Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

sábado, 30 de abril de 2011


CARTÃO –DE- VISITA À COVINA


Oliveiras a perder de vista,
hortas amanhadas aqui e ali,
não há quem bem resista,
de visitar minha Terra assim.

Cerejeiras cor de carmesim,
pessegueiros a todo o redor,
com tudo isto visto daqui,
sabe dos cuidados e do amor.

Na madeira que faz a ponte
brotam as silvas bem pretas
subindo para lá do velho monte
onde o silvedo abre gretas.

Altas nogueiras para lá do céu,
colmam o chão de nozes,
quem as come chama-lhes pitéu,
dizem-no as várias as vozes.

Nascem pereiras e macieiras,
da boa terra, que aqui abunda,
nascem os frutos de mil maneiras,
neste chão de terra fecunda.

Aqui temos frutos todo o ano,
morangos crescem na areia,
e é assim que vamos levando
o nosso canto de sereia.

Quem aqui vier que venha
por bem, delicie-se com a fruta,
tenha cuidados com a penha,
e não se perca na santa gruta.

Depois convide os seus amigos,
a visitarem-nos cordialmente,
amigos vossos são nossos amigos
que isto é Terra de boa gente.

Jorge Humberto
29/04/11

POEMA PARA MINHA MUSA


Minha eterna musa de meus poemas
é em ti que me revejo sem celeumas,
dás-me a poesia em asas de pássaros
e eu renasço, como mil e um Lázaros.

Testemunha sólida, de minha poesia,
despontas, em cada renascer de dia,
pra que eu possa escrever em versos
os meus cansaços e os meus reversos.

Sem ti comigo não há válida inspiração
todo o fruto que colho é a tua emoção
e redijo meus escritos vendo teu rosto
como se fora um fogo ou dócil mosto.

Em cada verso vai o teu gesto modesto,
escuto tuas palavras, com que eu gesto
o poema descrito, em total humildade,
só nós sabemos a nossa dúctil verdade.

Jorge Humberto
28/04/11

POESIA PARA UM BELO DIA


Um belo dia amanheceu detrás do monte.
Pessoas passam de um lado ao outro da ponte.
Chilreiam os pássaros cheios de alegria,
e eu sento-me a escrever esta poesia.

É uma poesia com os cantos da natureza,
onde vos dou a ler do mundo sua beleza,
com crianças brincando lá fora na rua,
e vê-se tímida e escondido o semblante da lua.

Orquídeas e nardos despontam nos jardins
com crisântemos a acompanhar os jasmins.
E insectos voltejam loucos de olores,
com noivos a testemunhar os seus amores.

Olhos de velhinhos perscrutam o intenso céu,
procuram ao longe o que um dia foi seu,
na doce inocência de lembranças idas,
entre muitas lides e mil vidas vividas.

Despontando o sol aquece os corações,
lindos pomares de maças e de limões,
parecidos com um quadro que está na parede,
subindo as escadas do quarto sem rede.

E agora que o rio caminha calmo para a foz,
eu pergunto-me o que seria de nós,
se não houvessem poetas solidários,
que nos emprestassem seus comentários.

E assim termino a minha lauda poesia,
escrita com a luz interminável do dia.
E pousando minha pena e meu caderno,
vou sonhando com o próximo inverno.

Jorge Humberto
28/04/11

POEMA PURO


No céu limpo de azuláceos pintado,
nos jardins de orquídeas e de rosas,
é que eu faço este poema aligeirado,
nas rimas, nas estrofes e nas prosas.

É um poema que de todo é encantado,
como o rio que passa lá mais em baixo.
Não precisa de ser muito elaborado,
só está proibido andar de cabisbaixo.

As flores fluem, saboreando o vento,
mostrando sua corola para os céus.
E num instante, todo um firmamento,
tem pássaros procurando os seus.

As crianças brincam na macia infância,
de bola, de escorrega e de fonema.
E eu junto um pouquinho de substância,
para terminar bem o meu poema.

Jorge Humberto
27/04/11

VI UM MUNDO TODO BOM

Eu vi o mundo todo bonito e florido,
lindas flores brilhavam nos jardins,
pássaros encantavam em tom garrido,
os crisântemos, nardos e jasmins.

Vi que os rios eram de azul intenso,
as árvores bailavam ao toque da brisa.
As crianças brincando sempre imenso,
escorregando por uma tábua lisa.

Vi os namorados andando de mão dada,
os velhinhos lembrando o passado,
e uma mãe que cantava uma balada,
pró seu bebé ficar enfim sossegado.

Vi a paz na Terra, com homens bons,
o mar todo verde enrolando na areia.
E vi céus e céus de intensos tons,
famílias juntas à mesa para a ceia.

Vi as guerras infames acabarem de vez,
e os deslocados voltarem pra seus lares,
com um semblante risonho na tez,
caminhando educadamente aos pares.

Eu vi que era possível mudar este mundo,
bastando crer e o Homem fazer por isso…
É o poeta maior e extremamente fecundo,
quando escreve, o que serve de aviso.

Jorge Humberto
27/04/11


O TEU AMOR É TUDO PARA MIM


O teu amor, é tudo para mim,
teus olhos são o meu espanto
e quando me sorris fico assim,
encantado com o teu encanto.

Tua beleza interior e exterior,
sobressaem do teu semblante,
e tornam-se em ritos de amor,
duma pura alma mui elegante.

Nunca tu levantaste aqui a voz
para dizer o que te atormenta,
e foste sempre, de ti, para nós,
o que mais nos a nós acalenta.

