quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
À VIDA ME DEI
Tudo o que a sorte me negou,
aos caminhos que escolhi,
num passado distante lá ficou,
no presente, eis… me vivi.
Longe joguei as recriminações,
todas as palavras malditas,
das vis e insensatas insinuações,
das estradas então proscritas.
Tijolo a tijolo, ergui o meu ser,
que no espelho se via;
e a cada ditoso amanhecer,
de mim, o que prevalecia.
Quais vermes rastejando no chão,
intentaram demover-me,
porém, apelando ao meu coração,
de deter, não deixei deter-me.
Então dei-me ao sol, e à pureza,
com toda a sagacidade,
caminhando com mui destreza,
meu ser feito humildade.
Jorge Humberto
21/12/01
DE LUTAR FICOU-ME A LIBERDADE
Não mais, não mais esta inconstância,
que durante anos e anos,
deu-me à sorte e ao fado, este mundo,
de mãos vazias, entregando-me ao
vil sortilégio, de acasos e promessas,
que não se podiam cumprir,
por ser a metade do homem, que já
fora, sem grilhetas nem algozes.
Assim, sozinho, me rebelei e cuspi
bem longe, a vil mordaça,
que muitos se apraziam e insistiam,
negando-me a vontade,
que de punhos cerrados, alto os ergui,
contra a difamação
e o desprezo, com que me cobriam,
espezinhando meus olhos,
que já eram dados ao resplandecer,
de um outro sol em mim,
apresentando-me a caminhos lúcidos,
de onde, enfim, fui liberto.
Jorge Humberto
19/12/11
A ALEGRIA DE NOS LIBERTARMOS
Quem dera a palavra certeira
e que fosse nos outros
o eco mais ansiado e duradoiro
para com suas dores e solidão.
E que meus versos fossem quais
asas de mil pássaros
para com os indecisos desta vida
que ainda não se libertaram
de recriminações e auto piedade.
E eu fosse só o sublime
jardim enfeitado de cores tantas
trazendo em minhas mãos
o sorriso das pétalas dadas ao sol.
E daí partissem indómitos
enfrentando os caminhos por mais
árduos que se mostrassem.
Como um rio perene cheio de força
seriam os seus dias
conscientes de seu valor humano
e de sua importância no mundo.
Jorge Humberto
18/12/11
INVERNO
Murcharam as flores, que, pelo frio,
jazem, em agonia, nos jardins.
E aquele encanto, que de minha janela,
eu absorvia, foi-se com as borboletas,
e os pássaros, que cobriam, de asas,
o céu, no seu azul mais intenso.
Rareia o sol, que se mostra timidamente,
a espaços, por entre o negro das nuvens.
E a chuva forma poças no chão, em círculos
sinuosos, respingando gotas, no
cair das águas. Enquanto o Tejo, extravasa
seus limites, invadindo as terras.
Dúcteis versos, escorrem de meus dedos,
como as águas nas vidraças,
assemelhando-se a pequenos rios, que
ziguezagueiam, no plano translúcido.
E há uma saudade, de qualquer coisa aqui,
que às flores traz vida e colore
os jardins, de lindos matizes, que soltando
vão, suas doces e finas fragrâncias.
Jorge Humberto
17/12/11
ESTE POVO QUE A SI SE PERMITE
Temo, que meus gritos lancinantes,
mais uma vez não sejam ouvidos,
pelo despotismo dos governantes,
que a voz não escutam, dos ofendidos.
Esses que vão na vida acreditando,
que a liberdade e equidade prevalece,
sem guerras, fome nem mando…
mas é lutando, que o povo se enobrece.
De sangue, carne e nervos, os versos
que sempre deixo, em prol do meu povo;
todo ele igual mas também diverso,
na procura constante, de um mundo novo.
Assim escrevo; de mim mesmo me atrevo;
ser no povo, o que não cala ou omite;
dessa voz perene, que é todo o enlevo,
de quem, ante as agruras, a si se permite.
Jorge Humberto
16/12/11
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
SOLIDARIEDADE E NOBREZA
Ainda falta muita sinceridade,
no gesto, que aos outros,
levamos, que se quer sem favor,
e sem avaliações egoístas.
