Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

quarta-feira, 21 de abril de 2010


ENFIM SÓS


O mar leva e traz nossas esperanças
por sobre o Oceano carrega
os nossos sonhos
no sacudir das ondas cavalo.

Tenta alcançar a mulher desejada
aquela que por aquela
por ser tão amada merece de mim
todo o meu esforço inumano.

Do outro lado à beira-mar
com os teus pés empurras a espuma
de volta ao mar e te reconcilias
com a paisagem circundante.

Estamos agora cada um no seu ponto
geográfico
mãos no ar acenando à imensidão
esperando que o encontre se dê.

Fechados os olhos sentidos
apurados
tentamos perceber o que é de nós –

enfim sós.

Jorge Humberto
21/04/10

OLHOS DE GATO

Teu olhar lânguido me enche de
volúpias
e meu coração bate forte enquanto
caminhas
na minha direcção.

Quebra-se o silêncio lá fora
apenas nós existimos
olhos rasos de água e de bom
despertar
fazem com que a palavra se solte.

Dá-se inicio ao monólogo
e cada um tem de si para oferecer
com parcas palavras se desenha
o sonho de enfim
persistentemente sós.

Suspiros ecoam pela sala
(choro de criança que tem olhos
de gato)
e vão-se instalar nas fímbrias da
madeira dos objectos curiosos.

Por fim dá-se a explosão
e só o eco nos indicia
a um canto da casa grande
aninhados
como se fora um casal de namorados.

Jorge Humberto
20/04/10

CONSTERNAÇÃO

E é tão forte a consternação
quando vejo alguém sofrer
que o meu pobre coração
logo se aflige no padecer.

Fica aflito e em desunião
o meu coração a arder
cá dentro do peito ancião
de muitas vidas a perder.

Vidas de jovens e seus vícios
que doam corpos a cilícios
e outras arbitrariedades.

Eis são as cruas realidades
de uma civilização amestrada
que quer tudo e tem nada.

Jorge Humberto
19/04/10

domingo, 18 de abril de 2010


NAS ONDAS DO MAR


As ondas do mar desfraldam
ao vento as velas
e eu percorro todo o oceano
com um rasar de olhos
na água.

Lá chegando te encontro
musa amada
e eu corro meus dedos
pelo fio de teus lábios
até sentir o beijo de tua boca.

Um beijo que sela o silêncio
de dois prometidos
que antes muito antes
de o serem já o eram
para toda a eternidade.

E veio o vento da bonança
nos recolher
de braço dado
com o verde do mar
e o bater de dois corações.

Jorge Humberto
17/04/10

APAIXONADAMENTE POR TI… NAN


Nada mais me fascina, que olhar-te de frente,
bem lá no fundo, de teus olhos, da cor do mel.
E passar carinhosamente, minhas mãos, pelos
traços de teu rosto, numa pele sensível, limpa.

Assim passar horas, como uma bela flor ao sol,
abrindo suas pétalas coloridas, à brisa matinal.
Porque para mim tu és uma flor a desabrochar,
quiçá pássaro, que cantando vai, a quem passa.

Próprio dom da natureza a graça de tua beleza,
está no mais íntimo de ti, que em naturalidade,
assim age, para com os demais, humildemente
e sem afrontas, de lindo sorriso nos teus lábios.

Mulher, em tudo perfeita, sempre pensando e
aos outros, cuidados deixando, como uma mãe
preocupada com seus filhos, não há, quem não
te queira bem, e, o poeta em versos te cumpre.

Jorge Humberto
26/04/09

sábado, 17 de abril de 2010


CARACOIZITOS


Tens tranças no cabelo,
Com lindos caracóis:

Enrola-os, meu amor,
Que ao vê-los,
Lembrem a luz de muitos sóis

Nada mais, nada mais,
Do que tê-los assim,
No meu peito,
Repousando com jeito,
Do principio até ao fim

Jorge Humberto
(14/06/2004)

CARTA



Brancas vos quero,
De luzes imensas,
E as noites serão brandas
Até que adormeças.

Brancas vos quero,
Brancas as manhãs,
Brancas... tão brancas

Que nelas me reconheças,
E de novo adormeças.