Franca e sincera me acolheste
e o enamoramento foi bonito,
e feliz sou pois me escolheste,
plo verso e plo verbo bendito.


Jorge Humberto
26/04/11

AMOR TECNOLÓGICO


Linda rapariga de meus sonhos secretos
dormes à noite comigo, na minha cama,
e sabendo eu que são sonhos despertos
abraço a realidade, numa eterna chama.

Não há o real e o fictício, somos abertos
à nossa conjunção, que a distância limita
e todos nós somos feitos, de mil acertos,
fragmento de coisas, que nos a nós imita.

Somos no outro, o que o outro é pra nós,
e não há que enganar, nem nos desiludir
cada um de nós tem o interior de sua voz
que lhe dita, o que é certo, ou o a mentir.

Linda rapariga de meus sonhos cobertos,
a nova tecnologia não nos rouba a paixão
pois dela nós estamos mais do que certos
que, o que bate, é um tal, de um coração.

Jorge Humberto
26/04/11

NA LUZ

Do mundo em que vim, estrelas roubei, do céu que encantava todo meu ser.
As estrelas espalhei pelo caminho, iluminando a terra na luz do infinito.
Reluzindo em prata cobriram o chão onde passos errantes levaram aos sonhos
Posso sentir, agora, a terra, pés descalços nas lutas encerram.

A luz espandia no tunel escuro, iluminando da terra ao céu,
Cobrindo de prata flores, mares e nesses caminhos cheguei.
Sublime ternura envolvente, dando paz a vida,
dando esperanças aos dias.

Nanci Laurino
23/04/2011

25 DE ABRIL DIA DA REVOLUÇÃO


Dia da revolução, do Augusto Cravo,
onde há trinta e sete anos se depôs
o ditador, às mãos do soldado bravo,
o povo saindo à rua não contrapôs.

Houve algumas incertezas naturais
e o tirano refugiou-se na casamata
mas, por todos os vindouros, anais
o tiramos à força, da casa de prata.

E o povo rejubilou, era a liberdade,
e nos fuzis, um cravo se depositou,
manifesto duma nova, tenaz idade
e que o povo na rua testemunhou.

“O povo unido jamais será vencido”,
ouvia-se em uníssono de gargantas
ora aprisionadas, agora, prometido
um novo mundo, de pessoas tantas.

Jorge Humberto
25/04/11

NEOFASCISTAS


Muitos se supõem mais do que são
arrogantes, fúteis, demais egoístas
têm uma pedra no lugar do coração
viram a cara ao outro Xenofobistas


Chauvinistas até mais não esta vida
lhes pertence (pensam), a ninguém
a lei da cortesia que lhes é indevida
mas de noite rezam, e dizem amém


Mas podem indivíduos supra raciais
suportar os demais, diferente deles
se se opõe, às distintas, raças faciais
e não toleram aí vestir-lhes as peles


Neofascistas, proliferam sem Razão
atacam, os não Arianos, a pontapés
e é vê-los de armas e armas na mão
a serem aquilo que, Homem, não és


Jorge Humberto
25/04/11


E ÉS


E é tanta a emoção por te amar
e é tal e tamanha minha alegria
que se um dia, houver o olvidar
que seja, pelo que já não servia

E és-me grata, pró meu coração
a corola aberta de uma flor feliz
e és no jardim, minha assunção,
és tudo o que de ti sempre quis

E és a mulher, plena fascinação
e, és a menininha, que fantasia,
és aquela, que tem a satisfação
de sorrir sorrindo, pró novo dia

És aquela que enamorada sorri
prá sorte, que a vida lhe trouxe
e és a minha voz estando assim
caso contrário, antes não fosse

Jorge Humberto
24/04/11

AOS POBRES QUE NÃO TEM DIA DE PAIXÃO


Há para aí tanta gente com necessidades,
sem ter o que comer sem ter onde dormir,
fazendo de sua casa, as enormes cidades,
olhos imensos e vermelhos de tanto carpir.

Vivem na essência de esmolas e caridade,
da boa vontade alheia, estendendo a mão
a quem passa apressado, sem identidade,
julgam-nos inoportunamente sem coração.

Eles sabem bem o que é viver do interesse
dos outros, que os repudiam como bichos,
e os têm de má fé no intenso desinteresse
pelo que dizem as Bíblias: vivem em nichos.

Muitos trabalham, apanhando a vil escória,
umas míseras moedas para enganar a fome,
e agora que se fala em Paixão, sua história,
é andarem neste mundo sem ter nem nome.

Jorge Humberto
24/04/11

EIS QUE TE RECORDO


Neste momento prazeroso, em que te recordo,
efusivamente mesmo não estando tu presente
é como se o tivesses, e do sonho, eis eu acordo,
pra te elogiar, com carinho cuidar-te a semente.

Ergo um jardim em tua honra, nardos e jasmim;
e onde cabem as rosas no teu regaço as ponho.
Silente vês meu labor, olhas-me como Serafim,
que do céu pode ver com que mimo eu reponho

as flores na terra cultivada pra tua homenagem.
E sou sangue suor e emoção, só para te agradar.
E, os jardins suspensos, da mais pura linhagem,
alcançam as nuvens, que anjos tratam de gerar.

E, vendo-te feliz, a minha lida por bem entregue,
trago-te a vislumbrar as flores que vão nascendo.
E, como não há, quem o possa negar ou o negue,
são para ti, estes lírios, que, ora, estou colhendo.

