sábado, 20 de novembro de 2010
O PIANISTA
Bambinelas nas janelas,
chão com tapetes a adornar,
claustros acessos na noite,
pianos elevados, destro mar.
Cálice de vinho no plano;
do marfim a acentuação,
a solidez com que extravia,
a música saída do coração.
Flores posadas nas teclas,
alecrim e rosas coradas,
o artista que se enobrece,
nas pétalas desfolhadas.
Música a contraponto,
vozes que se enaltecem
e no ar se multiplicam,
raízes que não esquecem.
Vibra o piano, noite fora,
soltando notas, variações,
dedos amestrados,
libertando emoções.
Metamorfose consequente,
sublimando os tons,
representativos da tónica,
com que se recriam os sons.
Jorge Humberto
20/11/10
MEUS OLHOS NOS TEUS OLHOS
Passa por mim, teu semblante,
cor de marfim,
e eu fico fascinado, vendo-te descer a rua.
Levas flores no cabelo, solto na cidade,
ao arrepio do vento,
que é mais uma brisa sedutora e aprazível.
Meu olhar, até te perder de vista, deixa de
te ver, no cortar
das esquinas, dos prédios aglomerados.
Inactivo mas com um sorriso nos lábios,
antecipo
a tua chegada, vinda de lá do fim da rua.
Enquanto isso vou sonhando contigo,
nos teus olhos
melífluos, no teu rosto, de nardos e jasmim.
Guardo o sol nas minhas mãos e seu brilho,
escapa-se-me
por entre os meus dedos, ansiando o teu toque.
Maravilhado vejo ao longe um pontinho, que
sobe a rua
tranquilamente, e minha ânsia se desnuda.
Vou ao seu encontro, de passo largo e segredos
nos bolsos,
que só a ela direi, dos meus ensejos e desejos.
Dou-lhe um beijo, apertado, e luzem seus olhos
de alegria,
e de mãos dadas caminhamos, de volta a casa.
Jorge Humberto
19/11/10
NORTEIA-ME O AMOR
Norteia-me o amor, pura beleza,
que me traz encanto à vida,
vem como que de surpresa,
que da palavra, contida, é a lida.
Como a chama mantém-se acesa,
esta paixão que quer guarida,
pois caminha em total certeza,
assim a vida, que me é querida.
Logro alcançar, a meu respeito,
a consideração que te é devida,
liberdade que assoma teu peito.
Amar-te, como a mais ninguém,
é o meu ensejo, mister da vida,
que procura o amor de alguém.
Jorge Humberto
18/11/10
SEGREGAÇÃO E AFIRMAÇÃO
Dentro deste mundo, incontido,
singular, das vezes, pervertido,
procuramos o que nos é devido,
em cada degrau, soando a olvido.
Caminham sem norte e à omissão,
os pobres desta vida, aquém da mão,
que, estendida, espera a excepção,
que lhe sirva, saudosa, redenção.
Homens, como eles, desviam o olhar,
na sempre difícil arte de recriar,
a irresponsabilidade, que querem negar;
o que os olhos bem vêem, sem emoção,
nem cuidados sagrados, secreto coração,
que da segregação, sói aqui a emancipação.
Jorge Humberto
17/11/10
QUER ISTO QUER AQUILO
Quer chore, quer ri,
quer sofra ou não sofra,
todo eu sou versos
incontidos,
que trago na palma da mão,
aos leitores versos devidos.
Quer ame ou não ame,
quer sonhe ou não sonhe,
sou só o reverso
do poema,
que ponho no teu cabelo,
verdades e teorema.
Não me dou por infeliz,
do pouco que tenho,
que o que mereço,
a mim me pertence,
quer doa ou não doa,
a quem não se convence.
À vida dou ilusão,
que ela de há muito castiga,
fere, mata,
da culpa soa verdadeira,
por isso eu sou sonho,
sonhando-a de outra maneira.
Quer isto, quer aquilo,
a pena não consinto,
que inda vencido pelo cansaço,
sou puro idealismo,
que se fez caminho,
na palavra pluralismo.