Jorge Humberto
(18:51/Maio/12/03)

CARTAS DE AMOR



Tuas ternas palavras,
Elas que vêm até mim
Como brisa de veludo,
A meu rosto,
Deixam-me enternecido,
Imaginando-te presença feminina,
Que aguça os meus sentidos,
Como as tuas mãos de Dama discorrem
Elegância, nos versos que deixas.

Sofrimento injusto eu calo,
Porque momentânea é a fragrância...
E exalando perfumes já havidos,
De imaginá-los assim,
Sobram-me estas mãos,
Com que a ti recorro uma outra vez,
Como na lembrança ou nos sonhos,
Onde perdura a insensatez.



Jorge Humberto
(29/08/2003)

CENAS DE UM AMOR DIFERENTE


Aqui, onde antes, era eu a sós,
quantas das vezes me desconheço.
Se nem a mim próprio pertenço,
como desatar estes meus nós?

Porém agora cuidar tenho,
não só de mim como doutro alguém.
Que nunca a trate como a ninguém,
que nunca me venha o desdenho.

Certamente por ela não virá,
pois que a amo de paixão.
E bate, bate forte viril coração…
que ela por mim testemunhará.

A favor do meu esforço sem par,
deste meu aprendizado constante.
Nunca, nunca mais, doravante,
jogarei minha vida a estragar.

Pois eu sei que ela, a meu lado,
sempre estará insistentemente.
Dói meu coração placidamente,
dói, dói de tão apertado.

Mas esta é uma dor afectuosa,
dois corações num só.
Quem sabe daremos o nó,
numa cena bem lacrimosa.

Sim… porque eu e minha Mulher,
somos criaturas sensíveis.
E as coisas tornam-se previsíveis,
inda antes do acto sequer.

Será uma festa só para amigos,
nada de grandes confusões.
E as distracções e alimentações
serão para aqueles sem abrigo.

Pois nós não queremos riquezas,
só bem-estar e muito calor.
E todo este nosso amor,
nunca se deu bem com avarezas.
Jorge Humberto
28/02/08

COM CERTEZA…


Cansaço… nada mais que cansaço…
Apenas e só… cansaço…
Dos amigos fico-me com a certeza…
De que estão lá… aqui… em algum lugar…
Mas que estão… e isso me basta… Bastará?
Se a mim próprio me bastasse,
Lembrar-me-ia deles também?
O Homem é animal de cobiça,
O egoísmo sua armadura extra muros…
E eu… eu sei bem quem sou…
Porque me julgo, ou julgo dos outros?
Bem sei, amigo, sorris p’ra mim,
Incentivas-me ao despertar… mas…
Cansaço, meu amigo, só e puro cansaço…
Nada mais… de que este maldito cansaço…
De mim… Ó miséria, mas porque
Te repetes tu? Não estarás já cansado,
De tanto cansaço?... Ignóbil… falto
Este meu corpo… e a alma ressente-se,
Com certeza, se fosse eu faria o mesmo,
Desdenhando de tal pretexto… insignificante…
Cansaço, meu amigo, cansaço…
E a minha resposta, que te não chega,
É tudo isso, que não sou… Tratante!!!… Eis me, aqui…
Cansaço, nada mais, senão cansaço…


Jorge Humberto
(16/04/2004)

Bom Dia



Mulher… é flor.
Ao homem… a tela.
Que o pincel
É da criança.

E eu estou lá,
Algures…
Entre a flor
E a contra luz.

Pantalha…
Aonde irei projectar
Este meu sorriso.


Jorge Humberto
(Junho/02/03)

CHOQUE




De noite,
Nesta noite
Há uma brisa agressiva.

E virando o rosto,
De encontro
Ao silêncio visível
Do vento,

É aí que eu recebo o choque
Do meu pensamento.




Jorge Humberto
(13:22/Maio31/03)

CRISTALINO



Raiam-me os olhos
de cristais,
o cheiro a terra é intenso,
e travo nos lábios,
miríades de olores,
e pétalas de flores,
sensitiva pele,
que agora já distingue,
de quais os nomes,
do que a meus olhos,
começou por ser
figura estática.