Jorge Humberto
23/04/11

OLVIDAR-TE JAMAIS


Por muito que eu tente esquecer-te
ser do olvido, da memória perder-te
não há como, eis mitigar o teu amor
se pra mim foi sempre leve estertor

Um estertor que não era moribundo
era pois mais uma pompa do mundo
que nós curtíamos com mui elevação
nossos beijos, trocados com emoção

E com circunstância, fazíamos festas
rebolávamos no chão (bem atestas),
até o dia se fazer noite, e, cansados,
regressar ao nosso ninho, estafados

Tudo isto é esplendor subtil vivência
que não dá para olvidar na anuência
e, que os outros, exercem sobre nós
como se fossemos partículas de pós.

Jorge Humberto
23/04/11

sexta-feira, 22 de abril de 2011


O AMOR QUE ENGANOU A MORTE


Nossos destinos se cruzaram um dia
não quis crer na minha súbita sorte,
vieste, como que por intensa magia,
resgatar-me das vis mãos da morte.

Teu ser lindo a tua subtil humildade
trouxe-me de novo, pró sol da vida,
e eu grato pela tua vera sinceridade
entreguei-me a ela qui-la bem vivida.

Aceitaste-me, como eu, entretanto,
e retribui-te, sendo o teu real amigo,
que, por ti, nutriu, excelso encanto,
e, não mais, deixou de estar contigo.

Quis o destino que nos noivássemos
e juntos tomássemos para nós assim
o nosso caminho, e concordássemos
ser um num outro, eu e tu a sós aqui.

Jorge Humberto
22/04/11

QUANDO VENS PARA MIM

Quando vens para mim, de braços abertos
o meu coração exulta de amor e de paixão
todo eu sou carinho, meus olhos cobertos
de ternura e minha alma plena de emoção

Quando vens para mim, inteira e honesta
querendo fazer-me agrados e carícias mil,
meu ser o teu ser simples e brando atesta
que tu me queres, e, de mim não és servil

Quando vens para mim, no teu ser singelo
sendo por mim respeitada e muito amada
teces-me elogios, e dizes, o quão sou belo
que bela és tu pra mim de flores adornada

Quando vens para mim de plena assunção
dou-te, o melhor de mim, e jamais destoo
e tu dás-me de ti toda a vera consideração
que, olhando os céus, alcançará o dito voo

Jorge Humberto
22/04/11

LEMBRAS-TE AMOR


Tinha tantas novidades para ti,
com a emoção no meu coração
que desde que te foste de mim
pu-las em uma caixa de cartão.

Não te servem minhas ilusões,
a mais ninguém então servirão
sei que ainda batem corações,
quando te estendo minha mão.

Porque me deixas assim infeliz,
se eu sempre fui de ti e para ti,
não me queiras sozinho, infeliz
meu amor é teu e parte de mim.

Vem amor, nosso eis é o mundo
passeamos de mãos enlaçadas,
esqueçamos o que é infecundo
e nossas vozes sejam irmanadas.

Jorge Humberto
21/04/11


CHOVE LÁ FORA COPIOSAMENTE


Numa tarde como esta, com a chuva lá fora,
e o céu carregado, com nuvens esgarçadas,
cheiinhas de água, o tempo eis não demora,
deixando para trás as terras, todas molhadas.

Chove copiosamente e as flores dobram-se,
para se proteger da bátega da chuva grossa,
e os animais, procurando refúgio, cobram-se
à vez, eles que procuram, a bondade da roça.

Aí protegidos, co a chuva a cair dos telhados,
vêem os relâmpagos, que assola todo o céu,
e enrolados uns nos outros, assaz molhados,
cada um se protege, com tudo o que é seu.

E adormecendo, ao som da trovada, parece
que os ruídos estão cada vez mais na lonjura…
E de repente vislumbra-se um casal em prece,
por trás da janela, suplicando o fim da tortura.

Jorge Humberto
21/04/11

UM DIA NA PRAIA


Ainda te lembras como nosso amor era,
e de mãos dadas caminhávamos os dois,
com subtis raios de sol, qual primavera,
pela orla da praia, manhã, nunca depois?

Corríamos pela areia, como dois loucos,
atrás das gaivotas, mergulhando no mar,
e riamos tanto, a bom rir, que de roucos,
nossas vozes ficavam, de tanto ali gritar.

Nossas cadelinhas junto às nossas pernas,
andavam sempre connosco, bem meigas,
e quando à água entravamos, elas ternas,
vinham connosco, do mar imenso, leigas.

Assim nos divertíamos e a manhã cessava,
e secando-nos ao sol era o regresso ao lar
uma realidade, e quando a tarde chegava,
já em casa era um correr para nos abraçar.

Jorge Humberto
20/04/11

FOI NO VERÃO O AMOR


Vivo a espaços com a tua lembrança
sou um ser solitário sem o teu amor,
pra cá e para lá ando sem esperança
de que inda me venhas dar teu calor.

Sem teus mimos, não sou mais nada,
pois só teus carinhos me faziam feliz,
e eu caminho saudoso nesta estrada,
onde tudo que é real a mim se desdiz.

Não me deixes agora, inda há tempo,
não esqueças, peço-te, o que fomos,
dois seres, amantíssimos, ao relento,
em dias de verão, na praia os colmos.

Como fomos felizes nesses rasos dias,
onde a emoção nos trazia pelas mãos,
eu te dizia amor, e tu bem que sabias,
que era verdadeiro sem haver senãos.

