Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

domingo, 29 de maio de 2011


QUANDO TE VEJO SORRIR


Quando te vejo sorrir,
o sol entreve, meus olhos de água.
É tal o encantamento
que eu me julgo possuidor,
de uma chave mágica.

Uma chave ou um arco-íris,
tão colorido, que nos enfeita os dois.
E tua boca molhada e salgada
apetece o beijo,
que em mim se reveste de oiro.

Nesse sorrir a demonstrar
a tua beleza interior e exterior,
é que eu me perco
e deixo, que o mundo pare,
por momentos instantâneos.

Como numa fotografia,
de um jardim cobreado de flores.
E teu cabelo,
descerrando o teu rosto moreno,
antecipa o meu gozo de ter-te.

Caminhas para mim,
rodando a tua saia de carmim.
E eu busco-te com minhas
mãos, suavizadas pelo amor,
que eu te dou, como coisa sagrada.

Teu femíneo corpo
enfeitiça-me os sentidos, improváveis.
E uma chuva desagua
a meus pés, trazendo-me a
frescura dos nossos dias antecipados.

Vem amor, achega-te a mim,
de bem devagarinho, mas sem receio.
Vem para pertinho de
minha pessoa apaixonada
e deixemos que o mundo, nos devore.

Jorge Humberto
29/05/11

sábado, 28 de maio de 2011


AMOR-PERFEITO

Faze um ser duplo de mim
sem segredos e muita emoção.
Com toda a ternura saberei de ti
e o que vai em teu coração.

Faze que eu seja perfeito
e te considere minha mulher,
sem encontrar nenhum defeito,
pois tu não és uma qualquer.

Faze que eu seja ligeiro
no te cumprimentar dia a dia.
Serei livre e altaneiro,
para receber a tua mordomia.

E com toda a emoção
Faze de mim um ser superior,
que não te negue a atenção,
simplesmente no me supor.

Faze de mim homem com amor,
para te levar o melhor de mim.
E, quando vier, o teu alvor,
que eu seja só para ti.

Faze de mim a ternura em pessoa,
aquela que te quer e promete,
o dia que em mi ressoa,
o que só em nós se remete.

Faze de mim um ser altruísta,
conhecedor do aprendizado,
que tu, nada egoísta,
me mostraste com agrado.

E assim Faze de mim um melhor
homem, com todas suas vicissitudes.
Faze de mim um ser maior,
em todas as suas plenitudes.

Jorge Humberto
28/05/11

NA VOZ LIVRE DO POEMA



E é preciso a liberdade é preciso aceitar
É preciso a diferença o amor a amizade
E o compromisso da comunhão é preciso
E é preciso comunicar falar olhos nos olhos
É preciso despir a panóplia do pensamento obscuro
E é preciso o precipício o escuro
Para se alcançar as asas do saber é preciso
Para se compreender para se colher
A seiva fértil da planta o viço da verdade.

E é preciso ser livre é preciso dizer basta
Sentir na pele os olhos da fome na boca do pobre
E é preciso quebrar derrubar muros ignotos
E é preciso a raiva os dentes e o tiro certeiro
Contra o freio do silêncio no focinho da palavra
É preciso dizer Não à vontade submissa e escrava
De demónios e deuses e semideuses mortos
E é preciso expulsar é preciso rasgar
Do corpo do Homem o Humano Fato que o cobre.

É preciso morrer por sobre o cadáver antigo
É preciso a semente é preciso a flor
A água o pólen na asa do colibri
É preciso a rosa que é prosa nascida da terra
E é preciso ainda que tragas nos lábios
O fruto a criança a árvore dos sábios
É preciso a vida agora de repente aqui
De graça cuspindo longe a vil mordaça
Contra o espelho oblíquo do terror.

Jorge Humberto
(In Fotogravuras I)

QUANDO NÃO VIESTE PARA MIM


Meu coração depois da felicidade
vive com o tormento de não te ter
tamanho algoz traz-me infelicidade
de te supor estar-te a perder.

Muitos foram os poemas que te escrevi
enaltecendo-te e agradando-te
mas, ó sina, de ti me perdi
no coração eu vou levando-te.

Deixaste-me só com minhas aflições
sem nem sequer poder dormir
porque todas as minhas ilusões
de mim pela lonjura deixaste-as fugir.

Para longe jogaste meu encantamento
nem quiseste saber se sofria
expuseste-me ao julgamento
de não te poder ver dia após dia.

Hoje não sei que outras sombras virão
quando de mim afastar quiseste
e eu vivo nesta tremenda aflição
pois de mim tu nem sequer soubeste.

Meus beijos perdidos no escuro
minhas ânsias perfeitamente declaradas
vivo a vida neste mundo obscuro
onde abundam um sem fim de sem nadas.

Sempre pensei algures que me buscarias
para sermos um do outro para sempre
mas passaram-se as noites e os dias
contigo desaparecida num repente.

Mas tal não aconteceu e eu me vi a sós
sem emoção nem qualquer alegria
porque o que era para ser chamado de «nós»
deixaste-o cair junto com minha serventia.

Jorge Humberto
27/05/11

POEMA DE ENCANTAR


É tal a minha emoção
ao escrever um poema
que me fica nítida a sensação
com que descrevo um tema.

Falo de flores e de amor
com a mesma ternura
que falo de paz e do alvor
de uma manhã e sua candura.

De crianças a brincar
os meus versos ornam
jogos jogados de encantar
que a elas sempre tornam.

Dos velhinhos a recordar
o seu primeiro beijo
é algo que me faz enamorar
na poesia o desejo.

Pais passeando seus rebentos
nos jardins lá da aldeia
afastam os meus tormentos
e sabe-me melhor a ceia.

E os pássaros no céu a cantar
quando este reluz
é algo de espantar
que a mim muito me seduz.

Os jardins florescem
orquídeas e jasmim
é vê-las como crescem
quando lhes dá o sol assim.

Borboletas a poisar
numa pétala qualquer
só de as imaginar
ponho-me a idear uma mulher.

E assim meu poema finda
com todo o encantamento
como aquela coisa que inda
quer manter o enamoramento.

Jorge Humberto
27/05/11

POR ENTRE LÍRIOS E CRIANÇAS


Lírios, orquídeas, nardos, amores-perfeitos,
é esta parafernália de cores e de olores
que ostentam os jardins, sem estorvo,
e nos trazem os verdadeiros namorados.

As árvores estão revestidas de folhas,
provocando sombras imprevisíveis,
são verdes claras, mais escuras no inverso,
e apaziguam o vento que ficou da borrasca.

Pelas sombras das árvores sobem esquilos,
e as crianças ficam fascinadas, com o que vêem,
correndo para seus pais a contar-lhes
da novidade, daqueles animais tão bonitos.

Sopra uma brisa suave e todos estão alegres,
comendo e bebendo da alcova, plena
de coisas boas, para o apetite voraz das
crianças, sempre cheias de fome de vida.

Pelos caminhos o arvoredo propicia
altos voos, de pássaros de toda a espécie,
e os meninos não cabem em si de satisfeitos,
enquanto desenham o que vão vendo.

São pontinhos e riscos muito coloridos,
desenhando os pais, as aves e o sol no alto,
usando cores garridas para se expressarem,
e desenham lindos jardins floreados.

E as orquídeas e as outras flores parecem
felizes, por estarem a ser o foco de interesse
dos meninos e meninas, que a esta hora
estão mais pintadas que as próprias plantas.

