Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011


ARDEM AS FLORESTAS

Na canícula, que chegou de repente,
o calor faz soar os alarmes de aviso,
ardem as florestas displicentemente,
e as pessoas tomam atitudes co juízo.

Não fazer fogueiras na mata é tenção,
assim com atirar cigarros para o campo,
nossas florestas sofrem a confrontação
do homem perdulário e seu desencanto.

Os bombeiros da paz, andam numa lida,
tendo de socorrer a várias populações,
e as pessoas com o fogo, temem pela vida,
tendo de enfrentar estas provações.

As árvores queimadas, morrem de pé,
os animais correm para outros lugares,
arde a mata e tudo com elas, apela-se à fé,
e todos, ante as labaredas, sentem-se vulgares.

O corpo da paz evidencia muita coragem,
embrenhando-se nos caminhos a arder,
para chegarem vivos à outra margem,
onde as comunidades são preciso socorrer.

É o inferno na terra, o sol ajuda à derrocada,
de sítios que são património internacional,
os bombeiros é como se tivessem capa e espada,
para lutar contra o monstro desigual.

Pela noitinha o fogo é finalmente instinto,
salvaram-se as gentes e suas propriedades,
o bombeiro é um homem bem distinto,
lutando contra o fogo, nos campos ou nas cidades.

O que não muda, é das pessoas a negligência,
que não limpam as matas quando deviam,
não tendo cuidados, nem sequer ciência,
para limpar o lixo, que do lixo não desviam.

E só quando se vêem em aflições cuidam
de limpar a sujidade, já as línguas de fogo
atingiram proporções extremas e não mudam
seu percurso assassino, como num vil jogo.

Ah, minha pobre floresta, para quando,
a civilidade das pessoas e real preocupação,
em proteger-te do funesto desmando,
sempre que chega as alturas do verão?

Jorge Humberto
24/06/11

NOITE DE AMOR

Esbelta, fascinante e cheia de emoção,
assim tu és, quando caminhas pela rua,
indómito e faustoso cumpres meu coração,
quando chega a noite trazendo a lua.

E entre silêncios e demorados olhares,
namoramos à distância, trocando sorrisos,
e nossos gestos abandonados, são esgares,
perfeitos, concisos e por demais precisos.

Aproximamo-nos um do outro suavemente,
e entregamo-nos aos prazeres da carne,
puxo-te para mim excitado, complacente,
sem um qualquer lastimoso ruído ou alarde.

Despimo-nos lestos com pressa de chegar,
e jogamos a roupa, afora, no soalho do chão,
e num frenesim desatamo-nos a beijar,
com a cama numa autêntica e plena revolução.

Deitados, pele com pele, nos encontramos,
e eu beijo teus seios de enormíssimo prazer,
de um para o outro lado, loucos, rebolamos,
até ao êxtase final, sem nada para nos deter.

Jorge Humberto
23/06/11

NOITE DE SÃO JOÃO

Doura o sol no céu, neste dia de São João,
engalanam-se as ruas com papelinhos,
enquanto se escuta o passo do acordeão,
e põe-se todos a bailar, crianças e velhinhos.

Animadas as mulheres põe flores no cabelo,
surpresos turistas juntam-se ao bailado,
e fazem uma roda, parecida com um novelo,
há sardinhas a assar por tudo que é lado.

Os martelinhos e o alho-porro juntam-se à festa,
nas janelas e nas casas, o fidalgo manjerico,
e os papelinhos jogados colam-se à testa,
passa uma carroça enfeitada, puxada por um jerico.

A música entranha-se nos nossos ouvidos,
apregoam-se versos e rimas e inauditos estribilhos,
que ecoam pelas vielas e passeios divididos,
por cestas de flores e vasos, com imensos brilhos.

Bebe-se do vinho lá da terra, das ilustres videiras,
e a dança não pára à espera do claustro da noite,
enquanto o trigo e o centeio descansam nas eiras,
o acordeão e os ferrinhos tocam, como num açoite.

Alguns homens, já deram em trocar o passo,
as mulheres os sustém, bailando daqui para ali,
neste dia o rico néctar é quase sempre escasso,
trazem-se tonéis do licor, como eu nunca vi.

E entre as danças, cantares, comes e bebes,
o festival está animado, com gente a abarrotar,
pleno de excitação dás tudo o que ao corpo deves,
e entre voltas e voltas, não te deixas desanimar.

Cai a noite, acendem-se as luzes e os luzeiros,
e a emoção chega ao rubro da estimulação,
com todos aglomerados, à luz dos candeeiros,
dançando e pulando, com distinta satisfação.

E aí vai o São João, dependurado a passar no cortejo,
com o padre a benzer todos os confrades alentados,
e a festa prossegue noite fora, pelo que prevejo,
até que os corpos de tanta euforia se sintam cansados.

Jorge Humberto
23/06/11

SEREIA DE MEUS AMORES

Meu amor, minha cadência e impulsão,
dizer que te amo é pouco ante o que eu sinto,
e bate estritamente por ti, meu coração,
cálice de cristal, de verde absinto.

Teus olhos me fascinam como a mais ninguém,
da cor do mel eles são, magnificentes,
e eu que me encontro, pela lonjura, além,
poder sonhá-los, não os torna diferentes.

De mãos suaves, em tons morenos,
acaricias meu rosto um tanto ou quanto desmaiado,
e neste mundo, em que somos todos somenos,
tu és a hierática senhora, que me faz elevado.

Teus cabelos peculiares, esvoaçam ao vento,
caídos sobre os meus ombros, a cabeça deitada;
andorinhas que no céu vão, a barlavento,
levando a tua graça, onde a nuvem é esbranquiçada.

Pés descalços, por sobre a areia da praia mar,
danças qual bailarina, por todos aclamada,
e eu vendo-te tal criança, nos cristais a brilhar,
sorrio-te, como uma pessoa qualquer, apaixonada.

Convidas-me a entrar na água, que está amena,
com suas ondas cavalo e galgos de espuma,
o mar sempre foi a tua paixão, desde pequena,
parece que ainda navegas, na pequena escuna.

Resolvo-me a entrar, mas a água está fria,
no entanto vou ter contigo, num longo abraço,
e teu corpo esquenta-me e tudo desafia,
e eu ainda tremendo enfrento o embaraço.

Tu sorris para mim, como para me animar,
e nadas a meu lado, qual formoso golfinho,
e eu cheio de vontade e esperança de te beijar,
sinto-me diante de ti, tão pequenino.

Sereia de meus encantos tão esplendorosa,
quem te fez assim, numa completa alucinação,
sabia bem o quanto tu és maravilhosa,
enchendo-me de orgulho e plena emoção.

Jorge Humberto
22/06/11

A HORIZONTE O MEU AMOR

Lá a horizonte, aonde o sol desponta para o dia,
há uma explosão de cores e de sons maravilhosos,
e meus olhos resplandecendo, ficam curiosos,
ao verem a graduação dos matizes, como numa magia.

Em tons completamente vermelhos e brancos,
começa o céu a clarear, junto com o meu espanto,
e as andorinhas a bailar, de pleno encanto,
misturam-se com os dóceis pardais – e são tantos.

Espelha-se o rio, nos coloridos, do imenso céu,
indo-se depois reflectir nos barcos, à orla dados,
e meus olhos, de tanta brandura, encantados,
dizem de meu amor, seu esplendor, e do que é seu.

Sobe o sol até às alturas, e a manhã se dispôs,
e nas alvas nuvens o teu rosto consigo vislumbrar,
numa tez deslumbrante e livre, que me faz amar,
a vida e o meu amor, que o dia não contrapôs.