Devemos dar, sem pedir nada
em troca, que não,
o sentirmos, que o que damos,
é realização pessoal.
A solidariedade, não deve ser
palavra meramente
vã, mas sim a nossa real vontade,
em ajudar os demais.
Que, no mundo, não somos sós,
mas um todo, inequívoco,
sem pudores nem vis estigmas,
que levem à rejeição,
daqueles, que, de alguma forma,
a vida se lhes injustiçou,
presos a xenofobismos e demais
prisões e omissões.
Jorge Humberto
15/12/11
EIS-ME ASSIM
Meu pensamento me diz
pela emoção sou nos outros
sou tal qual um chafariz
de águas límpidas e sedosas.
Sou tantos que me confundo
(passo errante no caminho)
e habita em mim o mais profundo
dos sentimentos a porvir.
E é pela poesia que me entrego
despido de vis pudores
a nada nem a ninguém renego
o amor que me conduz.
Trago pela mão uma criança
e mil flores coloridas
pois é delas a minha esperança
de um mundo a se sorrir.
Cabe ao poeta a generosidade
de a cada verso seu
levar a mais discreta humildade
que nos olhos se faz certeza.
Jorge Humberto
14/12/11
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
FADO… QUEM TE ESCUTAR
Canto o fado com a alma na mão
me transcendo pela entrega
que faz vibrar este meu coração
soma exposta pela refrega
No cantar todo eu sou emoção
saudade e terna harmonia
que pela luz de um castiço lampião
leva adiante real melodia
Nas mesas o vinho bem refinado
andando de boca em boca
eis que traz à tona o fascínio do fado
se cantado com voz rouca
Que de preto me visto a preceito
para nele me enlear
pois todo eu sou o mui fatal trejeito
que à pele traz arrepiar
E de olhos fechados e à comunhão
deixo-me abandonar
por esta sempre eterna sedução
que é o fado a se cantar
Jorge Humberto
13/12/11
A CADA NOVA MANHÃ
De mãos nos bolsos, sereno
contemplo a natureza,
em toda a sua infinita beleza,
que, nos olhos, eu irei
guardar. O rio é um lençol
de linho, bordado
com o azul do céu, cravejado
de filigranas, prateadas.
No vai e vem das águas livres,
as ondas cavalo,
não sofrem qualquer abalo,
procurando sua foz.
E leve, levemente, são os
barcos, singrando
o Tejo, que vão almejando,
no deslizar da proa.
Ao longe, bem resguardadas,
as aves migratórias,
trazem mil e uma histórias,
da estranja, mátria.
E o cândido sol, traz-me, aos
passos, o caminho,
no qual, divagando sozinho,
sonho prenhes futuros.
Qual o colorido destes jardins,
nas flores, a esperança,
de um sorriso de uma criança,
a cada nova manhã.
Jorge Humberto
12/12/11
domingo, 11 de dezembro de 2011
MALHAS DESTA VIDA
Palavra a palavra, ergo meus versos,
alicerçados pela emoção,
que do pensamento, se diz presente,
a tudo quanto sou nos outros.
(Flamejante sol, vindo de lá do horizonte,
debruando os meus dedos,
de finas filigranas, e que mais não são,
do que poesias, por nascer).
Malhas desta vida (que são tudo, o que
o meu olhar alcança),
construindo cidades e excelsos poetas,
nascidos de meu coração.
Jorge Humberto
11/12/11
GRITAREI ATÉ QUE A VOZ ME DOA
Minha voz, que não se deixa castrar,
deixo que o vento a leve,
até que poise, nas estames das flores,
ou no acre colo da solidão.
Pela brisa sempre se faz acompanhar,
levando um pouco de sua
solidez, aos que são mais necessitados,
e se deixam vencer pelo cansaço.
Ao mundo ela pertence e se agiganta,
quando se depara com a
iniquidade, que fere e mata, a dignidade
e toda a humanidade, que
é pertença devida, de todo o ser humano.
