Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

segunda-feira, 31 de maio de 2010


A PAULO MONTI MEU AMIGO

Alma pura embeleza o teu rosto
íntegro na sua maneira de ser a
todos cativa por igual modo
partiu novo pra nosso desgosto.

Ainda me recordo dos nossos
encontros na casa do poetinha
onde tecíamos mundo e cidades
alegres como o bem querer de

nosso ser. Não quero crer que
tenhas nos deixado para sempre
sem uma despedida sequer
na tua figura hierática e forte.

Sei que a todos chega o destinado
dia final mas tu eras muito novo
para nos deixar desamparados sem
a tua companhia paternal e querida.

Paulo meu amigo como lamento
este dia tão aziago para todos nós
para mim com certeza que ainda
não parei de chorar tua ausência.

Que te circunde de flores na tua
morte a natureza em seu estado
primário trazendo-te uma vez mais
aos jardins suspensos desta vida.

Parte Paulo vai em paz com os anjos
a teu lado a amparar-te na subida
até ao mais alto de ti até ao encontro
daqueles que te são queridos e amados.

Adeus. A-deus. A-deus merda tua figura
etérea sumindo no ar para todo o
sempre deixando-nos órfãos de tuas
mãos gigantes que a todos abraçava.

Jorge Humberto
30/05/10

sábado, 29 de maio de 2010


SÓ TU ME FAZES REALIZAR

Somos diferentes mas iguais
no amor que dedicamos um
ao outro, como o sol que
brilha alto no céu azul-bebé.

Sempre nos conhecemos em
circunstâncias favoráveis ao
nosso despertar a paixão que
singra dentro de cada um de nós.

Eu não sou nada sem o teu amor
só ele me faz viver e acordar
todas as manhãs com um sorriso
largo no rosto por me sentir amado.

Eu sou teu como tu és minha
neste mundo carregado de dúvidas
persiste em nós o silêncio dos
amantes que se sabem porque estão.

Hoje bailamos à beira mar salpicando
a areia à nossa volta de ritos sexuais
que só nos conhecemos e não cabe
a mais ninguém sabê-lo apenas sentir.

E afastamos o medo com um sacudir
de ombros e continuamos a dançar
em honra de Dionísio deus da dança
e da poesia e das coisas boas e justas.

Só tu meu amor me fazes assim um
semi-deus para te envolver em seus
braços e beijar-te como se o mundo
acabasse hoje e agora naturalmente.

Amo-te em tudo que e lindo nesta
vida e sou o homem mais feliz ao
cimo da terra por me sentir amado
por tua candura de pessoa maravilhosa.

Jorge Humberto
29/05/10

A DROGA É PROBLEMA NUNCA A SOLUÇÃO


No longo deserto que foi a minha
vida sem pretextos nem contextos
vi-me na eminência de chamar a
mim o sol da vida uma outra vez.

A droga que tinha consumado minha
vida num verdadeiro suplício, ainda
assim me fez crer que era possível
recuperar a juventude, inda que com

cabelos cãs. Levantei as mãos aos céus
como num ritual e olhei para trás de mim
e vi a miséria no meu rosto e no rosto
de todos quantos tinham optado por

essa mísera vida. Nada logrei aqui só
desgraça e dor, muita dor, que me fez
sofrer como nunca o havia sofrido
em toda a minha vida pautada pela droga.

Já não havia o sorriso só lágrimas e dores
e eu vi que a droga não era a solução, pelo
contrário era o problema, que me levava
os dias a consumir-me interiormente.

Por isso alcei braços aos céus e pedi que
me tirassem dali, das overdoses, das
hepatites, das noites sem dormir e dos
dias sem comer passando-os com uma

simples fruta e um pão. Mas miséria de
todas as misérias eu já nem tinha dentes
para comer, a droga os havia apodrecido
até à gengiva e não era raro sangrar das

mesmas, só por tentar comer alguma coisa
que me mantivesse hirto o suficiente para
as forças que se me escapavam pelos dedos
das mãos com areia numa ampulheta louca.

Veio o dia que não tinha mais para sofrer
a morte pairava a meu lado dormia comigo
e esse seria meu destino, seria se não
tivesse logrado deixar a droga entregando-me

à minha força interior com todo o sofrimento
atroz na dor da ressaca, mas tudo passou e eu
voltei à vida, novamente cheia de benesses,
uma outra vez plena de riquezas exteriores…

Jorge Humberto
28/05/10

quarta-feira, 26 de maio de 2010


TIPO ASSIM



Texto Literário:
A verosimilhança,
Entre os
Intuitos Estéticos
E
A Polissemia,
Como o uso
De outras linguagens
Poéticas,
De
Símbolos,
Imagens,
Metáforas
Ou
Personificações,
A
Adjectivação Expressiva,
Paralelismos
Ou
Oposições,
Repetições
Ou
Figuras de Estilo,
O que é isso, senão um vazio
Na alma,
Constantemente compenetrada,
Do poeta?

Prosa e Poesia:
Semântica
Ou
Fónico estorvo?
Prosa Poética,
Prosa Versificada –
E acabamos em nada.
Não, não esqueci,
Que a ele nunca me prendi,
Velho sábio,
Intransigente,
O Verso,
Vai com a gente,
Quer ele queira ou não,
Na
Elisão
Da Vogal,
Tónica
Ou
Átona.

Sílaba Métrica?...
E o menino,
Seguindo o seu caminho,
Assim cantarolava:
Três, são as Sílabas,
Que os Versos podem ter,
E
«Uma, duas, quatro sílabas»,
Mas se é à
Redondilha Menor,
Que pedis parecer,
Então
Cinco, é o número,
De Sílabas,
A reter.

E o
Heróico Quebrado?
E a
Redondilha Maior?
Se no primeiro,
O Seis,
Pode ser um quadrado,
O Sete,
Também não faz melhor…
Oito,
Nove,
Dez e
Onze,
Doze…
Ah, saudades, minhas,
Dos Versos Alexandrinos!

Mas tudo isso dito com
Ritmo,
Nos Versos Soltos
Ou
Brancos,
Na Rima
Emparelhada,
Cruzada,
Interpolada,
Encadeada,
Ou não,
Dependendo da noção,
Que a cada um diz respeito:
E já prossigo a eito,
Fixando formas,
Agrupando Versos,
Ditando a
Estrofe,
Ou, quanto muito,
Os meus reversos.

Dístico ou Parelha.
E
A que se assemelha,
Um Terceto,
Dentro
De uma Quadra?
Somar
Quintilha,
Com
Sextilha,
Multiplicando
Oitavas,
Por
Décimas? –
Péssimas contas.

E há pessoas,
Que são umas tontas,
Querem castrar
A poesia,
Só porque lhes dá na real gana,
De parecerem-se
Com o que o fogo emana,
Quando muito
São só «mania».

Mas fixemo-nos no
Soneto,
Na Canção
Ou no mote
Do Vilancete,
Cantiga
Esparsa,
Ou o que disfarça,
A quem usa
A Sextina?

