Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

terça-feira, 30 de março de 2010


BUCÓLICA MONTANHA


Junto à montanha o mar
chicoteia as pedras
e assim revolto se desfaz
em espuma violenta.

No cimo da montanha
as árvores multiplicam-se
por entre plantas
silvestres e arvoredo.

Passeio alegremente
espreitando o precipício
vendo os nardos
enfeitarem a montanha.

Avencas e jasmim
sândalos e malmequeres
proliferam no cimo
do pico íngreme.

O mar está agitado
pode-se ouvir sua fúria
no cimo da montanha
sagrada.

Mais á frente há uma planície
e os cavalos
trotam enquanto pastam
comendo erva.

Nesta cena bucólica
encosto-me a um pinheiro
lendo o livro da vida
e assim adormeço.

Como é bom ter algo para
fazer e não o fazer
apenas contemplando
a natureza.

E o sol bate-me nos olhos
de tons vermelhos e amarelos
fazendo com que sonhe
com o arco-íris lá fora.

Acordo e o arco-íris
cai na montanha vindo
de lá do mar
trazendo suas fragrâncias.

O mar continua revolto
enquanto eu regresso
ao meu caminho
que me trouxe até aqui.

Jorge Humberto
30/03/10

APROVEITANDO A VIDA

Nada levamos deste mundo
que não o que aqui deixamos
então que seja bem fecundo
o que aos outros bem logramos.

A vida se faz de humildade
de gestos e no trato correcção
viver sobre a insígnia da verdade
é levar a vida com predilecção.

Quem venera a falsa palavra
aos demais trata com desprezo
e é terra onde arado não lavra
e deste mundo não sairá ileso.

Aquele que usar de cortesia
no por maior ou nos pormenores
terá dos amigos a vera alegria
e no palco o pedido de encores.

Sendo todos nós companheiros
nesta estrada imensa a descobrir
deixemos de lado os batoteiros
de espada em riste a denegrir.

Esses são os pobres desgraçados
que de bom nada sabem colher
porque vão na vida ensimesmados
que é dos outros o seu valer.

O mundo foi feito para se amar
numa entrega deveras completa
que aos outros possamos ensinar
como se ensina a um bom atleta.

Amar sem pedir nada a ninguém
é compreensão inda restrita
a uns quantos poucos de alguém
que de entregar-se não se limita.

Então que seja o mundo bonito
e saibamos colher ensinamento
eis não é necessário aqui o grito
muito menos o nefasto julgamento.

Jorge Humberto
08/07/08

BERRO


Grito, que é grito,
tem de ser dito
com alma e coração:
ora é cabrão,
ora sai do chão:
merda, para isto,
insisto!,
quem grita,
com sua verdade,
quer lá saber,
quem é que está a ver,
se gosta ou desgosta,
arrufasse-lhe
a crosta,
abre-se-lhe o pulmão
e lá vai,
que sai
de aluvião,
o grito
ou a rouquidão.

Que isto de gritar,
tem sua ciência:
olha no olho,
franze o sobrolho,
ou é molho
ou indecência,
que grito,
que é grito,
não tem preferência.


Jorge Humberto
(30/05/2004)

CHAMAMENTO



Alma minha apaixonada
Que sempre velas um sorriso
Alma criança
Meio abandonada
No jardim que for preciso
Não me queiras tu
Só e abandonado
Que eu irei contigo
Para todo o lado
Em monte subindo
E ao que nos for dado.

Jorge Humberto
(02:11/Junho/13/03)

CANÇÃO DO ADEUS



Chegaste sorrindo,
Sorriste p’ra mim,
E enternecido
Sorrindo, sorri.

E então nós ficámos,
Os dois a olhar,
E logo calámos
Um beijo no ar.

Ela era tão linda,
Ela era tão linda,
Que o meu coração,
Por ela esperou.

E era tão linda,
E era tão linda,
A dócil menina,
Que em mim não ficou.

E assim sem razão,
O dia chegou,
E toda a emoção,
De nós se afastou.

E hoje chorando,
De alma sentida,
Eu sigo buscando,
Encanto pra vida.

Ela era tão linda,
Ela era tão linda,
Que o meu coração,
Por ela esperou.

E era tão linda,
E era tão linda,
A dócil menina,
Que em mim não ficou.


Jorge Humberto
(30/08/2003)

CANTA CORAÇÃO
Jorge Humberto

Não te contenhas,
ó meu coração,
nem te recrimines,
bate pleno e resgata-me de mim mesmo,
teu maior vilão,
eterna promessa
que te traz ao engano,
de súbitos palácios e jardins suspensos,
mas ah,
ainda assim,
que é isso,
diante do que te dou,
e o mais que mi alma emprestou?!


