Jorge Humberto

Nascido, numa aldeia Portuguesa, dos arredores de Lisboa,
de nome, Santa-Iria-de-Azóia, Jorge Humberto, filho único,
cedo mostrou, toda a sua sensibilidade, para as artes e apurado
sentido estético.
Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois
trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto.
A poesia surgiu num processo natural, de sua evolução,
enquanto homem. E, a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão de eleição.
Auto didacta e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou, de raiz, 10 livros de poesia, trabalhando, actualmente, em mais 6, acumulando ainda
mais algumas boas centenas de folhas, com textos seus,
que esperam inertes, no fundo de três gavetas, a tão desejada e esperada edição, num país, onde apostar na cultura, é quase que crime, de lesa pátria.
Tendo participado em algumas antologias e e-books, tem alguns prémios, sendo o mais recente a Ordem de la Manzana,
prémio atribuído, na Argentina, aos poetas e escritores, destacados a cada ano.
A sua Ordem de la Manzana, data do ano, de 2009.
Sendo ainda de realçar, que Umberto Eco, também foi merecedor, de receber essa mesma Ordem, de la Manzana.
Do mais alto de mim fui poeta... insinuei-me ao homem...
E realizo-me a cada dia ser consciente de muitos.
Quis a lei que fosse Jorge e Humberto, por conjugação
De um facto, passados anos ainda me duvido...
Na orla do Tejo sou Lisboa... e no mar ao largo o que houver.
Eu não sei se escrevo o que penso se penso o que escrevo.
Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever.

Menção Honrosa ao Poeta Jorge Humberto

Entrevista do poeta concedida ao grupo Amantes do Amor e da Amizade

Quem é Jorge Humberto?
R: Jorge Humberto sempre teve apetência para a arte,
através do desenho e da pintura. A meio a agruras da vida,
nunca deixou o amor pelo seu semelhante. Auto didata e perfeccionista,
sempre levou seu trabalho através da sabedoria e da humildade.

Em suas veias tem sangue poético hereditário ?
R: Não, sou o único poeta da família.

Como e quando você chegou até a poesia?
R: Cheguei à poesia quando estava num castelo em França,
e escrevi um poema, altas horas da noite, sobre a liberdade
que todo o Homem anseia.

Como surgiu sua primeira poesia e se ela foi feita em momento de emoção?
R: A resposta foi dada acima.

Qual o seu tema preferido ?
R: Não tenho um tema preferido, escrevo sobre tudo, mas como poeta,
que quer aliviar a solidão de muitos de meus leitores, tenho escrito de há tempos para cá, sobre o amor e reflexões e alguns poemas bucólicos.

É romântico ? Chora ao escrever?
R: Acho que sim, que sou romântico, mas os outros falarão disso melhor do que eu. Já chorei a escrever.

Qual sua religião?
R: Agnóstico


Um Ídolo?
R: Fernando Pessoa

Você lê muito? Qual seu autor preferido?
R: Leio todos os dias, quando me deito. Meu autor preferido é o que referi como ídolo.

Quais seus sonhos como poeta?
R:Ver meus poemas impressos em livros e que meus poemas
tragam algo de bom a quem me lê

Como e onde surgem suas inspirações?
R: Surgem naturalmente, através do que vejo, sinto e penso.


Você já escreveu algo que depois de divulgado tenha se arrependido?
R: Digamos que meu lado perfeccionista, já me levou a alterar alguns poemas originais. Mas depois de algumas poesias, em que lhes dei outro cunho, não achei por bem mexer, naquilo que nasce de nós, assim como nascem são meus versos, que divulgo.

Qual o filme que marcou você?
R:" Voando sobre um ninho de cucos/

Como é o amor para você?
R: O amor é dádiva, compreensão e um bem querer de um querer bem.


Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Prêmio conferido à Jorge Humberto em setembro de 2011

Cuidando dos Jardins

Cuidando dos Jardins
Jorge Humberto-2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

Poeta de Ouro mês de Novembro de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011


A INDIFERENÇA COMO A DESONESTIDADE AO AMOR

A amizade, a confraternização entre pessoas,
é o que de melhor temos e podemos colher no
nosso jardim, onde reina o amor e a compreensão,
entre os entes que nos são queridos.

O esquecimento gradual desses valores, leva à
indiferença e à renúncia do amor, para com os
nossos amigos e familiares, relegando-os para
dias frios de incompreensão e de crua lástima.

Por isso nunca deixes de dizer que amas as pessoas,
como te amas a ti – é preciso amarmo-nos para amar
no outro – assim não sejas nunca indiferente para
quem te rodeia, pois isso traz mágoa e sofrimento.

A amizade é para toda a vida, ela nos compõe e nos
faz seres humanos melhores. Então em cada gesto teu,
vais pôr o que de melhor há em ti, que será no outro
o prolongamento dessa atenção.

Este é o amor e a amizade, que devemos preservar ao
longo de nossa vida, chamando os amigos para
fazerem parte integrante, de nosso caminho,
ultrapassando em conjunto as dificuldades a surgir.

Não há nada de bom na indiferença, ela nos regride
à nossa herança primária, e como não sabemos mais
lidar com ela, mais negligentes nos tornamos,
fazendo nem bom nem mau juízo de ninguém…

… pois esse alguém desapareceu de nossas vidas, que
é morta a afinidade. Quando isso acontece, uma
solidão tremenda, toma conta de nossos passos, já
que não somos assim, mas a falta de humildade nos trava.

Então nada melhor do que nos desculparmos ante nossos
amigos e retomar a senda do amor ao próximo,
enchendo-o de cuidados e de palavras como o amor
recíproco, e de dizer o quanto gostamos dessa pessoa.

Jorge Humberto
30/03/11


ESPERANDO-TE À JANELA


Sopra uma brisa delicada no cimo
das árvores, e meu rosto, dado à
frescura da aragem, direcciona-se
para o rio, lá mais em baixo.

Penso em ti, quando meus olhos
alcançam as águas, de um azul
clarinho e sereno, que traz esta
brandura à minha lembrança.

No espelho de água, que o rio
mostra, posso supor teus olhos
circundando os meus, como se
me quisessem perguntar algo.

Sorriem para mim e eu, num
assomo apaixonado, sorrio para
eles, apertando ligeiramente os
meus lábios de encontra os teus.

Teus lindos cabelos, quais asas
de pássaro, enrolam nas ondas
ligeiras, e esticando minha mão,
afasto-os de tua testa morena.

Trazes um rosto tranquilo, que eu
alindo, afagando-te a face, nesta
doce lembrança de ti, que o rio me
mostra, qual realidade possível.

Agora caminho pela orla e dou-te
a minha mão, que tu aceitas e
assim passeamos à beira-rio, vendo
os golfinhos a brincarem juntos.

Mas a tarde dá lugar ao pôr-do-sol,
e a brisa transforma-se em vento
frio, o que me desperta de ti, e
deixo que regresses a teu repouso.

Amanhã, nesta mesma janela, te
espero, linda como sempre, subtil
princesa, que povoa os meus
sonhos acordados, por te aguardar.