Não nos falte pois
Recursos,
Ao bom Estilo,
De cada um,
Que aqui a chuva,
Traz a uva,
Apresta a ânfora,
Vinho algum,
E é por isso que eu digo:
Todas as coisas,
Têm um lugar comum,
O Nome
Emprestamos-lhes nós:

Alegoria,
Aliteração,
Onomatopeia,
Anáfora,
Animismo e
Antítese
(a da centopeia,
que passa por plebeia,
no púlpito da Messe);
Apóstrofe,
Assíndeto,
Comparação,
Elipse,
Eufemismo e
Gradação,
Hipálage,
Hipérbole,
Imagem ou
A Interrogação,
Sobre a
Ironia
Da Metáfora;
Metonímia,
Oximoro,
Paralelismo
E
Perífrase,
Com
Personificação,
Pleonasmo
Polissíndeto;
Quiasmo,
Sinédoque,
Sinestesia
Sufocada,
P’lo Marasmo.

- No Discurso Directo,
Ou
No Indirecto Discurso,
É que vive,
O
Discurso Indirecto Livre,
Participativo e
Expressivo,
E é bem por isso
Que revivo,
Os
Géneros Literários,
Nas suas Formas (mais) Naturais,
Da Lírica:
O Hino,
A Ode e
A Elegia.

Da Narrativa:
A Epopeia,
O Romance,
O Conto ou
A Novela.

Mas é na sua Forma
Dramática,
Que eu identifico:
Da Comédia,
A
Tragédia,
Da vida,
No Drama,
Como na Farsa,
O Ordinário,
Que por aqui passa.



Jorge Humberto
(08/06/2004)

E ERA TÃO NOVO

….E era tão novo
partiu pra guerra
em nome dum povo
em nome da terra.

Uma bala o trespassou
de lado a lado
e o menino soçobrou
num canto encostado.

Agora jaz e arrefece
o menino do povo
o sangue já não aquece
o menino novo.

Num lado um lenço
na mão uma lapiseira
e lá escreveu o que penso
ser a sua alma derradeira.

Jaz morto e arrefece
o menino do povo
foi pra guerra e fenece
e morreu tão novo.

A bala o trespassou
ainda um menino
e tudo o que sobrou
foi um corpo pequenino.

O menino de sua mãe
já não volta a casa
espera-o alguém
quem por lá passa.

Jaz morto e arrefece
por uma bala trespassado
o menino que fenece
no chão assassinado.

Jorge Humberto
25/05/10

SÓ POR TI


Por ti tudo deixei
em amor me converti
seguro de que te amei
a minha vida vivi.

Teu sorriso me encanta
tens aromas de rosas
por isso não espanta
o teu nome em prosas.

No silêncio que guardas
como a um tesoiro
caminho eu jardas
para ver o teu oiro.

Oiro que ornamentas
no colo e no pescoço
são puras ferramentas
do bem dizer que eu ouço.

Tens olores de flores
soltas no teu cabelo
são perfeitos amores
de um colorido novelo.

E a tua pele macia
deixa-me louco de amor
por tudo o que eu queria
querendo o teu sabor.

E a tua tez morena
a mim me encanta
é como uma novena
que seus males espanta.

Ah, minha donzela
fazes que meus dias
sejam só dela e dela
os meus passes de magia.

Adormeço por instantes
convicto de nosso querer
pudemos estar distantes
vá-se lá aqui saber.

Que a distância está em nós
nunca por nunca limitada
por isso nunca estamos sós
desta vida enamorada.

Jorge Humberto
24/05/10

VOZES SEM VOZ

São tantas as vozes sem voz
calam o pranto que lhes vai
na alma, contra o focinho da
palavra que os quer obtusos.

Gritam por dentro a dor que
lhes vai no peito com um
governo que não os ajuda
a ter uma vida sã e interactiva.

Se são culpados é pela omissão
que o povo é generoso e
altruísta, mas de tanto se
acomodarem aproveitaram-se

os novos corvos da Inquisição
com suas demagogias e
retóricas para português ver
e se confundir na hora do voto.

Até as pensões querem tirar
o parco rendimento de muitos
pensionistas para fazer face
à vida com o orgulho de gente.

Esta globalização está a corroer
a Europa como nunca visto e
agora dizem para fazermos
sacrifícios em nome da pátria mãe.

Mas como acreditar nesta gente
que ocupa os grandes cargos do
governo, se o que hoje dizem
amanhã já é uma grande mentira.

Pobre de meu povo tem na
garganta o desespero deste país
que não se preocupa com ele
má sorte ser português hoje em dia.

São tantas as vozes sem voz
que calam dentro do peito,
são tantas as palavras que ficam
por dizer porque ninguém cuida.

Jorge Humberto
26/05/10

domingo, 23 de maio de 2010


BODAS DE OIRO
(de e para, Porthos e Vilma)

… E chamo-te, amor, ainda hoje,
Que são passados, cinquenta anos.
Ai, meu Deus, quanto amor,
Quanto companheirismo,
Foi preciso,
Para que trouxéssemos,
Lá desse outro, tão longe,
O outro, que nos fez hoje,
Tão perto, de dizermos,
A todos, do nosso grande amor!

Mil caminhos percorridos,
Atenção e algumas cedências,
São apenas aparências,
Pois quem, a seu próximo, ama
E soletra, a palavra, amor,
A ninguém, faz favor,
Nem põem reticências.

E assim foi, que nos ouvimos,
Quantas vezes, em silêncio!
Lamentos, que então carpimos,
Ora ainda os sorrisos,
Que, por amor, soubemos trocar
E repartimos,
Qual a flor, da flor, do incenso,
Espalhando-se pelo ar.

Por isso, eu digo, são passados,
Cinquenta anos,
Desde o dia, em que nos casámos,
Cinquenta,
Desde quando soletrámos,
Pela primeira vez,
A palavra, que nos fez,
Este sermos nós, eternos e apaixonados.

Jorge Humberto
(14/07/2004)

DE OLVIDO



No ultimato das antigas galerias,
Percorro uma vez mais os corredores do vicio,
Lá aonde tudo é proibido e aliciante
E só as máscaras arriscam morada,
É que me encontro e confronto e incentivo-me
À sublevação do corpo:

Deleite – ó gozo, pela antecipação! –
Do toque sereno e rude,
Da picada, que diz da pele a vida,
Nas veias ansiosas.

E eis que o quarto escuro já adormece,
Rejuvenesço pela mentira:
E que me importa, quem é ou esquece,
Se sempre fui o que se olvida?


Jorge Humberto
(05/02/2004)

COISA DE QUESTÃO



Ofertas-me,
O quê?

Tiraste de ti,
Ou portas
Requereste abertas?!

Se de ti tiraste,
Nada me ofertas.

Abertas as portas,
Pelas frestas
É de mim o que tomas,
E mais ninguém vê.


Jorge Humberto
(23/09/2003)

COMO NOSSO AMOR VINGOU


Felicidade é o nosso nome: felicidade
de um amor, conquistado, passo a passo.
Não foi fácil, deitarmos mãos à terra e
começarmos a erigir nosso belo jardim.

Durante muito tempo reinou a inveja,
de gente mal formada e mal amada,
que tudo fez, para retardar, as primeiras
flores, que haviam de brotar, com a manhã.

