Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011


ARREBATAMENTO SEXUAL

Corpos desnudos, numa entrega
total e sem pudores, vão-se
acariciando, em desejos ardentes,
pele na pele, que se comunga.

Traços macios vão-se revelando,
nas mãos, que se misturam,
e enquanto o homem mostra toda
a sua virilidade, segurando a

feminilidade, de sua companheira,
esta, em êxtase, deixa-se
cair, nos braços másculos do amante,
que lhe sussurra segredos tais.

E em plena rendição, o casal cede
ao desejo, e peito com peito,
no sublime toque, seios emudecem,
no calar de corpos e de músculos.

E entre suores e distintos aromas,
o arrebatamento é completo,
e o acto sexual é enfim consumado,
por entre rios de sémen e de gozo.

Jorge Humberto
30/09/11

PARTISTE


Partiste, a palavra nova
Por achar,

Vestindo ganga a fantasia,
Missanga colorida,
No pescoço a ornar,
Cigarros
Transmutando o travo do dia.

Partiste,
E o quanto ousas-te levar,
Foi a primavera da vida,
Como garantia,

Que não rejeita estradas,
A desbravar
E nega-se à indiferença
Com galhardia.

Mas no decurso da caminhada,
Quando já te pesavam os braços,
E dedos eram pedra,

A glória então aí encontrada,
Descerrou
A estátua dos doutos medos,

Medos de quem nega à razão
A diferença,
De quem ousa por convicção.

Jorge Humberto
In Mosaico


NÃO TENHO SAUDADES DE TER SAUDADES

Ah, saudades, só do presente e do que
tenho, porque o que já foi
meu, não é mais saudade, mas
uma realidade, que foi vivida, a seu tempo.

Por isso vivo no agora, festejando a vida e
a natureza, onde os meus olhos
se perdem, entre o céu e a terra e o mar,
no seu fluxo e refluxo, das marés.

Não tenho saudades de ter saudades,
pois a cada dia, que passando
vai, a saudade é somente o que tenho a haver,
por minha vontade indómita, sem qualquer

algoz ou correntes, nos pulsos, que me
façam regredir no tempo – esse impostor;
porque quem vive do passado, passa
a vida a olhar para trás, com pena de si mesmo.

E em águas mansas, corre o rio, de meu viver,
procurando a foz, seu intuito.
E da linha do horizonte (janela aberta),
nasce-me a emoção, de mil sóis despertos.

E no rebrilhado, que deles emana, jardins
se engalanam, das mais lindas
flores, que no presente, eu vou colher,
com a alegria, de já ter havido, qualquer coisa.

Jorge Humberto
29/09/11

A VISÃO DO POETA


No alto céu, nuvens espumosas,
desenham lindas figuras,
e a horizonte barcos sulcam as águas,
numa tranquilidade de braços.

Por escrever e só por isso as coisas
existem e se concretizam, a
meus olhos. E o rio corre tranquilo,
para onde as marés o levam.

Até onde eu alcanço, o distinto rio,
tem nas orlas das margens,
um serenar azul, que vai nos azuis
dos azuis, que se espraiam,

até influírem, com as águas indómitas
do mar. Existindo porque são,
mar e rio confluem, em linhas paralelas,
e por julgar, vislumbro um verde,

misturando-se com os azuis, que da
minha janela eu vejo, como
um belo quadro, que agora eu tento
reproduzir, em versos singelos.

E onde as águas se encontram, montes
(a meu ver sempre verdejantes),
sobressaem, no mais alto de si mesmo,
e como num eco, que tem tanto

de visual (ainda que distante), como de
pressuposto, chegam até mim,
e por imaginar, frondosas árvores,
crescem livremente, no intuito do sol.

E deste modo, numa tarde que discorre
sem pressas, coube ao poeta,
a finalidade, de levar aos seus leitores,
um pouco de sua beleza, transcendental.

Jorge Humberto
26/09/10

ASSIM SÃO AS LEMBRANÇAS

Lembranças, que por mim, não serão
nunca aqui esquecidas, são
como flores, que tomo em minhas mãos,
segurando-as na suavidade de minha

pele. Quem ama não olvida o ser querido,
e a certeza é tão maior, quanto
há um bem-querer, resoluto e partilhado,
entre dois seres, que se respeitam.

E na recordação, a haver, relembro as linhas
de teu rosto, como se águas,
ou doces filigranas, enfeitando-te assim;
realçando tudo o que é graça e vida,

numa mulher. Lembranças não morrem,
são como páginas de um livro, com
que abrimos, quando a saudade se achega,
indo se aconchegar no nosso colo.

E é lá que as devemos preservar e acarinhar,
fixando o nosso olhar no horizonte,
onde mar e distinto rio confluem, e tornam-se
numa só e exclusiva existência.