Jorge Humberto
30/03/11

HONRADA GENTE DE TRABALHO


Ah, do sepulcro, gritam os mortos,
não há mais respeito pelas gentes,
somos todos quais anjos tortos,
subtraídos plas sumptuosas mentes.

De minha pluma, sigilosos portos,
ainda buscam no mar as sementes
do trabalho árduo, cansados corpos
que a voz do patrão deixa carentes.

É preciso o grito, a voz e a liberdade,
mostrar ao tirano toda a verdade,
que quem labuta é homem honrado.

Para o opressor que mal acostumado,
por despeito e falta de consideração,
resta-nos o decoro, de coração na mão.

Jorge Humberto
29/03/11

SOL PÔR


Em plena tarde de primavera
o sol raia alto no céu, azul de
outros azuis, que nas nuvens
repousa seu milagre primeiro.

O milagre da vida, que vem
com o astro solar e que tudo
faz crescer, flores e árvores,
e dá à terra a força de vingar.

Os jardins abrem-se ao seu
calor vivificante e as corolas
das florezinhas, colhem dos
raios, a força que vira pólen.

Nas águas translúcidas dos
rios e dos mares, dúctil e
exuberante, se mostra, no
verso das cores que fluem.

E nele passeiam as pessoas,
levando seus animais com
elas, para colher o agrado do
rito do sol, no imanar sua luz.

E quando o sol se põe, e os
seus raios perdem força, é
de ressaltar, que ainda assim,
o seu aconchego nos chega.

Jorge Humberto
29/03/11

QUANDO AMEI

Eu que não sou saudosista tenho
saudades de te sentir,
quando, nas minhas noites escuras,
só sombras advindas do breu,
me vêm atormentar,
com a falta de tua presença…

Presença que está em tudo que é
vida em mim, e me sabe por eu me
saber, sem me saber
no entanto, pois que eu de mim
me retiro, quando a mágoa
me tolhe os olhos e eu adormeço.

É um sono sem ter sono, é mais
uma dor na alma, corpo vazio, que
não escolhe os momentos
de uma solidão insana, quando o
teu cheiro me invade os sentidos,
e eu passeio a sós pelo quarto.

É um cheiro tão intenso, feminino,
este que assenhora de mim,
que eu enlouqueço de ternura
para te dar, e, de mim, me esqueço,
pois não sei mais quem sou,
porque te espero… e tu não vens.

Jorge Humberto
29/03/11

A ALDEIA QUE ME VIU NASCER


Numa aldeia, por detrás da serra,
foi que eu nasci e vida comunguei.
Essa que seria para sempre a terra,
aonde cresci, chorei, ri e namorei.

Não à aldeia mais linda ao redor,
com seus jardins e ruas asseadas,
e se dizem o contrário é mal maior,
não conhecem as gentes ajuizadas,

que esta aldeia, da serra, viu nascer.
E já adultos, humildes, trabalharem,
em prol da mesma, até o sol fenecer,

por sobre a terra cultivada, dedicada
aos deuses das searas, que a rezarem,
bons ventos colheram, gente cuidada.

Jorge Humberto
28/03/11

REGRESSAREI POR TI


E será o que nós quisermos,
rubro amor ou grand paixão,
que como chuvas de aluvião,
sempre será que dissermos.

E será só por nossa vontade,
que, o encontro acontecerá,
e não precisa aqui de alvará
para eu visitar, a tua cidade.

No Brasil, meu país visitarei,
é que eu sou de duas Terras
e nas mais aprazíveis serras,
o teu nome singular gritarei.

Aí encontrando-me, eu e tu,
tua mão pedirei a teu irmão,
e aos teus filhos, a aceitação
o sermos de dois apenas um.

Eis que meu anelo está vivo,
por ti singrarei barcos e mar,
ou irei a pé, muito caminhar,
que por ti e só por ti, revivo.

E não mais nos perderemos,
que, este amor, de aprazível
é só por si e si insubstituível,
isto, enquanto nos amemos.

Jorge Humberto
28/03/11

AMOR DE MEU AMOR


Escrevo-te do mais alto de mim,
sou paixão sem condição,
de meus olhos embargados pela
demora, que os outros olhos não
vêem, por estarem tão longe assim.

Na lembrança que guardo de ti,
teu rosto é qual mosto,
e tua boca meu secreto desejo,
que a beija-la eu enfeitaria, com
flores doiradas, cravo e jasmim.

No teu cabelo trazes uma cidade,
desconhecida e perdida
no outro lado do oceano imenso,
um dia a irei visitar, com anelo,
e saberei por ver qual a sua idade.

Nesse dia hei-de ver-te ao chegar,
serás o verso sem inverso,
que confirmará, que tudo o que te
escrevo, é certeza incontestável,
e por tudo isso razão de eu te amar.

Jorge Humberto
28/03/11

PAIXÃO AO LUAR

Ao luar, pele com pele, nossos
corpos se unem,
na volúpia dos sentidos, junto
com o fluxo, refluxo das marés.

Gotas de sal invadem a fronte,
e no silêncio
prateado, espalhamos carícias
e recíprocas plenas de ternura.

O mar enrola as suas ondas na
areia molhada,
até alcançar nossa sacralidade,
ventres desnudos, à luz da lua.

Seu chamar apelativo, convida
a banharmo-nos
nas suas águas, verde coralina,
mas o beijo, retém a aventura.

Entregues um ao outro, paixão
é o que nos move,
de corpos entrelaçados, somos
só uma pessoa já, no Universo.

E deitados nas nossas sombras,
promessas
fazemos, pra toda a eternidade,
olhando a prata do luar no mar.

E satisfeitos dançamos no areal,
sacudindo
as estrelas por cima dos nossos
ombros, enquanto o sol é nado.

Jorge Humberto
27/03/11

DESENHANDO A CHUVA

Uma chuva miudinha atravessou-se
na tarde nebulosa,
retendo as nuvens e aglomerando-as
de encontro umas às outras,
desencadeando a sua fricção
e o cair eminente das águas revoltas.

Relâmpagos e trovões ouvem-se ao
longe, a horizonte,
por cima da capa fina do rio agitado,
iluminando casas e árvores
e tudo que abrange a paisagem,
enchendo de temor, os mais tímidos.

E há um cheiro a terra molhada e as
flores abrem-se
para reter as águas, que as mantém
viçosas e coloridas, nos jardins
intemporais, pendendo-se
nas folhas, lá onde as pétalas findam.

Jorge Humberto
26/03/11

PULSA CORAÇÃO ÀS GENTES SOZINHAS

Pulsa coração, não deixes de bater,
bem sabes que
ainda há muito o que escrever,
amor para dar,
guerras pra denunciar,
pessoas que, estando sozinhas,
quais avezinhas,
estão prontas para a emoção,
de ler um poema e sua ilusão.

Pensa nas gentes, que mais nada têm,
e ouvem dos outros,
que na vida, que lhes mantêm,
para nada servem,
que tudo perdem,
que são jardins sem terem flores,
lhes fogem os amores,
pensa meu ilustre coração,
no que tem de ser a tua doação.