Mas nós persistirmos, como só o amor
atinge, quando duas pessoas se amam
de verdade, e, a tudo, vão suplantando,
para atingirem, assim, o seu maior bem.

Por fim, vendo, que nosso amor era em
tudo diferente, onde reinava a sinceridade,
a paz se fez presente, e, logo, as mais
belas flores buscamos, pra dizer de nosso amor.

Sem mais nem delongas, quisemos dignificá-lo;
arregaçamos mangas, e, uma a uma, flor a
flor, plantamos, com o suor de nosso rosto, o
que começou por ser um pequeno jardim.

Passando os dias e o nosso amor crescendo
invariavelmente, veio a surpresa, com os
primeiros rebentos, engalanando o nosso
cantinho, de cores várias e doces fragrâncias.

Nunca o amor cessando, nem sua sede,
trocamos beijos e promessas, finalmente
rodeados de flores, não se coibindo de crescer,
buscando os azuis do céu, nossa imensa alegria.

Jorge Humberto
21/09/08

CONSELHO


Meu amigo, tu que vais sozinho,
Que carregas contigo o desconforto,
Da inveja e da intriga maliciosa,
Dos que, não sabendo mais e tendo
Nascido, desprovidos de arte e delicadezas,
A ti imputam, as fraquezas do mundo,
Inda que te doa a alma e, na carne
Doída, esta te vergaste até honra e ao mais
Alto de ti, vê lá bem que só já não vais,
Saibas tu negar-te à ligeireza
Com que a palavra é dita,
Junto à inerência do remorso…. Cala…
Segue teu caminho.


Jorge Humberto
(25/05/2004)

CONSELHO II



Estranhos são os caminhos desta vida.
Escolhos e assombros atormenta-nos
Até ao mais ínfimo de nós mesmos.

E quando pensamos ter superado
Um problema logo outro surge para nos testar.

O que importa é não desistirmos,
Pôr olhos no horizonte e seguir adiante.

Não interessa nem o ontem nem o amanhã
A vida está aqui mesmo a nosso lado,
No dia a dia de nosso dia, lutemos por ele
Por mais inconstantes que estejamos.

Se caíres logo te levantes e ergas jardins
Onde os possas ver . Colhe as flores mais coloridas
Que se te apresentem na tua luta diária
E caminha pronto para a vida.

Jorge Humberto
29/05/06

CONTRÁRIO AO PATRIMÓNIO URBANÍSTICO


Ante as imensas discrepâncias urbanísticas,
aquando da construção de casas,
fugindo de toda a realidade,
do que são as casas portuguesas e sua arquitectura,
pois puseram-se os nossos queridos imigrantes,
regressando a seu país,
a construir casas, ao estilo alemão, suíço e francês,
com telhados próprios, para a neve,
que nesses países, de acolhimento, eram normais,
pela constância, dos nevões diários,
o que aqui, em Portugal, à excepção, das Terras altas,
não acontece, e, é de todo, um grande disparate.

Pois que, para além de desvirtuar, toda a arquitectura
portuguesa, com muitas, dessas casas, com telhados
típicos, trazidos de outros países, onde o nevar é
constante, o contraste é ainda mais gritante, quando
vemos as casas, serem erguidas,
em Terras, de vastas planícies,
onde nunca neva nem nevará, pois que, quem reina,
imenso no céu, é o intenso e fulgurante sol.

Que não restem dúvidas, de que muito reconheço,
aos nossos imigrantes,
todo o seu sacrifício, deixando, quantas das vezes,
para trás, filhos e esposas, para irem para um país,
a eles desconhecido, e, sua forma de viver, trabalhando
horas sem parar, para conseguirem trazer, para junto
de si, os seus ente queridos, e, aí, no país, que os
acolheu, fazerem suas vidas, impossíveis de realizar,
no seu amado Portugal.

Mas, volto a perguntar, qual o sentido daquelas casas,
totalmente fora do contexto, de seu país? Vaidade?

Jorge Humberto
09/05/09

CRISTALINO


E cai a noite, por sobre o rio,
cobre-o a lua com seu manto,
e eu não sei se choro ou sorrio,
diante de tamanho encanto.

Salpicadas d’estrelas, as águas,
correm serenas, mar adentro,
vai-se a solidão e vão-se as mágoas,
absorto que estou e atento…
Ao desenrolar da natureza,
que me faz parte integrante,
dos caniçais a grand certeza,
de em tudo ver meu semelhante.

E enquanto o rio corre seu torpor,
buscando rumo e serventia,
há um chamamento ao amor,
que virá com o nascer do dia.

Jorge Humberto
04/06/08

DA FORÇA INERENTE
Jorge Humberto
Se ainda permito alguma vida à poesia,
Eu que a quero calada, sabedora do seu lugar,
Se ainda um resquício ficou, de sua presença,
Se a palavra não força mas instiga
E contra a minha vontade, quer falar,
Se da prata faço o ouro e da noite o dia,
É só porque não há nenhuma diferença,
Entre ela, que é teu nome,
E tu que lhe dás o sobrenome.
08/Fevereiro/2004

DESASSOSSEGAR-ME


Meu desassossego, apego
De meu novelo desordenado,
De tão premente e constante,
Chega a ser como que imaculado,
Pelo próprio corante,
Já de si agastado.

Meu desassossego,
É o sossegar-me
Prematuramente,
E dou por mim, ser ausente,
A desassossegar-me
Indevidamente.

Desassossego…
Minha razão e meu perdão!!!


Jorge Humberto
(05/06/2004)

TEU ROSTO NO LAGO


Nos espelhos de água do lago
posso ver o vislumbre de teu
rosto, sorrindo para mim, nessa
tua gratidão imensa por viver.

Cai uma folha na água, que em
círculos bruxuleia tua face e
chega até mim o teu despertar,
para o dia de nossos dias afins.

De mãos nuas na água tento
aproximar-me de ti nos semi
círculos que a folha deixou
aquando da queda da folha.

E dois cisnes contemplam o
cenário idílico do lago, comigo
acariciando a tua face terna
e meigamente purificada.

Jogo uma pedra na água e tu
te repartes em miríades de
rostos, sempre com um sorriso
nos lábios que a água transporta.

Apareces por trás de mim cingindo
os meus olhos e sorrindo nos
abraçamos e nos beijamos sem
par, apaixonadamente crentes.

Jorge Humberto
23/05/10

sexta-feira, 21 de maio de 2010


MEUS OLHOS DE MAR

Meus olhos de mar
desaguam nos teus
e a rosa purpurina
alça voo com o vento.

Vai até onde é o nosso
amor e lá se deposita
à espera de um afago
de uma mão solitária.

Andorinhas rasam a
janela de meu quarto
e parecem elogiar
meu ser alegre e vivo.

Chamo-te para o pé
de mim para que
contemples a beleza
que a natureza nos dá.

De mão dada andamos
como dois namorados
que se querem muito
bem quando acordamos

da ilusão de nosso ser
amado e buscamos na
realidade o que seja
uma verdade nua e crua.

Quem diz desta água não
beberei quando tudo
é homogéneo e recíproco
com as águas de uma fonte?

