Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011


CANÇÃO TRISTE DE AMOR

Que triste é viver
sem um brado aos céus
sem te poder ter
com os amores tão meus

Vontade de chorar
e a viagem tem de seguir
e contigo namorar
até a lua inteira se dividir

Assumo percalço
das horas mal repartidas
o meu embaraço
de vidas aqui não vividas

E jardins te ergui
orquídeas jasmim rosas
como eu nunca vi
poemas versados prosas

Traço o teu rosto
a pau lápis e a branco giz
doce como mosto
do cume de ti até à raiz

Saber o que fazer
é livro que ainda não li
e se houvesse ler
estaria agora junto a ti

Jorge Humberto
27/02/11

SABER LIDAR COM A DIFEREN�A


Um sol nada envergonhado,
invadiu as ruas,
de manh�zinha pelo frescor �
e era tal o seu imenso rubor
que um p�ssaro encantado,
trazia no bico ramagens e luas.

Descendo aos jardins folgado,
l� pousou as luas,
por sobre o orvalho com amor �
e as flores, num eterno supor,
creram um ninho ali infiltrado,
n�o de uma mas de duas.

Pelo p�ssaro do c�u ofertado,
as palavras cruas,
diziam do povo o alto clamor �
que por n�o entenderem alvor
mais intricado, se viu instigado,
a proteger as flores, inda nuas.

E assim as luas, para outro lado,
viajaram as duas,
em bico de ave, seu esplendor �
se se tem um comum dominador,
n�o h� preconceito alienado
nem autismo de rua.

O pior, � quando lidamos, com o
que nos � diferente!

Jorge Humberto
27/02/11

sábado, 26 de fevereiro de 2011


POETA DE UMA SÓ MUSA



Vêem-me como objecto de prazer,
onde todos se podem intrometer,
sem ter respeito pelo meu sujeito,
que tem um coração a bater no peito.

Fazem propostas, já nelas realizadas,
como se não houvesse estradas,
a existirem, na sua fútil pequeneza,
cegas à verdade, da falta de certeza.

Acham que assim, por se declararem,
sem pudor, nem apreço atestarem,
é o mais correcto, se pensam só em si,
o que fica mal, do que se aplica a mim.

Para essas pessoas dizer-lhes que amo,
e é por essa mulher que sempre clamo,
mulher de meus sonhos, de minha vida,
que sempre me reservou salvo guarida.

Assim, com respeito, nada prepotente,
assimilo, que pela minha vida, haja gente,
que nela queira entrar, como amigos,
bem se vê, que eu não sou de inimigos.

Peço que tenham a mesma deferência
comigo, e que sejam em permanência
em mim, aludindo sempre à amizade,
aplaudindo os gestos de solidariedade.

Jorge Humberto
26/02/11

NOITE DE AMORES AQUI CANTADOS


Noite de amores aqui cantados
na voz solene dos pássaros nocturnos
que gorjeiam canções de embalar
no cimo das árvores,
encimadas de ninhos e de folhas,
que murmurejam ao toque do vento.

A lua vai alta no céu e os namorados
dão as mãos em rito ancestral
como que a dizer que a noite é deles
e que as estrelas,
luzindo ensejos de beijos, são pequenas
bocas desenhadas no rosto de cada um.

Pulsam fortes os pulsos na ânsia de uma
carícia – e os peitos se aproximam
no desenrolar do silêncio que não cala.

Há sorrisos no ar e momentos de alegria
nas vozes perpetuadas pela frequência
dos gestos, que se manifestam ,
quanto mais a lua
se vê envolvida com os jovens casais,
ao vê-la tão perto como segredando-lhes.

Jorge Humberto
23/02/11

POR DETRÁS DA NOSSA LONJURA

Em algum lugar, por detrás do
pôr-do-sol, o céu é azul,
e rebrilha nas ondas do mar
sua vontade inequívoca,
de dar cor a este belo Mundo.

Em algum lugar, por detrás de
cada gesto nosso,
está uma acção levada avante,
porque pensada nos outros,
como que se para nós mesmos.

Em algum lugar, por detrás de
uma guerra, há a paz,
fomentada em apaziguados
discursos, por gente
relevante mas deveras humilde.

Em algum lugar, por detrás do
egoísmo, dos senhores
das trevas, alguém traz o verbo
em palavras mansas,
para acalmar a raiva e o temor.

Em algum lugar, por detrás do
sol nado, pela manhã,
os pobrezinhos dos velhinhos,
não têm para onde ir, e são
largados em vãos de hospitais.

Em algum lugar, por detrás de
cada muro arruinado,
dormem crianças na humidade
das ruas desertas e sujas,
abandonadas pelos seus pais.

Em algum lugar, por detrás de
uma ruína em escombros,
a droga entra nas veias de um
jovem, pura ilusão,
de setas e lanças nos braços.

Em algum lugar, por detrás da
nossa lonjura,
encontrar-nos-emos a todos,
não mais estranhos seremos,
e viveremos em plena igualdade.

Jorge Humberto
25/02/11

NÃO TENHO CRENÇA NEM ESTUDO

Que é o tudo, senão o que é tudo?
Não tenho crença nem estudo.
Nenhuma realidade me convence;
e o presente, a passados pertence.

Julgamos – erradamente – que isto,
a que chamamos mundo, é previsto
e pronunciado, por Deus poderoso!
Nada mais falso, ao Homem ditoso.

Só queria uma realidade tão minha,
onde cumprimentar, gente vizinha,
fosse costumeiro e generalizado!
Ah, mas tudo aqui é comercializado!

Assim vivo a realidade dos demais,
eu passarinho, eles fúteis pardais.
E sem desânimos sigo escrevendo,
o que eu vejo e julgando vou vendo.

Jorge Humberto
25/02/11

MEUS SONHOS DE POETA

Meus sonhos são despertos
olhos bem abertos
para imaginar as coisas como elas
deveriam ser
não como elas são, no entender
do poeta.

Sonho que vejo pessoas felizes
do céu as matizes
de crê-las assim por uma vontade
mais do que sonhada
em verdade e em ganas tornada,
para o poeta.

Não sonho senão o que é possível
e exequível
e pode ser realizado em mãos de
uma genuína criança
que sendo menina no ar usa trança
e a mostra ao poeta.

No jardim as flores nunca fenecem
e de mil cores tecem
alegrias e dores que elas suportam
como se a chuva e o sol
fossem uma música em bemol,
sonhada pelo poeta.

No sonho acordado poria do avesso
todo o começo
de alguma coisa que ainda não foi
e com o tacto ajeitaria
primeiro a noite depois o dia,
assim diz o poeta.

E mais diz o poeta sonhando: a guerra
mutila a Terra
e é filha do despotismo e do olvido
pois o Homem é nocivo
deixa passar todo o mal pelo crivo,
grita o poeta.