E eis não se cala, no propósito
de levar, a todos quantos se atemorizam,
a verdade, que lhes cabe.
E até que esta minha voz me doa, omissa
não será nem passiva,
pois que de peito aberto, bem alto há-de
gritar, por um mundo mais justo.
Jorge Humberto
10/12/11
DA LUTA QUE TRAVEI
Estendo uma corda de músculos
cravo meus braços com setas
dou-me à luta que não renega a sorte
de um fado marinheiro.
Nas esquinas e cantos mal-afamados
arremessei lanças certeiras
contra o focinho inquisidor da palavra
ao alto ergui meu pendão.
Ressurgido dos corpos amontoados
que jaziam inertes e pálidos
do ferro pungente travado nas veias
carne e nervos rasguei.
E expulsas as correntes e os algozes
libertos os braços e pernas
eis que me maquio em um novo sangue
meu propósito que se completa.
Jorge Humberto
09/12/11
BREVE POEMA
Raso meus olhos na água; dou-me à vida
e a todo o seu imenso esplendor;
meus versos são a força viva, com que me
doo, sem quaisquer desfalecimentos.
Neste caminho, que me percorro e narro,
sou o espelho, feito reciprocidade,
de tudo o que me rodeia em simplicidade,
na grandeza, das coisas pequenas.
Só o despir-me, da roupa humana, que me
veste, faz com que tudo se
transcenda e imortalize, nas minhas mãos,
plenas de candura e de espanto.
Jorge Humberto
08/12/01
ESTE AMOR QUE NÃO ESQUECE
A beleza, de teu rosto, me enternece…
me descubro, a cada traço teu:
como algo, que aos olhos, nunca esquece,
deste amor, que também é meu.
Nele me perco… para logo me achar…
entre silêncios e muito carinho…
e então, sou como um imensíssimo mar,
achando, na lonjura, seu caminho.
São minhas mãos, o toque a desvendar…
umas às outras, em sã harmonia…
e é tudo nosso, o que soubermos guardar,
no nosso coração, como na alegria.
Ah, musa e mulher amada, de ti sou cativo…
que não me negues o encantamento…
de, pela manhãzinha, ver-te em porte altivo…
em plena magia e deslumbramento.
E assim, um no outro, seremos esplendor…
eterno fascínio, a se perpetuar…
sangue… carne… devoção e muito amor,
que nos azuis do céu… irá reinar.
Jorge Humberto
07/12/11
CONTEMPLAÇÃO
Meus versos, de plena contemplação,
são como um desabrochar
de flores, em todas as suas colorações,
repletas de mil fragrâncias.
Ou como Jardins imensos, nos parapeitos
das janelas, dando graça
às casas, debruadas de dúcteis filigranas;
que se desenham nos
meus olhos, como asas de pássaros, alçando
voo, num incomensurável
céu, indo nos azuis dos azuis, até desmaiarem
nas águas, de um belo rio.
Na imensidão do mar, são como ondas
cavalo, dando-se às
praias, em toda a sua terna mansidão,
arrepanhando caminhos,
na areia. E são ainda, uma chuva caindo, no
plano frio, das vidraças,
que de lágrimas, são só uma intensa ilusão,
de alguém, a entristecer.
E na ampola, de meus dedos, tacteio o
rosto, de uma criança –
minha deferência, em alta comoção,
pela alegria, de sua inocência.
Jorge Humberto
06/12/11
AGRADECIDO À VIDA
Liberto de algozes e de vis correntes,
ao caminho, chamado vida,
me entreguei, com toda a força, de
quem, à vida, se quer dar.
Então construi jardins, de bem dizer,
onde pus as flores mais
belas, para que assim, só me vissem;
e onde era eu, a sós comigo,
deixei as ervas daninhas, enfim crescer.
Resquícios, do vil passado,
atreveram-se, mas cerces, pela raiz, os
cortei, para que não voltassem
a nascer. Então abri todas as portas e
janelas, fiz-me poeta,
e no me escrever, sou nos outros, o que
os outros, em mim deixam.