(30/08/2003)

CRU


Decididamente só
(Não que, à escolha,
Condição outra houvesse),
Imaginei-me a adormecer,
Fazer de conta
Que eu fora outro,
Como possibilidade apresentada,
A novas alternativas,
Tão reais quanto
Serem elas demasiadamente
Óbvias,
Para que fizesse fé,
De tal concerto.


Jorge Humberto
(04/07/2003)

MEU CORAÇÃO É UM PASSARINHO



Meu coração apaixonado
é tal qual um passarinho
que cantasse todas as
manhãs quando o sol
surgisse vindo de lá
do horizonte.


E lá fizesse o seu ninho
junto com as andorinhas
e os pardais a meio a nardos
e jasmins e um jardim
de pronto nasceria para
o acolher.


Jorge Humberto
16/04/10

sexta-feira, 16 de abril de 2010


REVOLUÇÃO DAS LUZES


Bons homens, homens bons
fazem-me reflectir a toda a
hora se estarei no melhor dos
caminhos, por mim escolhidos
como os que me levarão
à humildade e à verdade do
tempo de nossos antepassados.

Onde cumprimentar era apanágio
sempre que nos cruzávamos com
outra pessoa e um sorriso largo
despendíamos, para que ambos
tivessem um dia e uma noite melhor
no seu caminho do trabalho ou na
volta no seu caminho de casa.

Esses valores há muito se perderam
precisamos de uma revolução
cultural, com os artistas e o povo
a saírem à rua reivindicando os
seus direitos e deveres, para
consigo e para com os outros
em marcha firme mas pacifica.

Os governos são corruptos e as
pessoas que os governam fantoches
à deriva de bancos e banqueiros,
que lhes prometem mundos e
fundos nunca se comprometendo
onde não haja a vontade de poder
e regalias a fundos perdidos.

Precisamos de homens e de mulheres
que não tenham medo de enfrentar
a besta, pegar-lhe pelos cornos e
deitar o animal aniquilado por terra
sobressaindo o coto imundo
nas vezes de mãos e pernas
animal híbrido pronto a ser executado.

Ah, e não me venham dizer que
tudo está bem, ante a pobreza
envergonhada! Num país que está
na cauda da Europa, cheio de
endividamentos, aumentando os
Impostos para acautelar assim
a sua mui frágil sobrevivência.

Jorge Humberto
15/04/10

DESENHANDO NAS NUVENS

Hoje amanheci com os olhos
resplandecentes de sol matinal,
o céu estava azul clarinho e as
nuvens desenhavam cavalos no ar.

Pus-me a imaginar as formas
geométricas e tudo o que eu podia
construir a partir de uma simples
nuvem branca como o algodão.

Figuras abstractas saiam da minha
imaginação ao olhar as nuvens
branquinhas que eu via da minha
janela aberta à brisa da manhã.

Eram esgarçadas e quando se uniam
logo novelos de animais e outras
coisas pintavam o azul com os
desenhos mais humildes que podia supor.

Dir-se-ia uma criança pintando no
papel os sonhos mais bonitos e
correspondentes à vontade própria
desta idade onde tudo é possível.

Sei que o céu de todos os dias hoje
estava diferente com as andorinhas
a bailar de cá para lá e os pardais
saltitando buscando asas nas nuvens.

Era um céu de primavera onde reinava
o amor atrás do amor, nas coisas
belas que se podem imaginar num céu
como este cheiinho de nuvens brancas.

Jorge Humberto
10/04/10

quinta-feira, 15 de abril de 2010


FLOR DA MANHÃ

Em meu coito te acolho flor
desabrochada pela manhã,
visto-te de nardos e de urzes,
os mesmos que fazem os
sonhos
quando chamamos o sonho
à nossa beira para se
inteirar de nós.

Acordo-te com um beijo
que aflora ao de leve nos teus
lábios,
parecendo-se com o cetim
quando ambos se tocam,
embriagados de amor
e de flores silvestres,
da cor das tuas vestes.

Flor de bem despertar,
acordas para a manhã
com um sorriso nos lábios
e o sol adentro no quarto
faz figuras melancólicas
brincando de sombras
com os nossos corpos,
embebidos de luzes e de sedas.