(21/10/03)

CANTEIRO


Olhando o jardim
Mais abaixo
Que da minha janela
É dado ver
Soletro a palavra
Terra
Como quem cerra
Um punho
Feito de músculos
E de heras
Como que cobertos
Os meus olhos
Por airosos fetos
Brandos e viçosos


Jorge Humberto
(23/07/2003)

CAPRICHOS DA NATUREZA



De todos os caprichos da natureza
É a natureza o seu próprio capricho!
O homem é um invólucro de incerteza,
Que faz dele pouco mais que um bicho.

Sentir é reparar nas coisas como se
Não o fizéssemos, é como olhar mais
Que a própria vista alcança, até que,
Não sobrando mais nada, só os ais

Restassem aqui, debaixo deste céu.
Brincamos com o fogo e com a vida
E admiramo-nos por tanto escarcéu,
Que faz com que ela seja indevida.

É preciso aqui a voz e a divisa etérea,
Acabar com todos os falsos padrões,
Termos da Terra uma vista férrea,
Que nos trouxesse novas sensações.

Mas não nos demos por vencidos ainda,
Muito já não tem volta, bem o sabemos!
E apesar de tudo e de todos e inda
Que não o saibamos, a nós o devemos.

Jorge Humberto
13/08/07

Café da Manhã


Isso não é amor,
de entre dois haver
um que diz ter mais saber.

Isso não é amor,
quando, desses dois,
um há que se afirma, por
insegurança ou indelicadeza.

Amor é beber da mesma certeza,
comer do mesmo prato, e,
inda que em desacordo, mostrar,
a seu companheiro, que o entende
e nunca ante outro o ofende.

Jorge Humberto
24/02/05 - Uruguai

CARICIAS


Adeus, minhas flores,
Rosas brancas do meu jardim,
Mulher formosa e gentia,
Cravo à janela e alecrim.

Adeus, que me vou embora!

Mas se algo houvesse,
Que me prendesse aqui,
No despertar deste meu dia,
Seria esse meu querer,
As carícias,
Que desde então eu colhi,
De todas vós,
Ó formosa mulher,
Ó rosa do meu jardim.


Jorge Humberto
(25/02/2004)

CARROSSEL



Eu sou como à flor do jardim
Que todos querem cuidar
Aparentemente sou assim
Uma coisa de bem guardar.

Sou como ao cristal bonito
Que à vista é bem parecido
Só não se vê o que vai escrito
Por falta do que está partido.

Menino doce e apaixonado
Sempre inquieto no querer
É louco, ou desajeitado?
Que lhe importa disso saber!

Que lhe importa disso saber
É questão fundamental
Leva os dias no bem escrever
Que a escrever não vem mal.

E é assim como ao pião
Gira que gira a doidar
Que quem paga é o coração
Sem ter com que pagar.



Jorge Humberto
(03:16/Julho/03/03)

segunda-feira, 29 de março de 2010


TENHO UM CORAÇÃO PARA TE OFERECER


Tenho uma flor guardada para te dar
é a mais bela das mais belas flores
trouxe-a agorinha mesmo a primavera
em bico de andorinha descansando.

Tenho uma moeda de prata gravada
com o cinzel da sorte que nos aguarda
na esquina dos amores-perfeitos
a sina de nosso amor nascendo em nós.

Tenho um coração que bate sem parar
feito maquininhas bem elaboradas
que fazem correr de freio a cordel
as horas silenciosas de um relógio de pulso.

E tenho um relógio para te oferecer
quando as horas não forem de transtorno
guarda-o bem pois esta é a minha consciência
guarda-o… guarda-o na palma de tua mão.

Jorge Humberto
28/03/10

sábado, 27 de março de 2010


PRIMAVERIL

Na suave brisa de teus cabelos
andorinhas voam aos pares
dentro do branco de teus olhos
construindo ninhos de amor.

Pássaros brancos lembram a tua
pele macia e tu caminhas lado a
lado com as aves que vêm comer
à tua mão pedacinhos de pão.

Abres um sorriso no teu rosto
enquanto vês nascer a magia da
primavera, da relva bem verdinha
e das flores enchendo jardins.

Jorge Humberto
24/03/10

sexta-feira, 26 de março de 2010


PERPÉTUA PRIMAVERA

Ei-la chegando a primavera em viva
flor, cobrindo as árvores e os jardins
perto de minha casa, deixando-a
encantada e a mim absorto pela beleza.

No entanto a primavera chegou com
a chuva à minha porta, quando a abria
para sair para a rua, procurando traços
visíveis da primavera que eu sabia aí.

Procura infrutífera, a água caía abundante
das nuvens e o céu a esta altura
mostrava-se cinzento pardo, sem que
houvesses sinais da minha primavera.

Mas a minha persistência foi tamanha
que pela tarde o sol me deslumbrou e
as flores se agitaram e se agigantaram,
nos quintais vizinhos, perpétua primavera.

Jorge Humberto
20/03/10

EPITÁFIO

Entalho meu nome na pedra branca
escrevo a letras e pó o que lá vou pôr
porque aqui o que vier a ficar gravado
há-de ser para toda a eternidade.

Amei como um louco, sofri como um
desgraçado, mas descobri que até na
desgraça, o pobre dos mais pobres,
ama loucamente a vida e o que ela dá.