Jorge Humberto
28/09/11

QUANDO A POESIA NASCE

Tudo em mim, diz-me o que escrever;
da mãe-natureza sou reflexo;
em cada coisa que vejo, um novo verso,
que com prazer faço chegar aos

meus amigos e aos sempre fiéis leitores.
Mais do que escrever o que sinto
ou penso, é na emoção de um sentir-me
em plenitude, que a poesia nasce.

E nasce para ser nos outros, em humilde
parafraseamento, que explique
ao povo, os seus direitos e deveres,
colhendo os imensíssimos frutos, de sua

autodeterminação. E do mar ao largo,
o que houver; quando as águas
confluem, e continuam a correr livremente,
para o seu ponto de referência.

Poeta das pequenas coisas, como coisas
em si, vislumbro, em cada uma
delas, sua essência mais alargada,
como uma pedra no chão, que já foi rio,

ou como uma árvore, num descampado,
que já se achou por floresta,
na imensidão deste mundo, sempre
em evolução, de acordo com a harmonia,

que meus olhos vêem, em todo o seu
fascínio, e em versos desmistificam,
a concretude, do que se olha sem que se veja,
o que está por trás, de cada coisa.

Jorge Humberto
27/09/11

quinta-feira, 29 de setembro de 2011


SOBRE A POESIA LIVRE

Escrevo meus versos em finas
filigranas; esqueço rimas e regras,
para que o poema nasça livre,
em todo o seu esplendor, sem

algozes, que possam vir a castrar,
a liberdade que lhe assiste.
Estímulo figuras de estilo, como
se desenhasse um belo quadro,

onde a cor possa fluir, como em
águas amenas, na verdade de cada
coisa, que emerge, ante meus
olhos, como algo concreto, em si

mesmo, pelo que me é dado a ver.
Jardins existem, porque o são,
e porque as flores sabem bem,
que dependem do sol, para florir.

E é tudo tão natural, que a palavra,
se comove e se transcende,
sem correntes, que a aprisionem,
nos claustros indómitos do olvido.

Heras sobre heras, crescem nas
paredes (eis a sua realidade fulcral),
assim como as ervas daninhas,
ocupando espaços abandonados.

Se uma sombra impera nos muros,
caiados, e um gato de si distraído,
leva a sombra consigo, assim
é, porque tem de ser, e o verso não

cala, e se revela em toda a sua
autenticidade. Porque o poema não
tem grilhetas, que desvirtuem
a semente, do que nasce para ser.

Jorge Humberto
25/09/11

sábado, 24 de setembro de 2011


SER POETA


Ser poeta,
É primeiro ser “homem”.

Ser poeta,
É ser-se menino,
E sorrir baixinho,
Enquanto
Os anjos dormem.

Poetas há-os aos centos:
Uns que são lamentos,
Outros a alegria,
E ainda
Outros tantos,
Que não versam de dia.

E há os repentistas,
E os populares,
Decadentistas
E renascentistas,
Houve-os aos milhares.

Ser poeta,
É criar um corpo,
Onde antes era nada.

E desse nada,
Outrora morto,
E chama apagada,
Recriar um porto,
E uma caravela fundeada.

Ser poeta,
É ter asas e voar,
Morrer a cada instante,
E de novo renascido,
Trazer no fresco do olhar,
Lá de um mundo,
A nós distante,
Algo antes nunca vivido.

Depois
Que for finda a viagem,
E a sua meta
Atravessada,

Ao poeta cabe revelar,
Que a porta por ele aberta,
Aos seus leitores
Deve uma parcela,
De tão sublime viagem.

Jorge Humberto
In Mosaico

COMO ESQUECER O QUE NÃO É DE SER ESQUECIDO

E como te esquecer, se és qual
botão de rosa, desabrochando
sua essência, no meu coração,
em doces olores, e suas cores.

Como te esquecer, quando das
estrelas és a sua resplandecência,
e os teus olhos vêm com a lua,
clarear a minha imensa saudade.

Como te esquecer, pois que te
assemelhas a um pássaro louco,
voando pelos céus, que fizeste
estrada, desenhando mil filigranas.

E como te esquecer, se do amor,
fluíram as águas, à beira de um rio,
onde tantas as vezes descansamos,
os nossos segredos, mais belos.

Como te esquecer, quando das
mariposas, recebias a clarividência,
das manhãs primeiras e absolutas,
e tu vinhas para mim, resoluta.

Como te esquecer, digo e afirmo-o,
se eras o meu jardim, que de tão
florido, fazia com que os dias fossem
assim, felizes e plenos de emoção.

Como te esquecer, se eras o meu
porto seguro, e a todo o instante,
sulcavas as águas, num barco que
se fizesse, para me deixares tua graça.

Ah, como te esquecer, ó minha musa
enternecedora, que faz com que
meus poemas nasçam livremente,
para serem nos outros o pão do dia!

Raia alto, o sol, na imensidão do céu…
abrem-se as flores em harmonia…
e por mais que o mundo teime aqui,
esquecida não serás, por minha honra.