Jorge Humberto
20/04/11

BATE FORTE MEU CORAÇÃO


Bate forte meu coração por te saber,
bate interminável, como uma canção
e quando tu por fim me vieres rever,
traz-me contigo, toda a tua emoção.

Ao luar sob as estrelas, de te pensar,
penso em ti, e há um terno renascer
em cada momento, para te alcançar,
e nos meus braços assim te envolver.

Traz-me contigo um belo dum sorriso,
rosto solene mas cheio de humildade,
para saberes enfim do que eu preciso,
no toque de nossas mãos a suavidade.

E neste amor sem ter sequer confins,
de beijar-nos, nos beijamos, a prever
dias de paixão sem princípio nem fins:
que o que nos move é este enternecer.

Jorge Humberto
19/04/11

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA


Ter saúde é ter tudo, uma vida sossegada,
paz de alma, corpo são, velhice assegurada.
Passear e conviver com as outras pessoas,
e em tua casa, junto dos teus, não destoas.

É ser feliz e fazer os outros felizes também,
porque te querem e no querer te vêem bem,
e assim, tranquilos, com a saúde a certificar,
da vida que levas nada tens tu o que criticar.

Mas quando a saúde se vai e nos atormenta,
afligindo-nos, não há nada que nos sustenta,
tudo se desmorona à nossa volta, a felicidade
se esvai, a alegria derriba, tudo é infelicidade.

Quando caímos à cama sem forças para nada,
de mil cuidados a íntegra família eis é tomada,
e tudo faz, para que o ente querido, se anime,
valha-lhe nesta vida dolorosa, quem o estime.

Jorge Humberto
19/04/11

QUANDO ESTOU SEM TI

Quando estou sem ti penso em ti
e nem recordo nem mais de mim
pois tu és toda a minha assunção
honrando-me eis o meu coração.

Esta tua falta a mim me comove,
e teu ser meu ser a ele promove
sua empírica experiência segura
e que é toda esta minha candura.

Não sei se em mim pensas, igual
se sonhas comigo e te é desigual
se o sonho sou eu ou outra coisa
como estático prato feito de loiça.

Mero objecto na parede pregado
que gostas de ver bem adornado,
com toda a emoção do teu gosto,
talvez eu tenha sido aqui deposto.

Jorge Humberto
18/04/11

ETERNA DEVOÇÃO


É tanta a emoção, quando em ti penso,
tanto carinho bordado no meu coração
que sei, sem dúvidas, que a ti pertenço
agora e sempre, com a mesma paixão.

E é tamanha a minha eterna devoção,
que a ti, só a ti consagro co fidelidade
meu ser devotado a teus pés, a razão,
de me sentir vivo, em toda humildade.

Por ti me sacrifico e esqueço o olvido,
quando não estamos, de mãos dadas
meu pensamento, só tem um sentido
busca-las no teu regaço ei-las tocadas.

E Lábios nos lábios somos qual a brisa,
que murmura, na copa dos arvoredos
dois pássaros loucos, que a luz, divisa,
ansiosa por descobrir nossos segredos.

Jorge Humberto
18/04/11

BANHANDO-SE NO RIO

Da janela de meu quarto
vislumbro
o rio lá mais em baixo; as
ondas diminutas vêm morrer
junto à orla do Tejo,
que está ressequida pelo
calor, onde tudo fenece.

As aves buscam uma sombra,
para beber
da água fresquinha,
e, seguidamente, sobem nos
caniçais para se refrescarem,
junto às margens
do rio, refulgindo o sol.

Crianças alheias ao calor do
momento,
fazem brincadeiras
na areia, onde a lama é mais
permeável, e
depois de sujas mergulham
nas águas ávidas de corpos.

Apesar de lamacento o rio
é convidativo,
e as crianças chamam os adultos,
para virem jogar seus
jogos, nas refrescantes águas,
no amenizar das ondas,
que mortiças se mostram.

É motivo de rejubilo e alegria
estas águas,
e não raro se vêem peixes,
saltando borda fora,
confiantes pelo cardume
e pelo serenar do rio,
que a tudo e a todos convida.

Com a tarde, chega a hora de
regresso
a casa, e todos estão extenuados,
por mais um dia calorento,
onde as crianças tiraram
bom proveito, seguidas dos
adultos, revigorados pelas águas.

Jorge Humberto
17/04/11

O QUE FIZEMOS DE NÓS?


Nascidos para amar nos outros, o que em
nós amamos, assim são os seres humanos
na sua essência primeira, agora mui aquém,
por rivalidades e incontidos desmandos.

O dinheiro e o poder transformou pessoas,
perfeitos fantoches nas mãos dos tiranos,
e se falas o que pensas e deles destoas,
atrocidades se te acometem durante anos.

Somos farsas de outros, e já não reinamos,
não temos mais capacidade de julgamento,
e o que em nós somos dos demais tiramos,
imperfeitos nos achamos em isolamento.

Acabaram-se as convicções e a filantropia,
fazemos tudo por favores ensimesmados,
qual Narciso, que ao espelho, a si se via,
e nos encontramos sem nos dar por achados.

Jorge Humberto
17/04/11

AMOR TAMBÉM É SOLIDARIEDADE


É certo, que tive uma certa aversão,
em escrever sobre o amor,
e era tal a minha desilusão,
por não se falar de solidariedade,
por não sermos nós a identidade,
que eu tive de ouvir o seu clamor.

Não descurando o meu idealismo
o amor poderia ter o seu lugar,
senão lutando contra o fascismo,
contra o tiranismo e a inquisição,
que tivesse a ascensão,
do amor que vai de par em par.