Enquanto a manhã se enche de gente, serena
vens ao meu encontro, lá a nós, das lonjuras,
e eu alegremente, deixo que me invadam as ternuras,
contigo a meu lado, numa ilusão vagamente amena.

Ah, como queria que aqui estivesses, à minha janela,
a relembrar o rio, para namorarmos em plenitude,
que nada me faria mais feliz, sem vicissitude,
que o acaso da brisa, teima em assoprar, na bambinela.

Teu olhar, que das nuvens eu vejo, sorri para mim,
dizendo-me para eu não ficar triste, por só assim te ver,
em acordados sonhos, numa manhã a acontecer,
deste lado do oceano, onde há lindos jardins e jasmim.

Mais tranquilo, com tuas palavras de um elevado amor,
sossego por dentro e te retribuo o sorriso,
que aqui, onde me encontro, nada mais é preciso,
que a tua admiração, juntando-se ao vistoso alvor.

Jorge Humberto
21/06/11

AMOR CATIVO

O ter-te assumido amor é meu encanto,
guardar-te nas mãos e no coração é divindade,
foge de mim todo meu cativo espanto,
quando contigo me acho em espontaneidade.

Quando te vejo, meu olhar, enfim, se encontra,
serena presença, que me faz esquecer
a agrura da vida, que aqui e ali desponta,
e que tu, com teu amor, não deixa prevalecer.

És a minha segurança, nos dias mais escuros,
em que o silêncio plangente me atormenta,
a vida pode tornar-nos muito duros,
quando aquilo que temos, não nos sustenta.

Diria de ti, que és a minha sustentabilidade,
a liberdade, que não requer, aqui, contradição,
meus dias são de pensar-te, e na tua sensibilidade,
assim como no teu tão almejado coração.

Por saber-te, a felicidade contraria o frio,
que às vezes me assola, despudoradamente,
e eu vejo da janela o desprendimento do rio,
que percorre livre, buscando o ocidente.

Amada mulher, meu aconchego eterno,
meu pensamento e meu coração são contigo,
no teu gesto lúcido, pensado e terno,
és a alvura das madrugadas, para comigo.

Não me deixas cair nem sofrer influências vãs,
sempre um conselho em cada palavra,
e passam por mim as mais lindas manhãs,
que o sol a horizonte, continuamente lavra.

Serei teu com toda a fidelidade e acuidade,
figura constante, apesar de distante,
da minha boca só ouvirás a restrita verdade,
quando contigo estiver, far-se-á o instante.

Jorge Humberto
20/06/11


SÊ INTEIRAMENTE TU


Sê inteiramente tu, em tudo que faças,
assim não entrarás em contradição
contigo nem com as pessoas que tu enlaças,
sê para todos o teu sentimento e emoção.


Em cada gesto teu um sentimento nobre,
das palavras faz a tua razão ponderada,
que quem assim não age tem intuição pobre,
e da vida não colherá nem plantará nada.


Puxa os outros para ti, sê o seu ancoradoiro,
se fores sincero, os demais irão ao teu encontro,
se pelo contrário fores de aparências, de oiro
não te vestirás e para os outros, não estarás pronto.


Se em cada movimento teu levares consideração,
pelos demais serás reconhecido e de agrados tais,
deixa fluir o que de melhor há em ti, por tua assunção,
rodeia-te de amigos, e és tu, cada vez mais.


Nunca tenhas uma palavra, que possa ferir alguém,
sê prestativo e o primeiro nas iniciativas,
se assim não for, viverás em terra de ninguém,
mesmo que tenhas propriedades curativas.


E sê constante, não te percas em divergências,
amanha a terra com tuas mãos e traz a raiz,
que fecundará, seguindo as contingências,
que pela boca dos outros, serás o ajuste que se diz.


Para todos um sorriso largo e contagiante,
que a vida é bela demais para não se a expor,
a cada segundo preciso, o teu garante,
e que doravante, co as pessoas, irás dividir teu amor.


Dá a surpresa de ser, de sermos à nossa semelhança,
em cada gesto praticado, em cada discernimento teu,
mantém-te coeso e faz uso da esperança,
que assim me darás voluntariamente, o que é meu.

Jorge Humberto
20/06/11

MEU AMOR É ASSIM


Não consigo olvidar aqui teu rosto,
bem sabes que ele sempre estará presente,
e o teu sabor, que é igual ao do mosto,
faz-me amar-te profundamente.

Teus olhos melífluos deixam-me encantado,
são de mar, quando este enrola na areia,
e brilham como num céu deveras estrelado,
e quando se encontram nos meus, são qual teia.

Teu sorriso contagiante a todos influencia,
é de uma certeza, de todo o tamanho,
e tu sorris, a bom sorrir, para mim, noite e dia,
como era apanágio, nos tempos de antanho.

Lábios sedosos, molhados, são uma heresia,
para um pobre desgraçado como eu,
que vive de viver apaixonado, todo o dia,
procurando encontrar o que é de seu.

Os seios são como as colinas, dependuradas no rio,
artes e graça feminina, em toda a sua ilusão,
e no inverno, mais rigoroso, não tenho frio,
quando encosto minha cabeça, à tua concepção.

Teu quadril femíneo é de hierática mulher,
tuas coxas são como cisnes, que vão na água,
e teus pés fazem inveja a uma qualquer,
de tão esbeltos e perfeitos… vives sem mágoa.

Esta é a senhora, por quem eu me apaixonei,
desde o primeiro dia, em que com ela me vi,
se alguma coisa, para trás, deixei,
não se chama amor, aquele que tenho por ti.

Jorge Humberto
19/06/11

AMIGOS DE MEU CORAÇÃO


Aqui, onde me encontro sentado, a escrever,
vem-me à ideia, os amigos que perdi,
saudades imensas, como seria de prever,
por essas pessoas, que nunca mais vi.

Pessoas queridas, amigos que eram do peito,
que eu hoje recordo, com plena emoção,
mas também uma alegria, que eu aqui deito,
pela honra de tê-los conhecido, desde então.

Na viagem que encetaram, levaram meu coração,
todos os cuidados e atenções, que lhes devi,
a amizade, que lembro agora, com satisfação,
as peripécias porque passamos, o que nunca previ.

De dádivas eram os meus dias, com meus amigos,
que tudo faziam, para que eu tivesse só bel-prazer,
e que eu contrapunha com os anelos devidos,
procurando saber de cada um, seu enaltecer.

E assim crescemos e nos tornámos jovens adultos,
partilhando segredos mil e tantas recordações,
dos tempos passados em harmonia, mais os indultos,
que à juventude, sempre pede considerações.

Lembro que nunca uma palavra de agravo,
saiu de nossas bocas, dos outros conscientes,
e é tudo isso, aqui, que na memória gravo,
por aqueles, que no fundo, eram meus parentes.

Não falta em meu pensamento, o nome de ninguém,
os rostos serenos e risonhos, prática do dia-a-dia,
hoje e para todo o sempre vos velarei, como alguém
que vos ama e muito amou, nada mais, do que devia.

Jorge Humberto
19/06/11

sábado, 18 de junho de 2011



DOS VALORES MORAIS


A honestidade deve ser uma primazia,
ser-se virtuoso é uma condição,
abrangente palavra, no nosso dia-a-dia,
que nos sai do mui nobre coração.


A humildade e a justeza deve ser um dom,
não cegarmos pela falsa modéstia,
toda a solidariedade deve ter o nosso tom,
que esta não soe nunca a moléstia.


Do altruísmo vamos buscar nossas raízes,
e sermos elevados em cada discurso,
no teu país ou noutros ilustres países,
calcorrear caminhos, será o teu percurso.