Pessoas, que, fechadas em suas casas,
sem janelas ao sol,
é através das poesias que ganham asas,
e são princesas,
cheias de nobrezas,
cobiçadas por cavaleiros andantes,
eternos mutantes,
e que é através de ti coração generoso,
que o campo da vida é frondoso.

Ah, mas ainda aqui estás, ó inspiração,
para levares aos
teus leitores, toda a consolação,
dando o melhor de ti,
voando, qual querubim,
por cima das casas de todas as pessoas
que sempre te deram coisas boas,
elogiando a tua arte, teu trabalho,
sem darem o seu tempo por mal empregado.

Pulsa coração, não deixes de bater,
as pessoas
precisam do verbo haver,
para se sentirem realizadas,
de si confrontadas,
para saírem à rua de cabeça erguida,
tirando prazer de sua vida,
e serem gente com personalidade,
porque lhes rege a humildade.

Jorge Humberto
26/03/11


NA SUAVE BRISA DA TARDE… NÓS


Na suavidade de uma brisa serena
em teu rosto pousa sua mão
e minhas mãos na tua pele amena
sentem o vibrar da dúctil emoção.

As árvores sibilam alegres canções
mostrando o inverso das flores
que nos jardins são como corações
das mais ilustres variadas cores.

E os pássaros cantam à passagem
e nós vamos pelo vento e friagem
que a tarde ensandeceu e esfriou
pelo ilustre caminho que nos levou.

Vamos de passeio simples adorno
e ansiamos pelo desejado retorno
à brisa de há pouco com dedicação
para que entremos em meditação.

Mesmo ao lado de um rio um tanto
revoltoso resolves ir para um canto
e estendendo uma toalha no chão
atrais-me delicada para a tua mão.

No teu bem-querer a brisa envolveu
de novo nossos corpos e tu e mais eu
beijamos-nos ao sol que transcende
o nosso desejo que eis ele pretende.

Na tarde excitante que nos abrange
no calor irradiante nada constrange
nossa vontade de água e o novo rio
apronta-se a receber o nosso desvio.

Banhamos-nos os dois como crianças
mantendo vivas todas as esperanças
de numa nova tarde voltarmos aqui
trazendo sândalos e o lindo jasmim.

A horizonte já escurece as mil fontes
tomando rumo descemos os montes
e de volta a casa eu aliso-te os cabelos
como se tratassem de fios dum novelo.

Jorge Humberto
25/03/11


ÀS PESSOAS CONSIDERADAS DE MENOS VALOR


Cada vez mais me encantam as pessoas,
que sofrendo horrores,
à sua dignidade e personalidade,
não se tornam amarguradas, antes
um suave rio, que pulula, até à sua foz.

Privadas dos seus mais elementares
direitos, que lhes assiste,
como a qualquer cidadão de bem-querer,
sempre uma palavra de simpatia e
um sorriso, lhes alinda a face, sofrida.

São pessoas humildes e altruístas, que
não têm mal nenhum consigo,
e sendo prestativas estão sempre prontas
a ajudar o próximo, na sua maior riqueza,
que é o ensinamento, que a vida lhes deu.

E a cobiça não lhes cabe, nem vivem de
rancores e futilidades,
que degenera os valorais morais de cada um,
transformando à vez as gentes, mas não estas,
que vos escrevo, que têm mãos de terra.

Normalmente são pessoas leigas, mas não
estupidificadas,
que vivem lutando para ser alguém e
trabalham ou estudam, para suprimir suas
falhas, a nível de concepções.

Vide concepções, como ideias e ideais,
de compreensão e imaginação e à faculdade
de conceber coisas, estas são pessoas
férteis nesses desígnios e aplicam-nos,
não ouvidas porém pela sua baixa casta.

São de nível social inferior, e trazem consigo
esse tremendo estigma,
que as entristece mas que não as faz virar
o rosto à luta diária, para serem escutadas,
nos seus ensejos, que é ajudar o vizinho.

Jorge Humberto
24/03/11

INVULGAR LUA CHEIA


Nasce a lua na tranquilidade da noite,
desce sobre o plano do rio,
cobrindo-o de prata e de brisas
nocturnas.

Em sua orla barcos descansam seus
remos de sal,
que as mãos de pescador lavam,
à luz de candelabros antigos.

Cá fora o frio faz-se sentir, nas faces
marcadas pelo sol
e pelo salitre, como gumes de faca,
fincando-se na carne.

Empoleirados nos caniçais, junto às
águas azuis pardacentas,
bandos de pássaros descansam suas
asas, cansadas de voos.

Aí adormecem, no calor dos corpos,
parecendo enfeites
vivos, velando, à vez, a noite e seus
predadores noctívagos.

É noite de lua cheia, que pousa sobre
as casas suas mãos,
seguindo a sombra dos gatos, na caça
há muito lançada.

Clareando janelas abertas, para o fora,
chama as pessoas
a olharem o céu, para a enaltecerem,
bonita como está.

Tudo luz e reluz e é descanso para os
olhos cansados,
que se põe a admirar tamanha beleza,
com um sorriso nos lábios.

Jorge Humberto
23/03/11

quarta-feira, 23 de março de 2011


E SEJAM FELIZES AMANDO-SE


Se estás em primeiro ou segundo plano,
para a pessoa amada,
escuta o teu coração, ele te dirá o que
és para o ser querido, e qual de facto é
a tua posição, dele para contigo.

Não sofras por antecipação e acredita
sempre na verdade,
que te é proferida, pela doce pessoa a
quem amas e que te ama, para além de
tudo, o que é humildade.

Não irrompas o silêncio, tendo ciúmes
de seus amigos,
dizendo que, esse maior que tudo, para
ti, lhes presta mais cuidado, que para
contigo própria, ele te é fiel.

Tem, mesmo que em pensamento, um
lindo sorriso para ele,
pois da lembrança se constrói o vosso
mundo, e tu vais pôr as melhoras roupas,
para lhe agradares e a ti.

Se algumas coisas mudarem, pensa que
são temporárias,
pois todos nós precisamos de tempo para
nos recompormos, dos males que nos
afligem, diariamente.

Os Bons tempos voltarão com a Primavera
e as belas andorinhas,
assim tu estejas preparada para o receber,
da mesma forma que te despediste dele,
aquando juntos, nesse passado.

Lutemos por um presente melhor e por
uma realidade
complementada pelo dia-a-dia, em que
estarão em comunhão, um com o outro,
pois nasceram para serem nos dois.

E amem-se muito, até à retina dos olhos,
como um rio suave,
que não desdenha o mar, seu parceiro,
de muitas lides e extrema sincronização,
amem-se até que doa.

Jorge Humberto
23/03/11


SOBRE A MINHA POESIA

Esta é a minha vida, mãos dadas
com a poesia,
que faço, por tornar coerente, a
quem a possa ler, no sossego de
seu lar, depois de mais um dia de
árduo trabalho.

Nela eu incluo imagens e histórias,
doces jardins,
onde as flores, têm fragrâncias a
novo e buscam o sol para enfeitar
suas cores: as mesmas cores, que
vou buscar a horizonte.