Pois o Homem vê com olhos de ver
não quer nem saber
com o que se depara à sua frente
é funesto e perigoso
e nunca será um pai extremoso,
oiçam o poeta.

Jorge Humberto
26/02/11

A SOMBRA DA PEQUENA ESTÁTUA


A pequena estátua lança sua sombra
degraus acima;
torna-se maior conforme se vai
aproximando da janela aberta para o
sol, que entra
no sótão sem pedir licença nem espaço.

O sótão está repleto de objectos antigos
numa miscelânea,
que vai de quadros, com pregos nas
paredes, a vasos de porcelana e velhos
baús, de couro curtido,
já gastos plas muitas viagens realizadas.

Bonecas de vestidos rasgados, pálidas
e sujas, descansam
ao acaso no chão empoeirado do
soalho, de madeira antiga, que range
mal se pisa nele,
abrindo púrpuras cortinas com pinturas.
-----------------------------------
-----------------------------------
Descendo à sala, usando o corrimão,
rostos estranhos
nos acompanham, junto aos quartos,
e sentando-me, para ler um livro,
acendo o lustre,
e a sombra da pequena estátua
[invade as letras.

Jorge Humberto
24/02/11

NAUFRÁGIO A HORIZONTE

Estimulado pelas ondas o barco
avança no mar,
como que puxado por uma corda
de músculos,
atendo-se ao vento,
que as velas enfuna e sacode.

A horizonte tudo é muito maior,
e, a força,
dos homens, é posta à prova,
contra os sibilos
do ar agitado
e dos galgos de espuma salgada.

Agigantam-se no mar profundo,
ondas magnânimas,
doem meus braços no cordame,
tentando
derribar, de vez,
o pano, dos mastros principais.

Rangem as tábuas como dentes,
e a luta é árdua,
enquanto a água entra por todas
as frestas,
rasgando
o tecido, qual as velas são feitas.

Neste momento de iniquidade e
à deriva,
no grande azul, do azul oceânico,
homens,
por demais exaustos,
aguardam que o mar se acalme.

O veleiro já não tem conserto e
os marinheiros,
fazem descer os batéis, subindo,
ordeiramente,
nos salva-vidas,
indo nas nesgas de sol, que atreve.

Há que procurar uma ilha e, aí,
esperar,
que barcos tenham ali passagem,
e os leve a todos,
de regresso
a sua casa, com muito o que contar.

Jorge Humberto
23/02/11


MINHAS MÃOS NA TERRA A CRESCER


Mais que ser, estar na natureza,
com mãos de terra;
meus braços como arados,
lavrando o campo rude e virgem.

Depois de lavrar semear o chão,
com grão e cevada,
que hei-de sacudir na eira,
em chegando o dia da colheita.

O sol será meu aliado, e há-de
bater forte nas espigas,
ondulando ao vento,
como um mar qualquer interior.

Ao tempo o tempo, dos estames,
dos grãos a nascer,
suportando algumas chuvas,
que serão sempre bem-vindas.

Com minhas mãos abrirei rios,
ainda que pequenos,
para que a água molhe
as sementeiras, em fase de flor.

De enxada nas mãos, orientarei
o caudal dos riachos,
para que toda a plantação,
tenha o mesmo volume de água.

Finalmente os meses passaram e
o grão-de-bico e a cevada,
está pronta a ser debulhada,
na eira que conta muitos séculos.

Foice na mão, dia após dia, vou
amontoando
a colheita, distribuindo-a em montes,
que coloco junto à pedra negra.

Feito isto descamiso as sementes,
batendo com força
na eira, separando o trigo do joio,
e para minha alegria, o trabalho rende.

Jorge Humberto
22/02/11

JARDIM ENCANTADO

Como esta tarde, aonde o sol luz
e aquece as flores,
que no jardim se abrem vistosas,
fazendo contraluz,
nos perpétuos amores, olores
é o que tu sentes, nas rosas mimosas.

Há-as de todas as cores e são ditosas,
na terra que as colhe
brandamente, do caule até à raiz;
e de pétalas airosas,
nossos olhos tolhe, escolhe,
para que cintilando, nos façam feliz.

Como as flores no jardim, pela tardinha,
assim os passarinhos,
a nossos ouvidos, qual alegre sinfonia.
Se uma flor se avizinha,
logo um passarinho vem de pertinho,
para que o escutemos, plenos de alegria.

Não há como um jardim, cheio de vida
e movimento,
desde o nascer do sol, ao sol-pôr,
que não nos diga,
que todo o encantamento e alento,
vem do verso, que está ao nosso dispor.

Quem dera ser um jardim na madrugada,
ao acordar;
ser borboletas, pássaros e uma flor
encantada;
e quando a chuva viesse eu soubesse,
dignificar a Natureza, por seu amor.

Jorge Humberto
22/02/11

Jorge Humerto em dueto com o poeta Eugenio de Sá

QUANDO ÉRAMOS NÓS

Apenas uma vaga lembrança
é tudo quanto ficou em nós.
Sonho de sonhos, esperança,
de que volte a escutar tua voz.

Sei de ti a espaços, intervalos;
que para este coração iludido,
de tanto já ter sofrido, abalos,
anda assim, como que abatido.

Vem a noite, vai-se o dia, tudo
o que é recordação e nostalgia.
No caminho da rua, sou mudo,
e ao que me cerca, sem alegria.

Falta-me o teu abraço, o beijo
tão teu, a perdurar no tempo.
E no quarto, onde me queixo,
é porque não me resta alento.

Jorge Humberto
21/02/11



Luar de verão
Eugénio de Sá

Noite límpida esta brilhando na janela

Do quarto onde me deito e tu te deitas

É nosso o leito onde tu me rejeitas

É minha a dor ou o que resta dela


Campeia a indiferença neste espaço

Onde te chamei minha e fui o teu senhor

Era a festa da vida vivida com amor

De tanto que nos demos não permanece traço


Nesta noite estival é frio o meu pesar

Ao lembrar a doçura experimentada

Conhecendo-te a ausência embora aqui deitada

E assumo o travesseiro cansado de lembrar


QUANDO ÉRAMOS NÓS

Apenas uma vaga lembrança
é tudo quanto ficou em nós.
Sonho de sonhos, esperança,
de que volte a escutar tua voz.

Sei de ti a espaços, intervalos;
que para este coração iludido,
de tanto já ter sofrido, abalos,
anda assim, como que abatido.

Vem a noite, vai-se o dia, tudo
o que é recordação e nostalgia.
No caminho da rua, sou mudo,
e ao que me cerca, sem alegria.

Falta-me o teu abraço, o beijo
tão teu, a perdurar no tempo.
E no quarto, onde me queixo,
é porque não me resta alento.