Jorge Humberto
05/12/11
FIZ-ME POESIA
Esta minha vida, que à má sorte, foi
dada, encontrou na poesia,
o ânimo e a libertação, de tal desígnio,
que no olvido, inerme se quedou.
Liberto, enfim, sou de toda a gente e
de todo o mundo, aqui, onde
sou mais eu, inteiro: e que ao narrar-se,
máxima expressão, encontrou.
Então, conto-me em versos, que, à verdade,
nada devem nem temem,
pois que meu caminho, tem janelas abertas,
a todos quantos, me lêem.
Da inócua solidão, me aparto, pois que, no
escrever-me, sou nos outros,
no que lhes dou e recebo, como gratidão,
de quem se revê, na minha
poesia. Maior satisfação, jamais eu teria,
se meus versos, não fossem
eles, feitos de humildade, carinho e cuidados,
àqueles, que tanto me prezam.
E eis que assim, me descubro poeta, de todo um
povo, que, ao mundo, pertence –
e enquanto, a mi me venço, sou também eu,
quem na vida se excedeu.
Jorge Humberto
04/12/11
VERSOS DE BEM-DIZER
Meu ser triste, confunde-se com esta
minha vontade de viver e de
levar a alegria aos amigos, em cada
poema que deito, no meu
peito, que aconchega um coração, de
todo pleno de mil emoções,
que eu deixo nos outros, como pequenas
filigranas, luzindo em seus olhos.
Alvas manhãs, despertam em minhas
mãos, escorrendo rios de luz,
que se escapam, pelas ampolas de meus
dedos, como areia de uma praia.
Imensos oceanos de amor e de carinho,
levo-os numa simples balsa,
atravessando e aportando, mundos fora,
levando a beleza, que construo,
peça a peça, como lindos bordados, que
vou estendo, na minha janela,
aberta a todas as pessoas, de boa vontade,
que preenchem os meus dias.
E são jardins, o que dentro de mim nasce,
ou a poesia, dizendo flores,
desabrochando ao sol ou no sorriso das
crianças, tão nossas e inocentes.
E em asas de pássaros, vão meus anseios,
de uma preocupação constante,
para com meus amigos e para com aquela,
que, em mim, cala fundo.
De anos tormentosos, fechado em vitrais,
derrubei correntes e algozes,
e na felicidade, dos que me são queridos,
me revejo, o que em versos fica.
Jorge Humberto
03/12/11
SIM… SEREI POETA
Perscruto, com meus olhos cansados,
de industrias e escombros,
a beleza, que nos céus eu desenho,
em lindas asas de pássaros.
Habituado à crueza, das coisas simples,
deixo-me envolver, como
num rio, que corre sereno, para a sua
foz, indo a barlavento.
No toque suave da brisa, nas árvores,
absorvo o subtil reverso das
folhas, como se as tacteasse, ao de
leve, sentindo-as nos dedos.
Crescem os jardins, em todo o seu vigor,
e as pétalas das flores,
são, em si, lustrosas asas, de borboletas,
pousando nos estames.
E crianças, na sua macia infância, brincam
alheias a tudo, sorrindo
aos amigos, que com elas partilham,
a sua mui ruidosa alegria.
E os velhos, sentados à sombra, das árvores,
recordam velhos tempos,
olhando demoradamente, para suas mãos,
lembrando-lhes caminhos tidos.
Não posso fugir, a este meu desígnio, de
poeta, em contemplação,
ao muito que lhe cabe, e que aos outros
deixa, em total harmonia.
Jorge Humberto
02/12/11
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
SE ME PENSO SOU NOS OUTROS
Se me penso, e quando mais me
penso, mais intenso é o
compromisso, que tenho para
comigo, e para com os demais.
Assim, neste pensar, pensar-me,
sou a contemplação,
com que me narro, ordinariamente,
e nos outros deixo.
Meu ser duplo é deveras complexo,
e tem muitas realidades,
com que meus olhos perscrutam,
na busca das coisas simples.
Pois minha poesia é todo o mundo
e toda a gente, que em
mim se revê e entende meus «eus»,
na tristeza ou na felicidade.