Jorge Humberto
16/11/10
EM SONHOS TE RECRIEI
Passeio meu olhar vagamente pela paisagem,
as árvores estão vergadas por força do vento,
percorre o rio embriagado até às comportas,
imagino-te a meu lado sorrindo e ganho alento.
Damos as mãos vendo o desfolhar das flores,
hortênsias adormecidas no teu cabelo ao ar,
águas límpidas caem serenas dos teus olhos,
olhamos o céu vagarosamente a se recriar.
O vento passa para uma suave brisa acolhedora,
em ascensão o sol vai-se libertando das nuvens,
e embevecidos vemos casais de pardais, num
vai e vem constante, e, dos pintos, as penugens.
Permitimo-nos um beijo sem constrangimentos,
vento brando corando os nossos rostos febris,
passa o tempo sem demora, perde-se o olhar
na tarde que cai, ajeitando teu vestido cor de anis.
O sonho se desfaz por entre os campos vermelhos
e amarelos; partimos etéreos para a vacuidade,
levando na palma de nossas mãos de ambos o calor,
serão estes versos dispersos a nossa única verdade?
Jorge Humberto
15/11/10
domingo, 14 de novembro de 2010
ESPERANÇA DE UM DIA
Olhos nos olhos, dizem de mim e de ti,
são límpidos vidros,
onde é narrada a nossa história de amor.
Refulge o sol vibrando no azul do céu,
e teu sorriso
voa desgarrado, até aos meus lábios.
O rio corre segredos de marinheiros,
enquanto
o teu cabelo, toca suavemente meu rosto.
Brisa da manhã que se levantou no ar,
trazendo-nos
a paixão, na palma das nossas mãos.
Dois corações em um só coração verás,
quando a noite
chegar e nos abraçarmos comovidamente.
Saudades eternizam o momento, pois que
um oceano,
teima em nos separar, perdurando o sentimento.
As flores hão-de crescer, os jardins florir,
anunciando
o nosso encontro, festejando a chegada.
Jorge Humberto
14/11/10
ÁFRICA PARA TODOS
(resposta a Ana Cruz)
...É verdade é ainda muito difícil conciliar as diversas tribos e quando Nelson Mandela morrer, a África do Sul vai entrar em colapso total, com guerras e prisioneiros políticos. Irão depender da ajuda dos países ricos e têm-se de mobilizar as pessoas e de mandar tropas para lá, para manter a ordem, para que o país progrida, e, se volte a sentar no Senado, um indivíduo, que lute pela paz e por uma África desenvolvida. As tropas, lá estacionadas, com mais ou menos acordos, terão de falar com as tribos e dizer-lhes que eles são cidadãos de direito, e, que, a mãe África, também é deles, devendo trabalhar, para a economia do país.
O cultivo do país está meio desprezado (senão muito), há pois que incentivar e dialogar, e que os chefes das tribos, assinem um princípio de acordo e juntem as suas forças com a dos outros, em nome da nação, honrando a sua importância, no crescimento do Planeta, e também em tudo o que Nelson Mandela representou e ainda representa. O meu medo maior, é o que acontecerá quando ele se for, pois prevê-se que vai haver muito fratricídio e terríveis acontecimentos, com as tribos a guerrear, em nome dos senhores da guerra. Espero que o chamado Jete 7 e demais organismos poderosos, sejam a ponte de passagem, para as linguagens e costumes diferentes, das diversas tribos. E possam erguer uma África para todos.
Jorge Humberto
13/11/10
ENAMORAMENTO
Teus olhos encontram os meus,
de afectos eles se recortam,
e em silêncio o olhar não desdiz.
Poisada em tua mão uma rosa,
acabada de colher, abre-se ao sol,
enquanto descobres suas pétalas.
De carmesim são as tuas vestes,
chinelo no pé e flores no cabelo;
és a beleza e o encanto da aldeia.
E quando passo pela tua janela –
bambinelas a enfeitar-te –,
sou estes versos que tu escutas.