Teus cabelos revoltos
cingem-te a nuca
e desmaiam por cima
de teus ombros.

Acordo para o sonho
muito antes de me saber
e és tu quem me espera
junto à colina dos silêncios.

E escutamo-nos de frente
de olhos nos olhos
sorrindo ao nosso bem
-querer que nos fala.

Jorge Humberto
21/05/10

DEIXAR A DROGA


Estigmatizado pela vida que levava
das drogas o meu flagelo principal
deste pesadelo não mais acordava
de mim fugia e de todo o mal.

Sozinho neste mundo de terror
calçando estradas ruelas e ruas
vivi em perfeito desamor
sofri as dores da alma quase nua.

Não passava de um boneco de lama
que tudo que era meu me foi roubado
à noite não sossegava na cama
tal as dores que me tinham acordado.

Deambulando meus passos miseráveis
procurava o dinheiro onde pudesse
que as somas era grandes e consideráveis
para quem nesta vida lá aprouvesse.

Pesando quarenta e dois quilos de gente
vi-me obrigado a pedir comida
meu estado era de um estado urgente
se queria desta vida levá-la vivida.

Até que um dia já sem veias pra procurar
percorri meu corpo de agulha em riste
Como se não houvesse onde encontrar
no pescoço me injectei como tudo que resiste.

E chegou o dia da minha comunhão
para com a vida que sói destruir
apelando apelei ao coração
que desta vida me fizesse desistir.

E assim foi num belo dia de sol radiante
que eu gritei nunca… nunca mais
esta vida não mais levarei avante
serei livre como no céu vejo os pardais.

Jorge Humberto
20/05/10

CORDA DE SONHOS


Acordo para a manhã com o despertar
dos justos… minha alma está tranquila
por te saber bem e de saúde e assim
me levanto para o dia com os olhos

limpos de indústrias. Dou-te os bons
dias e percebo que olhas para mim
com um carinho inolvidável e sorris,
e eu sorrio para ti na orla do mar.

Teus lábios salgados me farão nascer
uma outra vez, com cordas de
músculos e de insónias que um dia
deixaste em mim como o bem despertar

de teu ser inconfundível e eu esquecerei
o fel do que sofri com o bem querer
à flor da pele, assomando à janela de meu
jardim, de rosas, jasmins e outras flores.

Beijamo-nos demoradamente enquanto
lá fora os pássaros cantam às fêmeas
tentando atrai-las para si e para os seus
ninhos, maravilhosamente construídos.

E abraçamo-nos peito com peito até
sentir o coração um do outro bem de
perto e um cavalo louco galopa a toda
a brida pelos nossos pulsos.

Planícies de nossos sonhos… desertos
aqui por perto, tudo congemina a
nosso favor e eu sei que nos amamos
como se ama quem ama intensamente.

E eu sei que vou por aí tendo-te a meu
lado, de mãos dadas até onde somos
nós a sós mais o Universo exaustivo
que nos complementa e nos diz… amor.

Jorge Humberto
19/05/10

TRINTA ANOS DE DROGA

Nos meus trinta anos de drogas
pesadas só o inicio da inocência
me fez crer que não estava a
fazer nada de errado para com a vida.

Informações não havia, ainda não
se tinha descoberto a sida e jovens
como éramos só queríamos divertir
e passar bons momentos juntos.

Até que um dia acordei doente e
a precisar de uma dose, para poder
sair da cama e conseguir fazer a
minha vida de uma forma normal.

Vida de sofrimento foi o que se
acometeu para o resto dos meus
dias, eu dependia das drogas como
para respirar e não ficar doente.

Mil acrobacias fiz para angariar o
muito dinheiro que precisava
diariamente e aos calabouços de
uma prisão fui parar, roubada

a liberdade que há muito me havia
esquecido de como era, tal o
descalabro em que me encontrei
para sustentar os meus vícios.

Sim meus vícios porque para além
da Heroína eu consumia Cocaína
injectável e os dias passando
deixavam-me cada vez mais sozinho.

Lembro o asco e a indiferença das
pessoas para comigo, enquanto eu
pedia um pouco de atenção comendo
o pão que o diabo amassou.

Meus dentes foram apodrecendo e
eu revoltei-me contra mim próprio
e decidi que era chegada a hora
de dar um basta nisto tudo, pois eu

já mal comia e dormia, a toda a hora
a injecção esperada para me dar alento
para sair à rua buscando dinheiro,
para o meu alto sustento de então.

Por isso se me estão a ler dizer que
não me honra a vida que levei mas
também não me recrimino… que
minhas palavras sirvam de alento,

para os muitos jovens que pensam
em experimentar a droga ou o álcool
e que elas sirvam para dizer um rotundo
«não», que a nossa liberdade é preciosa.


Jorge Humberto
18/05/10

AMOR COMO ESTE


Enfeito o teu cabelo com nardos
e sândalos para que pareças ainda
mais bonita do que já és
para mim e para o meu coração

apaixonado por essa tua maneira
singela de ser sem vaidades
nem protagonismos que o teu condão
é seres humilde como tudo o que

respira profundamente num só
fôlego trazendo-me bem-estar e
bem-querer aos meus dias de silêncio
incontido que só tu podes reavivar

a vida que há em mim. E sorris para
mim e eu sorrio para ti numa
cumplicidade de dois amantes que
se querem na distância vadia.

E quando contigo estou tudo vale a
pena se a alma não é pequena
e te visto de linho e de malmequeres
junto à fonte onde pousas teu

cansaço pousando a jarra da água
pés descalços por sobre a relva
enquanto eu me deleito na
admiração por vista tão bonita.

Diz-me que és minha e eu serei teu
eternamente não me importando
com o que se passe comigo desde
que contigo esteja de alma rubra.

E assim enfeitada és uma fogueira
que arde sem se ver, com toda a
fúria de mil sóis a fazer-nos despertar
para o amor comum e solícito.

Jorge Humberto
17/05/10

A CASA BRANCA


Vejo muito para além de mim
vejo-me a mim e vejo-te a ti
com olhos de bom despertar
manhãs de bem dizer e bem-querer.

O sol refulge no céu uma canção
tão nossa como a primeira vez
em que nos encontramos almas
gémeas de tempos passados.

No ar andorinhas andam cá e lá
quem sabe a nos dizer presente
à magia das palavras que eu
guardei para ti neste momento.

Nunca nos encontramos sós
quer em sonho quer em realidade
que a ilusão parte de nossa
vontade mais apurada e distinta.

Há choros na casa grande
saudades dos que partiram antes
de nós deixando-nos órfãos
de nossas esperanças aqui sabidas.

À partida dolorosa resta-nos
a força de vontade para semear
o que nos puseram em mãos
num caminho que se quer honrado.

De linho e de róscido são as nossas
manhãs e tu estendes-me a mão
no segredo só nosso e que só a nós
é de direito como duas aves no céu.

Na casa grande toda pintada de
branco o choro é compulsivo
e a espera é uma ilusão que nós
criamos para nós próprios.