Jorge Humberto
23/09/11

AMANTES CONTEMPLANDO A NATUREZA


Quando o sol nasce, em todas as
suas cores e filigranas, que vão
pousar seus braços, nos espelhos
de água, de um rio prazeroso,

dá-nos a nossa mais real imensidão,
e a vida ressurge, cheia de
esplendor, no bico dos pássaros,
que vão acordando com a alvorada.

E o céu, em seus múltiplos matizes,
enche-se de asas e de sinfonias,
absorvendo laranjas e amarelos,
que colorem, as nuvens espumosas.

Mais em baixo, um casal, em toda a
sua nudez, entrega-se às boas graças
da natureza, e abraçados no nada,
pela emoção, alcançam a afeição.

Beijos furtados, segredos trocados,
alçam voo, como o sol, no céu
a luzir, que pelo amparo, deste
amor tão intenso, vêem-se em paixão.


Jorge Humberto
22/09/11

NADA QUIS, POR ISSO AMEI


Não sei se penso ou sinto.
Sou das águas o largo mar.
A mim próprio me minto,
se falo de mim, por achar.

Em momentos de emoção,
dos outros sou o começo,
negando-me à triste solidão,
com a qual me esmoreço.

Alma minha, quem a gerou?
Imenso oceano a desbravar.
Tudo em mim se olvidou,
e no ontem vive, a se lembrar.

Recordar é como adormecer,
à sombra, duma sombra vã.
E vive-se, apenas de viver,
sem que vejamos o amanhã.

Assim, escrevo à minha sorte…
e como nunca nada desejei
nem temi o espectro da morte,
sobreveio a felicidade, e amei.

Jorge Humberto
21/09/11

OLHOS DE POETA

Olhos de poeta, vão sempre além,
até onde os outros não alcançam,
pois que lhes falta a sensibilidade,
para reparar nas coisas, como coisas

em si. E por mais subtis e singelas,
que as coisas sejam, mais bela é a
riqueza do poeta, que descansa seus
olhos, na leveza do ser, ser-se poeta.

Uma pedra no chão, aos olhos do
poeta, é como seixos ziguezagueando,
através de um rio, que ele imaginou,
por ver, da pedra, a sua génese.

E nesses olhos, que tudo absorvem,
o céu vai no azul dos azuis, e o verde
dos campos, é inda mais verde, com
cavalos brotando-lhe do peito.

Olhos de poeta, nos jardins floridos,
sentem bem, as doces fragrâncias,
que emanam das filigranas das
flores, que brotam do chão até às mãos.

Olhos de poeta, são do amor, sua
origem, que ele escreve com subtileza,
mãos dadas com os enamorados,
que da natureza, busca a elevação.

Mas, olhos de poeta, vêem como
quem não está vendo, por tudo isso,
em cada coisa uma raiz e um
renascer, que ele próprio, toma para si.

Jorge Humberto
19/09/11

CIDADE PERDIDA

Cidades nascem como cogumelos,
no entardecer de mais um dia,
em que as sombras se propagam
nas janelas, por entre cortinados

ainda fechados. E um cinzento
pardacento, escorre nas paredes,
sua ténue luz, que se vai instalar,
nos degraus das esquinas precisas.

Junto ao aglomerado dos prédios,
um rio corre tranquilamente,
deixando atrás de si, um extenso
lago, que se mostra assaz poluído.

Sente-se, das crianças, a sua falta,
e bancos de jardins não existem,
com seus idosos, relembrando a
primavera, de seus tempos áureos.

Nesta cidade, invadida por montes
e rochas, parca é a luz, que a
reveste, roubada pelo cimento
e pelas torres, em tudo gigantes.

E ao longe, como que por acaso, uma
menina fixa seu olhar, na paisagem
urbana, tentando descobrir a
beleza, que se esconde, nos cinzentos.

Jorge Humberto
18/09/11

INTERPRETANDO O OUTONO


O Outono virá em seus tons amarelos
e castanhos, atapetando os jardins e
as calçadas e estradas, de matizes
rubros, pintando quadros esplêndidos.

Nos ditos jardins, as flores perderão
todo o seu viço, e dar-se-á a desfloração,
jazendo no chão o choro das pétalas,
misturando-se com a terra, a elas infértil.

Sombras se desprenderão das paredes,
através das esquinas, dos arcaicos
prédios, e gatos passearão sua posse
felina, junto aos muros, cheios de orvalho.

E as janelas fechadas, são como olhos de
mosca, resguardando as pessoas, do frio
incessante, que lhes entra pela carne
adentro – da friagem contínua, a tremura.

Estátuas cheias de verdete, parecem
desmaiar, de seus plintos, trazendo uma
descoloração à pedra e ao bronze,
que só as nuvens escuras se assemelham.

Totalmente despidas, de sua folhagem,
as árvores, a quem passa, vestem-se
de tristeza, e de raras e estranhas nostalgias,
que o clima cinzento pardo, cimenta.