Jorge Humberto
13/04/10


BRANCAS SÃO AS NUVENS



Deixo-me envolver pela suave melodia
de uma tarde de primavera.
Comigo estão as andorinhas e os
pardais que voam alto lá no céu.

As nuvens são esgarçadas e desenham
pontos no ar e formas
geométricas desniveladas,
que tolhem meus olhos embevecidos.

Chamo pelo teu nome que em
silêncio se encontra, pendurada
na janela de tua casa observando
também tu o azul celeste.

Azul que vai nos azuis nesta tarde
de primavera, com as aves a chilrear
tons primaveris donde brota
o sol ante os nossos olhos.

Olhos de bem despertar os nossos
que nos fazem sonharem para além
da imaginação própria de cada um
e que se transforma num sonho a dois.

As formas das nuvens não se compõe
por muito tempo visto que
está uma brisa que faz dispersar
os novelos de nosso olhar.

Em baixo corre um rio para donde as águas
o levam, em sons cristalinos
corre para o seu porto
um tanto distante de nós.

O sol brilha como nunca o vimos
e o tempo está quente, de forma
que as árvores parecem bêbadas
no clamor do calor esfusiante.

E nós misturamo-nos com a natureza
e puxando daqui e dali fazemos
desenhos nas nuvens
que se parecem com o branco do algodão.

Fazemos animais, pessoas, carros
aviões que ultrapassam a velocidade
do som e quando nos chateamos
passamos a mão e apagamos tudo.

A tarde já se junta à noite
e a lua de prata luz no céu clamando
pela noite estrelada, enquanto nós
fechamos as janelas entre suspiros.

Jorge Humberto
12/04/10

GLOBALIZAÇÃO

Tenho dentro de mim o silêncio
dos oprimidos e dos sem casa.
Minha maneira de reconfortá-los
é seguir escrevendo minha poesia.

Talvez seja amor o que eu sinto
por estas pessoas e me dedico
a elas com alma e coração
sempre preocupado com as minhas gentes.

Não há um poema meu que eu não
me vença a mim mesmo para levar
o melhor ao meu povo tão sofrido
por desmandos e descaso.

Não posso ver uma pessoa pedir
comida na rua que logo me revolta
e questiono o sentido da vida e o
valor dos Homens neste pedaço de Terra.

Se uma palavra minha levar alguma
solidariedade e força de vontade
a alguém que sofre já me dou por
satisfeito e de trabalho realizado.

Estamos numa época sem valores
o que importa é o «eu» e não o «nós»
e vemo-nos tão sozinhos que chega
a doer a dor que deveras sinto.

Por isso eu escrevo e escrevo sem
cessar até que me doam os dedos
e a pluma se esgarce pela voracidade
do focinho da palavra que eu subscrevo.

Quem sabe o Homem acorde a tempo
de ver a miséria em que se tornou o
seu igual esquecido numa esquina
qualquer debaixo de degraus o seu poiso.

Oh, povo meu, que má sorte a tua
viveres num mundo globalizado
onde tudo é devorado pelos
déspotas e tiranos da inquisição.

Jorge Humberto
11/04/10

MEU CORAÇÃO É UM MENINO


Meu coração apaixonado vive
cada momento como se fosse
o único e não houvesse amanhã
onde clareasse o sol no róscio.

Meu coração é um jardim sem
fim, onda crescem e nascem as
mais belas flores, que vão
subindo no dorso azul do céu.

Onde tu vives é onde eu repouso
meu ser cansado deitando-me
no teu colo para receber as tuas
carícias e mimos tão desejados.

Enquanto isso eu guardo os teus
olhos cor de mel e me sinto um
menino cheio de carinhos que tu
me dispensas a cada minuto.

E em silêncio falamos a nossa voz
a voz do amor que não necessita
de palavras para dizer o que se quer
e o que se deseja para entender.

Meu coração é um maquinista que
o leva a bater pelo teu coração onde
quer que se encontre, pois sabe
que por ele esperas com esmero.