O mar e os rios, estão presentes,
mais as árvores,
donde pássaros chilreiam, noite e
dia, musicando o ar de lindas e
belas sinfonias, que mui encanta,
a quem passa.

Falo de amor sem fim, de musas
e namoradas,
que têm olhos como safiras azuis,
roubadas ao céu, quando este se
distrai olhando uma bela mulher,
em se passeando.

E também falo do povo relegado
para o algoz,
pelo infiel tirano, senhor da guerra,
que se julga um deus, para pôr e
dispor das gentes, creditando-lhe
valor, por iletrados.

E ainda escrevo sobre mim, minhas
introspecções,
pensamentos e reflexões, na doce
ilusão de levar algum ensinamento,
embora humilde, a meus leitores,
meus amigos.

Jorge Humberto
21/03/11

DOCES AROMAS DE UM BEIJO

Doces aromas soltam-se de teu colo,
embriagando-me
de realidades e de amores-perfeitos,
na volúpia da tarde adamada,
com cheiros a terra molhada,
e folhas invertidas pelo toque suave
da brisa, pousando suas mãos
nas árvores cristalinas, pelo contacto
co o sol, que no céu reluz dormente.

E no teu ventre femíneo, tuas mãos,
em cruz, tementes,
arrepanham a roupa (amarfanhados
tecidos, de puro carmim),
enquanto espreitas o jardim,
que, lá em baixo, cresce, amadurece,
num silêncio denunciador,
do meu deslocar até ti, puxando-te
para mim, até ao meu secreto beijo.

Desfaleces nessa timidez que faz co
que me esperes
toda a noite à janela, esperando-me
das minhas loucuras,
das minhas ternuras,
sempre fiel ao nosso amor, sem par,
que qual água de um rio,
nos banha ao anoitecer, quando eu
volto para casa, para o teu aconchego.

Jorge Humberto
21/03/11

O PASSADO FOI LÁ ATRÁS

É certo e sabido, que o presente
é aquilo porque nos devemos reger,
com olhos postos no futuro.

Quem passa a vida a olhar para trás,
sem um golpe de asa sequer,
não vive, sobrevive na obscuração.

Recordar é fazer do passado mais
do que o presente tem de útil,
como um sol que se foi pela noite.

Quais flechas as crianças são o
alicerce desse presente, rumando
ao dia do amanhã, com sabedoria.

Quem remói o passado colhe só
tristezas, solidão e um saudosismo
doentio, que os faz perder o rumo.

Não mais se acham e vestem-se de
negrume, nas palavras descabidas,
a um presente, que é escamoteado.

No presente, que é o nosso dia-a-dia,
devemos semear a raiz purificada,
que no futuro seja o fruto apetecido.

De aparências e enganos é o passado,
como conversa que se joga fora,
pela falta de relevância, da mesma.

Triste de quem assim vive, chorando
pelos cantos, em vez de tomar em
mãos o desenlace de sua vivência.

Ao passado o que é do passado (não
importa mais); no presente teremos
o alimento que comeremos amanhã.

Jorge Humberto
20/03/11

CHEGAM AS ANDORINHAS


Hoje o sol brilha mais intenso no céu,
é vésperas, de primavera,
e tudo o que é teu e tudo que é meu,
é das andorinhas, esta longa espera.

Em bandos chegando, abro a janela,
e é vê-las brincando,
nos seus voos, com este e co aquela,
que de há muito as estava ansiando.

Dorso preto, o peito branco, encanto
maior não haverá
neste Mundo, e, para nosso espanto,
uma só, em nossas mãos, firmar-se-á.

Primavera de todos os espantos aqui,
aquece-nos o corpo,
e dá-nos belas imagens, que eu revivi,
quando no inverno me parecia morto.

E as pessoas saem à rua em extensiva
e natural alegria,
passeando-se duma forma expressiva,
que repartem co os amigos noite e dia.

E nisto falando, as florinhas, renascem
de seu sono profundo,
e as ovelhas e outros animais, pascem,
ruminando a erva e o solo tão fecundo.

Cantam os pássaros belíssimas sinfonias,
não precisam de maestro,
que a Natureza lhes dá bonitas melodias,
e tal como cantam, esvoaçam de presto.

Vão de árvore em árvore, vão chilreando,
canções de embalar,
e quando assobiando os vamos imitando,
eles parecem perceber, e cessam o cantar.

Eis, está chegando a primavera, oh, magia!
Traz o sol com ela,
os rios, de águas azulinhas, para a pescaria,
e no zénite do calor, banharmo-nos nelas.

Jorge Humberto
19/03/11

DEVANEIOS

Brisas suaves nos meus devaneios
nocturnos, com espelhos obtusos
riscando o ar rarefeito do quarto,
onde me embriago de poesia
e de cigarros carcomidos,
pelo vício ultrapassado pelo tempo.

Palavras ditas e desditas na folha
consentimento; meus dedos como
ampolas de sangue, derramado
na alvura esbranquiçada da madeira,
cortada cerce pela raiz,
que pranteia sua dor no poema lido.

Natureza morta, nas frases lúcidas,
pelo verde do absinto, que traz a
febre sem escamotear a inspiração;
cavalos loucos na orla de meu peito
jogados até há exaustão
contra o freio das portas fechadas.

E na loucura de fins e de princípios,
arrimo a letra e o verso, velando
meus gestos agora já controlados
e pesados, pela necessidade pura
de levar aos meus leitores,
o melhor de mim, enquanto poeta.

Jorge Humberto
18/03/11

sexta-feira, 18 de março de 2011


SE TE PEÇO, AMOR

Se te peço que me olhes, dás-me as estrelas,
para que eu possa vê-las;
e eu subo ao imenso céu, mãos dadas contigo,
e nunca me sinto sozinho.

Se te peço que me sorrias, dás-me intenso sol,
e na lapela um girassol;
e eu busco nos jardins, levando a tua sombra,
os rastros de uma pomba.

Pomba da paz, se te peço, és tu quem me dás,
cabelo ao ar, comigo atrás;
revisitando estradas, granjeando longe o mar,
para que te o possa dar.

Se te peço carinho, então tu dás-me o teu colo,
aí onde um beijo meu rebolo;
e eu feliz, procuro, em afã, teu corpo feminino,
para te dar o meu, de menino.

Se um segredo me contas, eternizo-o em mim,
e – sabes – só te o direi a ti;
e quando um silêncio cavernoso te fizer chorar,
eu hei-de (contigo) lá estar.

Se te peço um abraço forte, ainda que a soluçar,
no peito se dará, o que é de dar;
e limpando tuas lágrimas, acariciarei o teu rosto,
melífluo correndo como mosto.

E, assim, pedidos feitos e concretizados, ao fim
e ao cabo, estarás junto de mim;
e eu saio por momentos, entregue à lembrança,
que és tu, toda a minha esperança.

Jorge Humberto
18/03/11

TUDO QUE FAÇO, FAÇO POR TI

Tu sabes, tudo o que faço, faço por ti,
e por ti me dispo de insanas vaidades.
Sem ti sou como as flores sem jardim,
todo eu sou falho, vago e vacuidades.