Seres para os outros, o que és para ti,
é realce que tu deves aqui alcançar,
da vaidade e da atroz insidia fugi,
para seres uma melhor pessoa a achar.


Do falso pudor, fica-nos a consideração,
da vergonha o algoz do constrangimento,
que o embaraço não te reja a emoção,
diz não a xenofobia e ao fingimento.


Temos de reaver os valores morais,
ser franco quando estão todos contra ti,
porque a realidade, é que somos todos iguais,
acercando-se do que é melhor para si.


O pundonor deve ser uma evidência,
o amor ao outro uma incontestável realidade,
que tenhamos isso como ciência,
para podermos viver em liberdade.

Jorge Humberto
18/06/11



MIL SONHOS VIVI

Em sonhos, que só eu ousei sonhar,
vi castelos, palácios e lindos jardins,
pessoas de todas as raças a passear,
ou comemorando faustosos festins.

Vi elegantes alazões, campos a verdejar,
florestas com suas árvores e animais,
cascatas deslumbrantes onde mergulhar,
pessoas e crianças a passear… casais.

Vi casas com alabastros e janelas ornadas,
avenidas a perder de vista com carros a passar,
mil ruas de calçada pintada – asseadas,
artistas com simples modos de trajar.

Vi casinos assombrosos e teatros de encantar,
estátuas variadas em posses fascinantes,
repuxos de água, com nenúfares a boiar,
coisas do antigamente, pessoas elegantes.

E vi ainda rios límpidos, com suas pontes ilustres,
estranhos gestos, que eu não soube decifrar,
barcos ancorados, alguns com lustres,
gôndolas e gondoleiros aos amantes a cantar.

Vi ruas com nomes de poetas e outros famosos,
em casas pintadas como se fora de outrora,
vi sorrisos em cada rosto, esplendorosos,
o cair da noite iluminada, pelas ruelas afora.

Tudo vi e nada olvidei, nas minhas andanças,
ainda jovem, com olhos de ventura,
dos gestos errantes, ficou-me as mudanças,
para dizer que vivi, em plena aventura.

Jorge Humberto
18/06/11

PARA MEUS AMIGOS E LEITORES


Meus versos, são em tudo plangentes,
ditam o meu pensamento e minha razão,
de maneira que cheguem às ilustres gentes,
com sabedoria, senso e alguma emoção.


Meus dedos, levam consideração e juízo,
para ensinar aos outros o que é o respeito,
em minhas palavras de sangue harmonizo,
e faço ressaltar bem alto o que me vai no peito.


Sem meus amigos, seria pouco mais que nada,
dos leitores fica-me a plena satisfação,
sou amor, plenitude e também sou espada,
tendo junto à boca o meu terno coração.


É para os outros, que me ponho a escrever,
poesias e reflexões, com toda a originalidade,
tendo a esperança que possam aprender,
a serem honestos, sóbrios, com muita humildade.


Sei que há pessoas sozinhas e em plena solidão,
que fazem do que lêem a sua rara alegria,
é para esses que ergo meu solene pendão,
levando-lhes solidariedade, no decorrer do dia.


Em cada palavra minha, a minha honestidade,
em cada verso, o melhor que eu sei fazer,
dos outros todos é a minha cumplicidade,
assim eu saiba, as ilusões e os sonhos, prever.


Doo-me como um danado, vivo a vida a extremos,
nunca quis nada que não pudesse ter,
somos aqui aquilo que na realidade lemos,
e entre a fantasia e o real, saibamos viver.

Jorge Humberto
17/06/11

SÊ TU PRÓPRIO EM TUDO QUE FAÇAS


Põe tudo quanto és em cada coisa que faças,
não dês nada por perdido, ainda à nascença,
dá o melhor de ti sempre que pelo outro passas,
nada de ti exclui, em ofereceres a tua presença.

Sê humilde e ponderado quando o outro alcanças,
mede tuas palavras, como se fossem de oiro,
doa o teu maior sorriso, quando teu olhar lanças,
que assim colherás, o teu maior tesoiro.

Se dizes, faz com que seja a tua melhor assunção,
se fazes, sê sensato e cordial, para com os demais,
não te vanglories nem te nobilites, sê o próprio coração,
despe o remorso e a falsa modéstia, não te omitas jamais.

Olha em teu redor e fascina-te, com o que estás a ver,
preserva a natureza, os animais e o teu pendor,
sê para as pessoas, à tua volta, o teu acertado querer,
com as lindas crianças e as flores, reserva o teu amor.

Mostra só o que há de consideração, e és teu,
limpa o teu jardim, para que os outros o vejam assim,
engalanado de flores silvestres, como se fora meu,
cuida-las com carinho e ternura, e sê para ti.

E assim, nas calhas da vida, serás um ser superior,
de vida em conformidade e enaltecimento,
faze de ti um ser duplo e sagaz, pleno de louvor,
que dos outros, terás todo o enobrecimento.

Jorge Humberto
17/06/11

A CASA GRANDE DE CORES SUAVES

Lindos jardins, todos floridos,
engalanam as risonhas ruas,
para trazer um sorriso aos amigos,
e pernoitar no manto das luas.

Cantam os pássaros alegremente,
esvoaçam as andorinhas com graça,
e todo o mundo parece contente,
sentados nos bancos da praça.

Os sinos da igreja tocam a finados,
lembrando quem já partiu,
e todos ficam deveras confinados,
ao adro, pelo que se ouviu.

Crianças de enternecedor olhar,
fascinam-nos com sua macia infância,
e é vê-las juntas a brincar,
seguindo regras de militância.

A casa grande tem bambinelas,
de cores suaves e delicadas,
dão para o rio, como sentinelas,
de rendas ricas são elas bordadas.

Da minha janela vejo os namorados,
agarradinhos como mais ninguém,
e fico a vê-los enlaçados,
como quando se ama alguém.

Do meu amor tenho a recordação,
a alegria de tê-la comigo,
e bate descompassadamente meu coração,
no poder sonhá-la tê-la por abrigo.

E neste entardecer sublimado,
tudo está conforme e é ameno,
e eu vivo a natureza apaixonado,
de semblante tranquilo e sereno.

Jorge Humberto
16/06/11


USA O RESPEITO E O AMOR

Usa a amizade com respeito e consideração,
sê para os outros o que és para ti,
faz bom uso das palavras vindas do coração,
aprende a enamorar-te pelos outros, assim.

Olha para os demais como se fosses tu próprio,
cativa-os com tua solidariedade,
nunca sejas para ninguém alguém impróprio,
usa teu bem-querer e sobriedade.

Em cotejo contigo, sê para os outros alguém amigo,
enobrece-os com teus gestos fraternos,
não tenhas nunca um rasgo de esgar indevido,
usa termos de comparação, sempre ternos.

Vive em liberdade e em franquíssima comunhão,
cumprimenta teus vizinhos com um sorriso,
não sejas moralista, sê somente emoção,
e sê para as pessoas o que for mais preciso.

O que fores para os outros, nunca será demais,
que o que se dá com nobreza a nós retorna,
sê para os seres magnânimo, com honras tais,
que te levem ao altruísmo, que bons genes entorna.

Não te queixes, querendo reivindicar,
se o que te dizem francamente, não é o que desejas,
aprende antes, ao mau retorno, a te desviar,
que a tua vida seja tudo o mais, que tu almejas.

E assim pela razão e pela comoção, sê diferente,
abraça as pessoas com despudor,
verás que terás dentro de ti a semente,
que levará a que os outros te tenham amor.