Jorge Humberto
26/05/11

GATO NO MURO

Dia cinzento lá fora, a chuva apossou-se
do tempo incerto, que se faz sentir,
e as pessoas caminham apressadas
para a rotina diária, que os faz tristes.

Mulheres à janela secam as roupas,
numa incerteza de trapos molhados,
enquanto os gatos se passeiam
com olhos de criança, na sua macia infância.

No entanto a chuva não demove os pardais,
de procurarem a sua comida, andando
em duo, como todos os casais o fazem,
pintando um quadro lindo e quotidiano.

A esta hora as flores estão abertas
para receber a água bem-vinda e desejada,
contrariando o clima quente e de verão
que se faz sentir, numa primavera irregular.

Namorados enleados uns nos outros,
percorrem as ruas de sorriso nos lábios,
parecendo contar segredos que só eles sabem
e conhecem, como as palavras de uma bíblia.

No mais nuvens esgarçadas, são farrapos
de panos velhos, que sujam o céu e os olhos
de quem olha para elas, tentando adivinhar,
que roupa hão-de vestir antes de sair à rua.

Para espanto do gato, que se equilibra
no cimo do muro, uma matilha de cães passa
indiferente ao felino, pelo encharcado,
pela chuva miúda que teima em cair.


Jorge Humberto
26/05/11


QUEM SOU EU O POETA


Cinjo-me às minhas limitações
não fujo delas nem de ninguém
é como com as inspirações
ou estão connosco ou com alguém.

Cada um tem seu modo de escrever
não há imitações nem fusões
e tudo o que eu quero saber
é de onde me surgem as restrições.

Muitas vêm de não conhecer
as regras de poesia que não aprendi
mas valho-me do saber
para escrever como até aqui.

Há quem goste e quem não goste
está na sua perfeita razão
mas se alguém comigo aposte
fala a voz da deliciosa emoção.

De tudo escrevo sem limitações
da natureza humana
à animal sem contradições
à flora que com eles irmana.

Sobre o amor com satisfação
me deito a fazer poesias
é a palavra dita do coração
que não precisa de mordomias.

Sobre o povo e suas dores
atrevo-me a exemplificar
de onde surgem seus amores
o que é feito de seu olvidar.

Mas tudo isto parte de mim
do meu pensamento da minha razão
e quando dou por mim
encho-me de satisfação.

Este sou eu que escreve sobre si
de suas ânsias e seu empenhamento
para que quem lê saiba de mim
para meu contentamento.

Jorge Humberto
25/05/11

NOVOS HERÓIS POUCO HUMILDES

Há por aí alguns que guerreiam comigo
para ver quem melhor escreve
eu não deixo de lhe chamar de amigo
mas porque a tanto se atreve?

Cada um escreve o que lhe dita a alma
o pensamento, o coração e a razão
não é nada que se invente está na palma
da mão de cada um escrever sua emoção.

Muitos jactantes dizem-se de inspiração
à flor da pele, que fazem poemas a dormir
que não caiam na torpe situação
de que os neurónios fazem ao parir.

Antes ainda falavam de meus poemas
agora que se vêem semi afamados
outros são seus torpes esquemas
para serem lidos e aclamados.

Eu não preciso disso, tenho meu percurso
amigos que me lêem fazem anos
e chegam a mim sem serem intrusos
mas como companheiros, verdadeiros decanos.

Eu escrevo sobre tudo, não uso regras
porque não as conheço nem estudei
mas sei falar às solitárias pedras
com tudo o bem pouco que sei.

Já tive mil honrarias e hoje ainda as tenho
fruto de meu trabalho e de meu labor
as palavras que deito não as retenho
pois são feitas com muito amor.

Agora que se vêem aplaudidos e com fama
sendo requisitados para tudo que é lugar
desejo que aquilo que o poeta clama
seja aqui e para sempre o seu despertar.

Jorge Humberto
25/05/11



VOLTEMOS A SER O QUE SEMPRE FOMOS

De mim tirei, para te dar a ti,
deixei de fazer coisas aprazíveis,
e tu continuas igual, assim
como às tuas coisas irredutíveis.

Minha sina, ai amor, é ser teu,
que teu ser me deslumbra,
e eu não sei que faça de meu,
para não te ter na penumbra.

É em ti que sou, cativo e preso,
à tua beleza e à tua palavra,
que não mantém candeeiro aceso,
apenas e só por tua lavra.

Dou-te o que tenho e não tenho,
de minha humildade apaixonada,
em mim próprio eu retenho,
o que penso de nossa vida fadada.

Queres-te sozinha e sem pudores,
que minha vida não chega a tanto,
o que ouço são só rumores,
e em casa grassa o vil pranto.

Escrevo-te com muita delicadeza,
tentando chamar-te à atenção,
mas essa tua irreversível certeza,
faz-me sangrar o meu coração.

Volta, não me deixes tu agora,
que eu te esperarei irredutível,
como quem te namora
e de todas as maneiras é exequível.

Vem, dá-me essa certa alegria,
que em nós nasceu vistosa,
vamos ser o que fomos um dia,
uma semente ou uma rosa.

Jorge Humberto
24/05/11

PARA E PELO POVO


Levarei minha voz aos quatro ventos,
serei a palavra dos que não a têm,
o orgulho de representar os sem alento:
não deixarei de parte ninguém.

Contra fortes ventanias e calamidades,
o travo do patrão, que nega o melhor,
contra todas as infames falsidades,
que faz com que o mundo seja pior,

Minha voz levantarei contra tudo,
que se oponha à liberdade vigente.
Nas ruas, nas estradas, pelo mundo,
serei das pessoas, a sua leal gente.

Contra o focinho da palavra, de encontro
o que nos é mais querido e almejado,
prestável serei e hei-de estar pronto,
como tudo aquilo que por nós é desejado.

Contra arrivistas e falsos moralistas,
meu punho erguerei, bramindo no ar.
Serei as mãos que não calam dos ativistas,
arriscando suas vidas a se ultrapassar.

Por cunho pessoal serei a liberdade
dos sem terra, que não têm nada.
Serei partindo de mim a celeridade,
contra a fome, que morre esfomeada.

A favor dos pobres, dos velhos e das crianças;
das jovens mães que deram à luz;
os filhos que são as nossas esperanças,
serei tudo o que no mundo reluz.

E quando o tirano fugir para o estrangeiro,
julgando-se a salvo de suas inquietações,
darei então caça ao vil flibusteiro,
com a força e a vontade de muitos corações.

Jorge Humberto
24/05/11

MULHER DE MINHA VIDA


Muitas vezes me pergunto pela minha sorte
por ter-te conhecido faz anos além
eu que estava às portas da vil morte
retrocedi e me entreguei como mais ninguém.

Mulher influente tu fostes entretanto
dando-me todo o teu amor e simpatia
meu foi o meu requisitado espanto
por ter recuperado um novíssimo dia.

Muitos conselhos recebi eu de ti
sempre de forma humilde a mim se dirigindo
sem ti não saberia eu mais de mim
viveria minha vida me afligindo.

Mas tua sabedoria e humildade
deixaram-me contente comigo
já não havia mais espaço para a vacuidade
eu que só querida estar contigo.

Tu eras o oposto de tudo que aprendera na rua
sensata, serena com ideias delineadas
e nunca em ti tua voz na minha amua
eu era o destino que tu me aconselhavas.

E eu segui-te complacentemente
ouvindo o que tu tinhas para me dizer
e nunca em mim me mostrei indiferente
ao que tinhas escolhido por nós fazer.