Meu coração é um menino reguila
que espera que tu saias para a rua
para brincarmos juntos e em
harmonia, sabendo-nos amados.

Jorge Humberto
07/04/10

segunda-feira, 12 de abril de 2010


BOM DIA AMOR...


Hoje acordei com o teu cheiro
e a manhã está linda de sol, entrando nos umbrais,
meu sentimento assim apaziguado, é igual às
águas que se espraiam, além de mim sorrindo na janela,
e a meus ouvidos chegam melodias celestiais,
que sobem da arvorezinha tolhida em meu olhar,
como um imenso beijo orvalhado pela tua súbita presença,
com recontos de ontem...


Vem amor, descansa o teu corpo nos meus braços,
e deixa-me que te segrede a fragilidade destas flores,
escuta-las nos meus dedos, que te viçam ainda mulher,
fruto maduro que vou colher onde é já nascido o sol
de novo, rebento de rosas, plural do meu intenso desejo,
soerguido no mais do dócil, do contacto em silêncio
de nossos olhares lânguidos, com fome de nós,
neste jardim que só esquece o que há de esquecer,
no agora entrega...


Jorge Humberto
(13:55/Abril/17/03)

CARA OU COROA

Absinto dos loucos,
maná dos avarentos
seduz como poucos
dos melhores unguentos.

Quanta banha da cobra
quanta retórica havida,
despreza o que sobra
e falta com a palavra tida.

E à morte anunciada,
dos que lhe buscam a tez,
achega-se a desgraçada
da vida, de um maltês.

Jorge Humberto
(a convite de meu amigo Victor, directo no papel)

ATÉ JÁ… ZÉ CARLOS


Vazio… completamente vazio! é como
me sinto. Porque tu, meu amigo,
nunca deverias ter partido… não assim,
em sofrimento, na flor da idade,
sem um último sorriso, de teus
amigos, que, esperando, aguardavam,
cheios de esperança, a tua recuperação.

Hoje o dia, se encheu, de dor e de muito
choro. Tua esposa, não se conformando,
abraçava-se aos amigos… enquanto tua
filha, chorando sem parar, não deixava
teu último repouso, chamando por ti,
como que, escutar, a pudesses, ainda.

De sol, se fez a manhã, à tua passagem,
num último agradecimento, à tua pessoa.
Sempre pronta para a vida, para os amigos
e para o teu trabalho, de todos os dias…
enquanto assim, o permitiram.

De notar, que as flores, de todos os jardins,
avivando ainda mais, suas cores,
prestaram-se a um lindo cumprimento,
enchendo o ar de doces fragrâncias,
lembrando, tudo que de bom, existia em ti.

Suave brisa, espalhando-se, pelas folhas
das árvores, tocou nossos rostos,
e, as recordações, logo se fizeram sentir,
a cada nova respiração, por cada folha,
sempre que tocada, pelos ventos.

Em triste caminhar, um belo pássaro,
cantava, a viva voz, chamando-me à atenção.
E dizendo-me, que, o que se perde hoje,
amanhã tornará a nós.
Ainda mais forte, porque, a natureza,
tudo renova, usando sempre, de uma justiça
cega, que não olha nunca, a quem.

Não sendo crente (como bem o sabias), sei
que não partiste, de todo, pois estás em tudo,
que, meus olhos, alcançarem, conseguirem.

Jorge Humberto
07/03 /09

CAVALO À SOLTA NO MEU PEITO


Chove, porque assim tem de ser,
E eu paro para te ver,
Cavalo à solta no meu peito.

É uma chuva que só eu consigo vislumbrar
E dou por mim a cantar
Um belo soneto a seu jeito.

Não à cigarra que cante,
Não à chuva que molhe tanto,
Como esta
Em que te levo o meu pranto.

É uma chuva medonha
Que cai na terra enlameando-a,
Pobres dos narcisos e da cegonha
Encharcados de tanta água,
Que em mim fica a mágoa
De não te ter junto a mim.

Sou um néscio
Um alecrim,
Que não entende a procura de deus
Neste mundo sem fim.

A nós nos justificamos,
Essa procura incessante,
De algo insignificante.