Por ti me enlevo ao mais alto de mim,
sou companheiro sem vãs futilidades.
Eis segredo-te compromisso sem fim,
sussurrando-te ao ouvido fidelidades.

Senhora, minha, de almejado desejo,
por ti dou-te minha vida, meu ensejo,
maior que o Mundo, que nos alcança.

Por ti, crê-me, não te trairia a emoção
de amares com a força de teu coração,
e de te entregares como quem avança.

Jorge Humberto
17/03/11

SOU O VERDADEIRO POETA DA NATUREZA

Tarde de sol, num céu brando de azuis
coralinos;
meus olhos despertos para esta
certeza impar enfrentam a cor azulácea,
como quem alça voo e irrompe
das nuvens mais forte e determinado,
a ser presença, entre as forças da Terra.

E sou árvore e sou rio, uma ilha não mais
desencontrada;
e minhas mãos lenhosas afagam
flores tais, que os jardins proporcionam,
a quem é a própria Natureza e o
seu cerne colorido e aromatizante, em
vagas de fragrâncias, que a tarde acolhe.

Das ondas sou o mar e o sal, nos remos
dos barcos;
marinheiro de muitas e reais lutas
contra o escarcéu das ondas alteradas,
puxando redes com ou sem peixe;
velas desfraldadas ao vento Norte e o
cordame como braços, atando o navio.

Sou isto e aquilo, enamorado de um só
amor-perfeito;
homem respeitoso e o verdadeiro
poeta da Natureza, como não há outro;
e sou feliz assim, redescobrindo-me
na tarde fogosa, por brisas acusando-se
nas folhas, que mostram o seu reverso.

Jorge Humberto
17/03/11

CASAL DORMINDO

Por sobre a suavidade da erva
verdinha,
junto a um monte de flores,
acabadas de colher pela manhã,
dois enamorados descansam,
de olhos postos, no azul do céu.

De corpos juntos, um ao outro,
suas mãos
procuram-se, tacteando o chão,
até encontrarem a leveza de
seu toque sereno e desejado,
almejando a brandura da pele.

Seus olhos não se encontram,
pois cada um
está virado para lados opostos;
e encostando suas cabeças,
ele toma-lhe em mãos o cabelo,
e ela deita a mão no seu peito.

Por fim, de olhos fechados, ao céu
e a tudo,
apenas se sentem, um no outro,
e seguros, de seu amor,
no silêncio do campo verdejante,
deixam-se adormecer.

Jorge Humberto
16/03/11

OS VALORES MORAIS ACIMA DE TUDO



Dêem-me uma razão para viver neste mundo
onde a gentileza se perdeu, a nobreza fenece
não se respeita a sinceridade, num vil imundo
sacrilégio, co as gentes, que ele não enaltece?

Onde o “como vai”; o “bom dia”; o “até logo”;
tudo isso se foi pelas calhas da memória curta
assim as conversas, autênticos, os monólogos
cegos pelo egoísmo que a pouca vista encurta.

O respeito pelos mais velhos, há muito morreu
vilipendiados na rua ou num lar sem condições
orando atenção, carinho de quem os esqueceu
ocupados em mostrar, suas novas ostentações.

Ah, e as crianças, não têm os pais vida para elas
sujeitando-as aos vícios, duma fétida sociedade
onde a droga e o álcool – eis – toma conta delas
e sofrendo mil agruras vão morrendo sem idade.

Não; não quero, este mundo! pois o homem vão
de há muito ofende a mulher, sua companheira!
E espanca-a, denegrindo-a, e isto até à exaustão
não vendo, a espaços, que, ela é amada parceira.


Jorge Humberto
16/03/11

DA MINHA MOCIDADE

Nasce de meus olhos a minha
mocidade,
a liberdade
que experimentei, na vizinha
idade;
agora guardada a um canto,
sem saudade nem espanto.

Lembro que o mundo visitei,
cidades
e novidades
fascinantes, e desmistifiquei
dualidades;
agora envelhecido no verso
me revejo e ao meu inverso.

E, mais que a minha poesia,
só o amor
ou uma flor
em um jardim, no dia-a-dia,
em seu louvor;
porque, agora, sou mais eu,
e nada mais se entristeceu.

Jorge Humberto
15/03/11

AS VEZES DA IMAGINAÇÃO


Alheio a tudo deixo que a imaginação
surta efeito pelo gesto de minha mão!
Através dele desenho possibilidades,
reconstruo frases, estradas e cidades.

Torneando as sombras aqui calculadas,
retiro excessos, das trevas, maculadas.
E, expulsas as nevrites, e a inflamação,
nomeio ruas, pura tristeza, consolação.

Como numa fotografia, as coisas lindas
(suas árvores, pássaros – outras avindas),
vão tomando posse, no poema versado!
E as casas caiadas, têm um ar engraçado.

As pessoas são pontinhos aglomerados,
a quem repara os montes, encimados…
E no cimo os animais, mais a Natureza,
criam um ciclo, que de todos é certeza.

Nisto no de mais a mais, real imaginário,
ergo um jardim, o mais puro e ordinário!
E edifico céus e sóis, gris e tempestades,
que molha a terra árida, pelas metades.

E neste sonho acordado, pela suposição,
do ideário, construi simples composição,
que gesticulando fiz nascer o que é dado
ver, de mim para fora, sem ter gradeado.

Jorge Humberto
14/03/11

IGUALDADE PARA TODOS


Eu só queria, contra todos
os imprevistos,
que revistos,
bom senso e sinceridade,
de imensa humildade,
o Homem acabasse com
a guerra, aqui na Terra.

Que o poder esvazia-se,
sem pertença
nem sentença,
e que o maldito egoísmo
fosse só um eufemismo,
para dizer liberdade
de um povo, no renovo.

Semeava-se a colheita,
sem que o arado
fosse travado
sem o ditame do patrão,
que o povo faria divisão,
bem equitativa,
do novo grão e do feijão.

As crianças iam à escola,
aprender a ler
e a escrever,
e haveria veras condições
para aulas dar e as lições,
tudo certinho,
de bom futuro e auguro.

As mulheres e os homens
seriam iguais
(assim os animais),
e todos eram semelhantes,
co direitos sem agravantes,
e raiava a luz
mais intensa sem diferença.

Jorge Humberto
13/03/11

AMOR LOUCO AMOR

Nascido para ser no céu intenso
sol, seu infinito fulgor,
por destino sobreveio o teu amor,
e ele aos Homens se disse imenso,
como a paixão que guardo
na parede, em um belo quadro.

Um idílico momento nos compraz
a sair por aí, de braços
dados, e tudo em nós são abraços,
firmes, mui delicados, que satisfaz
quem os recebe, assim
como flores num belo jardim.

E é nesse paradisíaco e lindo jardim,
com sândalos e rosas,
que eu te narro as mais belas prosas,
envolvidas em cheiros de jasmim,
sentindo-me deveras
apaixonado, num amor doutras eras.