Amei-te como já havia me esquecido
procurei em mim os meus sentimentos
e quando me senti deveras perdido
tive de ti todos os teus consentimentos.

E foi assim que nasceu um novo homem
contigo por perto me influenciando
que todas as coisas que nos consomem
tarde ou cedo em mim vão se desenvencilhando.

Jorge Humberto
23/05/11

TRÊS DÉCADAS DE LUTA


Tantas vitórias, tantas conquistas
que em minha vida consegui
contra bandidos e despesistas
até que a negação compreendi.

Negar o que estava mal e sem Razão
contrário à ilusão que se sobrepunha
e me fazia cego e sem emoção
ao que a vida saudável me propunha.

Um dia acordei com o condão de viver
sofri dores atrozes e degenerativas
mas mantive a minha luta ante o morrer
que se sobrelevava apelativa.

Minha casa foi então meu refúgio diário
as roupas da cama trocadas de hora a hora
que o suor extravasava meu fadário
mas resisti a tudo sem mais demora.

Um dia acordei e não estava mais doente
o sol brilhava com todo o seu fulgor
e minhas novas mãos emergentes
agarraram o ar cheio de um novo amor.

Tinha vencido o vício com a minha força
sem ter remédios nem medicina
todo aquele que em verdade se esforça
verá novas cores entrando na retina.

Comecei a escrever coisas bonitas de se ler
não mais ausente de mim doravante
e as pessoas ouviam de bom parecer
as linhas com que cosi minha agravante.

Até que num dia aprazível sai à rua
e todos me sorriram e me aplaudiram
pela minha diligência que caminhava nua
sem nada a esconder – assim me viram.

Jorge Humberto
23/05/11

domingo, 22 de maio de 2011


SE UM DIA PERDER TEU AMOR


Se um dia perder teu amor que tenha tua amizade
e que ela seja pura e dignificante para sempre
que haja cuidado no trato e muita solidariedade
e que nada seja feito apenas e só num repente.

Que sejamos os melhores amigos deste mundo
que nos amparemos um ao outro e nos escutemos
e quando o silêncio for um silêncio de fundo
respeitemos o espaço de cada um e assim seremos.

Seremos um só desejo num único e mesmo sentido
o de estarmos bem com a vida e com o que nos rodeia
que nunca por nunca um de nós se sinta então perdido
que a verdadeira afeição seja como o linho que enleia.

Que saibamos de cor os nossos mais íntimos segredos
e que respeitemos essa dádiva de boas relações
e quando vierem as noites e seus tenebrosos medos
baseemo-nos a ambos pelo instinto de nossos corações.

E que passemos a vida a sorrir de nós mesmos
como duas crianças a quem lhes fosse dado um jogo
e quisessem repartir de bom grado com os amigos a esmo
essa ventura sem ostentação que queima feito fogo.

E assim nas calhas do mundo a predizer o futuro
sejamos pois no presente as pessoas mais felizes aqui
que não nos cerquem erguendo desumano muro
porque nós já fomos a bem-aventurança num dia assim.

Jorge Humberto
22/05/11

HONRAR A TERRA TRABALHADA


… E vamos na vida sem saber
o que ela nos reserva entretanto
muito temos nós aqui que colher
mesmo quando da terra vem o pranto.

A humildade é a madrinha de todos nós
sabermos semear para depois amanhar
nunca a vida nos deixa sós
e os frutos soltos iremos apanhar.

O trabalho compensa o esforço
quando este nos pertence e é nosso
sem haver de patrões o alvoroço
a criar-nos na vida um enorme fosso.

A terra é de quem a trabalhar
este é o apanágio que nos deve reger
quem com suas mãos cooperar
muitos anos de vida tem para viver.

A generosidade deve ser plena
entregarmo-nos à labuta diariamente
só assim dos outros não virá a pena
que nos dê pejo completamente.

Arraigados deitaremos ao chão a raiz
por vezes trabalhando dia e noite
traçaremos na terra a pau de giz
a seara ceifada como num açoite.

Rostos queimados pela luz solar
secam o suor com as costas da mão
bebem da água que os faz amenizar
e dizer sim ao cansado coração.

E sol nado e sol morto é deposto
com todos a voltar para casa
à procura de um belo encosto
para ver comodamente quem passa.

Jorge Humberto
21/05/11

ANJOS NA NOITE


Numa vil incoerência e demagogia
vêm acusar os sem casa de mandriões
dizem que trabalhar ninguém queria
que são mal fadados e sem corações.

Quem com dois dedos de testa
pode fazer abuso de quem nada tem
dizer que gente desta não presta
que são abusadores de alguém?

Mendigos dobrados pelo meio
sem casa nem tecto que se socorrer
dormem na rua com o algoz do peio
e lhes esventrar a carne a arder.

O estado e o governo não querem saber
pois seus olhos desviam-se da verdade
e no frio chão jaz a fenecer
mais um que da vida perdeu a vontade.

Não têm pensões são apenas números
que não contam para os censos
em cada estrada em cada canto inúmeros
são os casos de não senso.

Os governantes não falam deles
têm-nos por escória desprezível
vagabundo que és só peles
há quem te cuide na noite aprazível.

São eles os chamados anjos da noite
que distribuem café comida e cobertas
no estômago vazio a refeição é açoite
que satisfaz por momentos as chagas abertas.

O nómada repara em tudo isto com um riso
sabe que depois desta refeição acabou
e que tem de esperar nova noite com siso
ao relento e à chuva que não amainou.

Mas vir dizer mal em versos a estas pessoas
é poetaço de mal com a vida
pois não chega a ser poeta o que ecoa
da estúpida pena que lhes é indevida.

Jorge Humberto
21/05/11


MINHA AMADA ADORADA


Meu bem-querer meu querer-te bem
são para ti estes versos naturais
espero que os possas guarda-los além
nas asas em voo de simples pardais.

Por ti eu me transformo e me esmero
em mais do que sou e não sou
e é por ti que eu sempre espero
porque sou eu que sempre lá estou.

Odes escreverei para o meu amor
hossanas gritarei para que todos as escutem
neste poema que da manhã roubou o alvor
que de ouvirdes e de ler as perscrutem.

Meu amor mais bonito nesta Terra
aceita os meus refrãos sem desdita
subirei ao cume de uma serra
por seres aquela que me é predita.

E no eco que ecoar será o teu nome
a ir pelas florestas adentro
repercutindo o teu sobrenome
que eu calo de calar por mim dentro.

De tanta emoção não quero acordar
tens o teu rosto à janela
e se eu estiver para despertar
corre a abrir ao sol a bambinela.

E daremos os bons dias um ao outro
com a leveza de nossos seres
a manhã pode morar noutro
mas nós é que temos os pareceres.

Nunca eu de ti me desviarei um centímetro
és a minha musa e minha amada
conheço o teu corpo ao milímetro
vem para seres a minha adorada.

Jorge Humberto
20/05/11

TEMPO A DESTEMPO

Pode-se definir o tempo pelo tempo
que ele nos toma, andamos a reboque
do relógio, que é o nosso desalento
por nos levar a pedra de toque.

Não há tempo para o tempo, nos consome,
e nos leva os melhores momentos…
há o tempo de nos sujeitarmos à fome,
quando da vida não vem o alento.

O tempo é fugaz e ardiloso por demais,
quando pensamos que o controlamos
logo ele nos sujeita ao desagravo, mais
ao destempo, com que nos esbarramos.

