Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011


MEU SER CONSCIENTE DE MUITOS

Desperto para o sol, que brilha e
rebrilha, no alto céu,
descubro-me ser consciente de
muitos, ansiosos por

palavras, que os levem a reflectir,
sobre sua presença,
neste nosso mundo, aonde ainda
impera a beleza,

se olharmos para as coisas, com olhos
de ver. De humildade,
se fará a nossa abrangente contemplação,
num desejo de mudança […]

E como seres solitários, que somos, enfim,
a entrega assume
papel preponderante, assim como a
interacção com os outros,

pois o Homem não foi feito para estar
só, nem em isolamento,
mas para se dar, de plena anuência,
a tudo o que o rodeia.

Respeitar a natureza, nossos semelhantes,
é respeitarmo-nos a nós
próprios, como agentes de um novo verso,
tomando todos por igual.

E como num rio, que corre livremente,
assim seremos nós,
caminhando caminhos serenos, até à
foz, no sabermo-nos

relevantes, para que as janelas se abram,
ao nosso bem querer
e determinação, que tomaremos para
connosco e os demais.

Assim, é preciso um golpe de asa, firmando
certezas, no presente,
sem que olhemos para trás e sem nostalgias,
que nos faça regredir.

Jorge Humberto
30/10/11

DENTRO DE MIM HÁ UM RIO FELIZ

Na orla do rio, e suas águas, descanso
o meu desassossego.
E em completa solidão, chamo a mim,
a beleza, que sobrevém,

através do marulho, das ondas galgo:
prateadas pelo sol,
que, a esta hora, atinge o seu zénite,
em todo o seu fulgor.

E barcos parados, lembram coisas irreais,
que, a mim, já me esqueceu –
como se velhas peças de porcelana, que já
tivessem perdido suas cores,

de outros tempos, talvez mais felizes,
quando, das margens
partiam, para outros e distantes mundos,
impulsionados, por mãos

de sal. E debaixo desta árvore, bêbada de
sol, dirijo o meu olhar,
para o alcance das nuvens, apaziguando,
meu ser entristecido.

Porém, entre o lençol, que estende e
expande, a paisagem
(linda como só), meu sorriso torna ao rosto,
e compreendo, que tudo

é falível, menos o que guardamos dentro
de nós, e somos felizes
assim, por tão pouco, que é o muito que
temos, por nossas vidas.

Jorge Humberto
29/10/11

PEQUENO CANTO À NATUREZA

Entre cantos e desabrochar de flores,
na bucólica paisagem,
nascem os versos, com que coloro
meus dias, plenos de

beleza: que, meus olhos, descobrem,
ora indo de encontro,
aos jardins auspiciosos, ora deitando-os,
por sobre o rio, mais abaixo.

E debruçando-me, no encontro com a
minha janela, lindas asas
de pássaros, como que rasam meus sonhos,
para depois se perderem,

no azul dos azuis, até alcançarem a linha
do horizonte, para aí,
desmaiarem, por sobre o plano das águas,
que longe me cingem.

Jorge Humberto
28/10/11

DESPERTAR


Um barulho estranho,
Fez-me emergir levemente
Do meu sono profundo.

Depois,
À medida que se tornava
Mais nítido,
Movi-me a toda a extensão da cama.

O ruído era agora distinto.

Quando em sobressalto
Despertei.

E foi então que eu tive a noção
Que, tal ruído,
Se devia à chuva,
Que caía
Por sobre as telhas
Do meu quarto,
Do sótão já velhinho.


Jorge Humberto
Alvarim, Tondela, 1985.

(In Mosaico)

DEITADA ENTRE SILÊNCIOS


Deitada, com a natureza por fundo,
sonhas acordada com lagos,
secundados pelas muitas montanhas,
de onde partem, fulgurosos,

lindos nascer de sóis. E mais sonhas,
vendo as flores abrindo-se,
para o sol da primeira manhã, que
te diz, emoção e eloquência.

E entre sedas e púrpuras vestimentas,
tens segredos, guardados
nos bolsos, que tu não desvendas,
senão por esse teu olhar,

indo de encontro, à solene paisagem.
Talvez seja amor, o que ora
recordas, em conformidade, com a
natureza, na fluidez das águas,

ou simplesmente, o desejo premente,
de partilhar, com o ser
amado, a beleza à qual tu te entregas,
aí deitada, entre silêncios.