Palavra castrada,
Espoleta de uma granada
Que nos decapita braços e pernas.

As minhas palavras não pretendem ser ternas,
Só sei que chove lá fora, porque assim tem de ser
E eu dou por mim a tremer
Por não te ter junto a mim.

E este poema só terá fim
Quando parar de chover
Dentro de mim.

Chove,
E assim está certo
E assim tem de ser.

Jorge Humberto
29/01/07

COISAS DELICADAS



Toc, toc, toc… está aí alguém?

… Vinha eu rua abaixo, olhar perdido
No horizonte, quiçá sonhando já,
Eis senão quando reparei
Numa porta aberta, e num cartaz
Que expunha os seguintes dizeres,
Gravados em filamentos de néon:

Coisas Delicadas!!!

Claro que bem mais bonito era o cartaz,
Do que o que aqui vos descrevo,
Pois suas letras reverberavam
Intensamente e exibiam mil cores.

E foi então que, desviando o olhar,
Antes absorto e vago no vazio,
Deparei-me com este lindo “Sítio”
E resolvi bater a uma sua porta,
Embora, diga-se, com pouco sucesso,
Já que a Casa se encontrava vazia,
Não sei com que recordações
Ou sussurros mantidos em silêncio…

Bom… e já regresso ao meu tranquilo
Passear, feito de instantes belos
Como este, o da Casa Colorida.

Mas estive aqui… e gostei!


Jorge Humberto
(01/10/2003)

CINZA



No silêncio quebrado
Da noite
Que o latir dos cães
Propõem
E o frio nocturno
Acentua
No rio a prata
Nos olhos a lua
Azuis pálidos
E esmaecidos
Que dos muros de pedra
Granítica
Se estão soltando
E que como sombras
Fantasmagóricas
No chão deslizando
São já estes animais
A meus olhos presença
Por buscá-los
Certeza nos olhos
Dou por findo
O cigarro
O travo
Com que redefino o silêncio
No regresso
Ao mais interior
Do quarto
Solidificado


Jorge Humberto
(12/07/2003)

sexta-feira, 9 de abril de 2010


CHOVE ENQUANTO ESCREVO


Na doce ternura, de quem repara a chuva
caindo, acendo um cigarro e vou à janela,
fechada, para todos os efeitos, e, o vento,
soprando rumores, indicia tarde chuvosa.

Tudo parece intensificar sua textura e cor,
desde as folhas, das árvores, mais verdes,
do que é costume, até às flores vergando,
ao peso das águas, que caem, insistentes.

Ao longe como que zurzido por pedrinhas,
a chuva ao cair no rio salpica por onde cai,
deixando sensação de um certo desnorte,
principalmente para pescadores perdidos.

Chuva e vento, inundam a terra de cheiros
e demais fragrâncias, expostas ao relento.
Nada escapa ao seu fulgor e a intensidade
é tal, que, nos deixamos absorver, por ela.

Alheio a tudo isto, meu canário branco pia
e canta odes graciosas, animando este dia
cinzento, onde o céu, parece se esconder,
envergonhado plo mau humor do Outono.

Particularmente é neste ambiente que me
sinto mais inspirado pra urdir meus versos.
Não me perguntem porquê, mas as chuvas
trazem-me a tranquilidade, que eu anseio.

E, assim, enquanto vento e chuva, insistem
no obedecer à natureza, fustigando tudo e
todos, no sossego de meu quarto deixo-vos
este poema e alguma nostalgia do passado.

Jorge Humberto
07/10/08

CENAS DO MEU QUARTO



Na janela de minha casa,
Pus vasos e flores,
Por onde perpassa
Todos os exóticos olores…

Enfeitei-a com estrelas,
Que ao mar fui roubar,
E no quadro, para vê-las,
Pus bambinelas a enfeitar.

Manjericos e açucenas,
Em vasos agrestes,
Lembram cenas
De campos campestres.

Tenho-os dependurados
No preito da varanda,
E as aves passam de lado,
Semana após semana.

Tenho quadros com cavalos,
De tintas bem delineados
E ouço ao longe os badalos
De chiste bem enfeitados.