Jorge Humberto
16/06/11


VENDO-TE DORMIR


Dormes teu alento no meu peito,
sinto-me feliz por te ver protegida,
teu sono é suave, deitada no leito,
tendo por teu acosto, minha guarida.

Vejo-te dormir nesse sono quieto,
e minha mão acaricia teu belo rosto,
acordado nesta noite sinto-me desperto,
teu corpo tem a primazia do mosto.

Pálpebras inquietas indiciam que sonhas,
com lindos jardins e o nosso amor,
princesa, minha, que tuas mãos ponhas
no sonho, e faze dele todo um esplendor.

De peito para cima, tuas mãos em cruz,
no regaço pousam o seu devido descanso,
continuas a sonhar, talvez com Jesus,
e eu de olhar-te nunca mas nunca me canso.

Lá fora a noite está toda iluminada,
candeeiros rivalizam com a nossa lua,
e olhando-te, dormindo, vejo-te encandeada,
pela luz, que no alto céu, vai nua.

E em sobressalto despertas da ilusão,
que se tem ao sonhar com as coisas,
ouço bater sossegadamente teu coração,
e tua mão no meu ombro poisas.

Sorris para mim qual uma linda criança,
falas de arco-íris e de coisas significantes,
foi do sonho a tua eterna esperança,
de que as gentes não sejam insignificantes.

E assim passamos o resto da noite a falar,
de coisas importantes e deslumbrantes,
e é cada vez maior a minha vontade de te amar,
sorrisos compenetrados em nossos semblantes.

Jorge Humberto
15/06/11

NUM LINDO DIA DE PRIMAVERA

Jardins engalanados de lírios e jasmins,
pássaros vários esvoaçando livremente,
suaves borboletas de cores carmins,
gatos pardos passeando felinamente.

Canários chilreando pendurados nas janelas,
bambinelas ao vento, por trás das vidraças,
crianças lindas brincando, como só elas,
casais namorando e alguns madraças.

Nesta tarde que é de sol, tudo é bonito,
céu azuláceo com algumas nuvens brancas,
com o rio mais abaixo, que corre infinito,
cavalos e alazões correndo nas planícies tantas.

As oliveiras prenhes de fruto dormem ao sol,
num descampado hortos bem cultivados,
e na casa grande, dependurado, um girassol,
terrenos férteis generosamente amanhados.

Tarde de primavera a elevar-nos as emoções,
suave brisa esbatendo nos malmequeres,
soltam-se as vozes e acordam as ilusões,
se é isso que no teu empolgamento queres.

Ah, como é bela a vida, nestes brandos montes,
com a floresta de cataratas mesmo ali ao pé,
ao longe vêem-se os carros atravessando pontes,
e velhinhos com rosários fazendo contas à fé.

E nesta tarde, e não outra, as pessoas convivem,
jogam jogos de tabuleiro e às cartas,
e assim o dia passa e as pessoas revivem,
em casa, os momentos felizes, em mesas fartas.

Jorge Humberto
15/06/11

DE AMOR TE ESCREVO

É por ti que escrevo todos os dias,
poemas de enamorar e de emoção,
e é também por ti, e tu não o sabias,
que nos versos ponho meu coração.

Se transcende quando a ti me dirijo,
ultrapassa-se e gere o régio amor,
e se às vezes, por pensar, me aflijo,
teu ser atencioso, vem me dar valor.

Em cada poema um traço todo só teu,
esculpindo teus olhos em palavras,
de cinzel ou co a mão, uma flor nasceu,
como a vida que regiamente lavras.

Surge a poesia incólume, por te pensar,
desenho teus lábios carmim no céu,
se às estrelas alvas pudesse te levar,
terias um bocadinho do que é só meu.

Transcendo-me na rima, que não é fugaz,
meus dedos, ampolas de sangue,
e tudo o mais, que eu for aqui capaz,
será uma seara de trigo na terra langue.

Por cada estrofe um silêncio profundo,
de uma respeitosa humildade,
que eu guardo por ti, até ao fim do mundo,
com toda a minha sensibilidade.

E nas voltas do mundo, assim te enobreço,
cada destaque que te faça, é um bel-prazer,
se de mim me olvido, de ti não esqueço,
e é por tudo isso que me ponho a escrever.

Sábios das palavras, trago-os até mim,
para que te enalteçam e te emocionem,
plasmando na folha, sedas e cetim,
luxúrias só nossas, que não se escondem.

Por isso te escrevo, e vou versificando,
os meus poemas que são só para ti,
o mais de tudo, é seguindo te amando,
esperando que também tu me ames assim.

Jorge Humberto
14/06/11

QUERES UM MUNDO MELHOR?


É tudo tão mais bonito, quando damos as mãos,
nos abraçamos e nos beijamos, com respeito,
o cumprimento se faz valer, como bons irmãos,
se preza os valores morais, que nos vem do peito,

Que o mundo gira e rebola transcendentalmente,
tudo está de acordo entre as pessoas e os animais,
a natureza é mais extensa e pura, completamente,
que a gente de tão contente, reclamamos por mais.

Tudo isto nós podemos fazer exigência e cumprir,
como bons cidadãos, que prezam o sim no mundo,
lutam e trabalham dia-a-dia, sabendo então gerir,
os recursos ao dispor de todos, neste globo fecundo.

Mas para que alcancemos esta grandeza espiritual,
temos de ser merecedores de nossa incumbência,
sermos uns para os outros, fazendo o bem e não o mal,
enfrentando a vida à nossa ordem, com mais ciência.

Jorge Humberto
14/06/11

segunda-feira, 13 de junho de 2011


MÚSICA



Música...
Dêem-me a música:

Da erva, que em silêncio medra;
Da flor colhendo a primeira luz;
Do subtil espasmo da pétala, abrindo-se;
Do rio que passa, e roça na pedra;
Do grito, na coloração de um fruto, que seduz;
Das amendoeiras, de brancos e de rosas, cobrindo-se.

Música...
Dêem-me a música:

Dos campos atapetados, de verdor;
Das árvores, grávidas de pomos robustos;
Do riso nos olhos, de uma criança;
Das andorinhas, enchendo ninhos, de amor;
Da dança das abelhas, nos arbustos;
Do primeiro beijo, que se guardou como lembrança.

Música...
Dêem-me a música:

Da maçã mordida, com respeito e vontade;
Da jovem mãe, que embala seu filho;
Da novidade nas asas, deixando o lar;
Dos homens, construindo futuros e amizade;
Das mãos que plantaram, colhendo o milho;
E do velho, que passou na Primavera, a recordar.

Música...
Dêem-me a música:

De todas as coisas, em toda a sua verdade;
A música da palavra,
Que não pede favor, nem força o discorrer;
Da Natureza, que não requer vaidade;
Do cheiro da terra, após a safra;
E de tudo quanto difere, e é igual, no morrer.

Música...
Dêem-me a música...

Jorge Humberto
In Fotogravuras I

QUANDO NOS AMAMOS


Nas pálpebras a adormecer, vi teu rosto,
em teus olhos lindos e melífluos me perdi,
doce é a tua presença como o mosto,
em mil encantos por ti… coisas que nunca vi.

Um sorriso teu se mesclou no quarto de dormir,
e me abraçaste como se fora aí o nosso fim,
apaixonadamente, de mim quiseste ouvir,
toda a emoção e o amor que nutro por ti.

A meu lado, na cama, explosões de alegria,
na exaltação dos sentidos e sentimentos,
a comoção espontânea que se previa,
quando conjugamos os nossos pensamentos.


De há muito desperto e bem acordado,
entre delícias nos perdemos devidamente,
e eu jurei ser para sempre o teu amado,
esboçando um largo sorriso, de contente.