Jorge Humberto
27/10/11

DE ENLEVO E DE AMOR, QUE TE ESCREVO


É de enlevo e de amor, que te escrevo,
numa paisagem nítida, que
adentra, no mais profundo, de meus
olhos, que te sabem presença.

Minha emoção, é uma corda de músculos,
que se estende, até à carne
distante, tentando alcançar as benesses,
que a saudade já reclama.

E é por ti que todos os jardins florescem, e, as
flores, soltam suas fragrâncias:
e se colorem, dos mais vistosos matizes,
que, por te pensar, chegam

até mim, numa suavidade, sem pudores.
Das mais belas, colho rosas
e orquídeas, que lanço no correr das águas,
numa esperança de pétalas,

que irão embelezar teu rosto, em tudo castiço.
E nesta realidade, que nem a
lonjura esmorece, são meus versos as asas,
que irão descansar seu voou,

na concha, de tuas mãos: quais filigranas,
que são de prata e de ouro,
e são todo este amor, que aqui te presto,
de coração descerrado.

Jorge Humberto
26/10/11

O QUE FAZ UM POETA

Na humildade estão os alicerces,
que fazem com que um poeta
cresça, se humanize e prevaleça,
sem egocentrismos descuidados.

Muito tem de lutar, para que a sua
poesia, seja um fluente rio,
levando a palavra aos mais necessitados,
num discorrer, que se quer coerente.

Poeta faz-se no correr dos dias, dos
meses e dos anos, aperfeiçoando
a sua escrita, através de avanços e de
recuos, até que possa vir a doar,

seu aprendizado e douto conhecimento,
aos seus leitores: lidando com
a verdade, a todo o instante, sem
falsos pudores, num respeito

mútuo, para consigo mesmo, e para
quem o lê. Poeta é aquele que,
por amor à arte, faz da sinceridade, a sua
entrega, e ergue bem alto, o pendão,

de seu altruísmo, fortemente enraizado:
no cuidado a ter para com os outros,
como se seu, o sofrimento ou a alegria,
que, em versos, malhas tece, de um bem-querer.

Jorge Humberto
25/10/11

terça-feira, 25 de outubro de 2011


UM PÔR DE SOL VISTO PELO POETA

Vermelhos matizes são indícios de
um belo pôr de sol, que nos
espreita detrás do rio, indo na suavidade
das águas, até onde estas se

cristalizam. Na fluência das cores, que
atravessam o céu e dão um
certo romantismo, ao velho entardecer,
há uma cadência, abrangendo

tudo o que alcança. E uma ave, como que
numa estampa, atravessa o olho
do sol, ficando-nos a ideia, de que o tempo
parou, por breves instantes.

E para não ferir a paisagem, uma árvore
solitária, escolheu o seu canto,
tão exíguo, quanto o espaço, que a acolhe,
por entre os braços das nuvens,

que se espraiam, através do colorido dos céus,
gradualmente descendo, por
sobre a linha do horizonte, recheadas de
tintas vermelhas e amarelas.

Até que, por fim, a noite surge, desmaiando
por sobre a prata das águas,
na influência mais proeminente, da lua cheia,
que assim reclamou o seu espaço.

Jorge Humberto
24/10/11

ASSIM O POEMA


Acendo mais um cigarro. Ponho-me
a escrever: no fluxo e refluxo,
das palavras. São tal qual marés vivas,
em todo o seu ímpeto, que

vão desaguar nas praias, mais acetinadas.
Bandos de gaivotas, caminham
pelas areias brancas, realçando o que
meus olhos vêem, para além

do mais, a mim previsível. Nada é o que se
parece, tudo se transforma:
e restos de barcos, nas areias quentes,
são como esqueletos, dados

ao fulgor dos ventos e das intempéries.
Por entre linhas paralelas,
discorre meu poema, entre céu e terra,
cavalos loucos, no meu peito.

E é no reverso, de meus versos, que a
poesia se torna numa realidade,
assaz palpável, quando o vento me bate de
frente, despertando-me sentidos

adormecidos. E ao longe, nas águas, é
o teu rosto, que me assalta,
como estas nuvens soltas, desenhando
figuras, pelos meus ensejos.

Jorge Humberto
23/10/11

BEM SEI


Bem sei que o rio corre,
Que assim lhe dita a corrente,
E que a prata é informe,
Aonde o sol é displicente.

