim as estrelas sua luz
quando é contigo, musa, que me deito.

Jorge Humberto
06/09/10


CEREJEIRA EM FLOR

Cerejeira de meu amor
jardins grávidos de flores
invoco-te até mim
caracoizitos no cabelo.

Da cor das cerejas ele é
emprestando graça ao teu
rosto, tem sabor de mosto
quando aspiro o seu olor.

Tua face branca me enleia
mãos delicadas como seda
dizem-me um adeus
já tão cheio de saudades.

Saudades de quem fica
saudades de quem parte
e de silêncio são os nossos
dias, quando partimos.

Jorge Humberto
05/09/10

sábado, 4 de setembro de 2010


HOMEM HONRADO

Homem honrado vale por dois. Professa o bem entre os seus iguais e nunca se contradiz. Cumpre com a palavra dada, com um sentido de responsabilidade acima do que é normal. A honra para ele é manter-se fiel aos seus princípios, trazendo o bem-querer nas mãos. O sentimento de dever está sempre presente para o homem honrado. Honra é a distinção que resulta de acções ou qualidades que nobilitam. Anda de cabeça levantada e não deve nada a ninguém. É pessoa que ilustra uma classe ou um país, com distinção apreciável. Tem decoro e dignidade e usufrui de boa fama.

Homem honrado leva a preceito o que diz com entusiasmo redobrado por estar a fazer o bem sem olhar a quem. Dedica-se de corpo e alma à verdade que realiza em cada coisa que faz ou pratica. É empenhado e está sempre pronto a honrar os seus compromissos. Amigos não lhe faltam e têm por ele uma estima invicta. É persistente quando se trata de honrar o seu hábito. Se por acaso, por necessidade, dever alguma coisa a alguém, não descansa enquanto não executa, com exactidão, o que deve. A honra está acima de tudo e de todos, mas não se vê a ele a apregoar esse seu sentido, pois é humilde.

Homem honrado desempenha com honra o trato feito. Cumpre-o na perfeição e não há nada a apontar-lhe, que o melindre ou minimize. Faz das tripas coração para realizar o prometido. Não entra em loucuras que mais tarde o façam não cumprir o que deve. É consciente e ponderável e só faz o que pode desempenhar,
com total afirmação e honradez. Não abdica de seus direitos mas sabe ser flexível e ouvir o outro lado da questão. Honra aquilo que diz e afirma o que é de sua competência. Tem decoro e vai na vida com pundonor. Tem sentimentos de dignidade, que ele transporta para a vida dos outros, partilhando o seu dia-a-dia.

Homem honrado é precavido e está vacinado contra a mentira e as injúrias e/ou invejas. Não fala alto para se fazer entender e todos o escutam com devida devoção, pois sabem que a honra vive com ele, como um sentimento de significância e de brio. Concede honra a quem com ele convive, pois sabe ser um privilégio e um dom, manter-se honrado, perante si e os demais que o rodeiam. Gosta de ver os amigos bem-dispostos e a falarem com clareza de espírito, das suas vidas e acontecimentos diários. Tem vantagens e privilégios inerentes à sua dignidade, que ele acata com muita honra.

Homem honrado nada tem de supérfluo, é bem directo nas suas acções e não deixa nada por fazer, para mais tarde. É humildemente generoso e tem um prazer recatado, quando pratica o bem-estar, entre as pessoas, ensinando-lhes dessas coisas da honra. É probo, casto, honesto e virtuoso. Nada faz que macule o respeito devido aos outros. Pelo contrário é dignitário de um alto cargo, que ele carrega com muito orgulho. O seu modo digno e honrado de proceder é contagioso, para as outras pessoas, que com ele dividem o seu dia, com muita alegria e préstimo. O homem honrado nasce e faz-se.

Jorge Humberto
03/09/10

ETERNA NAMORADA

Na deliciosa ternura
dos quarenta redescobri
o amor, que de há muito,
se havia apartado de mim.

Sonhos eu sonhei, amores
eu errei, até te descobrir
numa situação embaraçosa
que tu mui bem cuidaste.

Desde esse dia não mais
dormi sem pensar em ti antes
de o sono chegar e me levar
para os braços de Morfeu.

E em cada manhã um novo
despertar e um sorriso se abre
no meu rosto por te pensar
minha eterna namorada.