E junto às falésias de mármore, o mar
mostra-se agitado, com suas marés vivas,
em grandes convulsões, de águas
azuis escuras, que despoletam nas praias.

Algumas aves rasam as ondas sem medo,
em fantásticos voos, destemidos,
por sobre os galgos de espuma, rebentando
de encontro às rochas, cinzeladas pelo tempo.

Enquanto isso o poeta escreve embevecido,
o que lhe é dado a ver, na mais pura
grandeza da mãe natureza, que só ele
tão bem sabe descrever, em versos felizes.

Jorge Humberto
17/09/11

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


SAIU A FERA DE MIM



Em minha prisão,
Excessivos
Braços cresceram.

Pernas,
Sem largos ou espaços,
Na minúscula cela,
No ar rarefeito.

E se me deito,
Sou bola em mim,
Feito necessidade.

E no fim da cidade,
Dentro da cidade,
Luta-se sem tréguas,
E dentro de mim.

Saiu a fera de mim.

E já sem compassos,
Ou réguas,
Nos braços
Ganhei asas,
E voei
Por de cima de casas.

E a liberdade,
É já ali.


Jorge Humberto
In Fotogravuras

MINHA FELICIDADE ESTÁ COMIGO

Minha felicidade, está no meu bem-estar,
físico e psíquico, que perpasso
para os amigos, em cada palavra
de amizade e de solidariedade.

Meus amigos são como uma bela flor,
que eu rego todos os dias, com
muito amor e de um cuidado altamente
extremoso, para que ela vice em

toda a sua beleza, em coloridos matizes.
Com estas minhas mãos de terra,
lavro o chão, com sangue, suor e nervos,
sulcando na lama, o meu bem-querer.

E quanto mais perto me encontro da dita
desfloração, maior é a minha
vontade, de ver as plantinhas crescerem
alegremente, lembrando, em cada uma delas,

os muitos amigos, que guardo no meu coração.
E sou feliz por tal, pois na doação
espontânea, pela diligência, por mim desejada,
está o carinho, de imensas almas, em toda

a sua estima e respeito, que se quer recíproca.
E assim, minha ventura, é recompensada,
e em cada flor um amigo, de si único,
na grandeza de seu espírito, tão ou mais altruísta.

Por isso, e indo mais longe, minha felicidade
está tanto no meu bem-estar, como
no de meus amigos, quais jardins floridos,
que colorem meu peito, em toda a sua humildade.

Eis então que não guardo rancores, de quem
tanto mal me fez, esquecendo que eu conheço
de cor, todas as ervas daninhas,
que me julgam na mais pura ignorância.

Pois nem isso me tira a alegria, de ser quem sou,
nem me mata o amor mais profícuo,
que acolho dentro de mim, dando-me a quem
merece, partilhar de minha hombridade.

Jorge Humberto
15/09/11

BELO É O MUNDO, QUANDO HÁ DIGNIDADE


Lindo é o nosso Mundo, em toda a sua
beleza, que tem na diferença,
o auge do Homem, que pelas suas
dissemelhanças, a todos enriquece.

Mas a sede de poder, me entristece,
quando se humilha a dignidade
e o carácter de cada um, para alcançar
vãs riquezas, que se vão com a areia.

E aquele que é deveras pobre, calcorreia
o pó das estradas, que não levam a
lugar algum, onde recebido fosse,
de braços abertos, pelo seu semelhante.

Há uma desconfiança, de todo agravante,
entre os povos, de outras nações,
que se regem por deuses e semi-deuses,
que lhes tolhe a vista, assim deturpada.

Mas o que resta de brio, o tudo e o nada,
implica, do amor, a sua fome,
e aos poucos o Homem se distancia,
da vil soberba, que o traz em solidão.

Da natureza dos homens, só uma comunhão
total, reverencia o ser humano,
e uma entrega é aqui demais precisa,
para que se ultrapassem as incoerências.

Falhos somos, cometendo demências,
que o pensamento não concebe
nem compreende, quando fazemos mau
uso, de tudo o que nos foi ensinado.

Porém o povo, até agora, mais informado,
e certo de suas falhas, tornou-se
altruísta, no cuidado a ter com os demais,
seu próprio reflexo, que não descura.

E condescendente, pela emoção e ternura,
faz com que o mundo pule e avance,
com os valores morais assegurados,
nas mãos de uma criança, à nossa semelhança.

Jorge Humberto
14/09/11

NUDEZ E BELEZA

Na linha, que delineia, a
a mais pura beleza, de tua
nudez, tem jardins de
ébano, e fragrâncias de

jasmim. Deitada, em toda
a tua feminilidade, teus
seios, são como colinas,
que despontam serenas,

nas mais sedutoras águas.
E um rio fulgurante,
vai desenhando teu corpo,
como filigranas douradas.

E o teu ventre (descendo
mais um pouco), com
certo pudor, deixa-se adivinhar,
entre tecidos coloridos.