E se faço não digo que faço e se dou
não digo que dou que de mim apenas
verão os jardins mais belos mas onde
for eu a sós serei só a erva que medra.

Assim quero que me vejam: aquele
que amou o Homem e a Natureza
acima de tudo e nem nunca precisou
de se ajoelhar perante qualquer anjo.

Jorge Humberto
25/03/10

QUEM DERA SER EM TI

Quem dera resgatar as ondas cavalo
e a espuma de galgos para te ofertar
o mar em colo teu, para que nele
pudesses banhar toda a tua beleza.

Quem dera cobrir-te de flores e afins
de nardos te vestir, de malmequeres
e de jasmim e entregar-te em mãos a
chave da natureza vivificante em flor.

Quem dera ter das montanhas e dos picos
o ar purificado que sorverias com alento
em tua face rosada e ver-te correr de serra
em serra a meio aos pinheiros bravos.

Quem dera ser a neve que te cobriria de
manto branco, alva tão alva como não há
e nos céus uma águia voasse em círculos
e fosse o teu corpo dentro de teus olhos.

Quem dera ser tudo e todos no seu melhor
com gestos puros e edificantes, que te
elevassem ao mais alto de ti e lá ficasses
para glória de quem te oferecera o que te deixou.

Ah, quem dera, ser poeta, para doar-te
este poema, palavra, teorema, sílaba
conjugada com a dedicação que tivesse
aquando da sua nascença e tu fosses presente.
Jorge Humberto
22/03/10

AUSÊNCIA



Oh, meu Deus, como é tão difícil ser poeta,
Ver toda esta perfeição, a ternura dos amigos,
Toda esta amizade desprendida e sem grilhões,
Um mesmo desejo, uma mesma vontade,
Ai, pintemos de tantas cores este nosso céu,
Como cores ainda existem para além dele e de nós!
Ai, façamos a uma só voz, um único cortejo
De palavras soltas, do focinho das amarras!
Mas meu Deus, porque me que queixo eu,
Porque é tão difícil assim ser poeta, diz-me?
Sair para a rua, içar bandeiras, contrapor, porquê
Porquê, diz-me, ó quem não vejo,
Como quem poda com ambas as mãos, numa a candura
Na outra a colérica, da desdita que nos afronta,
Diz-me, como pode ele merecer tudo isto,
Dos amigos o maior brilho, das palavras ditas
E sentidas o mais do céu e do porvir, que foi buscar à distância
Esta perfeição que me é tão imerecida?
Ah, quisera eu outra coisa, quisera eu não ser nada,
Ir por aí vagando ao vento, não ter alento, não ver,
Não escutar, sem cheiros nem rios que brotassem de pedras,
Ser imune ao grito em desespero, ser omisso à agressão…
Não!… quisera eu antes ser nada, quisera eu ser só esta loucura
Que me consome, e deitar-me a seu lado...
Numa das mãos o lápis, que na outra só o distante do branco
Se veria.
E assim, assim indefeso, não me ser permitido
Ao desabafo, ou ao choro da criança que já dorme,
Cansada que ficou de tentar saber do porquê, de ser tão difícil
O ser-se poeta.
Oh, Mestre, para quando o teu regresso, da minha lonjura?... durmo…


Jorge Humberto
19 de Novembro de 2003

BONECA


Querem-te embalsamada,
aberta, escancarada,
de pouco siso - muito sorriso,
num tudo ou nada,
que nunca será teu.

Ah, não fora, lá fora,
sempre uma manhã orvalhada –
frágil menina, sempre constipada –,
e serias agora,
arrepio na madrugada!

Jorge Humberto
(28/08/04)

BORRÃO



À luz reticente da vela
Vislumbro o trémulo da sombra,
Numa negra solidez que perpassa,
Para o imaginário da folha,
Todo um insólito de mistério,
Enquanto tinto realces
E esborrato letras,
No acaso do não som...


Jorge Humberto
(24/09/2003)

BRANCAS MANHÃS



Nas árvores as manhãs,
Na luz o sabor,
Das largas maçãs,
Grávidas de cor...

Das brancas manhãs,
Com sons à disputa,
Janelas e romãs,
Num cesto de fruta.


Jorge Humberto
(18:40/Maio/12/03)

BREVE



A cena é breve e bucólica:

Um moinho de eólica,
Não cessa ao fragor
Do vento.

Mais adiante um par
Faz promessas de amor
E de alento,
Como se desvendasse
Um véu,
No imenso firmamento.

Jorge Humberto
13/08/07

BRISA



Breve é o momento,
Quando a folha
Nos diz vento...


Movimento,
Chamando-nos à distracção.



Jorge Humberto
(19:46/Maio/15/03)

BUCÓLICA CENA


Ruminam animais,
ao sol da manhã,
ervas, madrigais,
pedacinhos de lã.

Um filhote grita,
apela à sua mãe:
que nisto se agita,
as ovelhas, idem!