Jorge Humberto
16/05/10

MUNDO NOVO HOMEM NOVO

Neste abismo onde caiu
o mundo não há valor que
valha para melhorar
o que mal está e perdura.

O homem só olha para o
seu umbigo e em parecer
perante os outros aquilo
que não é em boa verdade.

Dinheiro não há mas fazem
papel de ricos a quem saísse
a sorte grande e andam
à toa com tantas dívidas.

Neste mundo omisso e de
facilidades promíscuas
caminha o homem olhando
para trás tendo pena de si.

É preciso uma revolução
cultural e dizer alto e bom
som que os governantes
estão a mais para o povo.

Chega de mentiras e de
retórica o povo está farto
da censura da nova
inquisição e dos seus ismos.

Fundamental é gritar aqui
a plenos pulmões que o povo
não se deixa enganar mais
uma vez com discursos obtusos.

Neste mundo globalizado
que paga a factura é o pobre
não interessando que sofram
das mais ímpias deslealdades.

Abaixo os governos de hoje
em dia acordem ó homens
do amanhã é preciso lutar
sem olhar a orgulhos toscos.

Só assim se fará um homem
novo num mundo novo
onde a palavra do povo
valha o ouro porque luta.

Jorge Humberto
15/05/10

FICA COMIGO

Fica comigo e diz-me que me amas
qual a madrugada que dá lugar ao dia
e o sol ressurge no céu para nos brindar
em todo o seu esplendor e beleza.

Diz-me que me queres e que pensas em
mim a toda a hora nas tuas horas tardias
quando o sol se põe detrás do horizonte
com resquícios palpáveis diurnos.

Fica comigo para todo o sempre e que
seja eterno esse teu querer com vontade
de dias felizes onde nós seremos unos
e unificados neste amor que nos diz.

Fica comigo sê comigo e sê para mim
e vamos mostrar a todos como é fácil
este amor que nos presenteia como
homem e mulher que se respeitam.

Fica comigo… fica comigo quando eu
não mais me achar graça tendo-te
como a Deusa que eu amei amo e amarei
quando o silêncio for mais forte do que eu.

Fica comigo hoje e sempre e amanhã
e depois de haver amanhã… fica comigo
quando a tarde se anunciar à lua
que alta rebrilha no céu pardo cinza.

Fica comigo e diz que somos um do outro
para não deixar dúvidas à dúvida
fica comigo quando o rio amainar
em direcção ao seu porto de chegada.

Jorge Humberto
14/05/10

AI ESTE AMOR SÓ POR TI SABE ESPERAR

Ai este amor só por ti sabe esperar
na encruzilhada da vida espera
que o alvorecer traga a tua figura
etérea em um novo amanhecer.

Ai este amor só por ti sabe sonhar
quando o sonho é melífluo e prenhe
de mil cores de um suposto arco-íris
que nos renova vontade e almejo.

Ai este amor de perdição que nos envolve
em suas mãos e solta-nos à brisa da
tarde para que possamos voar de
galho em galho qual passarinho feliz.

Ai quem dera aqui a nossa certeza
de dois amantes que se prezam e se
unem como um bem-querer que só
a nós diz respeito no róscido da manhã.

Ai este amor só por ti sabe esperar
e da espera faz uma certeza de dias
vindouros repletos de carinho e de amor
que nós juntamos nas nossas mãos abertas.

Jorge Humberto
13/05/10

domingo, 16 de maio de 2010


AS PALAVRAS QUE TE DISSE


As palavras que te disse bebeste-as
avidamente como quem quer guardar
um bem precioso e matar a sede
com palavras de afecto e de carinho.


As palavras que te disse conhece-las
bem no fundo de teu âmago e criaste
em mim a figura paterna que te
aconselha e ouve os teus silêncios.


As palavras que te disse não são de hoje
nem de ontem são sempre eternas
que tu fazes por merece-las com todo
o meu amor à flor da pele por ti.


As palavras que te disse repito-as
vezes sem conta de maneira que não te
sintas só e fragilizada nesse teu ser
delicado por teres a quem amar.


As palavras que te disse são um ramalhete
de flores que tu penduras no cabelo
realçando os lindos traços do teu rosto
sempre sereno e humildemente prezado.


As palavras que te disse sabe-las bem
são de urze e de nardos com jasmim
à mistura quando acordas do teu sonho
madrugador e reparas que eu estou ali.


As palavras que te disse são de ouro e
de prata fluem quando a lua está cheia
e vão nas vagas das marés no seu fluxo
e refluxo deixando-nos enamorados.


As palavras que te disse são de alguém
apaixonado pela vida que tem e por te
ter a meu lado quando a noite chega
trazendo-nos os seus silêncios nocturnos.


As palavras que te disse não me esqueço
são águas de uma fonte que corre limpa
para que nelas nos possamos banhar
enquanto eu declaro o meu amor por ti.


As palavras que te disse… as palavras que
te disse hoje recorda-las como o bem maior
de nossas vidas vividas em comunhão
e são pedras preciosas que cabem no teu olhar.


Jorge Humberto
12/05/10

NA ORLA DO MAR FLORES


Na orla do mar flores beiram a água
e as dunas espraiam-se ao sol neste
conjunto de um quadro diurno
que enche os meus sentidos de pureza.

Conchas e algas são arrastadas pelas
ondas até ao areal molhado e ávido
de vida que serpenteia qual animal
marinho dando à costa marginal.

As rochas estão carcomidas pelo tempo
pedaços gigantes e fluentes caem à
água movimentando as fases das marés
no fluxo e refluxo do mar existente.

Teus lábios salgados procuram os meus
e a aurora boreal enfeita a noite de
nosso dia que de mil cores se vai vestindo
espaço etéreo que me compraz mais o néon.

Raso os meus olhos na água e sou
aquele que observa tudo por fora
enquanto te espera neste espaço pictural
onde caminhamos de mãos dadas.

Jorge Humberto
11/05/10

APEADEIRO PARA O CÉU


Neste apeadeiro
de partidas
e de chegadas
ninguém é o primeiro
ninguém vai solteiro
nas lidas e idas.

O trem está sempre
pronto a partir
levando as almas
do moribundo crente
e mais o seu parente
na hora de ir.

Lá vai ele a apitar
lá vai o trem
para lá e para cá
a dominar
a paisagem e a viajar
lembrando alguém.

As almas se apertam
dentro do trem
e todos mostram o visto
que os ponteiros acertam
e mais se acercam
das outras também.

O comboio não cede
percorrendo os carris
o suor corre dos rostos
o que ninguém pede
e o ar já fede
temos de pôr os pontos nos is.

Há chegada ao céu
todos se apressam
a escolher o melhor caminho
e há um enorme escarcéu
porque ninguém leu
o que as tábuas expressam.

São Pedro sempre atencioso
chama as pessoas à razão
e pede calma aos moribundos
em tom generoso
franco e tinhoso
apelando ao coração.

Depois de mais uma jornada
todos sorriem da sua sorte
alguns se decepcionam
por ser esta a largada
tão esperada
pela senhora morte.

Jorge Humberto
10/05/10

O POVO UNIDO VENCERÁ!