Jorge Humberto
21/02/11


A VOZ DO POETA AO SEU POVO

Sonhos, sonhei, de ideais me vesti;
e da poesia,
fiz minha máxima expressão –
sou levantado do chão,
e nos meus pensamentos investi.

Do sonho, passei à acção e ao grito;
e no verso
cantado, aligeirei minha apologia –
certo de que virá o dia,
em que não seremos mais um atrito.

Tive sobre mim, frívolas desilusões;
que nem o poema,
foi capaz de se desvincular a tempo –
mas como eu sou feito de alento,
corrompi todas as falsas sensações.

E na mente criei novos paradigmas,
onde a liberdade,
assume papel mais que conceituado –
e agora que estou apaziguado,
não há preconceitos nem estigmas.

Em sonho, sonhado, um dia sonhei,
um Mundo bom,
para todos nós, sem ferros ou algoz –
e que o poeta, de todos fosse a voz,
casca do sonho, que livre descasquei.

E por todos os povos, alegre distribui,
Ferramentas na mão;
e ensinei-lhes, que o sonho é possível –
se o sonho advir de um ideal passível,
de se tornar realidade, ao que contribui.

Jorge Humberto
21/02/11

ENTRE SER E ESTAR, LIBERDADE OU PRISÃO


Entre ser e estar, vai uma grande diferença,
ser é permanecer, estar é existir, coerência.
Ser somente é vegetar, quem está se inclui,
participa, é activo, e tudo na sua vida influi.

Ser somos todos nós, estar lá, a poucos diz,
e sou desses poucos que se imiscui por raiz.
Ir à luta auferindo meu audaz pensamento,
é algo que faço questão de dar andamento.

A minha escrita, minha arma, minha lucidez,
é a voz do povo, lutando por simples talvez.
Com ela aprendem a dizer nunca mais patrão,
a dizerem essa palavra, tão necessária: Não.

E assim nas calhas das horas, o tempo corre,
e passamos a estar antes de ser o que morre.
Eis onde esteja a vanguarda digam presente,
imiscuindo-se na vida, de uma forma decente.

Jorge Humberto
20/02/11

O SENHOR TEMPO


Só o Tempo dirá do Tempo,
se é alento,
se é vento,
e que as folhas no inverso
do verso,
controverso,
serão pura magia ou agonia.

Pois o Tempo tem o condão
da ilusão,
da emoção,
e como qualquer flor fenece,
é prece,
esmorece,
num jardim bem longe daqui.

Tempo a saudade não aligeira,
se abeira,
ligeira,
e traz ao pranto irracionalidade,
infelicidade,
vacuidade,
nos olhos rasos d’água e mágoa.

Mas o Tempo é mais que Tempo,
atento,
incremento,
que desenvolve o que envolve,
e resolve,
e volve,
ao intemporal, para todos igual.

O Tempo não espera a demora,
vai embora,
se colabora,
estica a mão e pede seu quinhão,
diz não,
é negação,
que vive entre nós, se estamos sós.

Mas o Tempo pode ser alegria,
apologia,
sincronia,
e faz do amor, aquele leve sabor,
ao dispor,
de um olor,
que é uma verdade em liberdade.

Jorge Humberto
20/02/11

HOJE QUERO A VIDA

Hoje quero a vida, cheia de cores
e de perpétuos amores,
que me façam ir muito além de mim,
e me façam chegar até ti.

Quero janelas abertas e o sol a entrar,
nos olores me demorar,
e perder-me em jardins suspensos,
com versos nada tensos.

Quero o azul do céu e as nuvens no ar,
para que possa brindar,
cá na Terra, os que sofrem as dores,
e lhes ofertar lindas flores.

Quero dizer que não morre a esperança,
nos olhos de uma criança,
e de que tudo vale a exemplar pena,
se a alma não é pequena.

Isto já dizia o poeta em sua sabedoria,
separando a regra da folia,
sigamos-lhe o paradigma,
com todo o fervor, sem qualquer estigma.

Quero as casas pintadas do próprio carmim,
nas janelas carmesim,
e colchas dependuradas, para abrilhantar,
e juntos formos festejar.

Quero a Natureza em irmandade connosco
e Homem, convosco,
quando ela nos pedir sanidade e harmonia,
e nasça o sol todo o dia.

Ah, e quero a igualdade e a solidariedade,
a humildade,
seres emotivos também,
e nuns e noutros sermos sempre alguém.

E quero a poesia como um ensinamento,
um contentamento,
que quem vai ler,
possa tirar prazer e novas coisas aprender.

Jorge Humberto
19/02/11

A NAMORADINHA


Num banco de jardim, de mil flores
rodeada, de seda branca o vestido,
abres de cuidados os teus amores,
que guardas num baú, de couro curtido.

São cartas de amor e fitinhas de cetim,
que tu preservas, como a um tesouro.
E que agora abres e recordas assim,
como se fossem belas pepitas de ouro.

Leves fragrâncias envolvem o teu ser,
e tuas mãos delicadas procuram delícias,
que tu sabes, que no baú, ao remexer,
irás encontrar, em toque de pele e carícias.

Antigos enamoramentos de menina,
que tu soubeste guardar nessa caixinha.
Hoje lembras, em tua posse feminina,
que também tu já foste, a namoradinha.

Jorge Humberto
19/02/11

OS ANIMAIS LIVRES DO TEJO



De carmim são as casas,
põe-se o sol,
nasce o sol,
por mais que tu faças.


Junto um rio escorre
brandamente,
é pela corrente,
que ele nunca morre.


Pássaros fazem ninho,
entre a ponte
e algum monte,
cantando bem baixinho.



No estuário do Tejo,
animais
desiguais,
é isso o que eu vejo.



Assim há que preservar
estes espaços,
sem embaraços,
para a vida continuar.



Voltando à velha aldeia,
tudo é pensado
e concretizado,
a ter a sua livre alcateia.



Ali o Homem está longe
de ser empecilho,
nem há gatilho,
nas mãos de um monge.



E o povo é consciente,
deixa tudo limpo,
com afinco,
para a Natureza presente.



Afastados eles estão,
animais,
senhoriais,
vivem sem altercação.



Jorge Humberto
18/02/11

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011


EM NOITE E EM DIA SONHADO TE VELEI

A lua crescente abre-se em teus lábios
descerra pálpebras nocturnas
e uns olhos de água viram cristal
no toque líquido com o rio.

Novas estrelas sobem ao espaço sideral
acariciando meus pulsos de seda.

Do outro lado do horizonte novos sóis
brilham levemente na tua face
com cores virando sonhos do avesso e
acrescentando continentes nas tuas mãos.

Junto ao círculo máximo da esfera
beijo-te a fronte pois pareces agitada.