Nesta subtil mudança de prioridades,
estão as pessoas sozinhas,
que não tendo do destro as idades,
procuram nos poetas a emoção,
que lhes toque fundo o coração,
para se sentirem de novo rainhas.

Agora tenho escrito sobre o amor
e de permeio sobre a natureza,
que é todo este nosso esplendor
que as gentes gostam de ler,
para saber e para crer,
na mais pura e solene certeza.

A certeza que vem do conhecimento,
que o poeta transmite em versos,
pois que todo o padecimento
não tem nem razão de ser,
porque o amor, o que quer saber,
é do porquê de nossos reversos.

Mas quando a alma grita mais alto,
transmito a comoção
(qual cavalo correndo no planalto)
dos povos em sofrimento,
com todo o agravamento,
que do amor terá o seu pendão.

Jorge Humberto
16/04/11

AMANDO A SÓS


Nas minhas noites insones espero por ti
e ando solitário, sem nem saber de mim
no quarto obtuso e deveras deprimente
onde me sinto completamente doente.

Doença chamada amor, sem clemência
deixando-me neste estado de demência
por sentir em tudo o teu cheiro intenso
e que meu olfacto detecta no ar imenso.

E a noite prossegue sem a tua presença
como uma má sorte ditando a sentença
de que tu não virás e eu serei sempre só
como se fora um pássaro ferido sem dó.

Fumando cigarro após cigarro vislumbro
a manhã que chega e eu não deslumbro
a luzente luz que emana vinda lá de fora
nem o teu semblante que em mim mora.

Jorge Humberto
16/04/11

O SIMPLES FACTO DE ESCREVER


A folha onde escrevo, pintei-a de rosa,
para lá pôr a minha prosa,
quando a douta inspiração,
comigo não está em deveras comunhão.

É como escrever no Arco-Íris, da tarde,
e sem grande alarde,
pôr nos versos os matizes,
como pequenos frascos de vernizes.

E assim sigo escrevendo com a anuência
da folha paciência,
algumas rimas acertadas,
que o que rege é que elas sejam separadas.

Também podem ir juntas, é conforme
ao dever, não é informe,
de se mostrarem a todos,
os versos que se querem a rodos.

Gosto de escrever disperso, sem regras,
e se acaso tu alegas,
que poeta tem de ser servil,
escapo-me e pinto a primavera de Abril.

Agora que já fiz um pouco de poesia,
é mais casto o dia,
e tudo corre fluentemente,
sem forçar nem se mostrar o dente.

Porque está nas mãos do poeta a lucidez,
daquilo que ele fez,
na folha consentimento,
parando o relógio e o astuto tempo.

E assim na roda-viva da nossa vida,
a prosa não é indevida,
leva o seu alento a cantar,
esperando que os outros possam gostar.

Jorge Humberto
15/04/11

AMOR IMIGRANTE


Tão perto e tão distante, o nosso amor,
que, se não fosse todo este resplendor,
há muito tinha sucumbido na distância,
deste imenso mar, fértil em substância.

Tudo é prioritário vivendo em desnorte,
como se o mundo fosse nossa má sorte,
mas nós persistimos naquela eminência,
de, que um dia, o amor supere a ciência.

E nos encontremos, como dois amantes,
onde o gesto e a nobreza são relevantes,
e saíamos juntos de mãos dadas pró ido,
tornando alegres os dias, por tê-lo vivido.

Então mais nada nos separará doravante,
e se preciso for, seremos como imigrante
que anda de país em país pela comunhão,
criando raízes, do seu e do nosso coração.

Jorge Humberto
15/04/11

quinta-feira, 14 de abril de 2011



ANDORINHAS E PARDAIS DA MINHA RUA

Andorinhas e pardais, revezam-se,
nos voos musicados,
pela brisa da tarde, nas árvores,
dando graça e encanto
a primavera, que vai lá fora.

Enquanto as andorinhas voam sem
descanso, parecendo
bailarinas endeusadas, já os pardais,
depois de irem de ramo
em ramo, vêm ao chão, saltitando.

Procuram pequenos insectos, que
ao passarem por eles,
não são refrega para o seu estômago,
e servem ainda de alimento,
para os pequenitos no ninho.

Já as andorinhas, sempre em voo,
caçam no ar,
para si e para levar para os seus,
onde as esperam
os filhotes, na toca de palhinhas.

É um vai e vem constante de asas
cobrindo o céu,
de brancos e de negros e de cinzas,
que emprestam aos
olhos cansados, a beleza necessária.

Da minha janela espreito todo este
bailado e ocupação,
e as andorinhas quando me v�em,
em voos rasantes,
tocam-me ao de leve no cabelo.

Os pardais são menos sociais e mais
solitários,
por isso não se estranha que andem
sempre em discussões,
entre chilreios e garras nas garras.

Por fim com o pôr-do-sol juntam-se,
e em grupos numerosos
e ruidosos voam para outras
paragens,
onde passarão a noite, até nascer o dia.

Nisto, as andorinhas, estando perto
dos seus ninhos,
demoram-se mais um pouco, em
voos intermináveis,
até que a escuridão
a todos reclame paz.

Jorge Humberto
14/04/11

AMOR PRESENTE


Quando te vi não contive minha candura
nem receei entregar-te a minha ternura,
porque teu ser era de uma tal bondade,
que eu me vi a mim em total simplicidade.