Tempo de trabalho de empregos miseráveis…
o povo iletrado cava sua sepultura…
há os que vivem de maneiras estáveis,
sujeitando-se ao tempo como uma cultura.

Já nem há tempo para morrer condignamente –
tudo está preparado em poucas horas –
e levam-nos à terra indecentemente:
isto é aquilo por que tu cobras.

Tempo para viver olhando o cunhal,
com medo de ser interceptados pelo patrão,
que tem mais tempo do que é normal,
por não se sujeitar à extrema condição.

Tempo para namorar, tempo para casar,
levamos a vida à pressa, olvidando-nos
de nós, e, passamos os dias a perguntar,
se a enganar-nos não andamos.

Tempo Universal, tempo terrestre,
meu amor, não colhas do tempo o vento,
que para o simples pedestre,
torna-se num grande aluviamento.

Jorge Humberto
20/05/11

O AMOR DOS SÁBIOS


Olhos nos olhos, lábios nos lábios
é esta a certeza donde tudo provém
já diziam os velhos sábios
amor fica com o que lhe convém.

E há-de convir que o amor sabe bem
o que é melhor para si
não o deve a nada nem a ninguém
quero-o todinho para mim.

Para mim e para ti, sejamos justos
pois um novelo tem duas pontas
mas na Terra dos injustos
não se fazem dessas contas.

Temos de ser um para o outro
termos a mesma emoção e ambição
que quando o amor é morto
sofre demais o pobre coração.

E arrepiarmos caminho de bem-querer
sujeitando-nos à evidência
pois aqui tudo tem seu saber
onde não cabe a coincidência.

E aí somos felizes como não há
tudo caminha a passo certo
é só firmarmos o que já lá está
deixando o coração aberto.

Jorge Humberto
19/05/11


CALCORREANDO ESTRADAS


Meu amor mais do que evidente
não tem chavão nem algoz
é nascido e perpetuado pela gente
que faz com que amantes sejamos nós.

Meu amor tão clarividente
insiste no ser e no ter-se amado
assim como uma manhã puramente
doada ao dia que nos está fadado.

Meu amor é supremo e real
como este não tem outro parecido
é como um amor abismal
que pelo calcanhar tenha sido fendido.

Meu amor tão concreto e finalizado
no que tem de seu de mim e de ti
há muito está concretizado
assim as flores reais num jardim.

Meu amor tão iludido como emocionado
vai daqui para acolá no seu destino
vive de viver não acorrentado
livre com um pássaro pequenino.

Meu amor é puro de emoção
não vive escravizado por ordem de senhores
anda pelas estradas do coração
calcorreando caminhos e alguns amores.

Jorge Humberto
19/05/11

quarta-feira, 18 de maio de 2011


SE TE PENSO NO ALVOR

Se te penso me venço
sou a pessoa escolhida
se me penso me pertenço
e dou graças à vida.

Sou de ti mais ninguém
e assim sou feliz
houvera outro alguém
feliz não seria quem quis.

Dou por mim a lembrar-te
a recordar nossos tempos
este que aqui diz amar-te
não tem mais lamentos.

Teu sorriso me serena
teu encanto me exalta
e eu vou sem nenhuma pena
dar-te o que te falta.

De mãos dadas andaremos
abraçados a nós
e mundos conquistaremos
nunca estaremos sós.

Somos almas avindas
que têm o mesmo pretexto
não há palavras desavindas
no nosso contexto.

Quem desta água bebeu
refrescou-se a si mesmo
a nossa pureza enalteceu
di-lo tu assim a esmo.

Meu amor me enobreces
por ti tudo posso
és em mim o que careces
e eu em ti o que é nosso.

Estes versos que te deixo
fi-los com muito amor
em ti sou e não me queixo
somos o verdadeiro alvor.

Jorge Humberto
18/05/11

CARTAS DE AMOR


Olho-te nos olhos de repente
tu retribuis-me o olhar
e somos uma pequena semente
há espera de germinar.

Meu amor não tem condições
para ser e se expressar
exprime-se a ambos os corações
no mesmo linguajar.

Tens madeixas no teu cabelo
os lábios cor de carmesim
de manhã tens um novelo
de tão enrolado não tem fim.

Levemente passeio no teu rosto
conheço todos os traços
e cheiras a breve mosto
quando cais nos meus braços.

Sorriso franco de menina
deixa-me deveras extasiado
és como uma concubina
que dorme serena a meu lado.

Quando falas é como se cantasses
rouxinol no beiral da janela
cantas tanto como se amasses
quem espreitasse por ela.

Teu puro silêncio de oiro
é por mim guardado com respeito
nas searas o milho é loiro
e está há espera do seu pleito.

No rio que corre para a foz
levas as tuas cartas de amor
nunca estarás a sós
enquanto as souberes de cor.

Jorge Humberto
18/05/11

A QUEM LÊ MEUS POEMAS


Quero que meus poemas quando lidos
sejam aprendizado para os demais
por eles os conhecimentos tidos
por mim os pontos fulcrais.

Em cada palavra a medida certa
para levar o enlevo às pessoas
e quanto mais o poema aperta
mais se devem cantar às loas.

Seja poema de amor ou de reflexão
a todos a minha experiência
não leiam somente com o coração
deixem que o pensamento tenha ciência.

Não só de emoção o verso é feito
a do poeta e a do leitor
da alma translúcida ele leva jeito
e poderá aí encontrar-se muito amor.

O amor que tento passar a todos vós
os que me ledes com honraria
e se um dia vos encontrardes sós
façam por ler a minha poesia.

Todos os meus amigos
estão incluídos nos meus poemas
não se sintam excluídos
que eu componho o rito dos fonemas.

Se chegardes a casa cansados
logo um poesia vem à mão
não a leiam apressados
que a pressa é a mãe da sem razão.

Meus versos assim abrangentes
chegam a vossa casa com tranquilidade
partindo de mim são de toda a gente
com minha generosa humildade.

Que a minha poesia seja altruísmo
levado a cada um de vós
que nela contenha muito humanismo
para que juntos sejamos «nós».

Jorge Humberto
16/05/11

PRINCESA ENCANTADA


Meu amor é o mais bonito
ao cimo deste mundo
e é por ela que eu grito
quando me encontro infecundo.

Sem saber o que fazer
perdido pelo cansaço
sem uma linha que escrever
para meu embaraço.

Ela é que me estimula a andar
a ultrapassar obstáculos
e é ainda ela que me faz cantar
quando preso a tentáculos.

Meu amor tem fé em mim
acredita num Deus maior
que fez as flores o jardim
onde descanso o meu melhor.

Nunca me deixa só em prantos
por não a ver entretanto
e eu e ela somos tantos
que enchemos a Terra de encanto.

Meu amor tão bonito
tem a beleza na palavra
e quando me vejo aflito
colho o que é de colher de sua lavra.

Não há mulher como ela
sempre solicita e atenta
que tudo o que é dela
a ninguém aqui inventa.

Homem de Sorte eu sou
por a ter a meu lado
coisa que nunca olvidou
em tudo o que me é dado.

Minha princesa maravilhada
por tudo o que a rodeia
vives a vida encantada
com tudo o que te permeia.

Jorge Humberto
16/05/11

AQUILO QUE NOS SEPARA

Meu desejo és simplesmente tu
não há como reparar isto
num movimento perpétuo
que se assuma o risco.