Por teus olhos meus olhos no teus,
que contém segredos,
que eu desvendo com meus dedos,
os silenciosos madrigais, tão meus;
são de pura atracão,
o que vai no teu e no meu coração.

Jorge Humberto
13/03/11

AOS QUE APREGOAM A BÍBLIA NA RUA


Aduladores da mentira grassam
por esse mundo fora,
apregoando o fim dos tempos,
como o conhecemos,
e nele vamos criando os filhos.

Pelas ruas da cidade é vê-los
de Bíblia na mão,
olhar enlouquecido para o céu,
gritos roucos,
que atemorizam as criancinhas.

Gente que não tem o que fazer,
reais dementes,
a quem se lhe paga para que
profiram o inferno,
à nossa porta, dos maus Cristãos.

Não falam, vociferam co espuma
no canto da boca,
escarnecidos de sua má índole,
na palavra abusada,
ao bom termo de sua insanidade.

Afastai-vos, todos, ó insensatos!
Calai-vos, de vez!
O que o povo precisa é educação,
gestos elegantes,
para levar avante a sua condição.

A condição de povo a uma só voz!

Jorge Humberto
12/03/11

JÁ NADA É PRESENTE OU FIM

Já nada é o que foi outrora,
esquecemos gestos,
gentilezas de uns para com
os outros: e a tarde demora.

Já não há estrelas no céu,
quando a noite vem devagar,
trazendo a lua e os casais,
sussurrando loucas paixões.

Já não há respeito pelos mais
velhos, jogados a um canto,
pela demência pura, voraz
e despreocupada, dos filhos.

As crianças são deixadas ao
acaso, da sua loucura macia,
enfrentando fanfarrões
e seringas infectadas de vícios.

O futuro entristece-se com
o presente, que é quase nada,
folha de papel rasgada, em
tratados de paz e equidade.

Proliferam as guerras pelo
ouro e pelo poder, explodem
bombas em mãos inocentes,
escorre o sangue pela soberania.

Já a Natureza fenece às mãos
do Homem, ganancioso,
que descura a nossa querida
Mãe, sem que perca o sono.

Já os iletrados são atenção,
que devemos levar em conta,
abrindo mais e melhores
escolas, no gosto pelo ensino.

O que custa um gesto de boa
vontade, quando esta é
feita em prol dos outros?
Já nada é nem presente ou fim.

Jorge Humberto
12/03/11

SOU ASSIM QUER GOSTEM OU NÃO

Causa-me repúdio este meu corpo
morto,
desilusão de meu ser inerme,
que, para pouco mais serve,
do que ser prisioneiro de alegorias,
máscaras sobrepostas às fantasias,
que eu vou criando no escuro
do quarto, leviano e obscuro.

E tudo que reflita meu semblante
é deselegante,
meu ser é disforme e indecoroso,
sofre de disfasia e é todo nervoso;
multidões são tremenda confusão
para o sossego da minha ilusão,
que crê num mundo mais bonito,
comigo a um canto, a conta do atrito.

Costumam dizer que sou formoso,
airoso,
palavras elegantes vindas de amigo,
que é gentil e agradável comigo;
mas a boniteza vai-se com os olhos,
como quando os melhores molhos
de flores não soubemos escolher,
e assim não colhemos o maior prazer.

Uma face que seja bonita não é nada
sem espada;
vivo enclausurado em casa enfermo,
sou um autêntico verme sem termo,
que não o de ser um vil estorvo,
negro tão negro, qual um corvo;
mas sou amigo do amigo e a poesia
deu-me algum valor, no meu dia-a-dia.

Jorge Humberto
11/03/11

ENAMORADO E MAIS HOMEM


Ainda é pelo teu sorriso que me
deixo fascinar, até ao âmago
de meu ser, que me consome
inteiro,
cativo
de ti, de tua presença mágica
e equidistante de meu peito.

São teus cabelos como novelos
esvoaçando ao vento, que me
enfeitiçam de novos arco-íris,
vivas
cores,
que se espelham nos teus olhos
de água, como reflexos de vidro.

E tuas mãos, que são de veludo,
trazem carícias tais que me vivo
completamente só para elas,
delicadas,
gentis,
semelhantes a jogos de criança,
que gesticula pelas mãos a voz.

Teu corpo femíneo extasia-me
em suas linhas proporcionais
e bem desenhadas, céu em
ebulição,
pertinaz,
donde reluz um imenso círculo
solar, andando ao ritmo da brisa.

Mulher amada e apaixonada é
por ti que eu me venço todos os
dias, fugindo da nova inquisição,
que mata,
fere,
quem ousa escrever com alma,
ou lá que é isso, porém solene.

Jorge Humberto
11/03/11

CONSELHOS E UM SONETO


Levo nas mãos a humildade
pra espargir no rosto amigo
e junto a douta sinceridade
que anda sempre comigo.

Nada há sem solidariedade
deve andar sempre contigo
e só é justa uma sociedade
que o pão o saiba dividido.

É pois com esta eloquência
que temos de agir de irmão
para irmão, com sabedoria,

à régia paz com frequência
ouvirmos a voz do coração
e, sentirmos a doce alegria.

Jorge Humberto
10/03/11

TEATRO EM RUÍNAS


No silêncio noturno das coisas
paradas, o paradigma das sombras
salta das paredes para o chão,
desce de degrau
em degrau, e sobe nas cortinas
fechadas na noite,
como um ato teatral entrecortado.

Por uma janela entreaberta deixa-se
entrar a luz da lua, prenhe de brancos
e de cinzas, o qual ao longe permite
ouvir o uivar dos cães,
dementes pela alvura das estrelas,
com crianças
agitadas na loucura da macia infância.

O Teatro está em ruínas e há muito
é pouso de prostitutas e outros vícios,
que por ali deambulam seu revés,
alimentados de lixo
humano, cantando para esquecer o
seu fado, mais triste
que este rio, que poluído, defeca gases.

Tudo é escombros e lembranças de
ter-se tido ali alguma coisa, alguma
vez, com multidões aplaudindo de
pé, pedindo por mais;
mas uma janela desfalece de pobre
e cai na rua em estilhaços,
trazendo à realidade o nado-morto.

Jorge Humberto
10/03/11

quarta-feira, 9 de março de 2011


SOU O OUTRO QUE NÃO EU

Sou o outro, que não eu,
quando escrevo,
vagabundo da palavra,
redigida
com os olhos da
imaginação espontânea,
sem sentimentalismos.

À luz da Razão enlevo
meu pensamento,
discorro seu raciocínio
trecho a trecho,
e o envolvo em casulo
até que a mariposa
encontre a linha de voo.

De ideias me encontro,
por ideais
luto e estrebucho,
mas nunca
sou eu quem se move,
eu apenas sigo
na corrente insaciável.

Jorge Humberto
09/03/11

NUMA MANHÃ DE AMOR

Nas pálpebras assentidas de teus
olhos, por sobre a leve brisa do vento,
desviando o cabelo de teu rosto,
breve beijo deixo nos teus lábios,
segurando em teu colo tuas mãos
em cruz, na suavidade de tua pele.