Dei-te o meu coração por ti já suspirando,
aceitaste-o e o teu a mim foi entregando,
toda a sua humildade, que não cabe aqui,
e sorrindo, sorriste, olhando só para mim.

Fizemos juras de amor e de eterna amizade,
passeamos juntos, mão na mão, co vontade
de nos conhecermos melhor, enaltecendo
um ao outro, suas qualidades reconhecendo.

Era como se já nos tivéssemos visto outrora,
e sem grandes esforços nem grande demora,
ficamos um no outro, para todo o sempre,
e foi então, amigos, que dissemos presente.

Jorge Humberto
14/04/11

NA LINHA DO ARCO-ÍRIS


Na linha que norteia o horizonte,
junto ao rio,
há coisas mágicas de se ver,
arco-íris deslumbrantes,
junto à orla desse mesmo rio.

Há crianças banhando-se nas
águas límpidas,
e cores a perder de vista,
quem encontrar este sítio
sentir-se-á um privilegiado.

Nas sete cores do arco-íris há um
pote de oiro,
guardado por duendes verdes,
e as cascatas de orvalho,
espargindo, salpicam as águas.

O oiro são as cores maravilhosas
que espantam o céu,
e quem o olha freneticamente,
de modo a não perder
um bocado que seja dessa magia.

E as crianças que ali brincam,
tentando
descobrir o oiro, por detrás de
alguma das cores reluzentes,
mas o oiro é o seu próprio sorriso.

Quando a horizonte, o arco-íris,
desaparece,
aquele bocado de terra e água,
está munido de imãs,
que se prendem a nossos olhos.

Jorge Humberto
13/04/11

VIESTE E PARTISTE


Vieste; de onde não sei; mas não quiseste
ficar. E tal como vieste assim partiste enfim,
deixando para trás a fragrância que puseste
e o desejo, de te ter bem juntinho de mim.

Partiste; com olores primaveris e uma ilusão
estampada no rosto, tão suave e enlevada,
que eu perguntei, insone, ao meu coração,
se algum dia poderias ser minha namorada.

Foste uma aragem fresca que aqui assomou,
aos meus dias tristes e relegados para o fim,
porque em mim, houve quem não acreditou,
que eu seria sempre fiel, com essa fé em mim.

E eras tão bela, menina e moça, fascinante,
que me deixou a remoer com os meus botões,
se haveria mulher tão linda assim, cativante,
que quisesse unir os nossos régios corações.

Jorge Humberto
13/04/11

NUMA TARDE DE PRIMAVERA


Lá fora a tarde vinga, com o sol
a aflorar jardins,
e as flores abrem suas corolas,
para absorver o calor,
que levará à polinização, com
insectos volteando nardos e rosas.

Diversos insectos e borboletas,
sugam o néctar
açucarado, e as plantas em pequeno
desmaio, convidam
a visitar suas pétalas e estames,
num convite natural.

E eu olho encantado toda esta
parafernália,
de voos e de asas entrecortadas
pelas sombras,
que advém das árvores mais
próximas do jardim enamorado.

Casais passeiam-se de mãos dadas,
e subjugados
à beleza impar das flores, colhem
as mais lindas, para oferecer
às suas caras metades,
que se embriagam de perfumes.

E nesta primavera, pássaros voam
em danças ancestrais,
indo depenicar nos jardins, as flores
mais apetecíveis,
pegando em talos caídos,
para forrarem seus ninhos.

Enquanto as andorinhas andam cá
e lá, para trazer
alimento para os recém nascidos, que
de bico bem aberto,
reclamam seu quinhão de comida,
no correr sumptuoso da Natureza.

Jorge Humberto
12/04/11

MENINA QUE PASSASTE NA RUA


Ela é possuidora de meus sonhos,
olhos parecidos com medronhos,
na tez fina e branca como a neve,
é nela que o meu amor se atreve.

E ela é o meu desejo mais insano,
quando a vejo, encanto tamanho
e o seu negro cabelo entrelaçado
faz com que eu ande enfeitiçado.

Ela tem voz de rouxinol cantando
e meus ensejos ela vai alegrando,
seu corpo de deusa, puro marfim,
deixa-me pasmo nem sei de mim.

E ela é aquela que tanto procurei,
sem me aperceber me apaixonei,
quando seu sorriso, foi todo meu
e dela, tudo mas tudo, que é seu.

Jorge Humberto
12/04/11

MENINA MOÇA E MULHER


Espanto de meu espanto, de
encanto tamanho,
teu rosto femíneo
deixa-me fascinado por tanta
beleza junta.

Os olhos são cor de mel, numa
tez morena,
e as mãos delicadas,
com suaves nuances de veludo,
tocam-me ao de leve.

Os teus cabelos, são quais asas
de pássaros,
esvoaçando por aí,
e encontrando as minhas mãos,
para afagá-los.

Teu sorriso é de uma linda menina
e moça, mulher
que se fez por si só,
e quando o teu sorriso se mostra,
teus olhos vão com ele.

E teus lábios são fontes de águas
fresquinhas,
bem naturais,
sem nada a enfeitá-los,
que não os meus lábios nos teus.

E as tuas ancas, fartas, fortes,
enciúmam as
pedras do passeio,
no caminhar até à minha pessoa,
até ao abraço de meu abraço.

Nunca vi mulher mais bela aqui,
neste mundo,
nestas ruas,
onde te espero, para te acarinhar,
ao chegares a casa.