De tuas coxas, dois cisnes,
repousando na alvura
de tuas pernas, suaves
como uma brisa tardia.

E assim és tu, como uma
vestal, comprometida
com esse dom de mulher,
a que só o poeta cala fundo.

Jorge Humberto
13/09/11

À LIBERDADE DOS POVOS

Libertos dos algozes, que nos prendem
injustamente, e nos fazem reclusos
de nossos próprios ideais e filosofias,
o povo saiu à rua, para reivindicar seus

direitos, inerentes a todos os Homens.
Cerceando as correntes, de encontro
o focinho da palavra, que, impunemente,
conspirava, sem sequer olhar a quem,

sonantes vozes se levantaram, de punho
bem cerrado, como que dizendo, que nada
derruba a nossa liberdade de expressão,
derribando todos os muros e suas grades.

Nos fuzis repousa altaneira agora uma flor,
mostrando à sociedade, que não é
necessário, derramar o sangue dos bravos,
para que a verdade de cada um, seja

reposta, como cristais, reluzindo ao sol.
Acabaram-se as prisões e suas sodomias,
e os trabalhadores, podem voltar à sua
lida, na exaltação dos poetas malditos.

Escrevem-se odes, de engrandecimento,
que a emoção tomou-nos pelas mãos,
e há uma elevação, pela liberdade, então
adquirida, pela força da propalada palavra.

Não mais! Não mais!... de ora em diante,
seremos os donos, de nossas firmes acções!
Enquanto que na terra, o oiro do trigo,
espera a desfolhada, por todos desejada.

Jorge Humberto
12/09/11

domingo, 11 de setembro de 2011


JOGO MEUS VERSOS AO VENTO


Jogo meus versos ao vento brando,
deixo que saibam a cor das folhas,
quando tocadas pela silente brisa,
mostrando o contorno das árvores.

Deixo ainda, que sejam o canto das
aves, e que todas estas encantadas
melodias, se deitem no pergaminho,
ornando-o de elegantes filigranas.

No rio, que passa lá mais em baixo,
são eles, as águas calmas e serenas,
retocando a orla de belas palavras,
que se confundem com os canaviais.

No enleado, dos versos e das flores,
rebuscados ninhos, são feitos com
todo o primor, que a rima contempla,
no dormitar tranquilo das avezinhas.

Do verso, refaço os jardins costeiros,
revestindo-os de finas flores silvestres,
deixando-lhes o tão desejado colorido,
com que o poema se acalma e já viça.

Assim sigo, ao sabor da mãe natureza,
com o beneplácito, ao ilustre poeta,
a ser concedido, como se num sonho,
o que o mui singelo versejar, concede.

Jorge Humberto

AINDA PERSISTEM OS JARDINS FLORIDOS

Ainda persistem os jardins floridos,
em meus olhos apaixonados,
e de entre tantas flores disseminadas,
da beleza ao amor, com que são cuidados.

Viçam felizes e fortes, ao sol altaneiro,
ondulando consoante o vento,
e as borboletas, em suas asas de papel,
recolhem do néctar, o adocicado sustento.

Rosas, orquídeas, malmequeres e jasmins,
são o fruto de mãos caprichosas,
que tal como as mãos de poetas enamorados,
em versos se mostram ou em prosas.

Junto ao rio, em tons puramente silvestres,
agrestes flores, tecem braços,
que se vão desenhar nas férteis águas,
espelhando, a meus olhos, delicados traços.

E correm amenas, as dúcteis fragrâncias,
que no ar vão soltando, mil olores afrodisíacos,
e eu travo o meu passo, para enfim sentir,
dos excelsos jardins, seus odores paradisíacos.

Jorge Humberto
05/09/11

FOTOGRAFIA



Nas folhas,
Às águas descendo,
Tacteio
Tua ausência.

Na ondulação,
Sempre em crescendo,
Defino
A essência do teu corpo –

Que nunca foi meu.

E nas minhas mãos
Molhadas,
Águas
Que a flutuação concedeu,

Apenas um nome sem corpo
E palavras
Sussurradas.


Jorge Humberto
In Fotogravuras II

MORRE O AMOR MAS NÃO A AMIZADE


Morre o amor mas não a amizade.
Na realidade um faz parte do outro,
e só o descaso e o indevido olvido,
fará fenecer as flores, agastadas

com a beleza, que entretanto se
perdeu, nos recantos dos imensos
jardins. Toco numa flor, ei-la
morta pela haste, por meu desleixo.

Não fui senão um grande sonhador,
dormindo à beira mágoa de mim,
que pelo amor, se entregou,
como às águas, que no rio se avivam.

Pretensões tive-as, na medida precisa,
mas meu ser, em total desalinho,
roubou-me o minuto fatal,
que a ser vivido, mil fragrâncias teria.