Jorge Humberto
02/09/10

VIDA DE PASSARINHO

Depenicando com
vontade
o passarinho sai do ovo,
sem penugem e
de olhos fechados.

O instinto manda-o
piar bem alto
e abrir o bico até aos
seus limites,
pedindo por comida.

Os pais, felizes com
a ninhada,
apressam-se na busca
de insectos,
que sustentem os pintos.

No entanto estes nunca
se dão
por satisfeitos e piam
sempre que
pressentem os pais.

Os pais vão se intercalando
enquanto um fica
com os pintos
para os manter quentes
o outro tem a tarefa da comida.

A este ritmo louco e
desgastante para os pais
os passarinhos
abrem os olhos e ostentam
já alguma penugem.

A penugem dá lugar
a lindas penas
e os pintos gordinhos
começam a experimentar
as asas.

Porém continuam
exigentes e de bico bem
aberto
continuam a alimentar-se
do que os pais trazem.

Até que chega o dia
de sair do ninho
para irem à sua vida e
meio hesitantes
voam no azul dos azuis.

Jorge Humberto
03/09/10

MÃE COMO A NOSSA

Mulher extraordinária, preocupada com os seus, ser mãe é um objectivo que leva com o melhor dos cuidados e atenção redobrada. Excelsa mãe que luta para dar uma boa vida aos seus filhos, sacrifica-se em prol deles, sem se importar muito consigo, que não o básico para levar uma vida saudável, sempre pensando na sua prole e no seu bem-estar. Mãe, três palavras singelas, e de grandeza insuperável, tem no seu pensamento os seus entes queridos, que tudo faz para que vivam bem e com dignidade. Não deixa que nada lhes falte e trabalha até à exaustão para o seu bem-querer. Quem tem mãe tem tudo, quem não tem mãe, não tem nada.

Mãe extremosa nos mil cuidados a ter, quando alguém se encontra enfermo, sofre a dor dos seus como se suas próprias dores e não sai dos pés da cabeceira por nada, desdobrando-se em atenções e carinhos, até que este sare. No colo o filho até que adormeça, ao som de sua voz, contando histórias de encantar, de príncipes e de princesas. No trabalho e em casa desmultiplica-se nos esforços e nos afazeres, para que tudo esteja a preceito, a cada instante de sua vida. Que nada falte aos seus, é a razão principal de sua existência e não faz por menos, dando tudo de si em cada coisa, em cada zelo a desenvolver.

É perfeita em tudo que exerce, com a maior das dedicações e luta para alcançar o melhor para a sua família, a cada gesto seu ou principio. Nunca se mostra cansada
mesmo quando já se venceu pelo cansaço e vai buscar forças a um reino, que só ela conhece e habita. Às vezes de mulher se faz menina e brinca com os filhos, como uma criança feliz. E ensina os ensinamentos trazidos de sua experiência como pessoa adulta, que realizou sua vida e realiza, à custa de muito desprendimento seu em favor de outrem. Mãe devota é professora e transmite os conhecimentos tidos e havidos, aos seus pequenos filhos, preparando-os para a escola.

Põe sobre invocação de seu nome, o bem-estar de sua família e é o alicerce que sustenta a casa. Esposa e mãe zelosa, nunca deixa nada por fazer ou acabar, deitando-se tarde na noite. E é a primeira a levantar-se pela manhã, preparando as coisas para o marido e para os filhos, deitando um olho aos seus próprios pertences, de relance (afinal gosta de cuidar de si também). Num repente ali está a mulher mais bonita do mundo, com tudo preparado e a postos para mais um dia de trabalho, depois de levar os filhos à escola e de carinhosamente se despedir, com um até logo, de seu esposo.

Na atribulação diária, ainda ostenta um sorriso para todos, esteja onde tiver ou a fazer o que é preciso fazer. Envelhece e vê os filhos partirem de casa, rumo às suas próprias vidas, levando com eles, na bagagem, todo o aprendizado, que colheram, como a flores, das mãos de sua querida mãe. Chora na hora da partida mas sorri no adeus, confortada por ter feito tudo o que lhe era exigível – e mais que isso. No fundo sabe que fez bem o seu papel e continuará a fazê-lo, pois os laços mantêm-se
indefinidamente. Mais tarde será mãe de novo, quando for avó de seus netinhos e recomeçar tudo de novo, para sua alegria. Bem-hajas, mãe.