E sei também,
Que toda a dignidade morre,
Se a carne vem à frente,
Da carne que se socorre,
Da carne plácida e doente.

Ai, como é fácil escrever,
Pôr virtudes em verso,
O difícil é viver
Com o nosso reverso.

Bem sei... bem sei...

Bem sei, bem sei,
Querer é poder:
Eis aqui um livro,
Que a poucos traz saber.

Por ambição nos perdemos,
Por glórias violamos,
O que para guerras vivemos,
A nós nos justificamos.

Jorge Humberto
In "Assim AS Palavras Livres"

ARTIFICIE DE MIL ENCANTOS


Teus olhos, que busco, para lá do rio,
são como dois barquinhos,
sonhando mares, ainda não navegados,
no correr das águas, que te dizem.

E nos jardins, dados ao sol, em pleno
horizonte, são tuas mãos, o
artificie, que se esmera pelo trabalho,
desenhando belas imagens.

São teus olhos ainda, um ressoar de
pássaros, libertando os azuis
e outras tantas cores, que embelezam
as poesias, de e por teu génio.

Como que cinzelando, uma grande pedra,
retirando das arestas os escolhos,
tua arte vais criando, por tua inspiração,
sensibilidade e bom gosto.

Jorge Humberto
18/10/11

domingo, 16 de outubro de 2011


MARLY MAGGESSI


Teces, nas linhas com que te coses,
tua mais sincera humildade,
a amizade, que aos outros tu bem prestas,
qual flor, rendida ao esplendor do sol.

Por tua simpatia se regem os teus passos,
és mulher de firmes convicções,
nos olhos a paz e a harmonia, entre os povos,
que tu vês, como sendo partes de ti.

Trabalhadora e cumpridora de seus desígnios,
amas o que fazes, com sentido de
compromisso, na franca ideologia, que perpassas,
para os que te rodeiam, em solidariedade.

Amiga de seu amigo, completas-te pela nobreza
de teus atos, em gestos de bem-querer,
que sempre cuidas, de levar espontaneamente,
fazendo-te presente, ao teu destino.

Um destino, que anda de mãos dadas contigo,
e que pela música, é fascínio de todos
os dias, no qual te entregas sem grandes surpresas,
e sorris, como quando numa missão, te cumpres.

Jorge Humberto
16/10/11

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


POETA É SER SOLIDÁRIO

Por meu pulso são os meus versos,
pequenas filigranas, com
que tento alcançar as pessoas, por
demais solitárias. E assim,

a cada poema meu, um bocado de cada
um, se faz presente,
e quem me lê, por si só, rejeita a solidão,
enfeitando-se de grinaldas.

Minha poesia, quando sai de mim, já não
é minha, é de todos, que se
revêem na beleza das palavras e das imagens,
alusivas a quem escrevo.

Então desenho belos jardins, plenos de
flores, que de todas, são as mais
encantadoras, porque vos penso sempre,
como o aflorar de uma rosa.

E o céu, com que me escrevo, nos outros
se faz azul, que vai nos azuis,
com que as pessoas, regiamente, guardam para si,
em uma esperança renovada.

E como asas de pássaros, as pessoas alçam
voos, por demais indescritíveis,
pois já não se sentem sozinhas, nos poemas
que lhes levo, de um bem-querer.

Jorge Humberto
14/10/11


E A CHUVA CHEGOU, COMO VINDA DO NADA


Na manhã, translúcida, soprou ao longe,
um vento de mau agoiro;
e as nuvens, então brancas, obscureceram,
deixando no céu um acinzentado,

que se foi esconder, nas linhas das esquinas,
e no vão dos insípidos degraus,
das casas velhas, da cidade ainda adormecida,
indo se instalar, nos bancos dos

jardins. Tão depressa, quanto chegou, assim a
chuva, principiou no seu cair
água, por sobre o rio, primeiro, para depois se
encaminhar, para dentro da cidade.

Como uma cortina, encerrando águas e ventos,
a tudo fustigou, principalmente
as vidraças das janelas, absorvendo seu impacto,
em levadas, parecendo-se a cascatas.

E as árvores, eram agora de um verde-escuro,
com o vento instigando as folhas,
que, pela força da muita chuva, mostravam o seu
reverso, completamente castigado.

E nos jardins, flores jaziam, suas pétalas no chão,
como lágrimas cristalizadas,
deixando uma estranha sensação de incapacidade,
perante a tremenda borrasca.