Do Homem que já fui, hoje sou metade
de mim, mas enquanto brilhar o sol,
e tuas palavras, sejam aconchego,
pena não terei, só um rasgo de alegria.

Jorge Humberto
10/09/11

ONTEM, HOJE E AMANHÃ, A LIBERDADE VINGARÁ


Agnóstico por doutrina, apolítico
por ideal, fascinado pelo anarquismo
moderado, não deixo de ser um
poeta, que luta por causas, em prol

do povo, que ao mundo pertence.
Não diferencio raça nem cor,
nesta linguagem universal, que me
faz mais rico, através da aceitação,

das distintas ideias e pressupostos.
Do pensamento, faço minha a palavra,
que assenta numa personalidade
forte, que, aos outros, se permite,

através da flâmula, da espontânea
liberdade de expressão. Contrário, a todo o
fundamentalismo e vis ditaduras,
denuncio os verdugos, que queimaram

a flor, razão de ser, de todos os povos,
que se querem livres. Filho de
uma nova Inquisição, que me tenta
castrar, todo eu sou músculos e nervos,

que não se calam nem se atemorizam,
perante o poder vigente, e seus
sequazes, que me tentam silenciar, com a
prisão, como argumento persuasor.

Mas, ah, não seria poeta, se não desse
a cara, para com e para o povo,
em versos libertos, de todas as correntes,
que tentam calar a voz da liberdade.

Jorge Humberto
09/09/11

DENTRE A NATUREZA E A LIBERDADE

Seixos, que no rio, fazem lindos
empedrados, formam pequenas
ondas, na superfície das águas,
junto às margens, que as delimitam.

No corrupio, de sua dança líquida,
há um ziguezaguear, deveras plácido,
junto à orla, do pequeno rio,
viçando aí, belas flores silvestres.

Ladeado por árvores frondosas,
que tocam levemente, o azul dos céus,
suas raízes são como longos
braços, que, no chão, se perdem.

E no cimo de suas copas, por galhos,
escolhendo seu poiso, pássaros
vários, entoam belíssimas sinfonias,
ecoando por entre frestas e arbustos.

Entrelaçado na ramificação profusa
da mata, há um pequeno barco
esquecido, corroído pelas agruras
do tempo, e pela vastidão de um bosque

cerrado. Mais ao fundo, junto a uma
rocha primitiva, o que resta de
uma casa abandonada, ainda emite
sons, parecidos com risos de crianças.

E há uma liberdade que emociona,
a quem repara este pedaço de terra e
de água, na rudeza mais pura,
da prestativa natureza, a se mostrar.

Jorge Humberto
08/09/11

RAIVA NOS DENTES



Raiva.

É esta raiva,
Que não me deixa descanso,
E consome fundo,
Que calada, pé ante pé,
Me leva a vontade,
Para onde já não a alcanço.

Raiva...
Ó amor esquecido!

E é nesta defesa,
Há tanto tempo estabelecida,
Por entre palavras e falsas conjecturas,
Que nasce o meu desdém,
Pelo seu toque sereno, e me deixa quedo,
Por sobre o plano da mesa.

Raiva.

E eu grito raiva,
Querendo exaltar o amor.

Raiva,
Porque me falta a coragem.

E esta armadura, que me magoa,
Não é peça de artesanato,
Parada e muda a um canto poeirento,
É carne abusada e estropiada,
São nervos que me são superiores,
Gritando como que por uma outra
Libertação...

Ai raiva!
Por não ter raiva suficiente,
E olhar para isto tudo,
Com uma indiferença inquietante.


Mas se eu pudesse...
Se eu pudesse chamaria o amor.
Se eu pudesse seria
Uma pessoa normal,
Com tudo o que há de normal,
Em ser-se feliz e pobre de espírito.

Seria feliz e casava.
Seria feliz por ter a carne
Da minha própria carne,
E por ter uma profissão.

E à noite, sentado
No meu harém caseiro,
Sentir-me-ia realizado por tão pouco.

Ah! Não acreditem no que escrevo!

Raiva... Ter raiva desgasta.
Ter amor é-me um esforço
Que não quero.
Ser feliz é contrariar a sorte.
E ser normal, como tudo tão igual,
É uma náusea que dispenso.

Ai raiva, para isso tudo!
E p’ra esta coisa a quem chamam de vida.

Bip-bip-bip-bip… Interjeição!!!

Ai, se eu retivesse, em minhas mãos,
Os meus intentos nocturnos...!

Se eu me detivesse...

Outra vez, esta melancolia,
De dias talvez felizes,
Me vem à lembrança;

Outra vez, este romantismo,
Da criança que já fui,
Me invade;

E dentro destas quatro paredes,
De azul-agressivo pintadas,
Há vidas efémeras,
Como golpes fracos de asas.

Seco, seco, seco...

Frio, frio, frio...

Isto para nada me serve!

Isto...

Ó tormentos!!!