Cabelos dispersos por sobre as almofadas
asas de pássaros lembram
em debandada indo ao encontro
do dia que finalmente se avizinha deste lado.

Deito-me junto ao quente de teu corpo
e traço a traço gizado tua agitação.

Tiveste a noite e os dias num só tempo
intemporal (dormiste e sonhas-te)
e foste deusa a uma só hora
enquanto eu velava o teu sono ilusório.

E enquanto dormias lá fora houve noite
e dia no macio de teus olhos velados.

Esbracejando para mim sorriste-me
e olhando a janela parada com
suas cortinas de seda gorjeiam os
pássaros acordando a manhã primeira.

Jorge Humberto
17/02/11

SENTIMENTAL

Não luz a luz de meus olhos,
num quarto vazio, de coisas…
e, o gesto, inda que o pense,
de pensá-lo, não é natural.

Tento remediar este facto,
sendo muito mais emoção,
sentimentos e humildade:
às penas não venham raiz.

À Razão não dou abertura;
à ilusão, fecho-lhe a porta;
e de vez, ouvirei o coração,
colhendo flores e nuances.

Honrado serei, ante a vida;
nobre pelos que não estão…
e a quem fica, louvor trarei,
à falta de voz – a minha voz.

Serei altruísta até mais não,
da tristeza não esconderei
o triste fado, que comoveu
a partida de alguém a além.

Mas saberei ser da alegria
o seu maior companheiro,
pensando sim, nos demais:
merecendo-me um sorriso.

Já luz a luz de meus olhos;
porque me comprometeu
a vida e nela me entendi…
fora outros, fora eu assim.


Jorge Humberto
16/02/11

A MARIANA

O sol obscureceu, fruto da tristeza
que me assola,
e uma chuva ainda mais triste, do
que eu, principiou a cair, por sobre
as águas do rio sem Norte.

Obscureceram as nuvens, de
tristes que estão,
e a chuva virou dilúvio, relâmpago,
que a minha tristeza vem do céu,
até à terra, e toda a minha pena.

E uma nébula juntou-se à tristeza,
que me corre
nas veias, na carne, no sangue; dor
tamanha, que agora é lembrança
querida, que levarei pela vida.

Partiste; ainda não era chegada a
hora;
e no teu novo acordar, estes versos
tristes, que eu não entendo,
escrevo-os, de forma a entende-los.

Estrelinha Mariana, não te saudou
a vida em vida,
serás no céu uma menina que fala
gesticulando, às outras estrelinhas,
para que elas entendam do que falas.

E falas de amor, dos muitos amigos
que tu tens;
e a chuva ouvindo isto, parou para
dar lugar ao sol, que luziu tudo de
luz, e no teu tosto, se envaideceu.

Jorge Humberto
16/02/11

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


TSUNAMI

Galgando rocha e pedra o mar
esbate-se,
na rigidez do mármore branco.

Salpica de espuma as árvores,
próximas
do precipício mais profundo.

Os animais buscam um refúgio
temporário,
fugindo da intrepidez das ondas.

Calaram-se as aves temerárias,
e zurze
o vento nas herbáceas rasteiras.

E no cimo, nas planícies verdes,
cavalos
galopam, desenfreadamente.

No mar Tsunamis agigantam as
águas,
repletas de objectos perdidos.

Alguns navios de grande porte,
lutam
contra estes gigantes, vorazes.

Tentando um porto de abrigo,
indo
pelo caminho directo dos faróis.

Está irascível o mar lá em baixo,
com galgos
de espuma devorando as praias.

Há uma aberta no céu e o azul
aparece,
com o sol por trás timidamente.

Num repente, como veio se foi
a tempestade,
deixando tudo à volta num caos.

E ao Sair da gruta não reconheci
a floresta,
com troncos arrancados pela raiz.

Acalmaram-se as ondas e o mar
apresenta-se
no seu verde brandamente suave.

Jorge Humberto
15/02/11

UM DIA A SÓS CONTIGO

Deito meu desassossego, no
teu peito;
a casa está silenciosa; apenas
o pulsar de dois corações
se escutam, para além de nós
e dos que lá fora, buscam
sentido permitido para a vida.

O sol é nado faz muito e luz no
azul do céu,
esgarçado pelas nuvens puídas,
que ameaçam de chuva a terra;
e a ampola de meus dedos,
enche-te de mil afagos, silente,
nos traços da linha de teu rosto.

Na mesa; o café arrefece o dia e
a tarde
já se avizinha, com negras asas
de pássaros; seus gorjeios são
mais intensos, à medida que as
janelas se vão fechando, para o
secretismo do lar.

Fecha-se a porta atrás de ti; sais
à cidade; uma enorme vontade
de te agradar, faz com que siga
teus passos, embora, por outro
caminho; procuro nos jardins,
Rosas Brancas, de meu deleite,
para te brindar, no tornar a casa.

Teus cabelos molhados, meus
cabelos molhados, dizem bem da
chuva, que vai lá fora; as Rosas
descansam dentro de água; e, eu,
corro, para te ver sorrir, junto
com as pétalas, em cruz, nos teus
braços, como num cerimonial.

Cai a noite nas luzes da avenida;
e ficamos à luz de velas, ceando,
com as Rosas no centro da mesa;
palpitar de corações, descendo
até ao branco dos pulsos; olores
de incenso mediterrânico,
trazendo a ilusão para a realidade.

Jorge Humberto
15/02/11

A MIM ME VENÇO TODOS OS DIAS

A mim me venço todos os dias;
minhas forças estão comigo;
e enquanto puder seguir caminho,
serei a âncora, deste
barco sem remos nem sal, neste
mar que mata tudo quanto crê.

É certo que a angústia vem pela
manhã –
a chuva deixa-me triste agora –,
mas num salto,
saio da cama e me apronto,
para as tarefas complementares.

Tenho frio; não me queixo.
E ponho o meu melhor sorriso,
para as pobres almas,
que anseiam uma palavra,
feita de ternura e de afecto,
que os faça sentir-se em vida.

Sem mim esta casa estaria
desolada,
cheia de retratos enegrecidos
pelo tempo impiedoso,
e só um queixume de relógio
bateria nos pregos da parede.

Bem sei que o pior ainda está
por vir,
em folhas ridiculamente sem
um machucar de palavras,
onde tudo é frio, nunca
nos preparando para o exorável.

Mas seja o que for a nossa dor,
lutaremos
sem renúncias nem
desfalecimentos, que nos torne
entorpecidos e incoerentes,
e agrave o pesar, de quem sofre.

Jorge Humberto
14/02/11

CARÍCIAS DE AMOR

Nos espelhos de água de teus olhos
ramais de rios desaguam nos meus pulsos
e o gesto primeiro de minha mão
é acariciar-te o alvor de teu rosto,
que posso ver pelas frestas da janela
com ressonâncias de vozes,
que de silêncio se vestem, assim seja nado o sol,
em toda a sua plenitude celestial.