A madrugada se fez, de pássaros e de cantos,
beijamo-nos como se não houvesse mais nada ali,
e na casa grande, atravessando os recantos,
fomos dar a um imenso e belíssimo jardim.

Agora o dia podia abraçar o sol e as flores,
madrugada que foi de nossos encantos tamanhos,
descaindo um pouco, desmaiamos de amores,
ao ver os animais juntos, em rebanhos.

Jorge Humberto
13/06/11

AO TEU ENCONTRO

Para ir ter contigo, o oceano atravessar ousei,
ao mundo exigi que me desse a reivindicação,
porque para te ir buscar era coisa do coração,
que eu, em meu amor-próprio, reclamei.

Em asas de pássaros, em louca debandada,
fiz meus braços e minha eterna vontade,
de ir ao teu encontro, em plena liberdade,
para assim poder ver a minha amada.

Quanto te achei, do outro lado do mar,
perdi meus olhos nos teus e não me contive,
abracei-te demoradamente e o beijo não retive,
e daí para a frente eu te pude realmente amar.

Demos longos passeios, pelos lagos e jardins,
vimos cisnes enamorados sulcando a água,
e o que antigamente era uma pesada mágoa,
de repente se tornou em flores, de jasmins.

Jorge Humberto
13/06/11

O AMOR REQUER O AMOR


Não te quero ver com tristezas,
pensando que a vida não tem sentido,
nós temos de ser firmes em certezas,
junto com um coração de amigo.

Temos de mandar para os confins,
o desagradável e o intolerável,
mostrar com bons modos os nossos fins,
ser humilde, generoso e tolerável.

Não devemos pensar por antecipação,
crer em coisas que não existem,
é preciso que seja livre o coração,
pensando que os amores persistem.

Porque o amor não se esgota num dia,
é um trajeto que é duradoiro,
e assim sem mais temos a cortesia,
que veste os nos gestos de oiro.

Jorge Humberto
12/06/11

MANHÃZINHA


Madrugadas de róscido, com o sol a nascer,
manhã que desponta livre para lá do horizonte,
jardins floridos e deslumbrantes no solo a crescer,
e mais ao fundo, depois do rio, um enorme monte.

Oliveiras que da azeitona dão o belo azeite,
lugar de ninhos de pássaros já cansados,
com as crianças, depois de beber o frescor do leite,
a irem pra rua brincar, ao que já estão acostumados.

Velhinhos descansam nos bancos dos jardins,
lembrando o primeiro beijo com certa nostalgia,
entre nardos, orquídeas, lírios e jasmins,
vêem os meninos e meninas cheios de alegria.

E no lago encantado, cisnes enamorados,
nadam suavemente nas águas cristalinas,
cachorros correm a bom correr nos descampados,
e os jovens resolutos usam ao pescoço opalinas.

Casais passeiam-se uns aos outros abraçados,
saboreando o sol, a praia e o mar de sargaços,
vivem a vida bem vivida os namorados,
trocando momices e sorrisos, a espaços.

Lindo dia de primavera, nos salta à vista,
e uma brisa suave faz ondular as flores,
e nisto pensando, ressalva o dúctil artista,
as vicissitudes da manhã, plena de amores.

Jorge Humberto
11/06/11

SE ME PERDOARES SEREI FELIZ


Não penses que de ti me esqueci,
que olvidei teu nome, tua presença,
eu apenas às vezes não sei de mim,
e a tristeza que me invade é sentença.

Em minha consideração tu estás,
sempre presente nos meus momentos,
em tudo que eu faça, tu és e serás,
razão evidente de meus pensamentos.

Como posso, quem eu amo, esquecer,
se de ti me vivo, sonho e penso,
como se fora um juízo a se prever,
ao qual mui orgulhosamente pertenço?

Razão de meu viver, é a tua pessoa,
qual o rosto não esqueço, tamanha beleza,
nem quando te vi, o que em mim ressoa,
o momento que não fora de estranheza.

Daí para cá a lonjura nos enobreceu,
conversamos e noivamos demoradamente,
e a distância ingrata, se nos esqueceu,
vivíamos a espaços apaixonadamente.

Perdão não há, a quem se estranha,
e de silêncios se comunga e se esquece,
terá da vida só aquilo que amanha,
e tudo à sua volta enfraquece e fenece.

Jorge Humberto
11/06/11

QUEM O SONHO OUSOU

Quem, como eu, o sonho ousou,
trouxe na mão delícias e vontades,
morreu de amores e se aprestou,
que dos outros eram as bondades.

De mil maravilhas se emocionou,
às gentes, que como ele, eram pobres,
trabalhando a terra que amanhou,
personificando as almas mais nobres.

Escreveu um livro, uma árvore plantou,
dos filhos teve o seu maior condão,
e um lar e uma infinita família gerou.

Quem, como eu, o sonho ousou,
foi três vezes feliz, de afortunado coração,
e sua sina, pena ou fado, terminou.

Jorge Humberto
10/06/11

NOBREZA DE ESPÍRITO

Mesmo que eu mude os meus sentidos,
humilde serei, gentil e prazeroso,
os receios da mudança não são precisos,
porque eu sempre serei generoso.

Amigo do meu amigo, até ao fim,
deixo-lhe o melhor de meu ser,
como se de um florido jardim,
tivéssemos nós, aqui a haver.

Sempre fiel e por demais cordato,
me aproximarei das pessoas amigas,
isto é mais que um lugar-comum é um trato,
juntos entoaremos as mais belas cantigas.

Cada palavra minha será um hino ao amor,
cada gesto meu será a bel-prazer,
de ninguém, jamais, guardarei rancor,
e ramos de flores irei então tecer.

À minha musa amada tudo o que tiver,
altruísta, magnânimo, aprazível,
humildemente no meu viver,
nada será desgostoso ou desprezível.

De emoção serão feitos os meus dias,
com sabedoria e muita convicção,
e se são poucas estas mais-valias,
a todos mas todos, o meu coração.

Jorge Humberto
09/06/11

HOJE ESTAMOS FELIZES

Hoje encontro-me relaxado,
nada me fará sair do sério,
é um facto consumado,
mesmo que venha de lá o impropério.

Nada de bravatas ou conflitos,
atropelos ou insinuações,
não quero ter a ver com atritos,
de mal afamados corações.

Estou feliz e por isso escrevo,
o que o pensamento dita,
e se nos versos me descrevo,
é porque não há nenhuma desdita.

Quero ter a ilusão do amor,
compartilhado pelos demais,
numa fresca manhã de alvor,
evitando o desprezo e o somais.

Quero na boca o coração,
sentir-me humilde com prazer,
e ter mesmo à minha mão,
um pedaço de bem-querer.

Brincar com as generosas crianças,
apanhar uma flor no jardim,
e manter as minhas esperanças,
de que o algoz da natureza terá um fim.

E quero que a minha emoção,
não seja transtorno para ninguém,
bate e repica o meu coração,
querendo ser útil para alguém.

Hoje estou comigo em paz,
meus devaneios não cabem,
e se para os outros tanto faz,
é porque eles lá bem o sabem.

Eu vou ali para o cantinho,
para poder rever estes versos,
bem aconchegado, sossegadinho,
afastado dos meus inversos.

Jorge Humberto
09/06/11

VAMOS MUDAR O MUNDO

Frase, atrás de frase, o verso emerge,
vem com o róscido da madrugada,
com a verdade e a liberdade elege,
a sua primazia na Terra adorada.