Sem ti sou nada casca de noz
ando ao acaso sem me saber
sejamos somente nós
para não deitar nada a perder.

Minha emoção é irrevogável
jamais voltará para trás
porque é de todo inalienável
que assim seja e satisfaz.

Preciso do teu amor agora
quando os dias são iguais
sem ter pressa nem demora
seremos um do outro ademais.

Atravessemos esse mar imenso
que nos divide e separa
e tenhamos do amor intenso
aquilo que ele nos prepara.

De sorriso no nosso rosto
ao mundo do que somos capaz
espalharemos o doce mosto
aqui nasce e aqui perfaz.

E assim nas cordas do amor
o relógio bate e não cala
sejamos com todo o fervor
aquilo que o tempo nos fala.

Jorge Humberto
15/05/11

DIVAGANDO SOBRE O AMOR


Tudo o que eu sei é que o amor é imprescindível
que amarmos os outros como a nós é a base
e que para tornarmos isso exequível
não pode ser apenas e somente uma fase.

Tem de ter prolongamento e durar infalivelmente
sem preconceitos nem estigmas fatais
que façam com que pé ante pé gradualmente
nos afastemos progressivamente dos demais.

A atenção ao semelhante deve ser perdurável
assim como o carinho o cuidado e a razoabilidade
não devemos pensar que tudo é durável
se não fazemos para que isso se torne uma habilidade.

A habilidade de mantermos uma relação de anos
sempre com as mesmas pessoas ou entrando noviços
que nos farão que sintamos os ganhos
por ouvir da boca dos outros das flores o viço.

O amor tem de ser transparente e flexível
não pode ser de meias verdades nem de acasos
porque se assim fora torna-se irascível
com cada um a cuidar de sua ira e a fomentar casos.

É que o amor é pureza de espírito e altruísmo
é um bem-querer querer bem a todo o instante
que o diga em boa verdade (quem crê) o Altíssimo
por hoje e sempre e para todo o doravante.

Quem julga que já conquistou só com um sorriso
as pessoas à sua volta está muito enganado
o sorriso é necessário mas deve perdurar com siso
senão é como um cão que anda tresmalhado.

Não é fácil mas também não é difícil este trabalho
basta que doemos de nós aos demais
deve haver chamados de atenção nunca ralho
para que nunca nunca nos afastemos jamais.

Jorge Humberto
15/05/11

EIS O TEU DIA



No dia em que, ao teu despertar,
Venha um sol, de novo amanhecido,
Não te convenças que é por ti,
Que ele te é devido,
Como não duvides de sua existência,
E assim no raiar de outro brilho,
Despe-te da tua incomoda aparência,
Olha-te ao espelho e sorri.

No que julgares para os teus demais,
Não mostres enfado, nem exageres de teu,
Que o que por ti for mostrado,
Ao outro esquecerá jamais,
Que é dele o que foi teu
E em ti permaneceu.

Assim como, se, chegando a ti,
Alguém houver que diga que sim,
Saibas tu, da mesma forma, dizer que não,
Com a virtude e o fervor com que te mostraram a ti,
O que agora em contraposição,
Dizes-lhe tu, de tua disposição.

É que quer à mentira, quer à outra,
Húmus da palavra,
Por tua verdade e teu nome,
A ambas vem igual prumo na ponta,
Assim tu em cada safra,
Não abdiques nunca de uma, em favor da outra,
Como de saber-lhes das duas a fome.


Jorge Humberto
(07/01/2004)







NÃO ME DEIXES AGORA


Minha alegria minha emoção
é saber-te minha para a vida
sobe-me à boca o coração
quando tens de ir de partida.

Nesse momento fico-me a sós
co minhas angustias minha solidão
e eu pergunto-me por nós
na sala vazia da desilusão.

Não quero perder-te por um segundo
dar-te meus carinhos acentuados
por uma devoção de um mundo
tão nosso e perpetuado.

Quando chegas eu respiro fundo
vejo-te acercar e no rosto o sorriso
e eu fico filosófico e profundo
como tudo o que em nós é preciso.

Logo nos abraçamos apertadinhos
peito com peito a colmatar
os tradicionais pergaminhos
que nos fazem de nós duvidar.

O beijo ansiado não se faz esperar
depois de longo ensejo
em que por ti tive de aguardar
até alcançar meu desejo.

Não me deixes agora preciso de ti
não te deixes abater jamais
e eu dar-te-ei tudo que nasce de mim
mesmo que pareça demais.

Demais é pouco o que te dou
meu coração não tem contradição
e o sino da torre repicou
cá dentro de meu coração.

Festejemos o estarmos juntos
mão na mão lado a lado
o que para nós é em conjunto
também o é em extremo legado.

Jorge Humberto
14/05/11

MESMO QUE QUEIRAM MUDAR NOSSO AMOR


Mesmo que a vida mude nossos sentidos
nos devolva os sonhos e a ilusão
mesmo que pareçamos perdidos
fica-nos a embalar o emocionado coração.

Mesmo que o mundo troque a nossa razão
nos desvie do caminho havido
mesmo que sejamos só a emoção
de um dever aqui já cumprido;

Mesmo que a alma nos faça atraiçoar
os nossos sentimentos mais profundos
mesmo que isso nos possa abalar
e nos atire para degredos imundos;

Mesmo que a solidão se aproxime de nós
nos domine e converta-se em terror
mesmo que juntos nos encontremos sós
e queiram modificar o nosso amor;

Mesmo que as palavras sejam de atraiçoar
pela boca dos que queremos bem
mesmo que queiram nos dominar
pela força exclusiva de alguém;

Mesmo que o verso seja o inverso
do que muito queremos para nós os dois
mesmo que da medalha venha o reverso
e nos faça pensar para depois;

Mesmo que o coração se doa a valer
e não encontremos o caminho de volta
mesmo que isto signifique nos perder
teremos ainda a nossa revolta.

Jorge Humberto
14/05/11

CAMINHO CAMINHOS SEM VOLTA

Caminho caminhos sem volta,
não sei de mim, quem eu sou,
não encontro nenhuma porta,
para descobrir ao que vou.

Noites e dias são-me iguais,
no seu parecer no seu contido.
E as vidas são tão desiguais,
que eu me sinto aqui perdido.

Eu costumava mudar o mundo,
de pés assentes na Terra ágil,
mas agora, tudo, tudo é imundo,
e eu que sinto-me tão frágil.

Pedintes que na rua falam
pedem-me benesses e ajuda;
conquanto eles logo calam:
cai uma chuva bem miúda.

Tal como eles não sei de mim,
ando pela cidade esquecido.
E esta vida foge-me assim,
comigo sem ter um abrigo.

Nas minhas noites escuras
procuro em vão quem sou,
absinto de maçãs maduras,
garrafa, que logo esvaziou.

Acendo o cigarro e o fumo
- o cinzeiro está apagado -,
vou na vida sem ter prumo,
sinto-me aqui esgotado.

Vem amor me socorrer,
não aguento mais o desafio.
Vem; antes de me perder,
estou na beira de um fio.

Só teu amor me descansa
a tua presença me contém,
vem, amor meu, vem,
e, sejamos, mais além.

Jorge Humberto
13/05/11

serás


Serás a mãe de meus filhos
que serão bem cuidados e amados
serás quando perdido nos trilhos
o caminho para meus passos apressados.

Serás a minha eterna companheira
aquela que sempre estará junto de mim
serás a minha dedicada parceira
erguendo no ar o mais puro jardim.