Jorge Humberto
(21:29/Maio/12/03)

In "Saiu a Fera de Mim"

PEQUENA ODE À AMIZADE


Singelamente peço ao Universo,
que preserve meus amigos,
que não hajam correntes nem algozes,
e que a amizade, seja qual flor,

onde possamos apreciar o seu esplendor,
viçando no chão, que a colore.
Amigos de verdade, são como passarinhos,
voando para nós, em liberdade,

num céu, que vai no azul dos azuis,
até aos limites de suas forças.
E o longe, que se faz perto, a todos nós,
é como as ondas do mar: lembrando

a praia, onde vão desaguar, sua irrestrita
verdade, nas águas que persistem,
iguais a si próprias, no fluxo e
refluxo das marés, na fidelidade da palavra.

E por entre ombros amicíssimos,
sustentando e sentindo, o bater de nossos
corações, que da reciprocidade
se faça a intimidade, que tanto buscamos.

Jorge Humberto
07/09/11

REFLEXÕES PARA MEDITAR

Se te sentes só, procura companhia,
de entre os teus amigos mais
estimados, e não tenhas receio de
mostrar os teus medos ou fobias,

instalados em teu ardiloso espírito.
Essa convulsão, que te acomete,
não precisas de vivê-la sozinha,
acredita em ti e nas tuas potencialidades.

Aprende a ouvir os conselhos dos
outros, e sê verdadeiro, em cada palavra
proferida, pois só assim te conhecerão,
em toda a tua génese e humildade.

É pelo teu pensamento, que se rege o
teu corpo, analisando emoções
e sentimentos, que se querem positivos,
no enfrentar a vida com um sorriso.

E em cada gesto teu, irás dar o melhor
de ti mesmo, porque o que escolheste dar,
bem certo voltará a ti, em redobrada
harmonia, que tu soubeste conquistar um dia.

De tudo o que a injusta vida te ensinou,
nunca olvides, nem o bem nem o mal,
para que saibas escolher, o caminho mais
correcto, para viveres em alegria.

Ser feliz é um estímulo, que necessita
de alimento, então rodeia-te de boas pessoas,
que te tragam mais-valia e brio,
que tu irás repartir, com os teus amigos.

E em estradas, de verdadeira liberdade,
nascerão os jardins mais belos,
para que deles possas enfim desfrutar,
no que te conhecer, em odes triunfarás.

Jorge Humberto
06/09/11

Canto à Madrugada

No róscido da ilustre madrugada,
despertam as flores primeiras,
abrindo suas corolas para a manhã,
que já se percebe, a horizonte.

Lá onde o mar desmaia, a quem
repara, com olhos limpos de indústrias,
rebrilha o sol, em seus matizes,
mergulhando seu fulgor nas águas.

E pequenos barcos, descansam
solenes, em suas margens, no fluxo e
refluxo das marés, que se avivam,
em resquícios de restos nocturnos.

E a lua, por se mostrar ainda presente,
influi nas águas, uma última vez,
antes de desaparecer e de dar lugar a
uma brisa suave, que se remete

nas árvores, que brilham e rebrilham,
fulgindo, por breves instantes,
suas folhas, que mostrando vão, seu
inverso, de um verde mais escuro.

E as nuvens, lá do seu alto, abrem-se
em brancos caprichosos,
como asas esmorecendo e caindo no mar,
emoldurando o céu de belos azuis.

Jorge Humberto
04/09/11

domingo, 4 de setembro de 2011


É PRECISO O AMOR PARA SOBREVIVERMOS

Interpreto o amor como uma doação,
que determinada pessoa, tem para
com outra, no gesto dado,
de livre vontade, que apenas espera

a aceitação, pela pessoa, que honra
mereceu, da parte de quem a concedeu.
Amar é ver o próximo como seu
semelhante, no repartir de sentimentos.

Não cabe aqui a inveja nem o estigma,
desses dois impostores, que grassam,
quais vermes, quando se lhes dá abertura,
para as suas vis e degradantes

Incoerências, ensimesmadas por um
ego doentio. Assim, devemos ter,
em nossa boca, a verdade, de um coração,
que se preocupa realmente com

os demais, que nos rodeiam, no dia-a-dia.
Uma simples palavra, um cumprimento,
no querer bem, de um bem-querer,
já faz feliz o dia, de alguém, que possa

estar só e necessitado, de um bem comum.
O Homem não foi feito senão para
amar, com todos os seus defeitos e
virtudes, que ele tenta, por tudo, melhorar.

E como somos falhos, porque humanos,
nunca devemos transportar, nossos
erros, para cima dos ombros, de outro
alguém, que, como nós, não é perfeito.

Saber assimilar, o que me parece um
consenso, é sinal de inteligência
e de bons valores morais, que se estão
a perder, nos tempos que correm.

É chegada a altura da necessária mudança!
Sairmos de nossa redoma de cristal,
para que alcancemos a paz preconizada,
pelos homens e mulheres, de boa vontade.