Jorge Humberto
11/04/11

PEQUENO POEMA AO RIO TEJO


Dia lindo se sol, na orla do rio,
com este a espelhar-se de oiro,
pelo contacto com a luz,
vagando serenamente para a
sua foz, seu ponto de encontro
com as pessoas, que maravilhadas,
apreciam a tranquilidade das
águas, e seu barcos ancorados.

Pequenas ondas enrolam na areia,
a as crianças vão a banhos,
aproveitando as águas mornas
que a primavera aqueceu,
com suas temperaturas agradáveis,
próprias para nos banharmos ,
nas águas, que nos esperam, silentes,
de corpos nus para o baptismo.

Jorge Humberto
11/04/11

PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO


A liberdade não se impõe conquista-se,
ela é inerente a nós e aos nossos ideais,
e só o falar, sem receios, que avistasse,
o quão importante é, para pessoas leais.

Tantos governos sofreram de ditaduras,
mas a voz do povo não calou, veio à rua,
impondo para ele, novíssimas posturas,
co o sol nascente e o contraponto da lua.

Imensas lutas se travam, por aqui e além,
para depor o fascista, que tudo aprisiona,
omite e inquere à sua vontade de aquém
e além fronteiras e bem o povo pressiona.

Devemos opor-nos em prol da resistência
contra os velhacos, os senhores da guerra,
que nos querem omissos, pela insistência,
para nos roubar, a bel-prazer, nossa terra.

Jorge Humberto
10/04/11

AINDA ÉS TU AQUI

Como um rio que passa e vai para sua foz,
desviando-se dos escolhos, assim tua voz,
não mais a escutei na aurora das manhãs,
quando o céu é limpo de outros amanhãs.

E meus dias silentes, de uma solidão atroz
e doente, são feitos de nada, casca de noz
que me esvazia por completo as emoções
elevando minhas mãos, co fúteis corações.

Porém não esqueço os traços de teu rosto,
nem o perfume que pela manhã é suposto,
quando te embelezas ao espelho abstracto
e sorris de teu corpo, como um breve trato.

De mim pouco sobra, de ti nada se enlevou,
e eu sou tudo aquilo que de ti enfim restou,
persistindo enamorado, ó elevada condição:
quem de vós aqui, me retirará, minha razão!

Jorge Humberto
10/04/11

sábado, 9 de abril de 2011


E A SOLIDARIEDADE

No encontro com a rua desnuda,
pessoas,
dobradas em quatro, sem ter o
que haver de seu,
dormem nas valetas, desta vida.

Gente passa por elas indiferentes,
omissas
ao que passa ao seu redor, sem
um pouco de pão,
que dar a estes pobres desgraçados.

É preciso esclarecer que a estas
pessoas,
ninguém dá emprego ou amor,
são renegados
relegados para planos inexistentes.

Sua má aparência repugna quem
por elas passa,
e viram o rosto para o lado, sem
se importarem
o que elas sofrem e penam pra viver.

Fala-se tanto em amor ao próximo,
que, pecadores,
nós somos, não nos apiedando
com o que vemos,
em cada esquina, nos degraus da dor.

Ninguém se interessa por estas
pessoas,
rotas, sujas, esfomeadas, com frio,
passando por nós,
com os seus parcos tesouros imundos.

Custa assim tanto parar e conversar
com elas e ouvir
suas histórias de vida, o que as levou
ao desespero,
de serem abandonadas pela família?

Sejamos mais altruístas e humanos,
não façamos,
destas palavras simples monólogos,
ofensa
para os que já são tão ofendidos.

Jorge Humberto
09/04/11

O AMOR PROMETIDO


Tu recordaste ainda de quem eu sou,
que me entristece o que feliz me faz,
as noites, em que juntos, se abraçou
o amor, e do que a amizade é capaz?

Amor, sem amizade, a todos, renega,
é sol de pouca dura, blasfema é infiel,
e estar sozinho a nossa alma entrega,
e vamos por aí com a tristeza na pele.

Eis chamo-te a mim da minha lonjura,
lá onde tudo é distante, no horizonte,
buscando por buscar, tua tez e alvura,
o sorriso, destas águas, idas da fonte.

Onde tu sacias a tua sede e prometes
voltar para o nosso amor, que nos fez
únicos ante todos, e onde tu remetes
a nossa vida para amarmos outra vez.

Jorge Humberto
09/04/11

VOLTA PARA MIM


Minha é a culpa, pelo amor
que se foi,
minha é a solidão e todos os
pecados, que de mim te
afastaram, e
no correr dos dias só eu e o
espelho baço e oblíquo.

Minha a falta por te deixar ir,
para um outro mundo,
que não o que então vivemos,
meu o desleixo pela falha
de almejo,
e meu peito sangrando,
tem setas espetadas na carne.

Meu o delito, por não te
compreender,
meu o crime, pelo que esqueci
e de ti duvidei até à cegueira,
hoje sozinho,
espero dos céus a indulgência
e de que tu voltes para mim.

Meu o dano e o pecado por
não te escutar,
minha a saudade de ter-te aqui,
a meu lado, para nos amarmos
como antes,
minha a imputação de todo
o mal que te causei.

Jorge Humberto
08/04/11

DESCE A TARDE NO SOBRADO


Desce a tarde, por cima do sobrado,
a horizonte, as cores matizam o céu,
com as águas do rio e com o cercado,
bem ao lado. E há um certo escarcéu

de pássaros, içando-se dos canaviais,
indo na direcção do sol que se esvai,
por entre os vermelhos, e cores tais,
até que a lua, num repente se retrai.

Ainda luz o sol e a lua espera sua vez,
de tomar em mãos largo firmamento.
E os animais, escapam-se pela fluidez
da aragem, que os levará para dentro.