Agora que come,
do leite bebendo,
mata bem a fome
e lá vai crescendo.

Depois de comer,
pinotes e pinotes…
e a mãe a proteger,
excessivos galopes.
Disto sabe o pastor,
pousado no cajado.
Que este é seu labor,
dele está calejado.
Avança a tardinha
e com ela o calor.
Achando sombrinha
foge-se do torpor.

Na hora de tornar,
à casa prometida,
cães põe-se a ladrar,
à família reunida.

Depois do trabalho,
cada um no seu lugar.
O pastor repousado
deleita-se co o jantar.

Pouco é o alimento,
em casa de pobres.
Aos pais cumprimento,
em gestos nobres.
Vem a hora de dormir,
pequeno pastor ajeita
as cobertas de cobrir:
o cão com ele se deita.

Jorge Humberto
27/06/08

quarta-feira, 24 de março de 2010


BUSTO


Do ventre da terra, da lavra,
É que se faz a palavra
Redonda e a safra
Sadia das formas.

Busto burilado,
No traço rasgado,
Cinzel almiscarado,
Da força que transmites,
Como do peito
A essência,
De argila o lastro
E da pedra o que omites.


Jorge Humberto
(18/02/04)

CABEÇA DE CARTAZ


Trato de pelica,
Gesto de veludo,
Cortesia exuberante,
Ramalhetes, rapé,
Rodapé,
Lacre do mais rico,
Riso malandro,
Objectivando lucro,
Quem os veja,
Hirtos e frondosos,
Mijando fora do penico,
Não pode supor sequer,
Astuto
Empreendimento,
Que esta gente,
Com mui alento,
Põem em tudo quanto quer,
Deitar a mão,
Por sua assunção.

Diarreia verbal,
Veste-se de meretriz,
Gosta de sexo anal
E põem o dedo
No nariz,
Limpa na cueca,
Ganha na sueca,
Em noites infindas
De penetrante bacanal.

Oh, pobre gentinha,
A mim não me compram,
Vossas senhorias,
Dais-me pois algumas azias,
Mas não julgueis
Que por inveja vossa,
Que bem polida tenho a lousa,
E se por um acaso
De utopia se trata,
Antes isso e dignificar-me,
Do que vos dar o prazer
De andar, como vós,
Nesta vida à socapa.

Ficai assim
Nas vossas casinhas aprumadas,
Com o dislate
No escaparate,
Mostrai-me se quereis
Esse imenso rol de papeis,
Se tendes o dinheiro
Para os pasteis,
Que vos faça bom proveito,
Mas nessa cama
É que eu não me deito.

Mais que isso,
É esta certeza:

Com ou sem
Algoz,
Ornamentos,
Ou não,
Saibam vós,
De antemão,
Que, jamais, em dia algum –
Estai pois, alerta! –,
Sereis poeta.


Jorge Humberto
(31/03/2004)

CAFÉ COM LEITE


Num clima, estritamente caseiro,
onde abundam as cores, em harmonia,
e os cheiros da madeira, que são
todos estes singulares móveis, de uma
cozinha, um tanto arcaica,
repousam, de par em par, no cimo de uma
velha mesa, duas chávenas, fumegando
belos aromas, entre o café e o leite,
acabado de fazer, espalhando-se, aos
poucos pela casa, ainda meio adormecida.

Perfeitamente dispostas, chávenas, pratos
e pequenas colheres, deixam um tom
bastante agradável e apetecível,
no meio da cozinha, que alguém deixou,
com afinco, tentando agradar,
quem, por sua vez, à mesa, se venha a sentar,
para tomar o pequeno almoço.

Do escuro, do corredor, vindas directamente
do quarto, ali perto, duas figuras, ainda
meio ensonadas, não resistindo mais, ao
cheiro, de uma boa chávena, de café com leite,
olhos meio fechados, pelo sono, que teima
em persegui-las, chegam por fim, à sala da
velha cozinha, onde se encontra o motivo,
de perfume tão irresistível.

E já sentadas, entre cadeiras de madeira,
debruçando-se, cuidadosamente, pegam
ambas, em suas respectivas canecas, e,
saboreando, com um gosto, bem visível,
tomam seu café com leite, deliciadas.

Tudo isto feito em silêncio, como manda
o ritual, e, sem que se apercebam disso,
já o sol invadiu o espaço sagrado.

Lá fora cantam os pássaros, chamando
para um novo dia, de trabalho, e, dentro
da velha casa de madeira, saboreado o
café com o leite, todos se apressam,
para mais um dia, de intensa labuta.

Jorge Humberto
01/02/09

À MARGINALIDADE

Meus olhos testemunham a marginalidade
e a mendigue dos homens sem rosto
que se passeiam de cá para lá nas ruas da
cidade, onde todo um novo calvário é proposto.

Jovens desfigurados e magros, enveredam
pelo mundo da droga, sem ter muito porque
haver, senão o velho caminho sem retorno
onde o sol não entra e a violência toma lugar.