Jorge Humberto
03/09/11




AOS PAIS



Deixai as crianças brincar,
Com espaço para a imaginação,
Que uma criança sabe criar,
Do nada portentoso avião.

De mil ofertas, as quereis saciar,
Que nada lhes falte para satisfação,
Mas de escolha tanta se hão-de fartar,
Pois que o excesso limita a ação.

Quando os pais, por pensar,
Julgam desta, a melhor solução,
Não esqueçam então de cuidar:

Que se não virdes na criança,
Mais que um resignar sem esp’rança,
Essa é a árvore, da vossa pretensão.

Jorge Humberto
(In: Pensamentos Dantes e de Agora)


PORQUE JUNTOS VIVEREMOS UM DIA

Meu amor, lembra-te que de ti
não me esquecerei, e que virá
o dia, em que ficaremos juntos,
desfrutando de nossa velhice.

Das flores veremos a sua beleza,
engalanando jardins enamorados,
que, com nossas mãos, ao chão
deitaremos, as sementes ditosas.

Crescerão as heras, na casa grande,
qual quadro vivo, que se espalha,
ornando e dando às paredes brancas,
o verdor fresco, de tudo o que viça.

Na predileta janela, esperarás
por mim, bordando lindos napperons,
que me farão sonhar tua presença,
na vontade de te ter, junto de mim.

E regressado de minhas andanças,
virás ao meu encontro, braços abertos,
que, de peito com peito, se darão,
à perfeita harmonia, que o amor rege.

E em minhas mãos, uma flor silvestre
te porei no cabelo, enfeitando
teu rosto bonito, no realçar de teus
olhos, de minha eterna perdição.

E pela janela, que aguardando ficavas,
nos sentamos, de mãos dadas,
erigindo palavras, de bem-querer,
e enobrecendo a nossa honrosa virtude.

E nessa constante disposição,
que flameja e alimenta o nosso amor,
eu serei teu e tu serás minha,
pra toda a eternidade, a nós devida.

Jorge Humberto
02/09/11




IMPRECAÇÕES DE UM CONDENADO

IX

Renego o passado e todas as
correntes, que fizeram de mim
um prisioneiro, de minhas
próprias falhas, a mim humanas.

Se mereci ou não, meu país é
testemunha privilegiada de meu
sofrimento, onde braços
e pernas cresceram, numa ânsia

de liberdade, que me foi negada.
Totalmente isolado dos outros,
só os livros envelhecidos me
viviam e me davam algum alento.

Mas logo despertava, desse meu
sonho, quando das botas cardadas,
do vil carrasco, eu sabia-lhes
do passo, no subir das escadas imundas.

Sem privacidade nem honra,
negando-me possíveis movimentos,
obrigavam-me a caminhar,
nas voltas exíguas, dum mísero parque.

Tudo à minha volta eram muros
e arame farpado, onde o sol não cabia,
nas minhas horas tristes,
e na sempre eterna e desmedida solidão.

E deitado em minha enxovia,
por unhas retalhada, viajava mundos,
e uma alegria se me via,
pois ali, cela de aço, era só mais eu.

E isso não me podiam roubar,
nem à força de chicote, de puro couro,
sempre que ousava, regras
não prestar, por minha sana humanidade.

Jorge Humberto
01/09/11


quinta-feira, 1 de setembro de 2011



A ESTRADA


E quando mostras o teu medo,
À razão,
E ela te diz,
Que o não pode conceber,
Bem cedo
Chegas à conclusão,
Que o que te resta
De vida, por viver,
É vivê-la
Sempre em solidão.

Assim,
Careces de ser feliz,
O que à sorte foste buscar.

Que o destino não tem sina,
Senão a estrada
Que tu escolheres, pra caminhar.

Jorge Humberto
(In Saiu a Fera de Mim)


PELO TEU AMOR ME VENCI

Meus olhos, que antes eram rasos
de água, por a vida me ser injusta,
de te ter, assimilaram o sorriso,
que de ti colhi, em forte emoção.

Hoje, e passados mais de trinta anos,
sofrendo os algozes, de minha
imprudência e falta de informação,
dir-me-ei feliz, tendo-te a meu lado.

Pela liberdade me incitaste a voar,
em palavras de apreço e de coragem:
e um novo sol se fez presente,
que eu via refulgido, no teu rosto.

E entrelaçadas as mãos, buscamos,
de cada um, o amor que se nos oferecia,
no aconchego das belas flores,
que do chão aos olhos se enobreceram.

Eterna luz, de minha luz, mais serena,
contigo aprendi a amar de novo,
e a apreciar a beleza das pequenas coisas,
nesta minha curiosidade, de um apego sincero.

E acredito, que na tua humildade,
o que te motivava, era o meu bem-estar,
meu amor, de uma vida inteira:
oh, qual borboleta, tão mais colorida!

Voando por entre buganvílias e orquídeas,
de imensos campos, a perder de vista.

Jorge Humberto
31/08/11