E consoante tu te vais aproximando de mim,
estendidos os teus braços,
envolve-los em torno de meu pescoço,
sem rijezas de mágoas ou de angústias, que
a manhã, agora chuvosa, costuma trazer consigo,
para lembrar que o frio faz ninho lá fora,
nos jardins com seus botos ou nas árvores
despidas de certezas, suavizando as águas do rio.

Jorge Humberto
14/02/11

TUA PELE ACORDA AS MANHÃS

Águas rebrilham no espaço
vazio de tua ausência anil,
tua pele acorda as manhãs
de meus desejos,
de meus ensejos,
e o mar cerca-me de teu ser.

Caminho pelas horas tardias,
na esperança vaga,
de te reconhecer ao longe,
quando as ondas cavalo vêm
desaguar na praia,
de todos os sonhos plausíveis.

O céu muda entre o princípio
e o fim, de uma dinastia
que demonstra denodo,
valorizada pelo amor com que
se baseia, sem paradoxo
nem prosápia aqui inerente.

Teus braços nos meus, alvor
de manhãs e o róscido nas
árvores,
da floresta encantada, onde
tu dormes teu sossego de rio,
despertando para o sol.

Largo sorriso na tua face de
ouro, asas que se levantam
além daqueles montes viris,
e ganham os céus azuis
de tão azuis,
e pedes-me que vá contigo.

Jorge Humberto
13/02/11

CIDADE EM ESCOMBROS

Peculiares estrelas reluzem no céu,
espelham-se nas águas,
mais abaixo,
no tremeluzir cintilante das árvores,
no rio de sempre;
e os meus punhos de carmim são
como gumes de facas,
direccionados à lua,
que continua parada no seu cinzentismo
de silhuetas informes, em paredes
indivisíveis, de ilusões de outrora.

Janelas com olhos de mosca, acendem
escritórios,
com manequins no lugar de pessoas;
e guindastes abrem suas temíveis
mandíbulas,
que nos muros se desenham e os gatos
ignoram,
como sem vontade de ter vontade,
senão o que os move por estimulação
siamesa, dando caça ao alimento, que
lhes exige de felina criatura audácia.

Estátuas cheias de verdete, engalanam
as ruas e avenidas,
sem carros nem transeuntes,
apenas e só vagabundos, dobrados em
quatro,
na agonia das sirenes, que se calaram,
sem aviso prévio, enquanto todos
continuam escondidos em subterrâneos,
fugindo das bombas, da Terceira Guerra
Mundial, que principiou
com um irreflectido gesto tirânico.

Só escombros na cidade, a este momento
avançado da minha escrita, enquanto
as pessoas se estreitam,
nos esconderijos e ouvem os
queixumes,
das crianças e dos idosos,
implorando por um pouco de água, mas
sair à rua é suicídio, e entre choros,
espeto meus braços com setas e vou
à luta infame, que se trava lá fora,
num mundo, que agora desconheço.

Jorge Humberto
13/02/11

NO DIA DE SÃO VALENTIM


Vem aí o dia dos namorados,
todos se aprumam neste dia,
que os que são apaixonados,
por nada trocariam sua alegria.

E surpresa vem, surpresa vai,
opta-se pelo certo presente,
a gargantilha, que tão bem cai,
de quem nunca está ausente.

Mimos e flores, costumeiros,
são-no no dia de São Valentim,
dos escolhidos os mais useiros,
para se repetir a palavra «sim».

E, os beijos, andam no ar, mão
dada, como que, para mostrar,
de amor estar cheio o coração,
e canta-se, unidos, para alegrar.

Jorge Humberto
12/02/11

JULGAMO-NOS FORTES

Não tenho emoções,
o que tenho
é frias sensações,
que me levam à Razão,
cobrindo o coração.

Daí parto para o subtil,
frio algoz,
num preservar dúctil,
sem ostentações vis,
que preservem raiz.

Lidar com sentimentos,
só o poeta é capaz,
mas onde os unguentos,
para a sua alquimia,
do intransferível dia?

Mi alma a sós não tem
haver; é um nado morto,
onde flores não vêm,
aligeirar meu querer,
porque lhe falta o saber.

Disto não me preocupa,
que sentir é iludir,
mi sensação se ocupa,
em não querer nada
que é força irmanada.

Emoções são ilusões,
vontades expressas,
sem reparar nas contusões,
que a falsa sintonia,
levar pode à sangria.

Perversa enfermidade,
que nos enche o peito,
e é tal a fútil liberdade,
que julgamos emoções,
quedas ou contusões.

Andamos todos confusos,
não vamos ao preciso,
e os golpes são contusos,
e cremos situações,
na falta de alegações.

Jorge Humberto
11/02/11

COISAS DO AMOR


À Razão e à Sorte
meu coração
continua a ter Norte.


Do destino dispensou
que o amor
dele nunca precisou.


O amor se encontra
identifica-se
já não se desencontra.


Passa-se a conhecer
segredos
e a mais querer saber.


Estuda com precisão
os traços
até lhes saber o condão.


Amor escondido
digo
é amor ofendido.


Aquele que fala
em silêncio
calado não cala.


Um amor assim é tal
comprometido
que não tem outro igual.


Meu amor não fenece
tem malhas
que só o amor tece.


Seu grande segredo
além-mar
é mostrá-lo sem medo.


Por isso caminho
certo
que não estou sozinho.


Jorge Humberto
10/02/11


A CURA PELOS VERSOS


Resolvi não me doer
mais, ser precavido
e tomar mais sentido,
no que vaia a dizer.

Resolvi que o que for,
assim terá de o ser,
e onde possa saber,
tudo com mais amor.

Isto porque a pressa,
é mui má conselheira,
e prega-nos rasteira,
se em nós tudo cessa.

É que nada acabou,
é de bom senso,
selar o que anda tenso,
e indo ao que nos tocou.

Se for luta o que vier,
pelejaremos até suar,
aí se vai mostrar,
contra o mal que houver.

Mas se o Universo,
estiver com os meus,
grato serei, aos teus,
em poema ou verso.

Serei a força cá de casa,
selarei minha boca,
se a voz ficar rouca,
por dentro perpassa.

Mas apenas para mim,
pois jardins erguerei,
junto de quem sei,
sem dizer o seu fim.

Só que o sol espreita,
a quem o procura,
e é mais perto a cura,
por quem nem suspeita.

Por isso acredito,
num bom final,
onde todo o mal,
é aonde eu medito.

Jorge Humberto
10/02/11

SÓ QUERO MEUS PAIS SÃOS

Minha vida é sem cor,
de má Sorte a dor,
que vil me assaltou,
e a doença originou.