Terra de fascínio e de esplendor,
que os jardins floridos bem atestam,
Terra onde devia imperar o amor,
mas que as guerras contestam.

E é do Homem altruísta seu sortilégio,
fazendo o bem sem olhar a quem,
mas este descrer este sacrilégio,
não traz emoção a ninguém.

E andamos às voltas com nossa desarmonia,
fazendo mal uso de nosso esgar,
é preciso criar um clima de harmonia,
que avante possamos levar.

É preciso voltar à condição primeira,
onde os valores morais tinham firmeza,
nunca a palavra era derradeira,
enquanto não se afirmasse certeza.

A certeza do afecto para com os demais,
o despojamento que se cumpria,
para com todos os homens e animais,
que nenhum laço desfazia.

Mas veio a mentira e o alheamento,
tomar conta de nosso mundo,
vivemos a vegetar e em sofrimento,
num universo que já foi fecundo.

Tenhamos pelos nossos filhos a coragem,
de emendar a mão, valorizando o querer,
e que os erros sejam uma aprendizagem,
com que todos, mas todos irão aprender.

Jorge Humberto
08/06/11

MEU CORAÇÃO BEM ESMIUÇADO


Meu coração bem esmiuçado
dá-se todo e em qualquer parte
é um pobre coitado
mas de refinada arte.

Quem o quiser ter
não precisa de muita ciência
só necessita de o conter
quando ele perde a paciência.

É pródigo no amor
bem-falante e respeitoso
tem do sangue a cor
e não é nada vaidoso.

Pena-se com as tristezas
das crianças e dos velhinhos
é todo cheio de certezas
e preza os seus vizinhos.

Não consente sevícias
nem os falsos moralistas
é um jardim de delícias
sem quaisquer intriguistas.

Gosta muito de dançar
e de ouvir o fado
aprendeu a cantarolar
de um pobre desgraçado.

Adora ir de viagem
conhecendo novas terras
a pé ou de passagem
despreza todas as guerras.

É de toda a gente e é de alguém
nada controverso
de tudo o que lhe advém
escrever a vida em verso.

Estas quadras ao meu coração
fi-las com todo o amor
na alma cheia de emoção
sem qualquer pudor.

Jorge Humberto
08/06/11

DURMO À BEIRA MÁGOA

Deito minhas lástimas à beira mágoa,
atormenta-me esta desavença,
e tenho meus olhos rasos de água,
que não têm nenhuma valença.

A frustração trai-me e me incomoda,
sou a própria ironia em pessoa,
minha vida sacia-se e acomoda,
do que em mim simplesmente ressoa.

Nas paredes assimétricas de minha aflição,
toda a fútil infelicidade me seduz,
e eu não tenho mais nenhuma emoção,
tudo em mim é vacuidade e reduz.

Tento um golpe de asa sem olhar pra trás,
chamar o amor que tudo reluz,
mas infelizmente nada me satisfaz,
caminho tristemente em contra luz.

Jorge Humberto
07/06/11

ESTE DESASSOSSEGO É MAIS UM FRIO DE ALMA

Este desassossego que me atormenta,
é mais um frio de alma que uma emoção,
reduz-me a nada e me sustenta,
faz bater descompassadamente o coração.

Nada me seduz e nada me contenta,
é sempre esta eterna insatisfação,
que me falha, tortura, invade e desalenta,
como um pedaço de carne em putrefacção.

Deito meus sonhos sonhados ao desalento,
sou como um cão sem osso, perdido no deserto,
e tudo se esvai com o atroz pensamento,
a quem lhe deixassem o pulso aberto.

E este meu doloroso descontentamento,
vai por mim adentro, em perfeita comoção,
vivo a vida em perfeito esgotamento,
não sei de mim, em plena contemplação.

Jorge Humberto
07/06/11

A IMPORTÂNCIA DA PALAVRA


Palavras se mal dirigidas
podem magoar
em todo o lado são descabidas
e nos fazem chorar.

Palavra deve ser emoção
verdade e plenitude
daquelas que falam ao coração
em toda a sua virtude.

Se mal recebidos é afronta
é porque o gesto ofendeu
quem o mal apronta
não tem nada de seu.

A palavra deve ser conforto
imbuída de solidariedade
fora isso é desconforto
dubiedade e falsidade.

Em cada palavra um gesto
que dignifique o trejeito
com que eu me apresto
a levar com muito jeito.

De palavras flamejantes
já se nos esqueceu
julgam-se importantes
nas mãos de quem as recebeu.

A palavra é a liberdade
sem retrocessos nem pudor
quem vive com a verdade
tem no coração muito amor.

Palavras são ensinamentos
que levamos às crianças
para elas são momentos
que transformam em alianças.

Palavra é arado no chão
é da terra o cultivo
saibamos ter ponderação
para com tudo que é vivo.

Jorge Humberto
06/06/11

DE MIM ME PERDI


Não sei mais quem sou
perdi-me às avessas
só estou bem onde não estou
a viver de promessas.

Se me digo de mim não sei
tudo se escureceu
a mim próprio enjeitei
e o céu se obscureceu.

Procuro uma mão amiga
um amor enaltecido
ou alguém que me diga
porque me sinto perdido.

Nas ruas sem fim me perdi
ando a contrapasso
o que fui já me esqueci
e vivo neste embaraço.

Dei de mim o que não tinha
fui o que não podia ser
esta vida não é a minha
sou um mero parecer.

Escrevo à sombra de mim
e nas eras do que já fui
não achei princípio nem fim
sou como um mar que influi.

Certezas não as tenho
a nada me proponho
e eu que não sei ao que venho
a nada me disponho.

Meus versos são inversos
são mera apreciação
dúbios e controversos
são pura contradição.

Jorge Humberto
06/06/11

NA ORLA DE TEUS OLHOS

Descanso minha vontade na orla do mar
invento silêncios que só eu sei
luz a luz do sol no meu secreto olhar
tudo é espanto nos jardins que espelhei.

Teus olhos nos meus de puro encanto
luzem a cor do dia flamejante
meu e só meu é o meu espanto
na sombra relembro o vento espampanante.

Sei de cor o teu rosto e o silêncio de tua voz
reluz-te no cabelo a luz do farto sol
espero-te nas esquinas oblíquas por nós
estira-se ao vento o velho girassol.

E a casa de madeira do prado encantando
sabe de nós como nenhuma outra
o beijo refuta o silente espaço mareado
pelo calar das urzes que o vento encontra.

A horizonte tudo de novo e um simples rio
ébrio de águas comummente cristalinas
teu sorriso é como quando o estio
abraça a terra realçando as raias finas.

E as algas e os búzios que enrolam na areia
desenham ilustres quadros fulgentes
na volúpia da praia onde a brisa mareia
e a gente se encontra com as nossas gentes.

Jorge Humberto
05/06/11

PODEREMOS TER UM MUNDO MELHOR


Se te julgais, mais do que aos demais,
a humildade e o altruísmo não te rege,
tens contra a humanidade armas letais,
solidificas personalidade de um herege.

Se, entretanto, te julgais o predestinado,
aquele que ninguém domina ou entende,
vede, que de longe, foste mal-educado,
e a falácia, o engano e o logro te defende.

Mas se te julgais solidário, junta-te a nós,
sê humilde e personifica a tua humanidade,
com palavras de ordem, não lutes a sós,
que agora tens de irmãos uma afinidade.

E juntos vamos mudar o mundo celeste,
contra o vil perverso e a desonestidade,
os tiranos que nos invadem como a peste,
sejamos um só, avante a honestidade.

Jorge Humberto
04/06/11





DELÍRIO AO ENTARDECER


Doira o sol no azul do céu
sopra uma brisa vinda do rio
e meu coração enterneceu
quando eu o julgava frio.