Uma figura de cartão vai pela rua dizendo
coisas sem nexo, amarrando o passado
à corda da cintura, olhos lacrimejantes
sem uma expressão sequer em sua face.

E na loucura mole da infância crianças fazem
chacota do louco que se põe a praguejar
para contentamento dos jovens, também
eles perdidos (sem o saberem) para esta vida.

Jorge Humberto
23/03/10

quinta-feira, 11 de março de 2010


HOMENS SEM NOME

Na crua rua homens sem destino
caminham, sem uma ilusão sequer
um sonho que se realizasse
se possível fosse à sua condição
de sobreviventes.

Sobreviventes de rua, mendigos
dobrados em quatro numa escada
qualquer, sem que lhe seja permitido
ser mais do que são, ou seja nada,
sequer um nome… uma personalidade.

Suas casas são de cartão e de plástico
e o tempo não tem piedade pelos
desafortunados, que caíram em desgraça
num dia que de há muito já esqueceram,
como da falta de pão para a boca.

Caminham estradas de pó que lhes seca
os lábios e lhes traz de longe a sede que
tanto anseiam matar, rasando olhos na água
para ver o sol nascer detrás dos degraus
onde dormem seus sentidos apurados.

São apenas figurantes desta comédia
chamada vida, que os estigmatizou e lhes
roubou a pureza de serem seres humanos
com direitos e deveres…
serem o que são são-no a bem da sociedade.

Jorge Humberto
09/03/10

terça-feira, 9 de março de 2010


Amada, se achares por aí, este meu ser solidário,
atravessa para o outro lado... chega-te a mim... e sorri...
Toma-me pela mão... e leva-me a ver a manhã,
que desponte lá bem dentro de ti... e sorri... sorri sempre,
pousando o sol dos teus lábios, no brilho dos teus olhos...
assim eles desçam e calem, por sobre as águas do mar,
a meus lábios...
Toma-me pela mão, rapariga, não deixes que não saiba de mim.

Jorge Humberto
(18/09/04)

ADORMECIMENTO


Enquanto repousava, corpo cansado,
Na amplitude generosa da estreita cama,
Permiti-me traçar pensamento lisonjeiro,
Onde era possível ver-se que, o mundo,
Afinal não era um capricho de vontades
Individuais mas sim a nada remota ascensão,
Rumo à tão desejada, quanto verosímil, mudança.
E tenho de confessar que não me foi nada difícil
Incorporar tal manifestação do meu sentir
Escorrer, feito imagens simples mas eficazes.
E era assim, por entre campos e densas cidades,
Que o respeito caminhava, mão dada com a atenção,
Dos que sabem escutar sem auscultar o próximo,
Quanto muito saber-lhes o nome e perguntar-lhes
Da vida…
Mas até estas palavras são pouco dignas de um poeta,
De tão simples e rudes, que breve reconheço,
Da tormentosa dor, que me perpassa inteiro, frio aço,
O meu súbito encantamento, a desvanecer-se.


Jorge Humberto
(23/03/2004)

ASSIM TU PELO POETA


São raridades da natureza, que, vez outra,
nos dão jóias magníficas, para nosso
encanto, deixando-nos sublimados, ante
o invulgar, que foge ao comum,
habituados a ver, e, a conviver, diariamente,
com tudo aquilo, que não passa do quotidiano.

Serve esta minha introdução, para falar de teus
olhos, olhos da cor do mel, que, a ninguém,
deixa indiferente, tal a sua beleza, que nos
enfeitiça, constantemente, sempre que, com
eles, nos cruzamos, meio que timidamente,
temendo ferir sua rara beldade e invulgaridade.

Chego a pensar, em toda a minha vã inocência,
que quem te deu tais olhos, desde logo reparou,
que não serias uma mulher qualquer, pois, a
esses teus olhos melífluos, deu-te uma perfeição
impar, formosura sem igual, a que lhe juntou uma
índole única, fazendo de ti, alguém por todos amada.

Toda tu nasceste para ser e dar vida aos demais,
sempre com uma humildade e uma palavra de
afecto e compreensão, que deixa qualquer um,
que te ouve, muito mais senhor de si e pronto para
a vida, presente e futura, pois as tuas palavras são
fruto criado, num certo pomar, só de ti conhecido.

Caminhando com destreza e certeza, nada escapa
aos teus sentidos, e, vendo, uma criança brincando,
a sós com sua solidão, aproximando-te, junto dela,
sentas tua pessoa, fazendo-a rir, dizendo-lhe que
se junte a seus amigos, que a esperam para brincar,
mais ao fundo da rua, com toda a espécie de jogos.

De repente, latindo de felicidade, apercebendo-se
do som de tua voz, sai de casa e corre directamente
para os teus braços, a tua muito querida Branquinha,
não contendo, seu pequenino coração, fazendo-te
festas atrás de festas, ao que é correspondida por ti,
deixando a cadelinha e tua própria, totalmente felizes.