Uma Doença irascível,
que doída e imiscível,
não admite a crença,
apenas a fútil sentença.

Aos pés da dura cama,
alguém se engalana,
de doente terminal,
porquê aqui tanto mal?

Escrevo para redimir
e a minha culpa carpir.
Tivesse eu outra atenção,
e bateria são o coração.

De minha mãe e pai,
que da cama já não sai,
com um frio de morte,
que vem de lá do Norte.

Mas a falta de tento
foi minha: acrescento.
Pois à douta medicina,
não retive a retina.

Mas que sabia eu enfim,
só sou poeta, ai de mim.
Porque ensandeço,
será mesmo que mereço?

Só quero meus pais sãos,
tendo força nas mãos,
e na boca um sorriso,
com tino ou sem siso.

Duas crianças saudáveis,
cheias de vida, amáveis,
esquecendo o pesadelo,
demore ou não esquece-lo.

Jorge Humberto
09/02/11

ENCONTRO COM O RIO

Por veredas de caminhos estreitos,
passeio entre folhas caídas,
enquanto algumas pedras
são escolhos,
que a Natureza deixar escolheu,
para que nada se possa
descaracterizar, destes lindos
rumos, que são meu caminhar
pelas manhãs adentro,
com o sol radiante no céu azul,
e os gorjeios dos pássaros sinfonias.

Depois de tomar um pequeno
atalho,
ouço o som vibrante de águas,
providas de músicas sibilantes,
que um rio,
mais ao largo, não deixa destoar,
no seu correr liberdade,
pelas orlas das veredas,
separadas por cercas de madeira,
apanágio do Homem, que marca
tudo, territorialmente.

Não achando entrave, nas cercas,
de arame e de madeira,
passo-me para o outro lado,
onde corre o rio e aí procuro,
onde sentar meu cansaço, que é
de ar puro (mas eu sou um poeta
da cidade,
onde as flores são de aço e as
estradas de alcatrão, e as fábricas,
expelem sua poluição,
até esta se entranhar, nas paredes).

Já descalços os pés, ao ar,
entro nas águas límpidas do rio,
com cuidado extremoso,
para não escorregar nos seixos, que
têm algas, como passageiros,
e vejo embevecido, alguns peixes
dourados e outros vermelhos,
ziguezagueando, no ébrio rio,
enquanto procuram águas mais
profundas, para se alimentarem e
acasalarem.

E neste encanto adormeço, ao som
das águas.

Jorge Humberto
09/02/11

OLHAI PELAS CRIANCINHAS

Neste humilde rio, de minha infância,
onde eu dormia ao relento,
minha vivência, meu alento,
deixava que as árvores da estância,
me cobrissem com seu manto,
até que destruídas, caí em pranto.

Agora já só sombras a fazer lembrar,
as horas alegres, que lá passei,
de nada – digo – de nada sei,
mas um genuíno e puro recordar,
faz de mim uma pessoa mais triste,
que por um mundo melhor não desiste.

Quando criança havia um mar estreito,
com pescadores entregues à faina do dia,
(que humildes que eram, que cortesia),
e eu como já era um “homem” feito,
ajudava a puxar os barcos para terra,
(ainda não se ouvia falar em guerra).

Hoje só os anciões consertam as redes,
cantando canções, de outros tempos,
puxando carroças os velhos jumentos,
nas fontes ainda limpas, saciando sedes,
para de seguida arar a terra polposa,
que nos dá os frutos de polpa airosa.

Infeliz o Homem que não tem humildade,
e deixa que os costumes e valores se vão,
como numa funesta catre ou vil caixão,
porque lhes foge a douta sinceridade,
para fazer desta uma Terra muito melhor,
porque passar, já não passa, de pior.

Olhai para as criancinhas, pobrezinhas,
sempre felizes na sua macia infância,
nada lhes apontem por má constância,
às nossas sementes, tão inocentinhas,
que o que elas querem é um balão,
que voe tão alto como o seu coração.

Jorge Humberto
08/02/11

NOITE DE FESTA

Ah, como eu gosto, de ver
chegar a noite e prevalecer,
no céu, o cinzento e a lua,
que quase sempre vai nua.

Eis é ela que alumia o verso,
e vê passar o gato perverso,
num persistente rodopio,
na prata que explode no rio.

Sombra de sombras a perder,
nas vãs árvores a desvanecer,
confundem co quem atenção,
privilegia a sua apurada visão.

Mas a luz da Lua deixa antever,
uma noite de engrandecer,
estrelas e gentes que passam,
que com laçarotes se enlaçam.

É que esta noite é noite de festa,
a claridade da lua assim atesta,
e todos se preparam para sair,
a ver o luar, no céu, a mui luzir.

Jorge Humberto
07/02/11

É AMOR ASSIM O NOSSO

Teus olhos correm melífluos,
dourando à luz do sol,
que sereno se mostra na paisagem.

As areias brancas, da orla,
lembram
tuas mãos, da cor do marfim.

A luz incide no teu rosto,
abrilhantando-o de flores,
emprestadas pela linha do horizonte.

Mais ao longe, teus cabelos,
são como ondas do mar,
meio encrespado, pela leve brisa.

Teu quadril, feminino,
descansa cansaços nas dunas,
de um louro espreguiçando-se.

Vagarosamente levantas-te,
e dirigiste para as águas,
azuis, como da cor do céu, que espreita.

Entras mar adentro e recomeças
a apanhar
conchinhas e vários búzios.

Não me canso de olhar para ti e de
seguir teus movimentos,
como numa película a cores.

Trazes-me o teu tesouro, que depositas
numa cova, nas pedrinhas
da areia, nas dunas de nosso amor.

Beijamo-nos; enquanto te sentas a
meu lado, no areal
quentinho, que nos aquece o coração.

Jorge Humberto
07/02/11

RECORDAR NÃO É VIVER

Recordar é viver com fantasmas,
plasmas
e alegorias, de outros dias,
pois nada volta atrás,
para recuperar o perdido,
nada, nada é capaz,
de tamanho sentido.

Recordar é viver em ilusão
(pobre coração),
e fazer do passado, algo sem legado,
que o que foi já não voltará a ser,
a encontrar o que se perdeu,
porque isso não irá acontecer,
que o que morreu jaz e arrefeceu.

Por isso há pessoas a sofrer na vida,
sem ida
nem volta, e logo uma revolta,
toma conta das esperanças,
quando nada faz jus à excepção,
desse amor feito de lembranças,
que se guarda com muita gratidão.

Mas é assim, esta verdade nua
e crua,
em que só o presente, consente,
que andemos de cabeça erguida,
com crença, sem restrição,
se assim não for seremos como o doente,
que sofre por antecipação.