Andorinhas esvoaçam no ar
pardais saltitam travessos
e eu aprendo a soletrar
os meus escassos versos.

No vazio de meu quarto
senta-se o poeta a escrever
é um doloroso parto
o poema que ele tenta tecer.

De rimas imperfeitas
a poesia surge falaciosa
há no mar ondas desfeitas
como a espuma perniciosa.

Nuvens esgarçadas e brancas
são como filigranas de prata
e são tamanhas e tantas
que eu as julgo feitas de lata.

Nos jardins bem mais abaixo
há insectos tontos de olores
e o malmequer cabisbaixo
adormece ao sol sem pudores.

Canta o canário sinfonias
e as árvores e o seu inverso
mostram-nos melodias
das folhas verdes o reverso.

E na linha do meu poema
com rabiscos ao acaso
toco a reboque o teorema
que é quando surge o ocaso.

Jorge Humberto
04/06/11

sexta-feira, 3 de junho de 2011


O BEIJO ESPERADO

Saberei esperar por ti,
como tudo que é muito,
e quando sorrires pra mim,
saberei que tem intuito.

Espero na estrada, na rua,
que tu te achegues a mim,
com a tua alma toda nua,
vestindo saia de cetim.

E mais esperarei, enfim,
que tu venhas de lá, de lá,
aguardarei dentro de mim,
que me tragas ao que há.

E num abraço apertado,
vamos nos cumprimentar,
está mesmo aqui ao lado,
o beijo que estou a guardar.

Jorge Humberto
03/06/11

SE ÉS CAPAZ


Se ainda te comove um sorriso de uma criança,
se as mãos do velhinho ainda aquecem as tuas,
se a todos és capaz de ser gentil e manter a esperança,
tuas são as palavras aqui ditas e nunca irão nuas;

Se és capaz de sorrir quando todo o mundo te nega,
se és capaz de sonhar e viver esse sonho,
teu é o altruísta coração, que não te sonega,
quando no verso o teu insigne nome ponho;

Se és capaz de pensar com toda a acuidade,
de verter emoção, por um pobre desgraçado,
é tua a semente da solene solidariedade,
vivendo para um mundo muito mais esperançado;

Se a todos és capaz de dar o melhor que há em ti,
de fazer das tripas coração, por um mundo em ascensão,
se és capaz de tirar de ti para me dar a mim,
generoso tu és e não te rareia o ilustre coração;

Se és capaz de dizer não ao embuste da ilusão,
e converter o ilusório numa realidade,
tua é a vida com toda a compreensão,
dos que não escondem em redomas a simplicidade;

Se sendo enganado perdoares ao impostor,
se à mentira te esquivares desembaraçadamente,
se és capaz, na tristeza, ainda compor,
um poema que fale voluntariamente da gente;

És um Homem livre de rara honestidade,
e vais pôr tudo o que sabes ao serviço dos demais,
porque em ti mora e namora a sobriedade,
que aos majestosos filhos vais ensinar e a seus pais.

Jorge Humberto
03/06/11

FALTA DE INSPIRAÇÃO

Hoje todo eu sou emoção,
susceptibilidade…
hoje todo eu sou coração,
e hipersensibilidade.

A inspiração se me escapou,
para a lonjura…
não sei o que de mim sobrou,
remeto-te à minha ternura.

Chamo a mim as flores do jardim,
lírios e rosas…
e eu que não sei mais de mim,
escrevo rabiscos e prosas.

A tentação é muito e impecável,
para escrever…
e tudo isto é intratável,
querer fazer e não o poder.

As árvores continuam estáveis,
adentro, lá fora…
tenho quadros comparáveis,
com o que lá fora demora.

Voos de mariposas embriagadas,
pela luz solar…
andam pelo ar desnorteadas,
sem saber onde pousar.

Pássaros comummente irascíveis,
parecem loucos…
e os poetas viraram imiscíveis,
e todos não são poucos.

Termino aqui os meus versos,
dizendo nada…
talvez os meus inversos,
hoje não andem de mão dada.

Jorge Humberto
02/06/11


AMAR


Nos teus olhos flamejantes
correm rios incandescentes
voam borboletas insinuantes
povoa-se a terra de gentes.

Nos teus lábios de carmim
enrolam as ondas no mar
canta o pássaro carmesim
ébria manhã a desenrolar.

No jardim de teus sonhos
nardos, orquídeas, jasmim
nascem rasteiros medronhos
e pousas tuas mãos assim.

Mãos de seda santificadas
em velhos altares purificados
por terem sido sacrificadas
aos deuses abençoados.

Teus cabelos, alegres cabelos
rolam ao vento madrugador
parecem-se, ao ver, com novelos
que manténs ao teu dispor.

Caminhas hierática, senhora
de passos firmes em ascensão
em direcção às estrelas na alvora
irradiando toda a tua emoção.

Nascem rosas no teu coração
de veludo é a tua pele imiscível
e entoas-me uma bela canção
quando estou mais perecível.

E a tua ternura sobretudo
deixa-me à vontade para ficar
e o segredo, contado, é tudo
o que conquistamos a amar.

Jorge Humberto
02/06/11


CIENTES DE NOSSO AMOR


Meu bem-querer, enches-me de emoção,
quando te chegas a mim para me procurar,
e com toda a comoção de teu coração,
um beijo relevante e altruísta me vens dar.

Recebo-o como o bem pouco que me sobeja,
divagando nos sonhos que nos adornam,
e teus lábios são como as belas cerejas,
que se põe como brincos que se exploram.

Belos jardins florescidos e coloridos nos visitam,
mostrando toda a sua beleza sem ter par,
e as nossas ilusões prementes nos requisitam,
abrindo as portas a embelecer o nosso lar.

Flores e plantas nós colhemos por assunção,
fazemos um belo ramalhete de jasmins,
e com toda a devotada e subtil agitação,
pousamos na mesa algumas opalas de arlequins.

Satisfeitos sentamo-nos no sofá a conversar,
e enquanto falamos de coisas corriqueiras,
um abrangente abraço soubemos conquistar,
e damo-lo das mais diversificadas maneiras.

Um silêncio toma conta de nós devagar,
e o respeito é recíproco e envolvente,
nunca do nosso amor houve duvidar,
pois que ele coadjuvado pelo que é permanente.

Rompido o silêncio em que nos soubemos,
com as palavras que se dizem sem se dizer,
fomos tudo o que aqui propusemos,
fomos o som que não quisemos romper.

E levantando-nos, de mãos nas outras dadas,
saímos de casa muito mais cientes,
das palavras que então não foram faladas,
pois agora somos muitos mais coerentes.

Jorge Humberto
01/06/11

CRIANÇA

Na macia infância de uma criança,
tudo são sonhos e ilusões,
e brinca de ser grande,
com toda a graça e emoção.

Ser criança é esperar tudo do mundo,
o previsto e o imprevisto,
e quando não há o que ela almeja,
logo inventa um sem fim de coisas.

É uma inventora nata e perspicaz,
e joga seus sonhos de pernas para o ar,
desmanchando e renovando,
consoante lhe dita a inovação.

Amiga do seu amigo, gosta da companhia
dos outros, para lhes contar suas
façanhas e aventuras mil,
em que é mestre, de tirar letra.

Criança, no dia em que te comemoram,
muitas são as que não têm brinquedos,
e em toda a tua solidariedade
emprestas os teus, com um riso nos lábios.

Contente com o que acabaste de fazer,
teu sorriso são mil sóis,
pois agora tens amiguinhos para brincar,
de carrinhos, de cabra cega.