Deixas fugir um sorriso de menina
e gesticulas pacientemente um jogo
de mãos e de braços, que eu calo
num abraço profundo, como se fora
o mar aqui e nossos corpos em
movimento, procurassem o seu porto.

Nos quatro cantos do quarto aberto
aos sonhos de anil e de marfim e de seda
despojamo-nos de resquícios de
roupa, que ainda insiste em tapar-nos,
como se houvesse pudor entre dois
amantes, que cobiçam a nudez purificada.

Entre lençóis de linho da cor do carmim
elevamo-nos ao prazer explícito,
que o amor proporciona, a quem ama,
sem preconceitos nem estigmas,
e o delírio toma conta de nós – assim –
até ao êxtase final, na ponta do cigarro.

É manhã lá fora; refulge o sol a horizonte;
e enquanto as pessoas deambulam,
de lá para cá, no caminho do trabalho,
nos tecidos amontoados de nossa cama,
agarrados um ao outro, acabamos
por adormecer, ouvindo longe o Rouxinol.

Jorge Humberto
09/03/11

NA SUAVIDADE DE TUA MÃO MULHER


Na suavidade da palma de tua mão,
imóvel mas fortificante,
susténs o Mundo e o que nele há,
seus jardins suspensos,
seus mares profundos,
o sorriso de uma criança, se te vê,
caminhando pra ela braços abertos.

Os teus rios insondáveis e silêncios,
ostenta-los nos traços
do teu rosto, nos olhos a horizonte,
nos segredos miúdos,
que tu guardas pra ti,
como pedras preciosas, no amarelo
do ouro, que manuseias sem pudor.

E humildemente em teus pulsos de
seda bem branquinha,
deslizam mãos de homens cativos,
desfolhando flores
cores derramando,
enquanto diriges tua feminilidade,
com graça de Mulher, amadíssima.

E do teu ventre Mulher, teus filhos,
vêem a luz primeira
e choram pelo teu colo e teu calor,
o olor sublime de tua
pele, olhos nos olhos,
enquanto te invade um sorriso tal,
que não tem tamanho, nem igual.

Bem hajas, Mulher! Por quem és!
Lutadora e sensual,
que o Universo, por bem, fez-te
assim. E és chama que
arde, sem que se veja,
quando tens de acudir aos teus ou
ser o femíneo ser, que tudo alcança.

Jorge Humberto
08/03/11

PERCORRENDO A CIDADE

Hoje foi um dia de movimentos
intensos,
de muita responsabilidade e de
verdadeira ansiedade;
percorrendo a cidade de lá para
cá, co cheiros imensos e suores
despertinos, nas andanças
dos transportes públicos vorazes.

O que eu ansiava conhecimento,
descanso,
do que me leva desassossego
e me consome o sossego,
veio com todo o apego cerrado
em envelope remanso, menos
para mim, que engendrava
uma forma peculiar de lá entrar.

Não encontrando maneira douta
de invasão,
café após café, já ingerido,
(maldito sejas, tê-lo consumido),
resolvi deixar para o dia do juízo
final a divulgação, dos valores
lá crucificados, com coroa de
espinhos, tudo, pois isto é calvário.

Para divagar um pouco, simples
celular,
se fez compra, por necessidade –
coisas da nova sociedade –
e como não sabemos quando é
preciso ulular, ao pequeno
aparelho, agora também minha
mãe têm um, para não se perder.

Jorge Humberto
07/03/11

NAS RUAS ESTREITAS DA VIDA

Nas ruas estreitas da vida
consumida
por egoísmos e autismos,
vai o vagabundo
de olhos rasos de água,
percorrendo seu pequeno
mundo,
calcorreando a vil mágoa.

Cristo na Cruz duma cidade
sem idade,
o ideário é o longo calvário
que ele enfrenta,
na diferença dos demais,
que o empurram pr'aquilo
que representa,
o figurar-se com os animais.

Maldito povo, arrogante,
humilhante,
co seus entes presentes,
fazem do pudor,
a sua dissemelhança fútil
e nascem os loucos na rua,
sem terem amor,
fingindo-se de algo inútil.

Alguém quer abusar de ti,
assim
sem longas nem delongas,
cuspindo na parede,
toda a sua sobranceria vã,
falta de solidariedade útil,
lançando a rede
ao errante e à nada manhã.

E o vagabundo dobrado,
entrecortado,
não vê a horizonte o monte
escolhido,
para ser livre novamente,
longe bem longe do Homem,
espargido
pelo Verso, unanimemente.

Jorge Humberto
06/03/11

sábado, 5 de março de 2011


EU E MEU AMOR DE VISITA AO MAR

Nas pálpebras de teus olhos
raia o sol incomensurável
e uma leve brisa nas árvores
pousa suas mãos no teu
cabelo, deixando-o revolto –
como uma tempestade
depois da tranquila bonança.

No espelho de água do rio
enfeitaste, como se fosses
as lindas flores daquele jardim,
mais adiante, radiante de
pétalas abertas ao supra calor,
que envia seu bafo quente
pelo ar, próximo ao horizonte.

Caminhamos despertos de nós
num sonho de mar, com galgos
de espuma e ondas cavalo,
murmurando segredos, conchas
e búzios e verdes algas, na
orla das águas, no seu vai e vem
constante de areias da beirada.

Mãos nos bolsos vou contigo
e sentimos o ar marítimo no rosto
quando a aproximação se faz
e no cimo de umas dunas
podemos enfim ver a imensidão
do azul sem fundo – temeroso e
dúctil, de um desejo encontrado.

Desce a lua serena por sobre
a tarde encostando-se a algumas
nuvens (que se encontram
esparsas e com sinais de chuva);
o sol já se recolheu, assim como
nós, depois da visita ao mar,
estando agora de regresso a casa.

Jorge Humberto
05/03/11

MULHER, MÃE, ESPOSA E TRABALHADORA


Gestos delicados, voz eloquente
e de predicados muito elegantes,
do teu ventre Mulher, tremente,
nascem os seres, inda ofegantes.

Choras e ris, ao veres o teu filho;
vêm os cheiros, o conhecimento,
e logo em ti para ele traças trilho,
caminho, na hora do nascimento.

Cuidas dele, do esposo e trabalho,
co uma força, que ainda te negam,
julgando-te carta, fora do baralho,
que com a tua feminilidade cegam.

Claro; que gostas de te sentir linda,
e que os outros a ti te envaideçam,
mas já não és servil e tens mui inda,
o que combater: não te esqueçam!

Jorge Humberto
05/03/11

AMOR LEAL


São tão verdadeiros os meus sonhos,
que aos outros realidades parecem,
porque não têm encruzilhadas
nem escolhos nos seus caminhos,
feitos de luzes e de sombras,
que eu empresto para me guiar neles,
ao encontro do que me seduz.


Em tempos idos uma mulher almejei
bela como eu nunca tinha visto,
simples de gestos mas senhora de si,
o que me tornou cativo desde logo
e com ela em sonhos sonhados sonhei
até que consegui sua atenção e
o primeiro beijo, por ambos desejado.