Jorge Humberto
13/10/11

RETRATO DE UM RIO EM TODO O SEU ESPLENDOR

Passando pela brandura das águas, do
rio, que é desta minha terra,
pelo sol açoitadas, lindas estrelas se
desenhavam, cintilando.

Como numa linha paralela, íamos lado
a lado, junto às margens,
que, como braços, acolhedores, as cingiam,
numa fluência tranquila.

Na língua de terra, adjacente, belas flores
silvestres, lá cresciam, junto
à moita de caniços, onde nascem os ninhos,
da abundante passarada.

Empolgado, fiz deste, o meu caminho matinal,
percorrendo o ditoso rio,
de uma foz à outra, deslumbrando-me com
os belos barcos, aí descansando.

Por influência, dos raios solares, o azul das
águas, tinham prata
a adorná-las, que se perdiam, para lá do
horizonte, até onde os meus olhos,

alcançando, belas cores e fragrâncias, retinham,
como se de um quadro pungente,
que ali fizera seu poiso, derradeiro e comovente,
deixando-me, assaz, extasiado.

Jorge Humberto
11/10/11

À MINHA AMADA E A MEUS AMIGOS


Amada minha, de meus dias felizes;
amigos queridos, que me
têm prestigiado, por vossa humildade;
que a honra vos seja feita!

Por vosso desígnio, sou só quem sou:
barco que navega mares
graciosos, porque de vós o amor se firma,
e em mim se faz reflexo.

Não sou mais que um espelho paralelo,
olhos nos olhos, assim,
de quem bem me quer, sem pedir nada
em troca, que não esta

amizade, que sempre procura o alcance,
desses braços, que, na
distância, se fazem presentes, como
se de pássaros livres.

Águas mansas, que me trazem, a meus
dias, a tranquilidade,
outrora perdida, deixai-me, que o amor,
de mim nunca se aparte,

deixando aos amigos, só belas filigranas,
e sóis reluzentes,
para que suas vidas, sejam qual tesouro,
que seja de bem guardar.

Jorge Humberto
10/10/11

SOU PARA SER NOS OUTROS

Nas brandas manhãs, deito meu ser;
altas árvores se elevam,
no encontro com o azul, do céu vespertino;
desenhando sua fiel realidade.

À sombra de mim, realizo distintas poesias,
que depois deixo vagar,
livremente, por entre as águas do rio,
que fluem placidamente.

Fecho meus olhos, quando o sol os atesta,
entrando pelas frestas,
da densa ramagem; e bem dentro de mim,
múltiplas cores, se apresentam.

Gorjeios de pássaros, vão pela manhã afora,
e em meu vago silêncio,
sou doutros, que não de mim, em concreto;
almas tantas, que me assaltam.

E assim sou muitos, como neste mar imenso,
que sereno se mostra:
assim minhas palavras, indo de encontro aos
amigos, mitigando sua solidão.

E calçando estradas poeirentas, vou por aí,
levando nos ombros, o reflexo
dos demais, que fazem de mim, quem eu sou,
pela sua entrega e meu cuidado.

Jorge Humberto
09/10/11

sábado, 8 de outubro de 2011


A NOITE







Ó noite, dos meus encantos,

De sombras

E sons misteriosos,

Noite que calas prantos

E tens facas,

Segredos nos bolsos,



És vulto nas esquinas,

És mulher de má sorte,

Espelho,

Anfetaminas,

Braços chamando a morte;



Beijo inocente,

Charme maquilhado,

Voz dolente,

Do ato consumado;



E és marinheiro alado,

Cartaz sugestivo,



De um pobre desgraçado,

Que se sente ofendido,

Por não reconhecer,

Como seu,

O nome com que nasceu,

Qual ao morrer.



Ó noite,

Tão viva de tudo,

Prostituta,

Indigente,

Amante,

Sereia,



Por ti não mais me iludo,

Mas cantar-te-ei

Sempre,



A cada nova lua-cheia.

Jorge Humberto
In Fotogravuras II

A MODÉSTIA QUE REGE MEUS PASSOS


Não sigo regras algumas, quando me ponho
a escrever; e deixo que sejam
meus pensamentos e minhas emoções,
o golpe de asa, com que me narro.

Não sei quantas almas tenho, pois tanto
sou amor como introspecção;
sou tal qual um barco vazio, remando ao
acaso, numa ânsia, de mar aberto.