Criança, tens o dom da humildade,
e divides com as outras crianças,
o que de casa trouxeste para rua,
apetrechada de bonecos e de bolas coloridas.

Divides com os teus amigos, um a um,
os teus jogos de encantar,
e a algazarra é tanta, que os vizinhos
Vêm à janela, para ver o que se passa.

Jorge Humberto
01/06/11

VAMOS LEVANDO A VIDA

Vamos levando a vida,
tentando fazer o melhor de nós.
Com coração e ternura,
isso se torna realizável e suportável.

Às vezes não sabemos bem ,
que caminho seguir e enfrentar,
se o da esquerda se o da direita,
mas a decisão cabe à nossa sobriedade.

No centro diz-se que fica a virtude,
mas estamos tão centralizados
que me custa aceitar,
esta sincronização nada maleável.

É no coração e nos valores morais,
que assenta a nossa representação,
e a emoção guarda-se,
para quando nos sentirmos sozinhos.

Jardins suspensos de Alexandria,
já não existem,
temos da beleza, o que vemos,
para nos sintonizar com as metrópoles.

Fábricas e indústrias nos consomem,
os jardins estão fartos
de poluição, e as rosas alegres,
têm espinhos a nos afastar.

Crianças na sua macia infância,
brincam no cimento,
pois que lhes roubaram os campos
e as árvores de alçapão.

Por isso hoje se fecham em casa,
sem brincar de peão e de cabra cega.
Já não jogam à bola,
nem chegam a casa de joelhos arrasados.

Tudo mudou para pior,
e outras são agora as prioridades.
Na cegueira da cidade,
deixamos nossos olhos perdidos.

Jorge Humberto
31/05/11

ENAMORAMENTO

Teus olhos resplandecem o sol,
de minha cortesia;
são os meus nos teus,
que me enchem de alegria.

A emoção toma conta de mim,
e o róscido da madrugada,
traz-te um céu limpo no rosto,
numa escolha aturada.

Teus lábios salgados humedecem
os meus, no beijo declarado.
E meus braços nos teus,
são de um silêncio apertado.

Jardins silentes têm a suavidade
da palma de nossas mãos,
quando colhemos as flores
intumescidas, que não sabem dizer não.

Borboletas disputam connosco
a corola das flores
e os estames, para colher o néctar,
que as fazem perfeitos amores.

Enquanto caminhamos,
de mãos dadas,
soltamos nossa ternura recíproca,
e vamos pelas estradas emprestadas.

Pássaros esvoaçam por cima
de nossos cabelos,
e ao pousarem neles, espalhafatosamente,
vêem-se enredados em novelos.

Nós sorrimos gracejando,
mas seguimos nossa estrada,
com o mar, lá em baixo,
a encher de água a lagoa na beirada.

Caminhamos para uma cascata,
que se posiciona atrás do monte.
Mas antes paramos
para beber da água da fonte.

Jorge Humberto
31/05/11

A TUA IMAGEM ME FASCINA

A tua imagem me fascina,
sonho-me contigo a toda a hora,
mesmo quando me deito,
e o sono aflora meus olhos.

Por ti seria capaz de tudo,
de atravessar a pé este mundo,
com o coração no bolso,
para não me esquecer dele.

Provaria do mais doce vinho,
em tua honra e gratidão,
com que me devotas em cada
gesto teu, o amor que me prestas.

És minha para todo o sempre
e trago-te de mão dada,
para mostrar a todos,
que somos um só perceptível.

Ganhar terras e povos,
ir ao encontro de crianças e de flores,
que te poria no cabelo,
enfeitando toda a graça de uma mulher.

Da minha emoção consentida,
faria tua ternura e candura.
E nos mais ternos anos,
encher-te-ia de beijos e de abraços.

Tu serias recíproca aos meus avanços,
e na tua tez o sol brilhava,
como para compor um quadro
de beleza e singeleza.

E eu dizia-te que te amava,
como tudo o que é de meu,
compreensível aos teus receios,
quando a resposta viesse.

Jorge Humberto

ENTRE A RAZÃO E A EMOÇÃO

Vivo pelo pensamento
e para o pensamento, as emoções
só se aproximam de mim
se eu o permitir, que assim seja.

Não quer dizer que não seja
uma pessoa que se emociona, com
os contrastes, entre os que
podem e os que tentam e nada alcançam.

Emociona-me uma criança ou uma flor,
na mesma medida,
que penso que qualquer uma
delas, tem a sua grandeza imutável.

O pensamento faz-me reagir
e ser mais propenso a esses compromissos.
Uma bela mulher encanta
e fascina, só pelo simples facto de olhar.

É o pensamento quem primeiro
deslinda o factor surpresa
e logo entra a emoção, com toda a sua
candura, aprovando a beleza, que se acerca.

Se todos os pássaros cantassem para mim,
numa sinfonia de sons e de cores,
largaria o pensamento,
para viver a explosão, agradável à vista.

Mas como os pássaros cantam para todos,
eu penso se a música
é exequível, com o estou a ouvir,
e compatível com o que estou a sentir.

Tudo é razão, e, porque não dizê-lo,
comoção, que se nos prende aos olhos,
e nos faz viver num estado
de bem-estar, comportável com o pensamento.

Jorge Humberto
30/05/11

AMIGOS INSEPARÁVEIS II

Dos meus amigos tenho a sua candura,
o carinho e a atenção,
por tanta e tamanha formosura,
que me reconforta o coração.

São eles que me livram das tristezas,
quando triste a mim se rendem.
E as velhíssimas incertezas,
aqui não mais, de ficar tendem.

São eles o motivo do meu sorriso,
de minha brandura.
E, o mais que for preciso,
lhes darei em forma de alvura.

A alvura da manhã adormecida,
por detrás do horizonte,
em que vê espargida,
a chuva no cume de um monte.

Chuva que molha a terra e nossos corpos,
sedentos de uma nova frescura.
Meus amigos, mesmos os mortos,
têm toda a minha ternura.

E, nos invernos mais rigorosos,
são eles que me confortam.
Que nos meus versos frondosos,
a eles se transportam.

Amigo está sempre presente,
mesmo quando menos esperamos.
Nunca é um ser ausente,
por ele a esperança alcançamos.

E traz-nos em mãos uma flor,
colhida num jardim qualquer,
para nos oferecer, prenhe de amor,
a quem por ela tanto quer.

Jardins de amigos preocupados
com o nosso bem-estar.
Que, quando nos vêem coligados,
mais e mais nos ficam a amar.

Jorge Humberto
29/05/11


VIAJANDO PELA EUROPA

Mil caminhos eu percorri,
deixando para trás a saudade,
da terra onde vivi,
que visitei com acuidade.

Cidades estrangeiras eu conheci,
outros povos, outras línguas,
novos frutos antevi
e andei às minguas.

Vi mulheres lindas onde me estranhei,
cada qual com sua emoção.
Mil brindes eu celebrei,
ao som de outra canção.

A nostalgia vinha com o frio
da minha terra amada,
e sonhei com o Estio
em cada madrugada.

Vi crianças iguais às de cá,
também elas brincando,
jogos que eram de lá,
que aqui eu vivi jogando.

Outras palavras eu proferi,
para que assim me entendessem.
E todas as pessoas compreendi,
como se já me conhecessem.

Provei iguarias que eram as minhas,
dos emigrantes, que me acolheram.
E provei das boas sardinhas,
mais o pão que cozeram.

Mas depois de tanto viajar,
conhecendo toda a Europa,
tive de regressar,
para cumprir a militar tropa.

Jorge Humberto
28/05/11