Jorge Humberto
01/12/01
MINHA POESIA É TODO O MUNDO
Quando escrevo, sou todo este mundo,
e as pessoas, que nele habitam;
neles sou o povo, que torno fecundo,
como labaredas, que crepitam,
em nossos punhos cerrados, gritando,
a plenos pulmões, pela liberdade –
que os novos ditadores, nos vão roubando,
impávidos e serenos, nossa vontade.
E a minha voz é uma corda de músculos,
abrindo portas e consciências.
Para que a todos, cheguem os crepúsculos,
em todas as suas fulgências.
E em cada verso, de um saturado caminho,
uma palavra se me agiganta,
chamando a mim, quem caminha sozinho,
fazendo uso de minha garganta.
Ao povo, sofrido, deixo-lhe o ensinamento,
para que não se deixe usurpar;
que pelo entendimento, vem o pensamento,
que não se olvida, de lutar.
Pois que o povo esclarecido, não tem algoz,
nem correntes, que a todos ofende;
seremos pois como um rio, que corre para a foz,
defendendo-se do mar, que o prende.
Jorge Humberto
30/11/11
MOMENTOS DE CARÍCIAS
Nas pálpebras, de teus olhos,
é lá que deixo meu beijo:
refulgente, carinhoso, cheio
de amor, para te dar.
E as minhas mãos, nos teus
cabelos, são o sonho,
de fantasias, que se revelam,
através do gesto, que em
ti ficou, como uma doce carícia.
Sorris-me enlevada;
e em silêncio, achegaste a mim,
desenhando meu rostro,
pelo tactear de teus dedos:
como um imenso mar,
enrolando-se na areia, de uma
praia, tão só nossa.
Dá-nos a natureza, versos de
amor, e, a felicidade,
está em sermos nós mesmos,
no darmos e recebermos.
Jorge Humberto
29/11/11
POEMA AOS BAIRROS DE LISBOA
Lindos bordados, engalanam janelas…
doura o sol, nas vidraças;
e vasos de flores (quais as mais belas!),
assemelham-se a belas taças.
Nos varais de cordas, roupas estendidas,
corando à luz, do astro-rei;
e nas janelas, eis, conversam entretidas,
vizinhas, coisas que não sei.
Nos parapeitos, deitam-se as lindas mantas,
colorindo as casas, a preceito;
orgulho de quem as expõe: tantas mas tantas,
que nos bairros, levam jeito.
Nas ruas empedradas, belos os desenhos,
que os artífices, lá deixaram…
em tons negros, são de todos os tamanhos,
que nos passeios, se elevaram.
Velhos espreitam a paisagem, em bancos
feitos, de tosca madeira,
escutando, ao longe, das crianças, os prantos,
numa tremenda zoeira.
E assim passam os dias, sonhando com o passado,
e com a juventude, amiúde;
e neles revemos, o que nos deixaram como legado,
mostrando ainda imensa saúde.
Jorge Humberto
28/11/11
ESTA ANSIEDADE, SEM RAZÃO
Esta ansiedade, sem razão aparente,
é o meu fado e triste sorte,
que me acompanha, escrupulosamente,
desde a nascença, até á morte.
Sempre um desassossego, se apresta
(neste meu ilusório, dia-a-dia),
lembrar-me, o bem pouco, que me resta,
o que da vida, tenho por companhia.
Espelhos oblíquos, em todo o seu desdém,
trazem-me o ridículo, de meu ser,
e eu, que sempre tento chegar, mais além,
nada alcanço, neste meu sofrer.
Em sublimes poemas, a exaltação do amor,
é para mim o oxigénio e a emoção;
e cantando-o, sinto um imenso estertor,
só não sei, de meu coração!
Ao povo elevo a minha voz, meu pendão!
E aí, sou a solidariedade,
àqueles, que, incrédulos, escutam o vil «não»,
de quem lhes nega, a liberdade.
Porém triste sou, sem quaisquer nostalgias,
que, a saudade, é carrasca,
de quem, sem ter nem porquê ou alegrias,
vai na vida, que o arrasta.