Jorge Humberto
14/02/09

ASSIM NOVA VIDA



Tentando, de alguma forma, compensar,
pelo único meio, que, sempre conheceu,
como a forma legítima, de ser e de estar,
o Homem que de cuidados e mil carinhos

respeito e trato, tem-lhe proporcionado,
o sentir-se Mulher, a seus pés ajoelha-se,
ingenuamente, o que, de pronto, por ele
é recusado acariciando-lhe o cabelo solto.

Sentindo-se, por momentos, rejeitada, o
que nunca lhe sucedera antes, ela recua,
porém a voz dele é serena e sorrindo-lhe
diz-lhe de sua beleza do quanto a deseja.

E lembrando-lhe apenas, que agora ela é
uma nova Mulher, nada devendo ao que
para trás ficou, porque ama-a de coração
e a quer noivar, assim o ache digno de si.

Jorge Humberto
27/04/09

ASSIM A VIDA CONTINUA


Bela vai a lua, no céu a espreguiçar-se.
Veste manto de estrelas,
brilhando a todo o instante, que,
ao tocarem nas águas do rio, penso
serem estas, da mais pura das pratas.

O padecimento, presente se faz, a
toda a hora, dia-a-dia, mais a nostalgia,
de não te ter a meu lado.

Mas eu sou forte e é comigo que vive
a poesia, que em versos limpos,
te dizem insistentemente, trazendo-me,
à lembrança, o teu rosto,
que conheço de cor, como a cada traço teu.

Traço a traço, vou desenhando-te.
Certamente que em versos, que mais não
sei. E consigo visualizar-te, por inteiro,
de sorriso contagiante, rosto sereno
e olhos de mel, onde me deixo afogar
tranquilamente, sem quaisquer receios.

É desta forma, que tento esquecer,
a desgraça, que se abateu,
por sobre esta casa, onde só eu vou
resistindo à doença.

Mas nem a ausência, olvida um certo sonho teu,
que em mim se passeia (de e por ti),
deixando-me deveras, simplesmente feliz.

Jorge Humberto
21/03/09

ATÉ AMANHÃ, MEU AMOR!


Sempre soube, que tudo que longe fica,
dos amantes, desvio padecendo,
ao que é tido, por seu acalento
e normalidade, dor e agonia é apanágio.

Dois corações que se sofrem e
onde, o que cala,
do que a calar não cala nunca, é só
aquele choro, que dentro vai, de cada um.

Num sofrimento, pelo que não está e
não se sabe, se bem ou mal
se encontra,
no seu caminho de casa.
Nos olhos, a profunda tristeza e preocupação.

Ah, mas, sabendo-nos fortes – e ao que vamos –,
saudade é apenas,
o vinho, que ainda não bebemos.

Jorge Humberto
20/03/09

AZUL ANIL



Todos os meus devaneios,
Nascem e soçobram no azul:
Um azul que vai no azul
E nos azuis se desvanece .

É cor de água e é a cor do céu,
Nas flores se põe
E dos mares aos rios,
Põe e dispõe.

Se em líquido o convertes,
Por imaginar quem chorasse,
É ao azul que revertes,
Da lágrima que lá brotasse.

Pantomina encantada,
Lira de poetas,
Passarola e alquimia
De todos os loucos.


Jorge Humberto
(27/11/2003)


BELEZA


Acordar a teu lado –
E a chuva que, lá fora,
Gota a gota,
Num chão,
Que fosse empedrado,
Já caísse,
Fosse eu,
Dormindo a teu lado.

Jorge Humberto
(16/07/2004)

BONECO DE PAPEL



Insone - insano caminho -,
Vago e divago de mim mesmo,
Incompleto e febril, inerme e distante,
Fantasma sem sombra nem razões
Porque estar, se entre mim e outra coisa,
Que seja vida em si, houver sombra
A ficar, será tão somente a duplicidade
Ambígua do meu ser, mas não sou nem eu,
Esses a quem me impus,
Réstia de vontade, sonho a realizar,
Possibilidade ou simples matemática,
Que este que me faz aqui presença
Possível ao tacto e ao cheiro,
É só o que já se esqueceu
De como se faz, e logo fenece.


Jorge Humberto
(27/12/2003)

BASEADO EM FACTOS REAIS




Este sonho sonhei:

Era um caminho... e caminhei...
E ao longe, chegando,
Avistei,
Uma presença que não sei...

Que era bonito... já sei...
E a sua mão,
À minha eu dei,
Quando o sonho foi lei...

E juntos...
Era um caminho... Caminhei.



Jorge Humberto
(08/03/2003)

sábado, 6 de março de 2010


OFERECE-SE

Tu que procuras o teu amor
tendo-o ao teu lado
melhor fora faças-lhe um favor
fazendo-o sentir-se amado.

Não precisas procurar muito
é seu o abraço que te deixa
falta talvez um pouco de intuito
para saber que dele não vem queixa.

Quem tem e não sabe que tem
é falho de sentimentos e pureza
na procura de alguém
que há muito é uma certeza.