Jorge Humberto
04/09/10

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


VIDA DE CRIANÇA


Em conluio com o Universo está a inocência de uma criança, tão pura quanto este e inerme. Uma criança reparte com os seus amigos os seus brinquedos e juntos jogam o jogo da simplicidade. Não vê mal nas coisas e acredita nos adultos, mesmo quando estes atraiçoam a sua confiança. Perdoa e não sabe o que é rancor, assim anda de mãos dadas com todos e sorri à vida. Tem sempre pressa de chegar a algum lugar, chamado sonho, que ela crê e alcança, com a sua fantasia prodigiosa. O sorriso de uma criança é uma flor a desabrochar e tem sempre os olhos postos nas nuvens, desenhando animais.

Uma criança é uma bênção dos deuses é inteligente e irreverente, virando os sonhos de pernas para o ar. Imita os adultos com graça e surpreende a sua esperteza. Fala com sabedoria, o que aprende na escola e com os seus pais e amigos. Amigos é coisa que não lhe falta, tem-nos por onde quer que ande, desbravando mundos desconhecidos. Gosta das flores e dos animais que ela trata com extrema atenção e cuidado, como se fora parte de si, o que em verdade é. A criança não tem limites e sonha acordada, com mundos fantásticos habitados por fadas e por duendes, que possuem o segredo da magia.

A magia é parte integrante na vida de uma criança, que ela inventa e constrói com conhecimento de causa. Nunca está só no seu reino da imaginação e tem um amigo imaginário, a quem ela conta todos os seus segredos e dúvidas, pois os adultos não a compreenderiam e repreenderiam a sua fértil imaginação, afirmando que ela estaria a inventar tais coisas. Mas ela não se importa e continua a sonhar em cada brincadeira que executa, com a mágica de um mago. A criança suja-se, fere-se pois conquistar o mundo exige muito esforço, e alcançar os seus objectivos é trabalhoso e difícil de contentar.

Gosta de subir às árvores para ver os ninhos dos passarinhos e para construir aí a sua casa, toda feita de madeira. Alicerça o mundo com o seu espírito e devoção e a cada nova conquista corre a contar aos seus amigos e pais, o que para ela é um grande sucesso, deixando estes surpreendidos, com o seu heroísmo tão precoce. Inventa os seus próprios jogos, sempre maiores que o mundo, deixando-a cansada ao fim do dia, e, quando adormece, fá-lo com um sorriso nos lábios. À criança assiste-lhe o direito de brincar e de aprender e vai à escola com gosto redobrado para apreender as novidades, em cada coisa nova, que a professora lhe ensina.

Gosta muito de desenhar e de pintar mundos coloridos, aventuras mil que ela gostaria de experimentar. Põe na folha branca, com lápis de cor, astronautas e piratas das Caraíbas. Pequenos pontinhos são os olhos e os pauzinhos são o corpo, no lugar da cabeça, um círculo, completa a admiração e a felicidade, pela façanha alcançada, que ficará exposta na sala de aulas, deixando-a orgulhosa. Como gosta de assumir actos de preponderância, no recreio, há sempre uma enorme algazarra à sua volta, para os papéis secundários, mas não menos importantes. Porque toda a criança tem o seu valor e traz o sonho consigo, que dá pelo nome de futuro.

Jorge Humberto
01/09/10

BORBOLETA QUEM TE VIU

Borboleta, borboleta,
de cores graciosas
e voo majestoso,
que procuras de flor
em flor o néctar da
vida, vem do Universo
a tua graça e o teu nome.

És tal folha ao vento,
dançando consoante
a sua forte vontade…
um coração a bater
compassadamente,
na brisa da tarde,
por testemunho.

Colhes o pólen em
cada flor que pousas
tuas asas pintadas
da cor do mundo…
e engraçada vais de
pontinho em pontinho,
nas pétalas coloridas.

Tua vida é efémera
mas transcendente,
quando se dá a
metamorfose, de
lagarta comilona,
para borboleta frágil
e de gosto refinado.

Borboleta, borboleta,
deu-te o Universo a
escolha e tu agradecendo
enfeitaste os olhos dos
namorados, pousando
de mansinho, na pequena
mão de uma criança.

Ah, borboleta, de meu
encanto, fizeram-te
assim tão bela para dares
cor ao mundo cinzento
e teimas em enfrentar
a alvorada, nua e crua,
com tuas frágeis asas.

Jorge Humberto
31/08/10