Foram dias de mil jardins floridos
onde cores e os cheiros prevaleceram,
toques de pele na pele no abraço dado
peito com peito, como ondas do mar,
que vão desaguar na íris límpida de
nossos olhos, abertos ao horizonte,
pronto a receber-nos, sobre o seu sol.


E passeamos de mãos dadas desde
então sem nos cansarmos e de sorriso
nos rostos iluminados pelas claras
manhãs, ainda com o róscido da húmida
madrugada, deixando gotinhas nos
nossos cabelos, como asas de pássaro
e a paixão incendiada corpos nos corpos.


Jorge Humberto
04/03/11

SE TE PENAS DE MÁ SORTE… VIVE

Se te penas, de má Sorte,
sente-te vivo –
sê sempre de ti para contigo,
e vê como nasce o aporte,
substância do sol, teu amigo.

Se a vil influência persiste,
sai à rua –
findo o dia ou nasça a lua,
sê como tudo o que insiste,
quando a alma não vai nua.

Guarda com os olhos o céu,
olhar bem vincado –
e traça um rosto traçado,
parecido co o dela e com o teu,
a momentos por ti gizado.

Um pensamento positivo,
renega o mal –
és muito mais substancial,
e possuis um real dispositivo,
que diferencia o bem do mal.

Agora, que te achas, em Sorte,
vai nos porquês –
procura em tudo, os seu «quês»,
e que ao teu redor tudo importe,
bem assim como tudo o que vês.

Estás prontíssimo a caminhar,
por ruas e cidades –
medo não tens das fatalidades,
nem de hirto ser o teu andar,
achaste as tuas dualidades.

Jorge Humberto
04/03/11

VESTINDO-ME DE SENTIMENTOS

Não; ainda não é hora de partir,
pois guardo intacto o sonho
dentro de mim; e o mais que venha,
será um caminho sempre a sorrir,
em tudo que na ventura ponho,
e a imaginação me mostre que tenha.

A razão não indagarei, serei livre,
para ir na ilusão das ilusões,
como quem olha ao espelho e vê
um velho sonho, que não o prive,
de pelo gesto atingir sensações,
sem nem saber sequer o porquê.

Ao pensamento, imporei norma,
dele não farei que seja meu senhor,
como quando estou obstinado,
e o próprio a mim me suborna,
convicto de que nada tem sabor,
sem o dito, predito, encimado.

De sentimentos (não sentimental),
me porei ao dispor, por instantes –
que eu não me posso fingir assim –,
e serei então o mais natural
(como sempre fui), em equidistantes
linhas paralelas, que dirão de mim e de ti.

O amor há-de falar, sua moderação,
não o algoz nem o vil preconceito,
que traz distância aziaga às pessoas,
será escorreito e no peito o coração,
baterá todo um novo conceito –
a momentos estarei lá, cantando Loas.

Agora sim; é hora de eu enfim partir,
comigo o sonho sonhado que sonhei,
estando bem desperto para a vida,
retomando a Razão, que há-de advir,
o pensamento, que sempre acalentei,
os sentimentos, de uma vida vivida.

Jorge Humberto
03/03/11

FUI O QUE FUI

Fui
e o que fui
não sou
mais –
linhas
paralelas
entre
duas linhas
iguais.

Sou
o nada
que
é tudo –
livro
aberto
no peito
calado
e mudo.

Feliz
de quem

porque dá –
Razão
de seu
viver
e lhe
bastará.

Vou
daqui
para outro
lugar –
espero ter
à minha
espera
razões
para amar.

Amar
no outro
é amar
em nós –
fomos
feitos
para não
estarmos
sós.

Jorge Humberto
02/03/11

quarta-feira, 2 de março de 2011


AS MÁQUINAS NOVOS SENHORES DO MUNDO

Caminhos solitários debaixo de um sol
vagamente disperso no azul do céu,
mostram-me uma cidade vazia de gente
no silêncio inquietante do cimento
corrompido pelos veículos de lata
largados ao acaso no alcatrão das estradas
sulcadas por velhos movimentos
que assim deixaram sua marca para
futuras flores de aço e seus jardins
com cheiros a óleo queimado de pneus
amontoados, numa Usina ali por perto.

Crianças, de máscara no rosto, por causa
da poluição, brincam nas lixeiras mais
próximas, onde o metal é descarregado
e amontoado para novas levas de carros
e electrodomésticos último modelo,
processada a reciclagem por máquinas
infernais e gigantescas, que proliferam
num baldio sujo onde a terra é preta e o
céu carregado de nuvens de chuva, que
tem a sua precipitação quase a todo o
instante, fruto dos ácidos largados para o

ar conjuntamente com os dissolventes e
os compostos de tintas e vernizes nocivos.
Tocos petrificados de árvores é tudo o
que lembra estas espécies neste nosso
Mundo; jardins já não existem, foram
evadidos pelo alcatrão vegetal, dando lugar
a novos parques de estacionamento, onde
imperam as bicicletas (não por ser mais
saudável se locomover numa, mas porque
o dinheiro não sobra para carros), e as
cidades são portuários de altas chaminés.

Raro é o sol nas cidades, quase sempre
invadidas por um nevoeiro espesso, que
tudo esconde e faz-nos andar maltrapilhos
e de cara suja. Ruidoso é o som das
máquinas, que tudo devoram e não há um
único pássaro no céu, esvoaçando livre
no seu bater de asas, que o levava de campo
em campo e fazia sorrir as pessoas que por
eles passavam e os viam em rodopios.
Nascem bebés proveta, deformados e
cancerígenos, eis o fim do nosso Mundo.

Jorge Humberto
01/03/11

A IDADE DA ESTUPIDEZ


O mundo, como o conhecemos,
se é que nele
ainda nos reconhecemos,
está totalmente às avessas,
com cenas controversas,
politicamente desastrosas
e humanamente totalmente ruinosas.

É um mundo onde já ninguém
pensa com zelo,
é religioso ou será de alguém,
que criminosamente o comanda,
e para guerras e pelejas o manda,
buscando o prazer,
nem que genocídio tenha de cometer.

Este mundo, insisto, é um disfarce,
ninguém se expõe,
e o seu maioritário desenlace
é o terrorismo fundamentalista,
que pelo pavor usufrui conquista,
á custa do Herdeiro,
que fatalmente só pensa em dinheiro.

Mas este também é um mundo
de destruição maciça,
um mundo impuro e imundo,
que destrói a Natureza tão rara
(julgais que um dia o Homem pára,
que vem de lá a Criança pura,
trazendo a todos nós a esperada cura)?.

Ah, e não tem nada a ver, a pedofilia?
Como não tem?
Se este poema é o mundo, noite e dia.
E a conversa salta, assim diz o verso,
que somos todos feitos do inverso,
que nos conduz – ao bem ou ao mal,
assim tenhamos o bom instinto do animal.

O mundo, como o conhecíamos,
já não existe,
nele – lembro – nós sorriamos,
dávamos o «bom dia», dávamos a «mão»,
e entregávamos o coração,
sem medo e de tranquila consciência,
pois tudo era feito, sem mais, com pura decência.

Jorge Humberto
28/02/11