Mas há os que não sabem do amor
e por isso choram e anseiam por o ter
que é feito desse gentil senhor
que dava tudo para te poder ver?

Sozinho se encontra no mal querer
a que foi votado por quem ama
isso é coisa que se deve rever
pois para ele não lhe basta a fama.

Pobre homem desgraçado
que deu tudo o que tem e não tem
e vê-se por certo descuidado
por aquela que ele almeja tanto bem.

Sei que não sou refinado nem bonito
que me falta algo para o vir a ser
mas amar nunca foi restrito
a quem amou com todo seu saber.

Tu que procuras uma ilusão
apruma-te e vê quem te quer bem
não faças sofrer mais este coração
só porque é seu desejo e de mais ninguém.

Jorge Humberto
01/03/07

O TEMPO DE UMA VIDA

É preciso que o homem mude
suas ideias de poder
e aprenda a ser mais humilde
e preocupado com os outros,
para que não se perca no seu
egocentrismo e egoísmo, que
o faz predador nesta selva
urbana e ganhe de volta o gesto
de bem-querer e de simpatia,
que a todos redime de volta.

É preciso que todos dêem as
mãos com vontade de as enlaçar
num abraço fraterno e de paz
e tenham num sorriso de criança
seu modo de agir a perdurar no
espaço, faça sol, faça chuva,
porque aí o calor emanado será
o comportamento a ter no dia-a-dia
nos momentos bons e menos bons
do qual a vida é sumamente rica.

É preciso ser gente de boa tez
que ganhe o pão de cada dia com
o seu suor e não venha a inveja
pelos que os outros são e têm
mas a alegria de conquistar suas
coisas, pouco a pouco, enquanto
o relógio do tempo avança
imensurável deixando ao tempo
o próprio tempo, que é o tempo
de uma vida.

Jorge Humberto
02/03/10

MULHERES SODOMIZADAS


O choro se transforma em terror
o terror em silencioso silêncio
a agressão é constante e não importa
o que a mulher sofra às mãos de um
homem cruel em toda as sua bestialidade.

Cara e corpo brutalizados, a carne
torna-se roxa e negra cheia de vergões
qual chicote que a torturasse
impiedosamente e sem restrições
por aquele que a sodomiza.

E o estúpido ri-se enquanto bate na esposa
e ela vai implorando que ele pare
pois que a está machucando… mas quanto
mais implora sem defesa alguma
mais o animal se assanha e a maltrata.

E que assim perde toda a graça que
há numa mulher, pois que ainda hoje em dia
vinga a vergonha e a culpa de serem elas
a se predispor às mãos dos carrascos que
põe e dispõe da mulher como querem.

Mas tudo isso mudou, com profissionais
que escutam e aconselham, assim como
casas de apoio onde as mulheres podem expor
todo o horror por que passaram e ainda
passam hoje em dia com os jovens casais.

Jorge Humberto
03/02/10

MULHER EM MIM

Em teus braços mulher
me deito
e contemplo teu rosto
lindo… feminino.

Não me canso de olhar
para a tua tez
nem de encarar esses
teus olhos cor de mel.

Teus cabelos são caídos
por sobre os ombros
enquanto eu te penteio
silenciosamente.

Tua pele acetinada
é de puro linho…
pés desnudos
por sobre a relva.

Teu olor tem mil
fragrâncias
de sândalos e
de malmequeres.

E tua silhueta
e as tuas mãos
emanam
cheiros de belas fontes.

Sei do teu corpo
e nele me enlaço
dobrado em quatro
no teu colo.

E tu és essa
a mulher que eu amo
mais que à
própria vida.

Vem me amar hoje
que amanhã…
amanhã é dia
de partida.

Jorge Humberto
04/03/10

CAVALOS EM LIBERDADE

Caminhando por entre planícies e
cercanias deslumbro-me ao ver os
belos cavalos que pastam ruminando
aqui e acolá só a erva mais tenrinha.

Há grandes cercados com amplos
espaços para os equídeos galoparem
e trotarem a seu belo prazer
com as fêmeas a tomarem a dianteira.

Os potros são protegidos pelo grupo
e podem brincar á sua bela vontade
uns com os outros, dando coices
e mordendo as pernas como os graúdos.

E eu ali me encontro fascinado com
toda esta beleza e liberdade que os
animais possuem para dar asas aos
seus corpos tão esbeltos e atléticos.

Jorge Humberto
05/03/10

ASSIM...




No amplo espaço,
Que é o meu olhar
A alcançar,
Sustenho
Um certo abraço,
Que a madrugada
Me vem dar

Doces carícias
E mil fragrâncias...

Como olhos
A despontar,
Para lá
Das mil distâncias


Jorge Humberto
(04/07/2003)

AMIGO


Sonhos, são devaneios de poeta,
mas o Maestro traz consigo violinos e bandolins,
escutemos sua doce melodia...