Jorge Humberto
13/11/10
JANELAS ACESAS NA NOITE
No sol, amanhecido nos teus olhos,
crescem flores, na orla do mar.
Ondas cavalos deslizam em direcção
à liberdade, da praia ansiada.
Juntos passeamos à beira-mar, e o
silêncio das águas, não desdiz de nós.
Pequenas conchas, em nossas mãos,
são cantos do mar, murmurejando.
Cai o sol nas dunas desenhadas no céu,
revelando segredos, na brisa marítima.
E nossos passos são deixados para trás,
no espectro de uma nova lua renascida.
Enquanto incide sobre os nossos rostos,
a luz tíbia das janelas, acesas na noite.
Jorge Humberto
12/11/10
CRESCE O SOL
Madrugada.
Cresce o sol,
detrás da linha
do horizonte.
As flores
abrem-se,
expondo
sua corola.
Insectos e
borboletas,
esvoaçam
na claridade.
Gorjeios de
pássaros,
encimam as
árvores.
Em baixo o
rio brilha,
bordado a
azuis suaves.
Passeiam-se
gatos e cães,
correndo
alegrias.
E as crianças,
no caminho
da escola,
dizem adeus.
Namorados
unem-se,
no beijo
prometido.
E nasce o
dia, repleto
de cores
e fragrâncias.
Jorge Humberto
11/11/10
BRISA ENTERNECEDORA
(para Nanci no seu aniversário)
Uma leve brisa, acaricia meu rosto
sofrido,
leva-me pelo caminho da liberdade,
em direcção ao rio, pleno de azuis.
Na orla é que me sento, observando
suas águas,
tão ou mais brilhantes do que as estrelas
refulgindo, quando é chegada a noite.
A lâmina da lua brilha no assentir dos espelhos,
fecho meus olhos
e retenho, dentro de mim, as cores
desgarradas, que o entardecer sói oferecer-me.
Sorriu para mim mesmo e acalmo as
distâncias,
que me levarão até ti, vendo-te dormir,
qual menina em paz, com sua infância.
Cai bruscamente a noite, detrás do horizonte
enternecedor,
e, a ilusão, traz-me de volta à realidade,
não sem antes te aconchegar e dar-te as boas-noites.
Soergo-me do entorpecimento e as águas
beijam meus pés
descalços, para assim sentir melhor a terra
e acolher teu corpo adormecido, que a brisa me trouxe.
Jorge Humberto
09/11/10
ENFIM CHEGOU A PAZ
Este desassossego deu lugar à
tranquilidade,
sou novamente asa que voa nos azuis.
Estou consciente de mim e isso nota-se
em cada segundo,
de minha vida, que alcançou o Kilimanjaro.
Sinto-me calmo e de boa memória,
gentil
cumprimento as pessoas, que passam na rua.
Sorriu, como criança, na sua macia infância,
não me importa
a chuva que cai, em silêncio me reconheço.
Os espelhos, onde me miro, dizem a verdade
insofismável,
meu rosto está em paz, olhos abertos à novidade.
Sei que meu organismo vai rejeitar este estado
de espírito,
serei pois braços na terra, desfolhando o milho.
Tenho de viver os momentos, em que me sinto
feliz e interactivo,
tentando prolongar meu ser, brilhando ao sol.
Jorge Humberto
08/11/10
PARAÍSO, A QUE PREÇO
De cruzes o homem adorna
sua presença,
unge seu corpo na magia das águas,
não há limite para a fé agregada,
só o retorno traz felicidade aos fiéis.
A humildade, quando verdadeira,
fá-los singrar,
pelo cosmos e se reitera a força,
com que se entrega a palavra e se
escuta, etérea, a voz de Deus.
A igreja é o seu porto de passagem,
lá deixam
suas sinas e sortes alheias, fervoroso
silêncio, chamando a si o omnipotente,
no balaústre das figuras pintadas.