Da natureza sou o seu máximo esplendor;
dos amigos, a consideração;
e se não sei de mim, busco os caminhos,
que percorri, como num fluir de águas,

procurando a sua foz. Cerco-me então de
flores, que eu colho nos jardins;
e por entre coloridos tais e fragrâncias mil,
sou aquele, que, por afecto, aos

outros se dá. E se pelo cansaço me venço,
o fruto, que vou colhendo,
é todo ele um sol, nascendo para lá do horizonte,
na busca da manhã primeira – sua luz.

E assim, faço da humildade, a minha estrada,
sem algozes nem rancores,
que meu ser, nasceu para sonhar e para amar,
numa modéstia, que rege meus passos.

Jorge Humberto
08/10/11

MINHA POESIA É TODO ESTE MEU POVO


Meus versos singelos, são como
um leve bater de asas,
que vão no azul do azul, até alcançarem
seu poiso, repouso desejado.

Como águas mansas, de um belo rio,
vão discorrendo pelas suas
margens, sem conflitos nem atritos,
que pela palavra, influem mar

adentro, procurando novas distâncias.
E nos campos abertos,
com delicadeza, às flores emprestam
as cores, a nossos olhos rendidas.

E pela brisa, que vem com o entardecer,
meus versos são os inversos
das folhas, que vão de árvore em árvore,
mostrando o seu dúctil reverso.

Tal qual um jardim, assim meus versos,
crescendo naturalmente,
no chão, que os sustentam, pétala a
pétala, na prata explosão, que os nutre.

E sem artifícios, que não o de criar poesia,
em toda a sua tamanha
pureza, meus versos são todo este meu
povo, para quem escrever… devo.

Jorge Humberto
07/10/11

quinta-feira, 6 de outubro de 2011


EIS QUANDO A POESIA SURGE

A poesia surge, assim os pensamentos:
bem delineados, confortáveis,
apelando aos sentidos, para que as
palavras sejam, num todo, uma invocação

à sua leitura. E sereno narro as minhas
incursões, através dos versos,
que comandam meu ser concreto
ou ilusório, a dirigir-se aos possíveis leitores.

E de uma letra rara, nasce uma asa no céu,
cortando o gume das nuvens,
num desenho que se fizesse aprazível,
a quem de uma nuvem, faz um mundo.

E jardins de enlevo; e centos de mariposas:
voando em linhas paralelas,
ou circulares, quando de revés surge a noite,
e as luzes dos candeeiros, tornam-se atraentes.

Tal e qual a lua, formando uma bola no ar,
como se jogada pelas mãos de
uma criança, de distraída e inofensiva infância,
que aguarda o principio da relatividade.

E a poesia não pára e da noite se vestiu o dia,
com suas árvores orvalhadas,
e olhos limpos, que, ao longe, as comungam,
como se num ritual celta, venerando o sol.

E assim como assim, nardos e malmequeres,
vão-se abrindo ao astro-rei,
pétala a pétala, num frenesim de mil cores
e de doces fragrâncias, expelindo seus cheiros.

E há um rio, nas ampolas de meus dedos,
que vai de verso em verso,
até ao poema final: que nas águas acetinadas,
achou seu poiso certo, o seu ancoradouro.

Jorge Humberto
05/10/11

FILIGRANAS DE AMOR

Filigranas, embutidas em meus
olhos, fazem-me ver a beleza,
de um rio, que vaga lentamente,
sendo levado pelas águas vivas.

Por entre seixos e verdes algas,
serpenteia, desviando-se dos
naturais obstáculos, até chegar
a uma pequena foz, junto a um

lago, onde se passeiam lindos e
esbeltos cisnes, e mais algumas
aves, que ali fazem o seu poiso,
por entre águas límpidas, puras.

Um pouco mais afastado, está o
meu amor, colhendo de mil flores,
as mais silvestres, que se acham,
junto às margens, do rio passante.

E vendo-o aproximar-se de mim,
com lindos arranjos florais, que a
terra fértil, tem para nos oferecer,
vou ao seu encontro, com braços,

de desejada comoção. Chegando
(respiração tranquila e sorriso nos
lábios), com apreço, estendes-me,
em mãos, os lindos malmequeres.

Felizes, debaixo de um céu imenso,
um alegre beijo, dá-se por havido,
e caminhando, pela orla deste rio,
somos todo este universo, em nós.