Tenho ainda um tela só minha,
Pintada com extremo vigor,
Está num canto sozinha
Há espera de se expor.

Colecções de animais
Perfazem espaços isolados,
Não tenho preferências tais,
Só que estejam bem afinados.

A biblioteca é rica,
Está a um canto isolada,
E é preciso uma certa genica
Para se dar por bem achada.

Tenho ainda o meu canário,
Que está na muda da pena,
Mais parece um armário
Que deixou de ter tema.

Assim é o meu quarto,
Com alta tecnologia,
Um demorado parto,
Que nasceu num certo dia.

Jorge Humberto
21/06/07

CHORO



O rio é já uma sombra gélida,
E os meus olhos por buscá-lo,
São este toque de gume,
Liquído que relembro em choro,
Por nos lembrar
Águas a uma só voz.

Como pode então a beleza
Ser este frio na alma,
Que rasga e prante tudo
O que é graça e calma,
E nos interrompe ao caminho,
O que nasceu pra ser,
E não vai sozinho?

Que crueldade tamanha
É esta em nós, que nos
Porfia e alimenta,
E nos traz ao desassossego?

Mas, meu amor,
Eu não quero o medo,
Soubera das águas o seu segredo,
Fosse a coragem para te dizer,
E não seria agora
Este que soi aqui morrer.


Jorge Humberto
(18/08/2003)




A chuva
Humedeceu a terra,
pôs fantasmas
nas paredes das casas,
agora algo distantes
e frias,
para quem
as completa com o olhar

E as pessoas,
que ora em descontraído passo,
o dia vão levando,
ora já chegando,
me permitem
o que aqui desfaço,
são como que fotografias
recortadas,
no vácuo breve
do espaço,
que imortais
vou deixar,
em cristal deitadas,
nestas folhas
orvalhadas,
que da minha janela
eu as estou olhando


Jorge Humberto
(20:12/Junho/29/03)

ALGUNS CONSELHOS

Se justificamos um erro com outro erro
não justificamos nada apenas nos omitimos.

Para ser verdadeiro sê sincero contigo o que nos
outros caberá por igual modo.

Se és humilde nunca te pese a consciência
pois na humildade está toda a sabedoria do Homem.

Se para cada um anseias o que queres para ti
sem atropelos nem desvios mais fácil se torna a vida.

Não cobices o que é dos outros está errado
o correcto é esforçares-te por ti mesmo.

Também não tenhas desdém para com o próximo
pois esse é um mal que se virará contra ti.

O que desejares para ti reparte com o teu amigo
sinal de altruísmo e de reconhecimento.

Divide com o teu semelhante o que te sobeja
verás que és muito mais feliz por fazeres doutro a tua felicidade.

Se vires alguém a pedir esmola desce à altura de seus olhos
trata-o pelo seu nome e leva-o a comer a tua casa.

São pequeninas coisas que farão de ti um Homem íntegro
que vela pela paz… sua e da dos demais.

Não te irrites porque te contradizem
contradição é condição de flexibilidade.

Mudar é sinal de inteligência
só quem é capaz de deixar para trás velhos ritos vence.

Põem sempre as flores mais bonitas no teu jardim
para que só assim te vejam… onde és tu a sós deixa que a erva medre.

Faze de ti um ser duplo e multiplica-te na terra
lá onde os sonhos se realizam.

Sê pessoa de bons costumes que assim serás lembrado
eternamente entre os teus pares.

Jorge Humberto
08/04/10

VALE A PENA A VIDA

Assim como assim nada de mais
significante que a vida mesmo que
vivamos em sobressalto e em
penúria mental e de sobrevivência.

Vivemos aquilo que escolhemos
portanto não há razões para queixas
pois se fomos nós os responsáveis
do que agora vivemos… eis! Vivam!

Vivam e deixem acontecer agarrando
com ambas as mãos o que a vida nos
dá, não de igual modo para todos,
mas numa mesma perspectiva.

Temos de ser humildes e altruístas
relegando a covardia para os mortos
vivos, sermos fortes e audazes
para conseguir um lugar neste mundo.

É um mundo belo para se viver é
preciso é saber viver, com todas as
suas dificuldades e tormentas,
pois somos mais fortes do que julgamos.