Serás a amante de minhas noites acordadas
quem se despe para mim
serás tu que no cabelo adornadas
trarás as flores do jasmim.

Serás a confidente que me escuta
quando a voz teima em calar
serás a mulher de todas a mais astuta
por perceber o meu silenciar.

Serás a rainha do meu reino popular
a princesa que acalenta os pobres
serás a plebeia singular
ofertando seus gestos mais nobres.

Serás a mulher de meu ensejo
dos meus dias mais inquietos
serás o meu incomensurável desejo
quando os sóis estiverem quietos.

E serás a esposa que eu respeitarei
até ao fim de meus dias
serás a minha promessa que precisarei
quando de mim tu já sabias.

E assim serás para toda a eternidade
aquela que comigo está
mesmo quando vem a saudade
por aquilo que a ninguém caberá.

Jorge Humberto
13/05/11

PRIMAVERA DE AMOR


Neste lindo dia de primavera
onde o sol raia bom luzir
há flores de aloé vera
para a beleza repercutir.

Quando vejo teu sorriso me deleito
e o céu fica ainda mais claro
e é na tua sombra que me deito
por ti eu não paro.

Levo-te flores para ofertar-te
tiro uma e ponho-te no cabelo
refulge tanto ao dar-te
que tuas tranças parecem um novelo.

Sorris igual a uma criança
que lhe tivessem dado um brinquedo
e em mim tudo se afiança
por te ver sem receios nem medo.

Nunca a Sorte quis nada comigo
mas quando tu vieste
eu logo me converti contigo
ao que era teu e tu me deste.

E passeamos muito de mãos dadas
junto ao mar de outrora
onde as ondas são escarpadas
brincamos pelo dia afora.

E o beijo tão esperado acontece
quando menos se espera
é a doçura que aqui enternece
não há coincidência mera.

E de volta a casa o riso é franco
com saudades do dia de amanhã
onde nos divertiremos tanto
como o marulhar das ondas da manhã.

Jorge Humberto
12/05/11

TUA SANTIDADE

Entre as mulheres és perfeita
deusa de meu templo sagrado
nunca eu te vi contrafeita
e isso pode ser aqui jurado.

Quem te conhece sabe bem
o teu carácter tua personalidade
e nunca tu olhas a quem
para receber tua generosidade.

Ergo meu pendão à tua pessoa
bandeira em riste para te homenagear
tudo o que tu és em mim ressoa
só em ti eu quero estar.

Só em ti eu quero estar
para te enobrecer justamente
os teus gestos comprovar
que és uma pessoa inocente.

Inocência de pureza de espírito
dom de a todos congregar
pois só em ti acredito
que a vida dos outros possas honrar.

E é tal a emoção estar a teu lado
que por santa eu te nomearei
toma as minhas mãos a teu cuidado
que eu jamais renegarei.

Converto-me à tua santidade
serei somente benesses
pois para todos tu és igualdade
na rua no trabalho nas messes.

Eu sou apenas o teu instrumento
com que bem fazes ao coadjuvar
e não necessito de esclarecimento
para aqui te ajuramentar.

E em carne suor e sangue bendito
somos dois simples amantes
porque o amor nunca é maldito
seremos dos outros os comprovantes.

Jorge Humberto
12/05/11

quarta-feira, 11 de maio de 2011


ACHEGA-TE À MINHA BEIRA


Minha vida minha felicidade nua
és tudo o que sempre procurei
raiam-te os olhos de lua
e o mais que entanto saberei.

Sem ti sou nada não me pertenço
só contigo me sinto elevado
e a mim próprio me venço
por ser o teu namorado.

Minha deusa aqui na Terra
meu fascínio meu pudor
subirei ao cimo de uma serra
para gritar todo o meu amor.

E o grito ecoará pela floresta
avisando todos de meu clamor
aqui é e aqui atesta
o que sou para ti com ardor.

Nos meus silêncios abruptos
quando contigo não estou
tornam-se em dias ininterruptos
como a brisa que se escapou.

Mas logo tu vens para mim
sorriso largo no semblante
que o que eu sou para ti
é ser-te na espera elegante.

E assim amo-te sobremaneira
cortês e muito distinto
vem achega-te à minha beira
com o coração nada contrito.

Jorge Humberto
11/05/11

POR MINHA HONRA


Neste mundo que me vive dou-te tudo
o que tenho e o que não tenho
e aqui calado e mudo
mostro-te do semblante o cenho.

Minhas riquezas que são poucas
serão tuas por minha vontade
que as palavras não são roucas
tão pouco a minha verdade.

Não é ouro nem éreo o que te dou
nem prata que roubasse à lua
mas dou-te tudo aquilo que eu sou
por mando meu e graça tua.

O que te dou é a minha humildade
e a minha consciência afectiva
conquanto dou-te minha individualidade
meu dom e minha influência viva.

A paixão que me move e te contempla
será tua por minha honra
e tudo aquilo que te sustenta
em mim ver-se-á e não desonra.

Jorge Humberto
11/05/11

MINHA DOCE E BELA NAMORADA

Minha doce e bela namorada
anseio de meus desejos
sem ti eu sou nada
argênteo de meus almejos.

És o meu caminho se perdido
meu chão seguro meu altar
e nunca me sinto indevido
por todo o amor que me sóis amar.

Teu rosto sereno e tranquilo
deixa-me confiado
e eu sou isto e sou aquilo
nunca me deixas confinado.

Liberdade me dás mãos abertas
e eu sou livre como ninguém
só tu em mim despertas
o que não é de mais alguém.

Minha preciosidade em pessoa
deslumbramento comum
és em mim tudo o que ressoa
o que não cabe a mais nenhum.

Tamanha é a paixão que te tenho
feliz eu sou em ter-te
quando contigo sei ao que venho
e fico emocionado por saber-te.

Linda tu és beleza sem par
e nos teus olhos um sorriso
que sempre me faz animar
quando mais dele eu preciso.

Vens para mim para me abraçar
num abraço bem apertado
e eu deixo-me levar
peito com peito aconchegado.

Jorge Humberto
10/05/11

MINHA LEMBRANÇA DE TI MINHA LIBERDADE

Minha lembrança de ti é de liberdade
liberdade de expressão
dos mais nobres sentimentos a verdade
acima de tudo exaltando o coração.

Nunca precisando de mentir
que a mentira é impura e maldita
meus versos fizeste parir
sem nunca levar com eles a desdita.

Enobreci por meio de teus gestos puros
me engrandeci pelas tuas palavras
socorremo-nos dos impuros
pela semente boa que na terra lavras.

Tua inteligência e sensibilidade arguta
por todos aqui é reconhecida
sempre pronta mulher de luta
a ninguém te fazes esquecida.

Quis a Sorte que de ti viesse paixão
um amor de plantar jardins
que contigo sempre vivi emoção
maior que as flores e as farsas dos arlequins.

Perdidamente apaixonado
entreguei-te de mão dada meu amor
fizeste de mim o que hoje é o meu legado
ser solidário em todo o seu esplendor.

Tudo te devo ó bela senhora
eu que era meio ordinário como uma pedra
não porque fosse maldoso nem de penhora
mas meus feitos só gente como tu medra.

Minha poesia cresceu e se galvanizou
musa tu és e eu cresci como poeta
o que é de ti nunca ninguém te tirou
e eu fui o vate que estilhaçou a espoleta.

Lias minhas poesias com grande alegria
eras a primeira a fazê-lo
e deste-me de ti toda a sabedoria
para continuar do poema a mantê-lo.