Jorge Humberto
04/10/11

NA VOZ LIVRE DO POEMA


E é preciso a liberdade é preciso aceitar
É preciso a diferença o amor a amizade
E o compromisso da comunhão é preciso
E é preciso comunicar falar olhos nos olhos
É preciso despir a panóplia do pensamento obscuro
E é preciso o precipício o escuro
Para se alcançar as asas do saber é preciso
Para se compreender para se colher
A seiva fértil da planta o viço da verdade.

E é preciso ser livre é preciso dizer basta
Sentir na pele os olhos da fome na boca do pobre
E é preciso quebrar derrubar muros ignotos
E é preciso a raiva os dentes e o tiro certeiro
Contra o freio do silêncio no focinho da palavra
É preciso dizer Não à vontade submissa e escrava
De demónios e deuses e semideuses mortos
E é preciso expulsar é preciso rasgar
Do corpo do Homem o Humano Fato que o cobre.

É preciso morrer por sobre o cadáver antigo
É preciso a semente é preciso a flor
A água o pólen na asa do colibri
É preciso a rosa que é prosa nascida da terra
E é preciso ainda que tragas nos lábios
O fruto a criança a árvore dos sábios
É preciso a vida agora de repente aqui
De graça cuspindo longe a vil mordaça
Contra o espelho oblíquo do terror.

Jorge Humberto
In Fotogravuras I

A VIDA É ARTE

A vida é arte; nela estimulamos
nosso caminho e a exaltamos,
com emoção e louvor ilimitado,
levando-a até ao mais alto, de

suas alturas, em versos plenos,
de gratidão e de muita honra,
que a vida nos concede e pela
arte se consolida, para os anais.

Como saber viver é em si pura
arte, pincel de poeta, que vai
derramando, nas alvas folhas,
a poesia, que à vida sobrevém.

Vida é o amor e a grata amizade,
com o qual as pessoas praticam,
sua fiel unicidade, a diário, com
hombridade, para com os demais.

A vida, feita poesia, ultrapassa
todas as barreiras, é um mundo
só nosso, que devemos ilustrar,
aceitando as diferenças de cada

um, como sendo as nossas, pois,
no mais profundo, somos iguais,
e a beleza dos versos se conjuga,
no resplendor da vida bem vivida.

A arte da vida é um jardim florido,
aonde as flores crescem ímpares,
seduzindo-nos com sua fragilidade,
e o apelo para que lhes toquemos,

e aí sintamos a suavidade de suas
pétalas, que não se escondem e
avivam, como devemos proceder,
com os nossos reais valores morais.

Jorge Humberto
03/10/11

domingo, 2 de outubro de 2011


MÃE-NATUREZA

Nas árvores frondosas, deixo meu
sorriso, por vê-las crescer,
entre galhos e folhas, em perfeita
harmonia, com a mãe-natureza.

Crescem tanto, tanto que alcançam,
o tremeluzente azul do céu,
ébrio de éter, e de cores inebriantes,
que enfeitam a dúctil paisagem.

Resplandecem os jardins, engalanados
de mil flores, abrindo-se ao
sol, rejuvenescedor, com suas corolas,
emitindo doces fragrâncias.

E borboletas e outros insectos inúmeros,
não resistindo ao doce apelo,
rodopiam e ziguezagueiam, para cá e para
lá, de flor em flor, a mais bonita.

Pássaros se juntam, colhendo as sementes
caídas, e é vê-los saltitar, de um
lado para o outro, em seus corpos pequeninos,
plenos de vida e de asas inquietas.

E eu, de minha janela, a tudo me ofereço,
na beleza que me é dada ver,
na respiração tranquila, de todas as coisas,
que existem para ser, em si mesmas.

E antes que dê por findo este meu poema,
lanço um último olhar ao Tejo,
que corre tranquilo, em suas águas brilhantes,
parecendo-se a cavalos, em liberdade.

Jorge Humberto
02/10/11

Homenagem a Jorge Humberto



Sob uma árvore
a JorgeHumberto

Sob uma árvore
escolho as melhores pedras
é bem perto do rio
os pássaros se debruçam sobre as águas
e as levam em seus bicos pelos ares afora
uma a uma atiro-as mais longe até chegarem à outra margem
e vão cortando a atmosfera
e o silêncio em mim repousa.

João Dinato Ferreira