Jorge Humberto
07/02/11

MULHER EXEMPLAR

És tão triste como tudo que me entristece,
mas, lutando, por quem és, não te olvidas,
que a tristeza, só vem quando desvanece,
o querer ser alguém, e a ninguém duvidas.

Por madrasta tem-te sido a vida, por haver,
desse teu destino, sempre pessoa humilde,
onde nem todos de ti têm sabido enaltecer,
a exemplar pessoa, que, na vida, já coincide.

Sofres a dores doídas quem à vida trouxeste
e deste de teu; e cortando o cordão umbilical,
em total padecimento, pela raiz, tu quiseste,
de ter o libero de ser alguém, não um animal.

Subserviente ou bajulada, por interesses vis,
de quem te supre a personalidade feminina,
riscando-te na lousa preta a traço branco giz,
como para te apagar, e, à tua mulher, divina.

Jorge Humberto
06/02/11

domingo, 6 de fevereiro de 2011


ONDE O AMOR AGORA

Era o tempo, em que juntos, tudo
fazíamos, e nunca nos negávamos,
o namoro crescia mas agora mudo
de mim, o nosso amor o trocámos,

por palavras vãs sem nada dizerem
e nem nada gravarem, na memória.
Saberão as pessoas o que fazerem,
quando mais nada resta da história?

Se um não faz, não fazendo, incorre
em erro, outro não faz, pois discorre
que se ao primeiro, a falha, sua razão.

Nunca ao abandono votei quem amo,
sofri no corpo a dor da perda, o dano,
que agora faz doído, este meu coração.

Jorge Humberto
31/01/11

MALDITO CIGARRO


Acendo um cigarro, num movimento
maquinal;
ancestral
gesto, que tem perpetuado no tempo.

Fico expectante, vendo o fumo expelido,
a ir-se pelo ar,
a se movimentar,
bem fora deste meu corpo, tão ofendido.

E esmurro o cinzeiro, enquanto escrevo,
esta devoção,
minha extrema-unção,
que à Indústria Tabaqueira, muito devo.

Quando tinha seis anos, quem me disse,
que o cigarro
mata e traz catarro?
Ah, Ninguém me o disse, que bem o visse!

Fumo mais quando escrevo minhas poesias.
Parece uma bengala
sem gala
nem uso, com que levo os meus parcos dias.

“Fumar Mata”; bem diz a caixa inda lacrada.
Pois se assim é,
reponham o rapé,
que era moda, para a narina mais rematada.

Mas os milhões de divisas que o tabaco gera,
não acabará,
nem findará,
com o negócio, que origina, tamanha guerra.

E assim, continuo minha demanda, de gente,
triste,
de braço em riste,
contra meu vício: em nada ele é complacente.

Ah, mas quando mais ninguém o vir ou supuser,
largarei de vez,
esta insensatez,
e na boca porei, o que mais à mão então tiver.

Jorge Humberto
06/02/11

QUEM NOS ESCUTA

Vamos nesta vida com muito por dizer.
Quem nos escuta,
e, de viva voz, presentes, se preocupa?

A doença nos atinge, sem nos prevenir.
A quem colhe
cuidado? Não quem a doença não tolhe.

E desabafamos, em silêncios recolhidos.
A quem importa?
Desde que nunca lhes batamos à porta.

Vivemos em mundos viés e desgarrados.
Morre-se;
talvez alguém apareça; depois some-se.

Valham as crianças, as flores e seu valor.
Só elas dão vida
e crença, para que a levemos bem vivida.

Já o Homem perdeu toda a simplicidade.
Age sem pudor,
e, de há muito, esqueceu a palavra amor.

E aqui me encontro sozinho a sós comigo.
Que versejar,
se quem amamos, encontra-se a definhar?

E que a força não me abandone doravante.
Dos meus pais
cuidar, sem palavras doídas nem sequer ais.

E acredito que a Primavera, trará o curativo.
E a felicidade,
há-de entrar em casa, com toda a seriedade.

Jorge Humberto
05/02/11

AOS NOVOS POETAS

Embora eu faça do pensamento
julgamento,
a que dou vazão, nas minhas poesias,
não faço dele meu senhor,
porque há muito mais alvor,
dentro de mim, dentro dos meus dias.

E embora eu não me reveja na emoção,
sem que lhe assista Razão,
porque é dúbia e inconstante,
humildemente dou por mim a olhar o mar,
e à passagem de pessoas cumprimentar,
porque também sou essa coisa constante.

Digamos que tenho tantos sentimentos,
que é fácil fazer falsos juramentos,
e me julgarem um sentimental,
nada de mais falso, aqui se pronuncia,
o que eu sei é diferenciar a noite do dia,
com o nome próprio, que lhe é peculiar.

Meu pobre coração, onde ficas tu?
A que lugar algum?
Também eu já estive apaixonado,
e de tão tonto, balbuciava disparates,
que eu julguei, do amor, ser apartes,
que eu dizia, quando estava enamorado.

Escrever um poema, para os novatos,
convém que sejam cordatos,
e que sigam o almejo do desejado coração,
pois é ele, primeiramente, que tem a essência
dos sentimentos, sua benevolência,
e não precisa para nada, da mesclada emoção.

Não temam escrever, fazer sair a poesia,
vossa eterna alegria
e companheira das horas mais silenciosas,
porque é no erro que se chega à perfeição,
e vos aquecerá, no inverno, o coração,
pois um dia vossas obras serão grandiosas.

O resto é nada. Intento sem propósito.

Jorge Humberto
05/02/11

DIA DE FEIRA


Ao longe vê-se as casas,
e os montes detrás delas,
parecem ganhar asas,
no rio que mora nelas.

Paredes de carmesim,
vasos nas janelas,
a aldeia é outrossim,
lindas bambinelas.

Bela ponte a atravessa,
do nado ao sol-pôr,
e tudo anda depressa,
para visitar seu amor.

E quando a noite cair,
as casinhas salientes,
o povo há-de vir
em rodas de gentes.

E na aldeia costumeira,
todos falam contentes,
pois é vésperas de feira,
repartindo sementes.

E eis a hora de dormir,
o sono não se atreve,
com o sentido de ir,
ao que está para breve.

Jorge Humberto
04/02/11

HOJE É DIA DE SORRIR


Hoje, é dia do sorriso, por isso com tino ou sem siso,
sorri a quem passa na rua e retribui com a alma toda nua…
que a simplicidade, é dos Homens, a douta felicidade,
não importa como te despes, mas dos costumes te vestes.

Sorri como um louco, e que esse sorriso, saiba a pouco,
sê gentil na tua aparência, que dar seja a tua essência…
E mesmo que venhas de farrapos, não olvides os bons tratos,
um simples «aperto de mão», com a força de um coração.