Jorge Humberto
10/05/11

JARDINS DE AMOR

Vens para mim de rosto franco e aberto
toda tu és magia e regalo para os olhos
e eu que de mim mesmo desperto
trago-te miles de flores aos molhos.

Tu agradeces com um sorriso sincero
embevecida com as hastes verdejantes
e eu de ti apenas anseio e espero
que sejamos sempre amantes.

Ponho-te uma flor no cabelo dependurada
para enfeitar-te de pura certeza
por mim estás mais do que acostumada
a ver realçada a tua mais genuína beleza.

Não há jardim mais bonito que o teu
quando o amanhas plena de emoção
e eu cuido de cuidar bem do meu
com toda a envolvente do coração.

E quando as flores estão formosas
fazemos sobressair o nosso esforço
nunca vi rosas brancas mais airosas
que as do teu jardim parecendo um esboço.

E ao deixarmos as plantas de adorno
mão na mão decidimo-nos a passear
só para nós há justo retorno
para este sentimento chamado amar.

Jorge Humberto
09/05/11

TUDO O QUE ESCREVO É PARA TI

Tudo o que escrevo faço-o para ti
meus versos estão impregnados de amor
minha alma acolhe-te assim
com toda a grandeza e o seu fervor.

Para ti são meus poemas sem fim
poesias de encantar à tua pessoa
não sei se me mereces a mim
mas o que tu és em mim ressoa.

Sou um duplo ser contigo a meu lado
o que ama e respeita quem és
e eu vejo-me trespassado
pela tua beleza de lés a lés.

Mulher formosa de meus dias
cativante nessa tua perfeição
porque não me dizes o que vias
quando espreitavas o meu coração.

Decerto estaria salpicado de emoção
por ter-me aqui junto de ti
que estranha é a sensação
quando estás longe de mim.

Nos nossos silêncios por vezes choras
tua sensibilidade te atraiçoa
mas sabendo eu onde tu moras
faz-me enlevar-te em eterna Loa.

E nunca te deixo sozinha desamparada
e respeito a tua inquietude
o que tu careces é ser abraçada
como quando era na nossa juventude.

Jorge Humberto
08/05/11

E serei aquele que volverá sempre
por entre veredas e giestas
que de ti nunca está ausente
mesmo que estalem na aldeia as festas.

Pois só em ti eu me revejo
olhos nos olhos a perderem-se de vista
e tudo aquilo que prevejo
é o que aqui entre nós não dista.

Murmúrios na noite distante
lembram o quão é distinto
amarmo-nos aqui doravante
o que no passado foi instinto.

Muitos caminhos percorremos até aqui
obstáculos ultrapassamos
mas eu só quero é saber de ti
e nunca nos queixamos.

Sempre recta e humildemente
mostraste que o amor era possível
apesar da distância aparente
há em nós um momento apetecível.

E é nesse momento que nos amamos
trocamos confidências e segredos
e tudo eis que sublevamos
temores receios e medos.

E num beijo demorado ao luar
abraçados nesse nosso respeito
pergunto-te se me queres enamorar
o que tu sorris ofegando o peito.

É que há sempre uma renovação
a ser lembrada diariamente
que em cada um de nós há uma emoção
a ser dirimida presentemente.

Jorge Humberto
07/05/11

ESTE AMOR QUE ME DESNUDA

Este amor que me desnuda
que transparece quem eu sou
é alguma coisa que nunca muda
é inerente ao que eu dou.

E é tão incomensurável o que doo
sempre contigo no meu coração
que sou como pássaro em alto voo
sustentando a minha devoção.

Por ti mudo mundos e ruas
transfiguro-me e me trespasso
como as ondas que vão nuas
marcando na areia o passo.

Sou metamorfose de mim mesmo
mariposa tão colorida
que eu vou por mim a esmo
agradecendo o ter-te à vida.

E sou tão transparente como o verso
que na folha cai bem e se diz
também tenho o meu reverso
que de ti nunca mas nunca desdiz.

Jorge Humberto
07/05/11

QUANDO PARECIA QUE IA CHOVER…


Trovejava imenso quando vim para dentro,
e quando pensei que aí viesse a chuvinha,
o trovão desapareceu, pelas nuvens adentro,
e a chuva refreou, nem uma só gotinha.

O sol refinado reapareceu para nos saudar,
trazendo o canto dos pássaros e das águas,
que no seu breve discorrer vão desaguar,
na foz mais perto incluindo as suas mágoas.

As de não renovar seu líquido bem azuláceo,
e estender suas ondas para lá do imenso mar,
junto às fráguas agarram-se os crustáceos,
eles que só precisam de pedra para se colar.

A horizonte tudo se mostra limpo e desafogado,
as nuvens espargem um chuvisco que origina,
lá bem ao longe, do que pode ser aqui olhado,
um arco-íris de ouro, com a sua famosa mina.

E assim se passou mais um dia de ameaços,
em que a chuva não veio, só deu a cara feia,
e pra que aqui não houvesse mais embaraços,
a aranha teceu no ar a sua dúctil e tenaz teia.

Jorge Humberto
02/05/11

O TEU DESAMOR


Dizes que me amas e não sabes o significado
da palavra amar; o que para mim é sabido,
e, dou-te de mão beijada, para ti é perdido,
porque só eu sei, o que é não ser amado.

Por mais que te ame, não dás o distinto valor,
de tudo o que sou para ti, tirando de mim,
pois preferes acusar-me ao que eu nunca vim,
do que doar-me sem subterfúgios o teu amor.

Sempre fui para ti o cavalheiro que tu negas,
aquele que nunca sequer para outra mulher
olhou, porque para mim não és uma qualquer,
e eu sou aquele que te ama quase às cegas.

Sem grande aparato, em cada poema de amor,
decifro-me e te enalteço como a escolhida,
não sabendo tu o que isso é, fazes-te entendida
em irrelevantes cenários, prova de desamor.

Estive para ti como outro qualquer não estaria,
estive e estarei, mesmo sabendo de teu desapego,
e quando tu sozinha, chegando a ti me apego,
tu perguntas-me, se realmente eu próprio devia.

Consternação eu sinto ao ouvir-te dessa maneira,
como se eu fosse um desconhecido a te acuar,
e não aquele que sempre te soube aqui amar,
que para mim tu és e sempre serás a primeira.

Sozinho me sinto, pela tua mostra de desinteresse,
passo os dias a escrever, esperando uma palavra tua,
e eu chego-me à janela, espreitando a divina lua,
quem sabe ela por mim mostre o devido interesse.

Jorge Humberto
02/05/11

sexta-feira, 6 de maio de 2011


NÃO HÁ PARADOXO NO AMOR



O paradoxo do amor é não haver
paradoxo algum instituído
na mente de quem ama e quer saber
de que seu amor está imbuído.

Ama quem pode e faz por isso
com toda a sua alma e coração
e assume perante outro compromisso
pleno de vitória e emoção.

Amar é repartir e é doação
quem se julga acima disto aqui
tem uma pedra no lugar do coração
e não sabe nem sequer de si.

Amor é dádiva e dom do Universo
é feliz quem assume este paradigma
e foge de ser apenas o reverso
que por tudo isso lhe guarda estima.

É dar de si a quem ama infinitamente
não dizendo que dá apenas agindo
com o facto mais producente
de quem o amor está parindo.

Amor é estar ao lado de sua cara-metade
defendendo-a contra todas as agruras
e não se sentir na intimidade
de ir pelos outros contra naturas.