Cuidado amigo, essa mancha circular, lá por sobre
o peito da mesa, róscido róseo ou quiçá lilás, deixa marca,
e tu vais beber do excelso vinho,
só então talvez entendas, a voz do poeta
e da tez o cenho, que te cumprimenta.


Jorge Humberto
(10/03/2004)

ANJOS, SANTOS OU DEMÓNIOS

Misturando o místico e o humano,
do cinzel do escultor, nasceram da
pedra, anjo e mulher. Parecendo
esta desfalecer, o anjo,
segurando-a, com todo o cuidado,
pousou-a tranquilamente,
sobre a protecção, de suas
imensas asas, desproporcionais,
para o tamanho, de seu corpo, num
dos campos mais próximos.

Tentando entrar na mente do artista,
nada vejo de pecaminoso,
na inspiração do escultor, senão
a paixão de uma mulher, por um homem,
que, não sendo correspondida,
à fé recorreu, chamando-a a si,
através de um belo anjo,
para que a ajude a suportar, a dor que
lhe vai no peito… no coração que sangra.

Ficando assim, eternizado na pedra,
que, o amor humano, também tem
seus misticismos e crenças
religiosas, popularizadas, por anjos,
santos ou demónios, dependendo
do estado de alma de cada um e de
suas necessidades.

A simbologia desta escultura é só uma,
e dela não fujamos:

entre o anjo e a mulher, representa-os,
o amor supremo, onde, por seu nome,
tudo tem sua razão de ser,
assim como tudo, se pode trazer, até
nós, desde que guiados pelo coração
e pela verdade,
sem sentenças finais.

Jorge Humberto
18/03/09

AO ACORDAR


Deitei os meus olhos no rio...
Está lindo... sereno... e é Azul
O que ele me dá a mostrar

O dorso... é exposto ao céu,
Que neste se espelha, por imaginar

E em cada ondinha só tentada,
Que rio sabe bem qual a sua condição,
Tem gaivotas a se espraiar,
Batendo asas por imitação...

E é do reflexo, o que no fluir das águas
Tem expansão...
E corre... corre... corre, até mais não

Ai, Tejinho, do meu encanto,
Se um dia te fores de mim,
Por favor, di-lo...

Di-lo sem qualquer pranto,
Que eu irei para bem pertinho de ti,
Deitar-me no teu manto...


Jorge Humberto
(22:02/Junho/02/03)

AO LUAR




Gato que passas na rua,
E que trazes a noite contigo,
Mais a sombra que não é tua,
Quem te desenha no caminho,

Empresta-te passos de felino,
E aos olhos dá-te a prata crua?

Não é nem o destino,
Que esse só existe se houver Lua.


Jorge Humberto
(01:20/Maio/15/03)

ATÉ QUE TE CONHECI


Tive namoradas na minha adolescência,
por cada uma julguei delas todo o amor.
Entreguei-me à verdade, e, eis que sofri,
a indiferença, e, uma a uma, proscrição…

Por não saber mentir, fui-me afastando,
isolando-me de toda a correspondência!
conheci as pessoas amiúde, desgostoso,
com os falsos sorrisos, vagando ao acaso.

Desde aí passei a ser uma pessoa isolada,
entre jogos de interesse, onde nada valia.
Que, as palavras, ditas, levava-as o vento,
no entardecer das angústias mais sofridas.

Mas eu não havia nascido para ser apenas
isto! Não fugiria contudo, à minha génese.
Firme me mantive recusei-me aos ímpetos
tão pérfidos, como o primeiro dos Homens.

Julgando as coisas diferentes eis resolvi-me
casar, deixando pra trás meu lindo Portugal.
Demais é passado e este nunca nos sossega,
enfermo fiquei mais de ano até me resgatar.

De regresso, ao meu Augusto país, na cama
me acobardei, chorando ausências e faltas.
Porém, amigos de verdade, já pressentem,
mesmo ao longe que nós precisamos deles.

E eu tive-os, sim, resolutos em me amparar,
chamando por mim, incentivando-me a raiz.
Até que o tempo foi libertação, vera poesia,
surgindo como um novo fulgor: raiava o sol.

Mas faltava conhecer-te, aquela namorada,
que tanto preza nosso amor acima de tudo!
Ó companheira de todas as horas e silêncios
maior que a própria natureza, amada musa.

Bem-dito o dia em que te conheci, embora
já nos conhecêssemos, de outras andanças,
que longe se fizeram perto, e, o Sim foi tão
emotivo, que ainda hoje, não hei esquecido.

Jorge Humberto
08/10/08

APAGUE-SE A LUZ



E assim já me despeço.
Sou como aquele confesso
Que expia sua culpa
De forma resoluta

Confiando na Trindade
Que lhe sabe da idade,
Como eu sei de vós.
E Tu, amigo, dos meus nós.

Mas partir, não traz esquecer
Quanto muito faz saber
A quem te quer, querer-te bem
A importância que ele tem

Para ti, agora que te ausentas.



Jorge Humberto
(02:47, Outubro, 15)