Não sendo crente, emociona-me a
fidelidade,
com quanto o fundamentalismo não
tenha origem na cristandade, nem
em outras religiões, aqui debruadas.
Se assim não é vil se torna a crença,
aparecem
as beatas e as flores armadilhadas,
no corpo de jovens, entregando-se
ao derradeiro sinal, mistificando o paraíso.
Jorge Humberto
07/11/10
UMA MANHÃ COMO TANTAS OUTRAS
Abrem-se as janelas ao clarear
do dia,
rosas em botão vingam ao sol.
Os pássaros escolhem um ramito,
com poucas folhas,
e assim atrair as fêmeas, com seu canto.
Debruçam-se pessoas no parapeito,
para respirar
o ar puro, antes do café da manhã.
Sentam-se à mesa, na hora própria,
com um repasto,
de encher a barriga, só de se olhar.
Café e doces e pães, fazem parte desta
iguaria,
e uma excelsa fragrância, invade a casa.
Acabando o pequeno-almoço, todos se
aprontam,
para fazer as camas, desfeitas durante o sono.
Tudo no seu lugar, cada um se apruma,
ora para a escola,
ora para o trabalho, que espera lá fora.
O dia está lindo e o céu refulge seus azuis,
alcançando
as pessoas, que se mostram alegres e activas.
Carros escolares vêm buscar as crianças,
que não param
de gritar, umas e outras falando de suas aventuras.
Quando o autocarro parte, sempre há uma
preocupação,
no coração dos pais, dirigindo-se para as fábricas.
Na erva verde e alta, cães e esquilos, andam numa
tropelia,
enquanto uns brincam, outros armazenam comida.
E assim começa mais uma manhã solarenga,
que convida
ao passeio, com bebés aninhados no colo de seus avós.
Jorge Humberto
06/11/10
RECONHECE-ME EM TI AMOR
Não me deixo abater pela tristeza,
mesmo que vergado pela súbita dor,
em que as desconfianças fincam pé,
e as minhas palavras soem a vazio.
Nada escondo, sou céu clareando,
fiel é meu testemunho perante ti,
escuta minhas súplicas advindas do
mais profundo de minha abnegação.
Todo eu sou verdade, todo eu assim
me reconheço, então porque não
vingam as flores, no jardim colorido,
se amar-te é sentir-me pássaro no ar?
Corre vagarosamente para a foz o rio,
pombas brancas pousam na minha
janela, e, olhando as nuvens, tua tez,
adquire a simplicidade dos amantes.
Jorge Humberto
06/11/10
ILHAS DO PARAÍSO
Águas suaves e verdes abraçam os
rochedos,
num toque sensual emitido pelas marés.
Galgos de espuma desembocam nas
praias,
formando desenhos, apagando letras na areia.
O sol está radioso e refulge nas águas, da
cor do jade,
um imenso paraíso com árvores à beira-mar.
Dunas a perder de vista, ilhotas maneirinhas,
povoam
os corais, de envergaduras tamanhas.
Os peixes são coloridos, como tudo à sua
volta,
com estrelas-do-mar, parecendo paradas.
Há vida em abundância, aqui não reina o
Homem,
por isso a natureza segue o seu curso natural.
Gaivotas e outras aves, esvoaçam livremente,
de asas abertas,
saudando o mar, de estrelas o brilhantismo.
As árvores são silvestres mas também têm
coqueiros
e outras plantas de frutos deliciosos.
Animais bípedes fazem seu repasto no chão,
enquanto
os pássaros e as abelhas, comem o mel da fruta.
Aqui tudo é belo e age em conformidade,
expondo
suas delicadezas, aos raios de sol – meigo.
Sonolentas tartarugas dormitam ao calor solar,
para depois
se fazerem ao mar, quando a tarde vier.
Por agora reina a calmaria, e, ao longe, ponto
negro, indicia
um barco, com turistas lá dentro
E assim fiz um poema, relatando o que meus olhos
viram,
emocionados, por estas ilhas e praias, delicadas.