Só a palavra de seu amor tem valor
só por ele pula e avança o mundo
que nunca venha a palavra desamor
tornando o seu viver infecundo.

Muitos mal amados nos sujeitam
às provas mais duríssimas
até que por fim já aceitam
quando o amor sai de forma digníssima.

O amor o amar é estar sempre presente
e quando eu me julgo longe de ti
tu companheira não de deixas ausente
e nossos votos serão até ao fim.

Jorge Humberto
06/05/11

ENQUANTO NOS AMAMOS


Tua alma pura e magnânima
teu olhar sereno e pacificador
é tudo aquilo que me anima
deste exaltante amor.

No teu rosto o meu rosto
olhos nos olhos a perderem-se
tão mais suaves que mosto
quando se decidem a renderem-se.

No silêncio desta sala deslumbrante
teu corpo no meu corpo
revela-se fascínio durante
a sua rendição no meu porto.

Ouvem-se passos nas escadas
enquanto cá dentro nos beijamos
jogamos fora lanças e espadas
rendemo-nos quando nos entregamos.

Tudo é silente na manhã orvalhada
pássaros esvoaçam de cá para lá
e a gente na rua tresmalhada
dormindo vai daqui para acolá.

Na casa do nosso amor as janelas
estão abertas para o fora
para se saber o que é delas
tem de se viver para o agora.

E assim nós vivemos para o hoje
sem passados nem futuros advir
e quanto mais se faz longe
mais nos amamos sem porvir.

Por fim nos abraçamos no ato
decorrente de nossa entrega
e sem um qualquer aparato
eu lhe digo que gosto dela.

E ela sorri só para mim então
com um sorriso bem aberto
e diz-me que o meu coração
pelo dela está assaz coberto.

Jorge Humberto
06/05/11

ÂNSIA DE TI

Travo a minha ânsia de ti
deixo-me empolgar devidamente
passo as tardes no jardim
esperando que tu venhas solenemente.

Não caibo em mim de tão contente
que exata espera te trará
e eu me visto-me merecidamente
que o meu peito te acolherá.

Virás de seda vestida e influente
deixando-me louco de desejos
não serei nunca teu concorrente
nem terei aqui tais ensejos.

Em silêncio vejo-te chegar demoradamente
e eu fascinado não paro de olhar
chegas como que num repente
de mim fazendo-me olvidar.

Vens linda como uma deusa tolerante
para junto de meus pés sentado
e um beijo levas adiante
que nos meus lábios é concertado.

Deitamo-nos na nossa humilde cama
com lençóis espalhados pelo chão
e onde à o amor não à o drama
ao longe o bater de um coração.

E quando em extasie nos tomamos
corpos colados um no outro
para trás de nós tudo deixamos
e seremos o nosso próprio porto.

Amanhece com o sol na janela
e os pássaros loucos vêm nos espreitar
na sublime nudez que é dela
no beijo que pelo seu corpo eu vou espalhar.

Jorge Humberto
05/05/11

A ALEGRIA MANTÉM-SE

A alegria mantém-se e prospera
meus olhos raiam de felicidade extrema
e enquanto não vens fico à tua espera
este é e será para sempre o meu lema.

Virá o dia de nossas emoções
entardecerá aqui bem devagarinho
no exaltar excelso de nossos corações
que batem tranquilos bem pianinho.

Na casa que nos acolherá haverá sorrisos
lindas bambinelas dependuradas nas janelas
mesas adornadas com bustos precisos
e nas paredes assombrosas aguarelas.

Tudo será sumptuoso e quase surreal
minhas mãos nas tuas a adormecerem
o afago de todo extraordinário e real
que em teu rosto irá permanecer.

Viajaremos no nosso êxtase mais perfeito
colheremos nossos benefícios
e na tua sombra é que me deito
sem mais esperas nem desperdícios.

E onde aportarmos do barco a galé
calcorrearemos estradas sem fim
faremos o caminho da natura sempre a pé
e à chuva andaremos enfim.

E não há par como o nosso
a suavidade de teus pulsos o admitem
com olhos cor de mel é que eu não posso
tamanha a beleza que eles emitem.

E permaneço apaixonado como até então
desde que te conheci faz anos atrás
e assim é pois bate-me forte o coração
este meu eterno e vil capataz.

Jorge Humberto
05/05/11


ÚNICO AMOR


Novos lampejos de muita alegria
incomensuravelmente me detém
há um renascimento de um novo dia
com tudo o que nos convém.

E é uma alegria sem ter paralelo
esta que de mim se assomou
ter-te novamente faz-me mais belo
aos teus olhos se assombrou.

Passear pela casa que nos habita
é nosso desejo mais insano
porque só ela aqui coabita
com nossos ensejos mais humanos.

Tocaremos nos rostos com ternura
conheceremos os traços de nossa tez
como tudo o que ainda perdura
ali nos acariciaremos à vez.

Trocaremos beijos silenciosos
ouviremos nossas muitas mágoas
e não seremos jamais tendenciosos
com os olhos rasos de água.

Pássaros pousarão nas nossas janelas
para ver o que se passa lá dentro
e eu vou querer saber a cor delas
que na mesa porei copos no centro.

E assim festejaremos nosso ressuscitar
que este grande amor engrandeceu
e tu vais-te para mim voltar
perguntando-me o que é meu.

E o que é meu é teu também
pois não diviso outra sobreposição
porque nós estamos muito muito além
do que dita um solitário coração

Jorge Humberto
04/05/11

RESCREVENDO NOSSO AMOR


No puro deleite de tuas palavras
deixo-me embalar de expectativa
espero colher belas safras
contigo reconquistar a tua estima.

Que a noite venha rapidamente
embebida de estrelas e de luas
e que a gente possa ser gente
ouvindo as pessoas lá fora nas ruas.

Olhos nos olhos lábios nos lábios
deixaremos cobrir-nos pela escuridão
ouviremos as palavras dos sábios
e entoaremos uma bela canção.

Tudo tende voltar ao seu princípio
e de mãos dadas andaremos
caminhando onde nada é insípido
e de silêncios nos conquistaremos.

Selaremos beijos como dois amantes
amanheceremos pele na pele
e seremos dois grandes gigantes
rescrevendo nosso amor para que sele.

E nos entregaremos de antemão
com ou sem razão não interessa
o que importa aqui é o nosso coração
e que ele bata bem depressa.

Radiantes nos veremos no regresso
mitigando nossos anseios e desejos
porque este amor esteve preso
ludibriando os nossos ensejos.

Mas agora que o sol desponta lá fora
e as pazes serão conseguidas
não há mais tempo para demora
não nos deixaremos jamais em seguida.

Jorge Humberto
04/05/11

CUIDANDO DOS JARDINS


Um cheiro agridoce eleva-se no ar,
é um olor a erva acabada de cortar,
pelo fresquinho da tarde soalheira,
deixando-nos alegres e à maneira.

À maneira de um único bel-prazer,
que faz das flores, da raiz renascer,
em pétalas abrirem-se sorridentes,
mostrando-se coloridas, às gentes.

O cheiro a terra é intenso e factual,
nas narinas, o odor, é aqui abismal,
e o verde raso da erva tem figuras,
que este jardineiro, sabe das curas.

Reflorescem os jardins e tudo mais,
o sol envia seus raios pra os ramais,
e as ervas verdejantes ornamentos
são: para nossos olhos, unguentos.

Jorge Humberto
03/05/11