Jorge Humberto
27/11/11
DOCE DESPERTAR
Doces fragrâncias, chegam até mim…
pelo simples desabrochar,
das primeiras flores, da manhã chegada;
ainda o róscido, se mostra,
nas imensas árvores, reféns do fulgor do sol.
E a horizonte, a luz vai surgindo,
em miríades de lindas cores, que se desenham
nos meus olhos, embevecidos.
De janela bem aberta, para o fora, o cheiro a
terra é intenso, e eu aspiro,
o ordinário odor, como se eu próprio, fosse
parte da Mãe Natureza.
Crianças saem à rua, naquela sua desenvoltura,
a nós, tão característica;
e passam gatos, por cima dos extensos muros,
em movimentos felinos.
A manhã, é agora, finalmente, desperta,
cobrindo toda a paisagem,
com a sua alva luz, infiltrando-se nos lances
das escadas e das esquinas.
Mais abaixo, o rio corre em todo o seu esplendor,
trazendo em seu peito,
barcos, que se vão perdendo, no encontro com
o mar, de azuis profundos.
E da linha de água, uma imensa massa escura,
dirige-se para os campos,
adjacentes aos prédios, da enorme cidade;
e em asas de pássaros,
poisa no imenso descampado, em busca de
comida e de confraternização;
enquanto o céu, se enche de estranhos bailados,
e de melodias, graciosas.
Jorge Humberto
26/11/11
FALANDO DE BELEZA
Entrego-me à beleza, da Mãe Natureza,
ao natural sorriso, das crianças,
que nos anciães, é lembrança e saudade,
por nos seus olhos, se espelhar,
o que foram um dia, quando ainda tinham
o leal vigor, da juventude,
e o pronto galanteio, às lindas meninas,
que por eles passavam,
em toda a sua esbelta e forte feminilidade[…]
E pela douta emoção,
eis que me deslumbro e entrego-me às pessoas,
em toda a minha candura.
E são os jardins, grávidos de belíssimas flores,
o meu acerto final,
que é esta minha entrega, sem precedentes,
ao que é belo, a meus olhos.
Jorge Humberto
25/11/11
AS FRIAS MADRUGADAS
Nas manhãs frias, resguardo-me,
de meus pensamentos mais
sombrios, e busco, pelo douto
amor, as manhãs, de meus dias.
Doura o sol, de azuis imensos;
florescem as flores, nos
jardins, bem cuidados; enquanto
meus olhos, se dão ao
horizonte, paralelo ao grande rio,
que eu vejo de minha
janela, aberta, para o fora. Luz o
astro rei, em todo seu fulgor;
fazendo, com que uma esperança,
tardia, venha para ficar,
no cume, das árvores frondosas,
no bico dos pássaros.
Em busca de uma realidade, que
me seja plausível, deixo o
meu desassossego, a um canto,
e pelo cansaço, me venço.
Então cravo meus braços com setas,
e lanço uma corda de
músculos, de encontro ao focinho
da palavra, libertando-a,
de lápis inquisidores, restringindo-a.
E assim nascem meus versos,
já mais conscientes de mim e do que
me rodeia, sem pedir favores.
E erguendo meu punho (alto o
pendão), chamo a mim,
a responsabilidade, de meu saber,
que nos outros ponho.
Jorge Humberto
24/11/11
ASSIM O NOSSO AMOR
Doces emoções; rituais precisos;
assim é, quando estou contigo,
encostando o meu peito ao teu,
sabendo-me tu, teu fiel amigo.
Deitando-me no teu colo, todo
o meu desassossego, se esvai;
por entre respirações amenas,
deste nosso amor, que não cai.
No silêncio, que cala, em nossos
olhos, não há janelas, por abrir,
nem fúteis segredos escondidos;
somos uma alma só, a se fundir.
Deu-me a sorte e o fado, ter-te
por minha musa e companheira;
unidos lutámos, contra a inveja,
e juntos fomos na vida, por inteira.
Teus cabelos ao vento, lembram
asas de pássaros, no céu, a voar;
e sorrindo, encetámos um caminho,
sem ter regresso, nem olvidar.
Jorge Humberto
23/11/11
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