A audácia está com quem nada tem
e se esmera para conseguir algo que
lhe traga uma vida melhor recheada
de coisas boas a acontecer gradativamente.

Assim como assim o significado vida
está para nós com a água para os peixes
saibamos cumprir os requisitos e sermos
bons vizinhos, para um futuro proveitoso.

Jorge Humberto
06/04/10

NUMA TARDE COMO ESTA

Numa tarde como esta
avencas e sândalos
vestem meus olhos
de tua lembrança.

Sou hera que cresce
nos teus cabelos
novelos de lã
norteando o vento.

Numa tarde como esta
sou lábios da própria
cor do carmim
ansiando o teu beijo.

Teus olhos da cor do mel
me enfeitiçam
e fazem de mim o
eterno enamorado.

Numa tarde como esta
sou a tua silhueta
subindo a rua
levando a direcção de casa.

Tua tez branco alvo
dizem de tua presença
por detrás da porta
silente e fechada.

Numa tarde como esta
deixas-me entrar
e somos dois em um
um só espaço no ar.

Jorge Humberto
04/04/10

terça-feira, 6 de abril de 2010


É ANTES DO GRITO QUE VEM A VOZ


É antes do grito que vem a voz
esperada desde sempre pelos
povos oprimidos e reduzidos a
pouco mais que nada e à miséria.

A palavra assim cuspida na parede
da desgraça, desmorona o muro
que se ergue forte e imponente
ante a plebe moribunda.

Derrubado o muro a palavra surge
hierática, desenvolvendo
mecanismos de defesa contra
a nova Inquisição instalada.

O povo sai à rua, de cabeça erguida
e de punho cerrado, contra todas
as ofensas dos demagogos e dos
déspotas, fantasmas hereditários.

A luta é brava e sem tréguas mas o
povo não desiste de lutar pelo que
julgam seu de direito, depois de
anos e anos de exploração patriarcal.

Soltam-se os poetas de suas imundas
masmorras e serão eles que irão dar
novo sentido à vida, à palavra
«liberdade», liberta das garras dos impunes.

O povo cadavérico pelo sofrimento
atroz, abraça-se aos poetas e numa roda
de fogo, sacodem o medo com um
simples gesto de ombros.

Já nada nem ninguém pára as gentes
eufóricas, agora que recuperaram
sua voz, que vai entre o silêncio e a
boca, antes amordaçada pelos tiranos.

Dêem-nos o pleno direito de viver
um pé de terra para cada um trabalhar…
Alimentado o povo que escorraça a ralé
para os confins esmagadores da cidade.

Jorge Humberto
03/04/10

ARGONAUTAS

Acordo para mim como num sonho
sou mar que vagueia onda após onda
levando os veleiros a bom porto
depois de temporadas ausentes de casa.

Sou o alçapão que se abre para recolher
as especiarias, o que à estranja se foi
buscar, para levar à Realeza lindas
bijutarias de ouro, prata e de bronze.

Trago comigo os homens mais bravos
e temerosos, que em terra já procuram
a cerveja e as prostitutas mais caras
tende eles os bolsos cheios de moedas.

Serei eu os meses passados em solo firme
gastando o que amealhei em mais uma
aventura a outras terras, outros povos
novas civilizações, longe da pátria mãe.

Até que de novo me farei ao mar que
vagueia, onda após onda, atravessando
oceanos e mares nunca antes navegados
levando comigo o brasão do nosso Rei.

Jorge Humberto
01/04/10

quinta-feira, 1 de abril de 2010


MINHA POESIA VAI DE RUA EM RUA



Minha poesia é a voz dos que
não têm grito
que vive aflito
com as contradições do dia-a-dia.

Minha poesia anda por ruas e
ruelas
à espera delas
as prostitutas do templo sagrado.

Minha poesia é feita de sangue
e de nervos
caminho de trevos
que vai daqui para acolá.

Minha poesia é dos anarquistas
e dos pobres
que com gestos nobres
validam minha letra.

Minha poesia assim liberta
vive
e revive
a palavra: a luta continua.

Jorge Humberto
31/03/10