Jorge Humberto
05/11/10
ROUBASTE-ME O CORAÇÃO
Roubaste-me o coração,
guardaste-o na tua mão,
e eu fiquei preso a ti,
agora e sempre, até ao fim.
Nunca eu supus um amor
tão grande, cheio de calor,
atenção e tanto carinho,
que eu não seja sozinho.
Teu sorriso a mim me seduz,
e és a estrela de maior luz,
que vai no firmamento afora,
eternamente, aqui e agora.
Bem-dito o dia em que te vi,
e falamos de mim e de ti,
como se fossemos dois amigos,
lembrando-nos de tempos idos.
Sensação estranha, comovente,
a de há muito sermos gente,
dois amantes que se quiseram,
levantando a sina que trouxeram.
Somos filhos, da reencarnação,
vi vendo o amor de antemão,
cuidando-nos, ouvindo a sorte,
agindo juntos, por nosso dote.
Jorge Humberto
04/11/10
MINHA FLOR DE ALEGRIA
Meu amor, meu amor,
minha flor de alegria,
quando me trazes calor,
é quando desponta o dia.
Meu amor, meu amor,
minha semente silvestre,
tamanho é teu esplendor,
aquele que a ti te veste.
Trazes carmesim vestido,
laço apertado no cabelo,
tudo em ti faz sentido,
como alinhavado novelo.
Lenço escarlate no cetim,
mãos brancas como a neve,
quem me dera ter-te assim,
como quem nada deve.
Meu amor, meu amor,
passarinha assustada,
aqui estou, não por favor,
em mim és e sempre amada.
Jorge Humberto
03/11/10
PORTUGAL À CHUVA
Portugal à chuva
com o vento a
acicatar
de nortada as
janelas
abertas
semi cerradas
ao voltejar
do vento
esfarrapado
esgarçadas
nuvens
que plangem
no chão
suas lágrimas
formando
semi círculos
gota a gota
nas estradas…
Passo apressado
um lugar
para o carro
molhando
pessoas
até ao cerne
sobretudo
os sobretudos
com que se
vestem
protegendo-se
das saraivadas
do vento
trazendo
para dentro
as águas
ordinárias
e selvagens
que nos faz
pensar duas
vezes no
clima
de má
incumbência
pelo Homem.
Jorge Humberto
02/11/10
AMOR COMO O NOSSO NÃO HÁ
Amor, que te quero bem,
só por ti eu me consinto,
se não és tu não é ninguém,
não há amor como o que sinto.
Amor que sempre me enleva
ao mais alto de minha pessoa –
faz-me feliz como tudo que ceva,
bailando no grito que ressoa.
Tomar-te em meus braços digo,
sussurrando bem baixinho,
que o que quero é estar contigo,
para te poder dar meu carinho.
Roubar-te um beijo pertinaz,
em tuas mãos o hei-de deixar,
como tudo que é e tudo satisfaz,
como tudo o que nasceu para amar.
Oh, amor, porque foges de mim,
porque não consentes a madrugada,
de braços dados sou bem assim,
aquele que não busca a porta fechada.
Eu sou em ti e tu me pertences,
somos como um sonho que cativa,
em tua presença a mim me vences,
mi mais que tudo, ó jovem rapariga.
Deixemos nosso amor numa flor,
para que ele vingue solenemente,
quando soltares o teu esplendor,
solta-se-me o corpo divinamente.
Jorge Humberto
02/11/10
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
CRESCE A SEMENTE
Desenha-se o riso, no teu rosto,
passeias
teu cheiro, pelo meu corpo.
Na noite parda, grilos roçam suas
asas,
produzindo um ruído característico.
E nós jogamos as roupas pelo chão,
inertes
tecidos, que têm o calor de nosso amor.
Numa dança sensual, insectos
voltejam,
nos candeeiros, lá fora na rua.
Beijamo-nos até o calor cobrir nossos
rostos rosáceos,
deixando-nos ofegantes, deitados na cama.
Ouve-se ao longe, um canto de pássaro,
chamando
pela sua companheira, que se vai achegando.