Todos somos poucos para um mundo
melhor onde nos possamos sentir
úteis com braços de luta para derrubarmos
o fascismo de gente que nos anda a roubar.

Ele são governos corruptos onde nada
lhes acontece porque o povo é néscio
e omisso e não se preocupa com o seu
bem-estar e de sua família hereditária.

Precisamos de uma voz que se faça ouvir
e que seja aceite por todos para fazermos
uma nova revolução sem cravos mas com
armas de arremesso para que a ferida sangre.

Só assim ficará gravado na mente das pessoas
o quanto dói e o quanto é preciso para
que os nossos cidadãos sejam cidadãos de
primeira e não simples números para jogar fora.

Tomemos da voz a palavra e saiamos à rua
com liberdade para todos de igual forma
sem resquícios que ainda perduram de um
tempo passado de tirania e tortura.

Precisamos limpar nossos olhos da inquisição
precisamos dizer não quando é do sim que
esperam os nossos maus governantes pois
somos muito mais e o povo unido vencerá.

Abaixo o fascismo! Viva o povo solene!
na sua luta por dias melhores para si e para
com os seus concidadãos que estão fartos
de ser vilipendiados por gente sem escrúpulos.

Ao alto o pendão o fascismo não passará
e criemos uma sociedade justa sem drogas
nem álcool num país onde o deporto é rei
sem corrupção de ganhar a qualquer preço.

É preciso mudar tudo conquanto a nossa
maneira de pensar e de reivindicar os nossos
direitos basta de maus governos de
décadas impunes e mostremos a nossa raça.

Jorge Humberto
09/05/10

sábado, 8 de maio de 2010


SE ACASO HOJE PENSO NA VIDA

E se acaso hoje penso que o mundo
está mal é porque em boa verdade
nunca esteve bem nas suas directrizes
no conduzir seus cidadãos ao melhor

que a vida nos reserva e proporciona
deixando que todos os valores que
antes eram apanágio de bom viver
caíssem na banca rota da demagogia.

Os vizinhos já não se reconhecem há
um enorme vazio de bem-querer e de
bem dizer onde a preocupação para
com o outro virou coisa sem importância.

E somos todos loucos a jogar fora a
vida sempre prazenteira a quem queira
vê-la com olhos de ver e de bom
despertar não desperdicemos pois esta

riqueza porque vida há só uma e é para
ser vivida intensamente e com os
sentimentos à flor da pele acarinhando
os demais de nós que nos esperam

de braços estendidos para uma alegre
comunhão entre todos os homens
de bom senso altruístas e humildes
no aceitar o outro como só ele é.

Jorge Humberto
08/05/10

MINHA MÃE MINHA AMADA


Minha mãe, minha adorada,
sem tua presença sou nada.
Minha mãe, muito obrigado,
por tudo o que me tens dado.

Da juventude fica-te a certeza,
que na velhice é pura beleza.
Minha mãe, minha amada,
tuas mãos são mãos de fada.

Elevo aos céus estares comigo,
salvando-me de qualquer perigo.
Minha mãe, minha companheira,
és para mim a mulher primeira.

Minha mãe, que nasceste no dia
em que me tiveste, tua é a alegria,
que conforta o meu coração,
em dias e noites de pura solidão.

Minha mãe, minha amada,
minha prece aqui elevada,
dás-me de ti o teu bocado,
caminhando comigo lado a lado.

Oh, minha mãe, mais que tudo
é o verbo, que não fica mudo
perante a certeza de te amar
mais que o ar que sóis respirar.

Jorge Humberto
30/04/10

ALÉM DE MIM AQUI

Vou muito além de meu ser para te
buscar aí onde és presença
fugidia que nos meus braços terá
o seu merecido repouso e afecto.

Dar-te meu carinho é tudo de normal
prezar por ti e pelo teu bem-estar é
a minha bandeira que ergo bem alta no
céu desfolhando a flor do vento.

Não sei viver sem ti ser teu semelhante
e as rochas mudam de sítio para eu
subir até onde és tu neste mundo
de ilusão e de muito amor partilhado.

Procuro por ti em cada esquina renovada
meus olhos lânguidos de bem despertar
para te encontrar sublime e hierática
esperando os meu anelos e carinhos.

Sou tudo em ti figura espontânea
que vai deste para outro mundo onde
fizemos o nosso ninho ainda mal
nos conhecíamos mas sabíamos de nós.

Planto a teus pés as flores mais bonitas
para te ofertar quando o silêncio for
presente e tu precisares de meu condão
para te reconheceres mulher amada.

Bem me quer mal me quer querer-te bem
é o meu apanágio deste que te conheci
numa tarde calma de Junho e pude então
ouvir o sim desejado porque tanto ansiava.

És o jardim que viça em cada canto
jasmim, rosas e sândalos deste jardim
presente a meu ser ausente quando
o medo se apodera de mim e nos unificamos.

E assim somos unos e nos diversificamos
Para que o ócio não se apodere de nós
e vamos na vida a viver este bem-querer
que é o auge deste amor que nasceu para ser.

Jorge Humberto
07/05/10

SEI DE TI AMOR


Se de ti distante de mim ausente
que não há o que se compare à
tua presença que me deixa feliz
e mais homem para o ser enfim.

Sei de cor o teu cheiro aromas
e perfumes que é esta primavera
dos teus dias a te vestir da
cabeça aos pés completamente.

Sei de cor o teu rosto e todas as
sombras que nivelam os teus olhos
flamejantes pérolas que me
encantam para além do mais de mim.

E és a flor que nasce nas planícies de
meu ser quando por elas eu caminho
absorto de mi próprio embebido em ti
és a rosa púrpura quando cai a noite.

E és a madressilva quando irrompe a
manhã de nossos augúrios e desvelos
que nos deixa assim enobrecidos
quando nos juntamos ao sol no céu.

Jorge Humberto
06/05/10

PARA TI FERNANDINHA


Fernandinha presente de Deus
são teus gestos os meus
tua ternura a perdurar
o que a natura faz singrar.

Sempre prestativa e intensa
tua humildade é imensa
entregando-te com pureza
à nossa mãe natureza.

Nunca uma palavra de desagrado
veio de ti e é com imenso agrado
que o poeta te exalta
o que em ti nunca falta:

Cordialidade e generosidade
(que não te perca nunca a vaidade)
altruísta até mais não neste
mundo onde hoje nasceste.

Minha amiga de hoje e de sempre
sou para ti como um querido parente
que te cuida e preza por ti
como o melhor que há em mim.

Que no dia de teu aniversário
venha o velho relicário
trazer-te o presente da vida
por ti tão bem vivida.

Jorge Humberto
01/05/10

RIR

Rir… rir de nós mesmos como se fossemos
outra personagem aqui cabida é a questão
sermos nossos próprios críticos sem
egocentrismos é o que de melhor temos.

O riso foi feito para despoletar naturalmente
o riso não é falta de siso mas comprometimento
connosco e com os demais que nos rodeiam
numa hegemonia rara e a toda a prova.

Rir faz bem à saúde e deixa-nos o rosto mais
aberto e sincero para acolher o próximo
em nossos braços como uma fogueira de fúria
que nos faz vibrar a cada canto de nosso ser.