Aqui não precisas pensar, que o pensamento há-de te levar,
pelos caminhos da ternura, com o sorriso, sua alvura…
e não te coíbas se o sorriso for gargalhada, daqui se leva nada,
senão a boa disposição, que neste dia, tem sua Assunção.

Eis então por isso vamos todos sorrir, sem ter mãos que medir,
e quanto maior for o sorriso, mais chamarás ao nobre aviso…
hoje é dia de sorrir, gargalhar, sem haver o que questionar,
que todos os dias sejam assim, com pozinhos de perlimpimpim.

Jorge Humberto
04/02/11

NATUREZA EM FÚRIA

A noite aproxima-se devagar. E nuvens de
borrasca, transportam toda a sua ira,
para dentro de si, dando-nos um
espectáculo de luzes, produzidas pelos
relâmpagos, como se fossem espoletas,
prontas a explodir, no negro dos céus,
fazendo as pessoas apressarem-se,
para voltar às suas acolhedoras casas.

O trovão ribomba, por detrás dos
montes, para lá da linha do horizonte,
que não teve pôr-do-sol,
nem vislumbre de prata no rio,
emanada pela lua, que se
encontra escondida, pelas grandes
partículas de chuva, que se vão formando,
nas densas nuvens, enraivecidas.

E é este Inverno inflexível, que faz jus ao seu
nome e tem assolado este lado do hemisfério,
com ventos gélidos e tempestuosos.
E enquanto escrevo, lembro-me dos
que não têm casa nem um tecto,
para se protegerem das intempéries,
que parecem escolher os mais desolados,
para fazerem cair sobre si, toda a sua fúria.

Principiou a chover desgarradamente,
trovões e relâmpagos, não têm poiso,
e, tudo, parece mais temível, quando as
luzes da rua se apagam, deixando tudo às
escuras. É impossível estar à janela, sem
sermos fustigados, por uma imensidade
de água, vinda de todos os lados, deixando-nos
tontos e meio atrapalhados com a cólera do clima.

O rio começa a galgar suas margens e o lodo,
entrando nas águas, deixa tudo cinzento
e pestilento, com ondas bêbadas de vento,
indo de encontro, umas às outras,
deixando tudo em estado de sítio, e
atemorizando os pescadores, que não
conseguiram fugir, à imensa tempestade,
que veio – pelos vistos – para durar ainda.

Jorge Humberto
03/02/11

SENTIMENTOS

Meu pensamento dito,
já não é
meu pensamento.
Em poesia o deixo,
para que outros tenham
usufruto,
junto com a aprendizagem.

A imaginação nasce do
pensamento,
pensado com fertilidade.
Em versos a ponho,
para que as pessoas, ao
lerem, o que escrevo,
possam ter uma vida sã.

A inteligência, que no
pensamento,
reside, é o saber encontrar
equilíbrio, entre o
certo e o errado, e fazer
aí, sua dissertação
e ponto de partida.

Sentimentos são dúbios
(que o próprio coração,
sonega ou aumenta),
por isso raramente escutai,
a voz do coração,
porque é confusão na certa,
e auto confronto.

Alma é aquela coisa, que
todos dizem possuir,
mas ninguém conhece. E
recorre-se a ela, para justificar,
o desconhecido,
que a vida nos propõe e
achamos plausível de um nome.

Jorge Humberto
03/02/11

TODOS SOMOS POETAS

Depois de muito pensar
o que a pensar,
pensando, fui achando,
cheguei à dita conclusão,
que, para tudo,
há sempre uma Razão.

Levei algum tempo no ar,
a me doutrinar,
o que a doutrina nos ensina,
e a douta razão,
é que todos têm direito,
a escrever sua própria emoção.

Por isso todos somos poetas,
espoletas,
flores e multicores,
que nos dias de tristeza,
fazem com que versemos,
aquela incómoda incerteza.

Para que os dias, passando,
não nos vão tirando,
a decência que é essência,
em cada poema dito,
lido e relido,
porque na folha fica escrito.

Assim viva todos os verves,
se há equidade serves,
a pensar sabes chamar,
escreve com imaginação,
o que outros vão ler,
e se queres usa o coração.

Jorge Humberto
03/02/11

AMAR ATÉ DOER E CRER

O amor, que, silencioso, traz-me ao pranto,
a mim, que de não o saber, já chorei tanto,
porque ora é amor, ora amor, ele já não é,
enxugou-me lágrimas, sempre pelo meu pé.

A muito já me resignei, verdades roubadas,
convertidas em mentiras, ou transformadas
em vãs palavras do algoz que me quis preso,
que, por usar da franqueza, julguei sair ileso.

Se assim, bem o julguei, pior, foi a sentença,
que, sem que nada o fizesse, tive a descrença,
de quem disse me amar e juras me prometeu,
de um amor nobre, que, também fosse meu.

Mas, a mim, que sou pobre, o direito a amar
não possuo, inda que húmil, o possa chamar,
porque me doo sem reticências, e, me puno,
como um voltar ao passado, logo me desuno.

Jorge Humberto
02/02/11

MAR DE OUTRORA

Junto ao precipício de mármore,
ondas revoltosas, impõe-se
contra as rochas, fragmentadas,
para depois, numa mansidão,
voltar ao mar de outrora, buscando
as próximas ondas arenosas.

Da minha lonjura, observo tudo
isto, e acentua-se tremendamente,
nas águas, o seu distinto vai e
vem, com ondas cavalo, de crinas
ao vento e galgos, de espuma branca,
enfrentando redemoinhos.

Mas onde o mar é mais plano, pontos
negros, de navios, no seu ir
algures, ou nenhures (depende de
minha imaginação), desenham-se a
a horizonte, com lassos fumos negros,
misturando-se com o azul celeste.

Algas aglomeram-se junto às pedras, e
pequenos (vistos de cima) leões-marinhos,
parecem brincar, com as verdes plantas,
que junto à costa, fazem seu poiso,
brincadeira para alguns, alimento
para outros, com alguns ovos à deriva.

Jorge Humberto
02/02/11

ANUNCIANDO CHUVA


A noite vai fria lá fora,
onde todos os gatos são pardos,
e o rumorejar das folhas,
na silhueta dos muros,
caiados de branco, zurze
no silêncio dúctil,
acordando as horas, mais tardias.

Enquanto a lua, lá do alto,
espelha de prata, o volumoso rio,
e pequenas ondas se levantam,
à passagem mais acentuada,
da nortada de um vento,
que gela as orlas, dissimuladas,
pela acumulação da lama.

Se olharmos distraídos, para o céu,
vemos que as nuvens
estão prenhes de água, que
desembocará em chuva, assim
a madrugada vá firmando suas raízes,
na copa dos pinheiros, e
o vento, aumente de intensidade.

Jorge Humberto
01/02/11