Finalmente anoitece e a lua é senhora,
das horas que a cercam até de manhã,
e é tal o esplendor de que é possuidora,
de que isto tudo não pode ser coisa vã.

Jorge Humberto
08/04/11

sexta-feira, 8 de abril de 2011


FASCINAÇÃO


Encanto e fascinação
por ti bate o coração
sou feliz e me tenho
qual de ti, me ganho

Ilusório ou realidade
vamos pla sociedade
mostrando o amante
que te segue galante

Feliz eu me suponho
versando, me ponho
esperando que vejas
enquanto, me beijas

Teu rosto tão sereno
lembra, quão ameno
é teu subtil caminhar
num teu passo linear

Eis ao meu encontro
chegas tu, de pronto
mostrar-me, tua tez
e igual não há talvez

Disso tenho certeza
minha flor, e leveza
no céu é resplendor
e na terra fino amor

Jorge Humberto
07/04/11


VERSANDO O AMOR

Ao som da música escrevo,
o que a escrever vou
pensando,
e se a tanto eu me atrevo,
é porque no pensar
eu de ti me vou lembrando.

E lembro com tal nostalgia
que a música que
eu estou escutando,
chega a mim qual magia,
encanto e fascinação,
porque estou namorando.

Namorando linda morena,
de agrado tamanho,
que os versos arrastando,
ao toque de minha pena,
são lindas rimas,
que a rimar vou rimando.

E na música na justa rima,
bate o sol na janela,
e eu murmurando,
vou pois por aí acima,
trazendo o beijo,
que a ti te estou levando.

Qual o beijo de açucenas,
de nardos,
na primavera ajuntando,
como folhos de penas,
no carmim de teu lábios,
que vou comemorando.

Ao som da música escrevi,
o que a escrever
fui pensando,
falei sobretudo de ti,
de flores e de beijos,
jamais de ti me olvidando.

Jorge Humberto
07/04/11

SER FELIZ JÁ


Levo a minha vida a sonhar
de que dias melhores virão,
e que eu possa assim acordar
com o que me vem à mão.

Que seja uma realidade nua
apresentando-me ao desafio,
fazendo com que olhe a lua
sem me sentir metade vazio.

E assim no relógio do tempo
erguer bem alta a minha vida,
sem qualquer contratempo
que afronte da vida a sua lida.

Construirei pois um caminho
que me leve pelo dia-a-dia,
onde não mais eu vá sozinho:
ser feliz eis tudo o que havia.

Jorge Humberto
06/04/11

SEJAMOS PARA O PRESENTE


Vamos na vida a pensar no amanhã,
construímos sonhos e nos elevamos,
com a sensação de que lá chegamos,
a esse dia tão especial, nova manhã.

Esquecemos porém de que o sonho
é hoje, e a necessidade é agora e já,
e é por isso que no futuro que virá,
é só no presente que eu tudo ponho.

Do passado já se me esqueceu aqui
o que fui e tudo o que deixei de ser,
se não fui então porque permanecer
triste, antes lembrar que dei de mim.

Para que houvesse certa a realidade
e ao passado não ficasse tão ligado.
E eis assim no presente a mim legado,
eu fui a força e toda a tranquilidade.

Jorge Humberto
06/04/11

quarta-feira, 6 de abril de 2011


TEU BUSTO NA PEDRA


De cinzel em punho burilo
o teu rosto,
com cuidados extremos,
de quem ama aquilo que
vai nascendo de seu
escopro.

Traço a traço, traço-te
vida minha, arte pura e
paixão. Amendoados olhos
ficam cifrados na pedra,
cabelo desmaiando, ao
toque da espátula.

Teus lábios bem torneados
deixo-os semi abertos,
num leve, breve sorriso,
que esconde segredos,
que só eu desvendo, no
frisar do martelo.

Teu busto toma forma,
e eu me enalteço, pelo
trabalho feito, porque fui
fiel ao tem semblante,
de bochechas salientes
e tez da cor da pedra.

Pedra morena, que eu
fui buscar ao meu sonho,
e te realizei ser duplo,
acentuando levemente,
o risco de teus seios,
numa camisola de gola.

Por fim os acabamentos
e, de lixa na mão, retiro
os excessos e alindo teu
rosto, cheio de vida,
comparativamente ao
verdadeiro, que é feliz.

Jorge Humberto
05/04/11

O SOL SÓ PARA ALGUNS

Neste dia de imenso calor
onde o céu
ébrio se mostra num azul
que vai além dos azuis,
pouso minha pena e dou
por mim a pensar, que,
nem todos, podem gozar
este sol com tranquilidade.

Porque o sol quando nasce
não é
realmente para todos, mas
só para alguns, que têm
sua vida bem encaminhada,
esquecendo os que na rua
passam sem pão pra comer
e de roupas esburacadas.

As portas estão fechadas
para estas
pessoas, que precisam de
uma mão amiga, que os
traga de volta ao mundo,
e lhes faça sentirem-se
realizados e importantes,
perante a sociedade.

Mas o maldito estigma e
vis contos,
acerca destas gentes, lhes
impede de entrar pelas
portas cerradas, abertas
só para concursos e nem
isso cumprem às vezes,
as empresas.

Se quem tem estudos e
profissão
se vê na iminência de ter
de ir para a rua varrer,
o que será daqueles que
nada têm, nem estudos
nem nada, nem ofício que
os equipare aos demais?

Jorge Humberto
05/04/11