Rir é ainda um bom cartão-de-visita
quando estamos perdidos e desnorteados
um sorriso pode ser um pedido de ajuda
que o outro não se nega tal o seu à vontade.

Rir… rir muito deixa a pele macia e o
organismo em estado de graça e composição
que nos faz interagir com os outros sem
esforços nem vilipendiágens pois tudo é nobre.

Por isso meus amigos riam e riam muito
a toda a hora a todo o momento rir do
ridículo que nós somos quando nos julgamos
mais do que aquilo que somos por isso riam.

Jorge Humberto
05/05/10

OMISSÃO

Pessoas caminham sem um ponto
de referência, caminham para onde
lhe levam os outros, sem questionar
numa mansidão assustadora e zelosa.

Perdeu-se a auto-estima, ideias e
ideais, anda-se a reboque dos demais
na imitação barata que é esta vida
sem compromissos ou golpes de asa.

Já não há inovação, as ideias estão
fora de moda, e a omissão é o pão-nosso
de cada dia, cada um a ver quem
faz menos e recebe um sorriso no fim.

Ninguém se preocupa com esta inacção
sem pontos de acordo e lutas para
reivindicar o melhor para a vida de cada
um e assim seguem uns atrás dos outros.

Quais bonecos de papel amorfo que
se esqueceu no fundo do baú das
recordações informes e desleixadas
numa passividade que assusta a quem vê.

Pessoas caminham e não se vêem mas
estranhamente estão de mão dadas
nesta derrocada da sociedade civil
estranhos abutres querendo o seu bocado.

Jorge Humberto
04/05/10

DA-ME UM ABRAÇO

Elegantemente caminhas o teu caminho
descontraída caminhas pela rua acima
trazes o cabelo solto qual asa de pássaro
preso na cidade que te viu nascer.

Deslumbrante irradias sensações abertas
ao vento que perpassa por entre as árvores
e murmura canções de amor e de bem-querer
conforme passeias a tua figura esbelta.

O sol rejuvenesce a cada passo teu e colore
o teu rosto de uma matiz principesca
mãos soltas assumem posições de bem-estar
e todo o teu corpo é essa rua que conquistas.

Uma água uma colónia fragrâncias soltas
de teu ser feminino deixam-me ébrio
dias e noites de silêncio onde só a tua presença
é fidedigna e a lua se ergue alta no céu.

Tens a cor dos dias primeiros e o poeta
exulta sua musa escrevendo-lhe um poema
menina e moça de meus encantos vou por
aí no teu caminho dizendo-te coisas aos ouvidos.

E tu sorris qual criança que não tem medo
de mostrar seus sentimentos nem as suas
fraquezas e forças de espírito quando eu me
aproximo demasiado de ti para te dar um abraço.

E é nesse abraço sem apertar que nós
comungamos e nos tornamos um só espaço
traz a luz de teus olhos para que eu os possa
ver e neles me perder indefinidamente.

Jorge Humberto
03/05/10

ESTIGMA


Objectos invioláveis são castrados
desde a sua raiz comprometendo
a sua génese e o ensinamento
que deles colhíamos sofregamente.

Hoje numa nova era da ciência
já não há lugar ao descobrimento
heróico e palaciano onde tudo se
perde e nada se conquista aqui.

Os valores estão de rastros e de
joelhos à espera de um iluminismo
que já teve seu auge e não parece
ressurgir das épocas transactas.

Cada um age por conta própria já
não há o «nós» o compromisso
assumido perante os demais além
de mim e de ti onde tudo se perde.

Fundamentalismos e xenofobismos
assolam o Planeta não deixando azo
a que uma boa cultura se desenvolva
para além das religiões tipificadas.

Vivemos numa sociedade sem regras
nem costumes onde o livre arbítrio é
muitas vezes posto em causa e chamado
de fascista neste mundo globalizado.

Que venha de lá um novo golpe de asa
e faça ressurgir a esperança no Homem
novo, que com ele aprendamos a ser
novamente livres de densos estigmas.

Jorge Humberto
02/05/10

DESENGANOS

Neste mundo que é o nosso
sangra as chagas do desvelo
caem máscaras pelo tempo
e nos vestimos de ridículo.

Da natureza não há quem cuide
os animais são uma raça em
extinção no entanto nada fazemos
para que o mundo melhore.

As pessoas perderam todos os
valores somos bonecos com a
cara na lama e conformamo-nos
com aquilo que nos resta.

Onde estão os grandes lutadores
os pensadores que faziam girar
o mundo em prol do Homem
todos mortos ou desaparecidos.

Somos órfãos da desigualdade
não há mais quem tenha um golpe
de asa e nos traga a esperança
de novos dias ensolarados.

Que venha de lá essa raça de novos
Homens para nos dizer o que fazer
quando tudo parece perdido
e nos confundimos nos espelhos.

Espelhos opacos onde não entra
a luz do dia e nos mascaramos
e nos maquiamos com o sangue
da derrota previsível e certa.

Jorge Humberto
01/05/10

PELA TARDE

Acendo mais um cigarro
espreito a janela e o rio
lá mais em baixo o sol doira
e luz nas águas tranquilas.

O céu está limpo e de um
azul a toda a prova
esmiuçadas nuvens desenham
figuras no ar rarefeito.

As pessoas vêm do trabalho
as crianças da escola
e tudo é vida
neste pedaço de Terra.

Está quente nesta tarde
de primavera
e as andorinhas fazem
jogos de bem voar.

Passam carros e pessoas
e andam todos com um
sorriso largo no rosto
brindando a estação das flores.

Abelhas colhem o futuro
mel de flor em flor
chamando com as asas
as suas companheiras.

Um louva a deus reza
impavidamente e
solenemente camuflado
pelo jardim.

Apago o cigarro com força
hoje poeta é a minha janela
e eu vou buscar ao além
o além de tudo.

Fumo sai pelas chaminés
no labor das fábricas
a tudo isto presta atenção
meu olhar sonhador.

Volto para dentro
cheio de calor
e dou vivas à vida
lá fora a ser vivida.

Jorge Humberto
29/04/10

PAÍS DE FAZ DE CONTA

Neste país que é o meu
há muito esqueceu
o que é a liberdade
e a palavra verdade.

De corrupção vive
que a inquisição revive
por entras sombras
já não há cravos nem pombas.

Nunca ninguém tem culpa
e a má fé é resoluta
sirva-se vinho e futebol
num pratinho o caracol.

Futebol dos cretinos
passam a vida desavindos
mas são todos da mesma cepa
neste país de treta.

Os corruptos vão para casa
com uma pulseira lassa
faz vida de lorde inglês
este meu irmão português.

São levados a tribunal
que mal parece e parece mal
os corruptos deste meu país
onde não há causa nem juiz.

A justiça é cega e lenta
diz a menina sardenta
mal entram no tribunal
sabem já que daí não vem mal.

Tal é o conluio e disparate
vive num mundo aparte
onde nunca ninguém é réu
diga lá se não é um pitéu?aaaaa

Vivemos num país das bananas
andamos todos às zarabatanas
ver quem tem mais a mostrar
no carro acabado de comprar.