Enquanto nós rebolamos e nos entregamos
à chama
enternecedora, de uma noite de paixão.
Faz-se silêncio e nada mais existe,
apenas nós dois,
felizes e agraciados, pelo toque das estrelas.
Abraçamo-nos e assim adormecemos,
nos braços de Morfeu,
rosto com rosto, pele com pele.
Jorge Humberto
01/11/10
ORA CHOVE ORA FAZ SOL
Hoje acordei com o sol despontando,
nos meus olhos,
e eu voltei a adormecer, no jugo dos raios solares.
Não chovia estava com se em linda primavera,
pendurando sua luz,
nas janelas das casas e nas árvores, podadas.
Acordando de vez, triste me foi ver que o sol,
tinha desaparecido,
e o que o céu estava escuro como breu.
Domingo por si já é triste, mais ficou com os cinzentos
pardacentos,
a varrerem a imensidão, do que foi sol, outrora.
Lá em baixo o rio está inquieto, indo ao sabor do vento,
que zurze revoltado,
assobiando sua força, que despoletou com a chuva.
A chuva já galga passeios, indo de encontro às casas
e estabelecimentos,
deixando tudo revolvido e as gentes sem saberem o que fazer.
Nisto, de vez, a chuva resolveu, que já era tempo de parar
e de dar descanso às pessoas,
que varriam as águas de suas casas, tirando toda a lama.
Mas como é quase Inverno, temos de estar preparados,
para com o que a natureza nos apronta,
e, de novo, a chuva tomou conta do clima, por cima dos prédios.
Telhas musgosas, precipitam-se em escoar, suas águas
em excesso,
na direcção do chão, formando perfeitos círculos.
Não se vê ninguém na rua, porque o frio também fez lugar,
no tristonho dia,
que ora chove e enegrece as nuvens, ora pára para nos alegrar.
Que nostalgia, das borboletas e dos pássaros, chamando seus
parceiros,
emigrantes, voando excelsos, para outras terras, mais quentes.
Jorge Humberto
31/10/10
MOMENTO CONTIGO
Nas horas dependuradas na parede,
ouço o baque
de meu coração, pensando em ti.
Correm as águas do imenso mar, e eu,
julgando-te ver,
corro minutos, para te abraçar.
São segundos, até te beijar emocionado,
os que levam
nosso encontro, corpo contra corpo.
A lembrança faz acontecer o desejado,
nas palmas
de minhas mãos, como ramalhete de flores.
E abraçamo-nos demoradamente,
dançando
ao sol alegre do dia, que há-de ser realidade.
Jorge Humberto
31/10/10
A VIDA É BELA
A manhã desperta nos gorjeios
dos pássaros,
que se aninham nos braços do sol,
que já desponta a horizonte,
por detrás de onde nasce a luz do dia.
Abro minha janela ao sabor
das flores,
que abrem suas pétalas ao amanhecer,
expondo a corola às borboletas,
pousando suas asas nos pequenos pontinhos.
Há um cheiro intenso a terra,
depois de mais uma noite de chuva,
e, as poças de água, desenham
círculos no chão, atapetados de folhas,
vermelhas, amarelas e castanhas.
Depois da chuva veio a bonança e o
dia azuláceo,
brilha com esplendor no espelho do
rio, que corre brandamente para a sua
foz, onde se encontra com a raia do mar.
Pessoas alegres saem à rua, com roupas
de primavera,
que peleja com o Outono, permanecendo
nos azuis dos céus, a perder de vista,
deixando-nos maravilhados com a natureza.
Fecho a porta de rompante e vou para o
meio da estrada,
abrindo meus braços ao quente dos raios
solares, que me animam e trazem-me
um largo sorriso a meu rosto, alvo de neve.
Como é bom sentir a vida e que estamos vivos,
tal qual as coisas,
que olhamos embevecidos e felizes,
só pelo facto de elas existirem,
assim como nós, em agradecimento ao Universo.
Jorge Humberto
24/10/10
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