Com cartão de crédito
que dá para todo o débito
Ah, meu país, és omisso
não assumes compromisso.

E anda meio mundo
a enganar outro meio mundo
dá-se por esperto o irmão
mas da burrice fica-lhe o chavão.


Jorge Humberto
28/04/10

quarta-feira, 5 de maio de 2010



MEU CORAÇÃO AINDA EXULTA

Meu coração exulta como na primeira
vez em que te vi e te compreendi
mulher de meus sonhos que eu vesti
de sândalos e de rosas brancas.

Parece que foi ontem mas o tempo
passado voou e faz quase três anos
em que compartilhamos sentimentos
de bem-querer e de bem dizer.

Somos almas de um passado já vivido
reencarnados pela vontade desse amor
que sempre perdurou ao longo das
épocas, intransigente mas flexível.

Lembro-me de te pedir em namoro
e sem te conhecer conhecer-te
doutras vidas, ver teu rosto ali
tão perto aonde eu sabia que eras tu.

Hoje se possível amo-te mais que ontem
quero-te mais que ontem, desejo-te mais
que ontem e sou feliz assim por te
ter a meu lado, para o bem e o menos bem.

Somos duas almas gémeas que souberam
singrar caminho, nem sempre isento
de más querenças dos outros, mas
persistentes souberam chegar a seu porto.

E eu amo-te mais do que tudo e tu me
amas acima de tudo, e assim caminhamos
de mãos dadas no jardim de nossa
vivência, que a tudo soube ultrapassar.

Jorge Humberto
27/04/10

POEMA DE BEM DIZER

Ver-te chegar, sorriso no
rosto, olhos de amêndoa
é para mim motivo de jubileu
e todo o meu corpo treme
com a tua aproximação,
até onde a minha mão
alcança cheio de esperança.

Vens subindo a rua e acenando
às pessoas de bom critério,
que vêem em ti aquilo que eu
há muito redefini como
o bem despertar de teu ser,
sempre amiga e altruísta,
que a ninguém deve favores.

Serena no trato a todos cativa
com seus gestos particulares
e nobres, nunca levantando a
voz para ninguém, apenas
com um bem te
quero, rosa ou malmequer
no jardim de meu encanto.

És a minha própria perdição
que este coração alberga lá bem
no fundo e à flor da pele,
pois tu és fogo que arde sem se
ver, círculo mágico que se fecha
a cada lua nova, soltando
pozinhos de perlimpimpim.

Vem musa amada, vem meu amor,
para junto de mim, cantar a canção
dos namorados, que toda a lonjura
seja pouca para os nossos reais
sentimentos, que não se vendem
nem se trocam, por nada deste
mundo tão só nosso.

E somos felizes como a uma rosa
no jardim, sendo bem tratada
pelas mãos do jardineiro, que
acaricia pétala a pétala até ao
caule, e lhe dá a beber da água
mais fresquinha, para que vice
forte e cheia de energia.

Jorge Humberto
26/04/10

POR SOBRE AS FALÉSIAS DE MÁRMORE


Nas falésias de mármore o
mar recua no seu ímpeto inicial
e em grandes vagas torna ao
mar aberto, quais cavalos de espuma.

Nascem redemoinhos e o mar
altera-se, passando dum azul claro
para um azul-escuro, que das
profundezas vem a ira da revolta.

No cimo das falésias de mármore
rasos arvoredos crescem juntamente
com algumas árvores anãs,
e a todo o comprimento vêem-se planícies.

Cavalos selvagens percorrem-nas
de uma a outra ponta
crinas soltas ao vento lembram a
liberdade de seu trote.

Nas falésias de mármore o vento faz casa
e uiva à noite, quando as estrelas estão
escondidas e a lua é um infante
navegando oceanos intemporais.

Os animais dispersam-se por sobre
as falésias e dão um ar sobrenatural
à paisagem marmórea
que esconde velhos ritos antepassados.

Podem-se observar milenares gravuras
inscritas no mármore destas falésias
que o mar não corrói
e o tempo faz perdurar no tempo.

Nas falésias de mármore o mar
detém-se e recua, voltando ao oceano
em ondas crescentes de ira
por não poderem nada contra as falésias.

No cimo das falésias de mármore de
tudo sou leigo observador,
efusivamente vejo as forças em confronto
donde saem vitoriosas as rochas escarpadas.

Jorge Humberto
24/04/10

PLANTANDO UMA ÁRVORE


Passeio meus dedos por entre
a terra molhada,
planto uma árvore como não só
e vêm os primeiros pássaros
curiosos com os meus passos.

Pousam levemente numa árvore
ali por perto
e observam a menina árvore
e seu condão
singrando ao sol da primavera.

Descanso meus olhos enquanto
o sol doira no céu
prata e ouro se confundem
meu sonho tem mil cores
que estas árvores me dispensam.

Árvores bêbedas de calor
anseiam por um pouco de água
levanto-me e dou de beber
a todas elas, principalmente
à mais pequena

Que se refugia na sombra das mais
velhas e sábias árvores do condado
onde eu durmo meu sonho à beira-rio
com forte influência
para com as árvores circundantes.

Agora tenho uma floresta só minha
que a árvore que plantei já cresceu
e guarda nos seus ramos os
primeiros ninhos
que ali fizeram casa.

Deixo cair o livro de minhas mãos
e observo como é rica a natureza
ainda há dias um bolbo agora uma árvore
adulta… raso meus olhos na água
e saro a ferida.

Jorge Humberto
23/04/10

AVIÃO DE PAPEL

Enfeito os teus dias de gardénias
e de malmequeres
teus olhos de bem despertar
trazem a luz primeira da manhã
sou como o arco-íris
experimentado todas as cores.

Uma leve brisa diz-me de tua
presença aqui, o sol doira no céu
com suas andorinhas e pardais
cantando à alvura matinal,
ponho-te à janela mais a
bambinela, com bolinhas a enfeitar.

Faço-te um avião de papel
para te oferecer, larga-o ao mundo o que
ao mundo vai buscar
pois só ele sabe das asas que lá pintei
mãos finas
que eu vou querer beijar.

Jorge Humberto
22/04/10

CONTIGO




E eu sofro em silêncio,
O grito que tu calas,
Que adentro no meu coração
É chaga se revelando,
Que nos olhos por se mostrar,
Também é silêncio meu,
Que farei silenciar.

E assim eu calo,minto,
Sobrando na saudade
O que ficou por fazer,
Atentos reparos,
Silêncios por palavras
E palavras por silêncios,
Que agora se firmam
E são imensos no sofrer.

Não sorrias amor,
Não penses sequer em nada,
Que a tua voz seja apenas
Estes meus olhos velando-te,
E quando achares razão,
Desse teu calar tamanho,
Saibas tu então
O quanto ainda te amo.


Jorge Humberto
(16:08/Maio/08/03)

E FUI ABRIL


Que idade teria,
Nesse dia
Em que o espique
Foi cravo
E o cravo
Sua lei,
Não lembro bem,
Era Abril
E só por isso
Não esqueci:

O dia
Em que fui
Além,
Bem
Dentro de mim.